segunda-feira, outubro 26, 2009

O Capital - pérolas

A tarefa de ler O Capital ("abensonhada", como diria o Mia Couto) não é fácil.
É como... como hei-de dizer?, caminhar por uma densa floresta, em que cada árvore está viva e lateja, e nalgumas se tropeça, ficando-se parados a ver como as contornar para seguir caminho.
Mas, além de todas as compensações para melhor entender o mundo - e ganhar forças para nele intervir... bem -, de vez em quanto há como que uma clareira por onde nos chega um raio de sol.

É isto que eu sinto.
E páro. E transcrevo. Página 405, do Tomo V, Livro segundo (edições avante!):

"A mercadoria do operário assalariado - a sua própria força de trabalho - apenas funciona como mercadoria na medida em que é incorporada ao capital do capitalista, [na medida em que] funciona como capital; por outro lado, o capital do capitalista despendido como capital-dinheiro na aquisição de força de trabalho funciona como revenue na mão do vendedor da força de trabalho, do operário assalariado.
Enlaçam-se aqui processos de produção e processos de circulação diversos, que A. Smith não mantém separados."


6 comentários:

Justine disse...

Mas isto de escrever sobre o Capital em tom poético é obra!!!
Imagina: gostei mesmo deste post:))

samuel disse...

É, Justine... não tarde nada estou a fazer músicas para isto... :-)))
É uma questão de lhe apanhar o ritmo.

Abraço, Justine.
Abraço, Sérgio.
Ron-ron, dono da casa!

Anónimo disse...

Caro Sérgio Ribeiro,

Peço desculpa por interferir no seu artigo com outro tema ou assunto.

Gostaria que visse este video publicado pela Aljazeera sobre a capacidade nuclear de Israel:

http://www.uruknet.info/index.php?p=m59394&hd=&size=1&l=e

Numa altura em que o Mundo discute as possibilidades de o Irão ter ou não ter uma arma nuclear, Israel tem o Jericho 3, capaz de atingir o nosso país e provocar um impacto mil vezes superior àquele provocado pela bomba atómica em Nagasaqui e Hiroshima.

Uma vez mais, peço desculpa por esta interferência.

Saudações

Fel de cão disse...

Li "O Capital" em fins de 1973 ( com alguma dificuldade). Era um velho exemplar, pertencente à República dos Galifões. Nessa altura, no meio académico em que vivia, era quase uma obrigação... Sempre pensei que, mais tarde, ia lá voltar mas ainda não calhou nem deverá acontecer.Sei que não está a ler "O Capital" mas a reler...Mesmo assim invejo-lhe o tempo e a paciência... Pode ser que um dia o faça. Em 2009 teria um sabor e uma leitura diferente.

Sérgio Ribeiro disse...

justine - É. Às vezes, o Marx possibilita-nos "pausas" engraçadas. No meio da enorme densidade da floresta em que se tem dificuldade em avançar, surgem uma clareiras... até de bom humor.
samuel - música de Samuel para letra de Marx-Engels? Boa! Vou ver se descubro umas páginas...
anónimo - contra uma regra, comento directamente um comentário deumanónimo... bem-vindo. Ao estudar as crises, há quem aqui encontre as "saídas da crise" na inevitabilidade da destrruição de forças de produção, nas guerras. Os temas não são autónomos e,além disto estar tudo ligado..., crise e guerras estão particularmente imbricados. Obrigado pela referência.
Fel de cão - Todos (?!) lemos resumos de O Capital. Aliás, é uma obra que se pode dizer inacabada porque os manuscritos aimda a podem continuar ou não a crit´´erio que evidenemente já não é Marx mas de quem trabalhe o que ele deixou escrito para o projecto editorial mas não em condições de ser publicado, como está a acontecer nesta edição. E não se trata de "tempo e paciência", meu caro. No meu caso, trata-se de verdadeira necessidade e tarefa. Aliás, 2009, seguiu-se a 2008 (e 1929, e, e, e), a que se seguirá 2010.

Abraços

olga disse...

Camarada que tal vai isso, mais recomposto do choque pós eleitoral?
Quando nos vens visitar novamente?

bjinhos e bom trabalho