A propósito de "movimentos de esquerda" e de congressos, dei um pequeno passeio pela internet e seus atalhos, e suscitaram-se-me algumas reflexões, de que fixei umas pontas para aqui transcrever:
1. Há uns movimentos e umas movimentações que são (uso a palavra, embora a contragosto...) recorrentes.
Em determinados momemtos históricos, quando a realidade cria condições objectivas para que as massas possam tomar consciência de que a História é a luta de classes e que, contra elas, há uma classe que faz a sua/dela luta sem "dó nem piedade" (mas alguma caridadezinha para disfarçar), surgem diversões várias, entre as do muito circo para fazer esquecer a escassez do pão até às de movimentos e movimentações "munta radicais" a exigir a revolução, já e, sobretudo - explícita ou implicitamente - a atacar os que estão, sempre e imprescindivelmente, na luta, como vanguarda da classe que querem ser.
Neste momento histórico, ajustado ao que ele é (historicamente), de "crise" que é, evidentemente, de um sistema de relações sociais de produção que dá pelo nome de capitalismo em fase de financeirismo demencial, esses movimentos e movimentações tinham de aparecer sob várias formas e com importantes apoios mediáticos e de outros tipos. E se há nomes recorrentes (!!), que têm estado em todas desde que há décadas isto acontece com eles a mexer os cordelinhos que outros mexeram e eles a outros passarão (passarões), há gente de boa fé, ou talvez ingenuidade, que a eles se juntam e compartilham a mágoa (por tantos estimulada hipocritamente) por o PCP não... alinhar com tais movimentos e movimentações. Com as correlativas insinuações e acusações de sectarismo e o esquecimento dos 91 anos de luta contínua e consequente (com problemas e períodos nada fáceis, naturalmente) e o seu Congresso este ano, marcado há muitos meses, fazendo-se de conta que se desconhece, até se falando de outros congressos concebidos e paridos à pressa para antes do final de Novembro. Coincidências...
2. Nestas navegações, encontrei muita coisa merecedora de transcrição... para reflexão. Lenta e mastigada. De um texto de Francisco da Silva (de quem nada mais conheço, o que é, decerto, falha minha) publicado no dia seguinte à moção de censura no blog artigo58, transcrevo o título (A esquerda livre, de comunistas) e excertos que podem servir para reflexão (e só por isso, e assim, os transcrevo)
«(…)
Ouço vezes sem conta dirigentes do PS falarem da impossibilidade de coligações à esquerda, que os partidos não estão disponíveis para se juntarem ao PS. Leio também outros tantos da esquerda livre, afirmarem o mesmo... No entanto, quando o PS tem essa oportunidade o que é que faz? Refugia-se no colo da direita. Claro, que nem uma linha virá escrita sobre sectarismo da parte dos socialistas, nem uma voz virá clamar contra as constantes posições políticas do PS, que indo muitas vezes contra o que é o sentimento geral da sua base, dos seus eleitores e militantes, prefere juntar-se à direita.
(…)
Perde-se mais uma oportunidade de a esquerda se unir, sob a justificação sectária que "o PCP apresentou uma moção de censura ao PS, por isso não votamos favoravelmente a deles". Claro que debaixo dessa justificação, esconde-se um partido ideologicamente à deriva. Um partido que não só não tem homem do leme, como nem sequer tem leme.
Os inúmeros votos que o PS conquistou mereciam mais respeito. As pessoas que votaram PS, mereciam mais que ter eleito uma bancada que nas questões essenciais abstém-se. Um partido cuja linha política é o não comprometimento, não é um partido. Os portugueses não mandataram os deputados do PS para serem figurantes neste filme realizado e produzido pelo PSD e CDS.
(…)
A direita ter um aliado como o PS no parlamento é perigoso: dá-lhes toda a liberdade para aplicarem na totalidade as políticas este processo reaccionário em curso.
O PCP fez política hoje, quanto mais não seja, merece ver esse mérito reconhecido. Já tinha saudades de ver fazer política no parlamento. A política de corredores, de mesas de restaurante, de sacristia ou maçonaria já enjoa...»
10 comentários:
Nem uma palavrinha aos cerca de 20 militantes do PCP que figuram naquela lista? Franco atiradores? Maria vai com as outras? O Centralismo Democrático já não é o que era?
Terá vocemecê acesso aos ficheiros do PCP?... coisa que eu, que sou membro do PCP, não tenho - porque nunca procurei ter... Isso é que é uma paranoia!
Paranoia? Militantes publicamente assumidos, não é necessário consultar nenhum ficheiro, não vale a pena escamotear a questão. Quer que lhe comece aqui a enumerar alguns dos nomes de militantes, repito, publicamente assumidos, que constam do manifesto?
Faz favor... o espaço é seu. Poupa-me trabalho de procurar.
Quanto à paranoia, ela é outra... é essa do tiro ao alvo no PCP, por via de posições dos seus dirigentes, de atitudes dos seus militantes, na qualidade ou assumidos publicamente(?!), por isto ou por aquilo. Por ser marxista-leninista ou por não o ser suficientemente, pelo centralismo ou pela democracia do centralismo-democrático.
Aliás, a paranoia tem uma outra expressão: quem não assume publicamente que é contra o PCP, é seu militante publicamente assumido.
E quanto ao tal manifesto, é verdade que vi lá alguns nomes que estranhei, mas a opção foi deles, como já tantas vezes aconteceu em tantas outras ocasiões parecidas.
Com todo o respeito pelos subscritores, corri os olhos pela lista e estou muito longe de encontrar 20 militantes actualmente inscritos no PCP. Alguns vários ex-membros, entre os quais alguns que continuam a viver do prestígio dessa militância passada.
"E quanto ao tal manifesto, é verdade que vi lá alguns nomes que estranhei, mas a opção foi deles, como já tantas vezes aconteceu em tantas outras ocasiões parecidas."
Afinal sempre lá estão, vê? Não custou nada e deixe de ver em cada comentário o tiro ao alvo no PCP, isso sim é que pode ser paranóia. Se lesse sem a pele eriçada verificaria que o que se colocava em questão era se esses militantes actuavam por conta própria, tipo franco atirador, se apenas tinham assinado porque o Carvalho da Silva até é um gajo "porreiro" ou se o Centralismo Democrático é coisa para por eles ser usada apenas quando dá jeito...
Passe bem.
Nomes que alguém estranhou, é uma coisa. Militantes do PCP é outra. O anónimo anterior, que presumo que seja o que interpela o Sérgio desde o início, atira postas de pescada, mas depois não consegue fundamentar.
Oh!, anónimo das 18 e 49 e das 19 e 17 (mas porquê anónimo?), deixa lá... assim se mede a boa-fé e a paranoia dos visitantes. Permite-se dizer o aque eu devo dizer (Nem uma palavrinha), depois fala de "cerca de 20 militantes do PCP que figuram naquela lista", enrola-se no "Centralismo Democrático" que se vê nãoo saber o que é, promete começar a enumerar, não avança com um nessa qualidade, volta ao Centralismo Democrático como se fosse um instrumento de tortura... e manda-me passar bem. Obrigadinho.
Que ele passe bem, que nós por cá vamos lutando.
Saudações
Sendo óbvio e claro que está mais interessado em esconder o sol com a peneira aqui vai uma amostra: Carvalho da Silva, Arnaldo de Carvalho (Brigada Vitor Jara), João Lopes (presidente do STEC), Manuela Graça (dirigente sindical), quer mesmo que continue, ou depois apressar-se-á a chamar-me bufo?...
Convive-se mal com a realidade...
Que falta de pontaria!
Eu?... chamar o que quer que seja a um anónimo?! Já mais!
Enviar um comentário