2. Não é o PCP um partido do poder?
.....a. Este PCP (O Partido com paredes de vidro)… e não outro
3. O Poder aparente e o real Poder
4. A governabilidade como Poder aparente ao serviço do Poder real
5. Ser Poder no Poder Local não conota como poder?
6. Partido e Poder – lutar contra a promiscuidade
.....a. Os maus exemplos
..........i. Dos outros – hoje, aqui: PS no Poder Central/PSD no Local
..........ii. Dos "nossos" – o mau exemplo dos últimos anos da URSS
7. O XIII Congresso (Extraordinário) 1990 – a lição que mais retive
.....a. A coragem e a lucidez
.....b. Uma das causas – Partido/Poder.
Este "programa" de reflexões, que vem de há muitas semanas, está quase cumprido. E num ponto crucial da (minhas) reflexões. Crucial e talvez muito oportuno.
Ao longo do tempo, sempre me foi surgindo a questão do(s) partidos serem ou não poder ou de, quando no poder, se comportarem não como mandatados, como parte do poder, partidos, mas... como Poder.
É evidente que tudo tem a ver com as relações sociais que definem o modo de produção e a formação social em que o partido é (ou chega ao) poder. Numa democracia burguesa, é para mim evidente que o partido que, através do uso da democracia representativa (desvirtuado uso em relação ao que é dito ser, porque exclusivista e formatado nos moldes que servem a classe dominante), o partido que chega ao poder executivo tem toda a vocação para se julgar Poder. E daí uma prática promíscua. sobretudo quando apoiada por uma maioria absoluta no poder... parlamentar. Daí, também, o aparecimento de sinais, por vezes preocupantes, de comportamentos e posturas com base na fundamentação "deram-nos (ao partido, ao leader) o poder, temos o direito e o dever de ser poder... até às próximas eleições" .
Ora, estar no Poder (mormente no executivo) será, ou deverá ser - mesmo em democracia burguesa -, o resultado de um equilíbrio de forças que, equilibradamente, deve reflectir-se na prática governativa, na definição de políticas, na gestão dos negócios públicos, não traduzindo os interesses e vontades de uma clientela desse partido, mas os da compósita sociedade que deu mandato para representação.
- a.i. Um mau exemplo (ou dois)
O PS, como partido com maioria absoluta no Poder Central em Portugal, e enquanto a teve, fez uso desse poder de que foi mandato como se ele tivesse passado a ser seu, e não quis saber de equilíbrios, de negociações e, com arrogância, afirmou-se como somos o poder! Por outro lado, por cá, o PSD, como partido com maioria absoluta no Poder Local em Ourém há décadas, fez uso desse poder de que foi mandato, como se ele tivesse passado a ser seu, e não quis saber de equilíbrios, de distribuição de pelouros, de negociações e, com arrogância, afirmou-se como somos o Poder!
Neste exemplo, aliás caso concreto, verificou-se uma inevitável fricção entre os partidos que se arrogavam ser poder, em níveis diferentes e já de si conflituais. Uma fricção mais aparente que real porque as políticas, os desígnios, a classe dominante e ao serviço de que se colocaram, tudo era o mesmo, mas fricção que existiu na realidade (a dialéctica do aparente/real) porque actuavam, os dois partidos, como se poder fossem e não estivessem em representação, apenas mandatados para exercerem o(s) poder(es).
E agora?
Mas também há maus exemplos, digamos, nossos. Sobre eles, reflectirei mais logo. Quando... puder.
5 comentários:
Caros camaradas, desculpem a intromissão mas agradecia a divulgação da seguinte iniciativa que me parece de relevância científica e cultural.
Um abraço
O Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da Fundação Universidade do Porto promove o Encontro “À conversa sobre O Capital de Karl Marx", a propósito da publicação inédita do II Livro em Portugal.
O evento decorrerá no dia 15 de Outubro, na Sala de Reuniões da Faculdade de Letras da Fundação Universidade do Porto, pelas 17h30.
Nesta iniciativa procurar-se-á discutir interdisciplinarmente tópicos da obra mencionada que revistam actualidade e pertinência analítica para a compreensão de actuais dinâmicas sociais, económicas, entre outras.
Oradores convidados:
Manuel Loff (FLUP)
Nuno Nunes (ISCTE-CIES)
Carlos Pimenta (FEP)
Francisco Melo (editor e filósofo)
Organização: João Valente Aguiar (ISFLUP)
ENTRADA LIVRE.
Isso também se percebe na obsessão quase doentia com que se pedem(!) maiorias absolutas.
Fico contente por a análise se estender também aos "vossos" problemas, aguardo pela continuação.
Um abraço.
Se achasem (acreditassem) ser apenas representantes do único poder legítimo, o do povo, não pediriam maiorias absolutas para, rapidamente se afastarem desse povo, como o diabo da cruz.
Quem estará ainda interessado nesse trabalho pesado, diário e desinteressado, o trabalho de escutar, interpretar, dar forma e pôr em prática os interesses dos trabalhadores e do povo em geral?
Quem será capaz de exercer o poder de todos sem "ser" o poder de alguns?
Abraço.
Caro Sérgio
Leia o último texto de Pedro Carvalho em "odiario.info" ou no "militante" nº302 sobre "A crise do sistema capitalista-entre a depressão e a guerra", e veja a diferênça que existe entre uma analise revolucionária da crise do capitalismo e as suas consequências para o proletariado e os povos e o que ele propõe com programa eleitoral direitista e capitulador que o PCP propôs como "objectivos centrais"
Camarada Sérgio
Dizes que «tudo tem a ver com as relações sociais que definem o modo de produção», mas eu sempre tive a noção de que era o modo de produção que definia, ultimamente, as relações sociais.
Podias esclarecer?
E, já agora: há uns dias perguntaram-me o que era isso do valor de uso, valor de troca e preço e eu fiquei todo engasgado. Gostava que escrevesses sobre o assunto.
Abraço!
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