sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Isto não é suportável. E será inimputável, politicamente?

«Em quase todas as eleições,
há erros na ordem dos cinco ou seis mil votos.
Desta vez,
estamos a falar de menos 100 mil inscritos e de 60 mil votos
que não são contabilizados no mapa final».
Porta-voz da CNE

A intervenção de António Filipe na Assembleia da República revela, ou tão-só confirma, o que, na verdade, é insuportável. E será inimputável, politicamente?

Para ler:

«(...) O número de eleitores inscritos é oficial. Para as eleições de 23 de Janeiro estavam inscritos 9.656.797 eleitores. Do mapa oficial publicado constam apenas 9.543.550. Ou seja: o mapa oficial de resultados abateu 113.247 eleitores. Na noite de 23 de Janeiro foram contados 4.492.297 votantes. Do mapa oficial de resultados constam menos 60.448. No distrito de Setúbal estavam inscritos 710.312 eleitores. No mapa oficial só são considerados 593.762 (foram abatidos 116.550). No distrito de Braga estavam inscritos 773.993 eleitores. No mapa oficial foram considerados 731.941 (foram abatidos 42.052). No distrito de Viseu estavam inscritos 382.658. No mapa oficial foram considerados 427.924 (aumentaram 45.266). Quanto a votantes, em Setúbal desapareceram 52.716, em Braga desapareceram 23.833, mas em Viseu apareceram 19.928. O desvio verificado só nestes três distritos é de 185.649 inscritos e de 96.477 eleitores.
Isto não é suportável. Se uma disparidade destas acontecesse em eleições legislativas, os deputados eleitos seriam uns e os constantes do mapa oficial seriam outros. Se nas eleições presidenciais as diferenças entre os candidatos fossem mínimas, o país estaria hoje confrontado com um problema político de enormes proporções. Erros desta magnitude, verificados no apuramento geral de um acto eleitoral, e não corrigidos, têm consequências políticas óbvias. Não só prejudicam todas as candidaturas, como põem em causa a credibilidade do apuramento dos resultados eleitorais(...)».

3 comentários:

samuel disse...

Desgraçadamente, vivemos num "regime" que, da democracia, apenas valoriza as eleições... mas que já nem isso respeita.

Abraço.

Carlos Gomes disse...

Estou absolutamente convencido de que, este diferencial em relação ao qual há muito tempo se suspeitava que existia, resulta da necessidade do sistema político disfarçar um elevado índice de abstenção existente o qual, a ser assumido na sua real dimensão, pressuporia uma situação com profundas consequências para o próprio regime.
A supressão do número de eleitor é uma falsa questão uma vez que o cartão de cidadão dispõe de um chip electrónico cuja leitura deveria ser efectuada numa secção de voto com leitor apropriado, efectuando automaticamente a descarga do voto num caderno electrónico. A utilização do número de cidadão virá colocar a questão da maioridade para o exercício do voto. Por outro lado, numa sociedade onde a cada esquina existe uma câmara de videovigilância, deixou de fazer sentido a preocupação em relação à atribuição de um número único a cada cidadão, correspondendo este aos actuais números de eleitor, fiscal, de cidadão, segurança social, nib, clube de futebol e de filiado na protectora dos animais... e, porque não, a incorporação à nascença de um chip na testa de cada indivíduo?
Para o caso de, à semelhança do verificado nas últimas eleições, não haver possibilidade de efectuar a leitura do chip, lembro que o Café Central já anunciou que dispõe de uma maquina capaz de efectuar as leituras...

Graciete Rietsch disse...

Que credibilade poderá rer qualquer eleito, com falsificações deste tipo?

Beijos.