Diz o dicionário que mudar é v. tr., ou seja, que mudar é verbo transitivo. Que mudar não é intransitivo, que mudar é de e é para.
Particularmente em política, já muito se viu a incongruência de mudar por mudar, ou seja, mudar sem se saber para onde, ou até para que nada mude, ou para que tudo fique na mesma.
Assim se alterna, assim se sucede a série histórica, historicamente repetida, ilusão (de mudança), desilusão (porque não se mudou), ilusão, desilusão.
E porque se alterna? Porque não há alternativas?, ou não será porque os alternantes têm meios ao seu dispôr, ou de que se apropriaram, para impedirem que elas, as alternativas, sejam conhecidas, para as deturparem, para as tornarem em não-alternativas?
A democracia, esta democracia assente num liberalismo individualista, é algo muito complexo, em que cada um tem a informação que tem, mas esta não resulta da vontade de cada um de se informar, mas da força que uns, poucos e poderosos, têm para fazer e para veícular informação.
Aliás, como escreveu nos seus tempos ainda quase adolescentes um senhor chamado Álvaro Cunhal, a vontade é "não-livre, consciente e positiva".
Não-livre porque condicionada pela vontade de outros e pelo que nos rodeia;
consciente porque sem se "tomar consciência" não há vontade;
positiva porque se afirma ao ser... vontade, mesmo quando é pela negação (que, como afirmação de vontade, não é não queremos mas é queremos não!, dizia o mesmo senhor, então muito jovem).
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(Este rascunho estava para aqui, nas mensagens por editar, desde 17 de Setembro. Saltou-me agora ao caminho. Ah!, sim? Então... publique-se)
13 comentários:
Mudam de página, ficam na mesma folha, sem perceberem que o que é preciso é mudar de livro.
Um abraço entre livros
Muito bem. Está tudo certo. Mas, lá no fundo, isto, pelo menos em Ourém, mudou...para melhor? para pior? vamos ver... mas há uns anos anos era preciso ser homem de muita fé para acreditar em mudanças... vamos ver... quem sabe onde isto vai parar!
A maioria das camionetas, que por aí circulam -são muito pequenas, para tanta areia.
Gostei do trocadilho!
Abraço
Excelente maneira de começar o dia.
Obrigada, Sérgio
Campaniça
obrigado por este texto.
Reflexão lenta, curta, mas muito boa...
Um abraço.
Vivi metade da minha vida num regime em que quem se queria informar não tinha acesso á maioria das fontes de informação,lembro-me que muitas vezes que a Associação de Estudantes nos fornecia de uma forma quase clandestina umas folhas em relação a determinadas matérias.Apesar de ser verdade,custa-me bastante,que hoje existam tantas fontes de informação e os meus concidadãos não se interessem por saber mais,e aceitem como certo tudo aquilo que os noticiários televisivos lhe servem á hora do jantar.Temos que pensar em como podemos mudar esta atitude,começando pela nossa própria casa,será que o nosso partido estimula nos seus militantes o interesse pelo conhecimento,pelo estudo,por aprender,aprender sempre?
Luis Neves - Cá vamos... folheando!
Fel de cão - Que bom ter-te entre os comentadores. E só agora reparei que nunca (re)comentei ou ripostei. Obrigado e um grande abraço.
Poesino poular - Um abraço, camarada.
Campaniça - ...que tenha sido bom todo ele, e fico feliz por ter eventualmente ajudado.
Antuã - obrigado eu, pelo comentário amigo e camarada.
Fernando Samuel - cá se vai... reflectindo.
Patrícia - O Partido é... muito grande. E complexo. Como orientação geral não tenho dúvidas em te afirmar que sim! Na prática, decerto que nem sempre, nem em todo o lado, mas... depende de todos nós, que somos o Partido!
Abraços
Obrigada camarada Sérgio por teres aqui referido palavras de ÁLVARO CUNHAL tão importantes neste momento um pouco triste.Portanto com a nossa "vontade não livre" mas consciente e positiva, afirmamos que "lutaremos sim!" por um mundo melhor. Abraços
bom post! muito bom mesmo!
abraço
Obrigado Sérgio. Podes dizer-nos de onde retiraste esse excerto do que o Álvaro escreveu?
Como tenho já os dois volumes das obras completas, gostava de ler.
Um grande abraço. As tua reflexões fazem-nos muita falta.
António (Sérgio, desculpa lá mas é assim que te conheço... ou então, Tonjnho) - Obrigado pelo teu comentário. Prezo muito a tua avaliação. Que seja útil para a reflexão. Um abraço.
Pedro - Viva! As frases escritas pelo Álvaro (e as suas inspiradoras reflexões) estão nos primeiros trechos do volume I das Obras Escolhidas. Um abraço.
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