Nas mudanças no Expresso, manteve-se, no caderno Economia, a página de Nicolau Santos, Cem por Cento. Onde se encontram coisas que vale a pena serem lidas. O que não quer dizer que se esteja sempre de acordo com o lido. E muitas vezes não se está.
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Neste número, N.S. aproveita a usada e abusada expressão "é a economia, estúpido!", de que se serviu Clinton nas eleições EUA de 1992 (e em que Bush pai não era muito lisonjeado...), para titular o seu artigo, Economia para estúpidos, em que denota alguma perplexidade perante o andamento da economia. Que, na sua análise, é evidentemente um percurso eivado de estupidez. Porque tudo corre no sentido contrário das medidas que se tomam. É o contra-senso ou o contra-sentido pegado.
As ajudas de fundo de resgate U.E. ou do FMI aparecem como o cutelo inevitável, face à evolução dos juros que parece indiferente a tudo, não obstante as evidências do que essas "ajudas" estão a provocar na Grécia e na Irlanda; a "volta por cima" das exportações, em que se insiste de forma acrítica e sempre em detrimento da procura interna, arrasta a pergunta que ninguém parece querer fazer: para onde? (Espanha?, Alemanha?...).
Termina o perplexo relato com a constatação de que as vias de antigamente (moeda e inflação nacionais) já não existem: "Agora não se vai por aí. Só com cidadãos mais pobres e multidões de desempregados. Não é a economia, estúpido. É a economia dos e para os estúpidos".
É um grand final.
Mas falta o resto.
Como parece sempre faltar: é o capitalismo, ignorantes!
E se esta economia é dos estúpidos, aqueles para quem (e com quem) se faz esta economia não serão incuravelmente estúpidos.
Há saídas! Não servem é os interesses que estão a ser servidos.
3 comentários:
Vamos à luta,companheiros digo eu a contapor às outras duas frases análogas.
Um beijo.
Ora bem, passando os olhos - que é outra maneira de dizer que li, e com atenção - pelos teus últimos 3 posts é muito mais informativo que passar uma semana a ler jornais e a ver telejornais:))
É a economia que é conduzida por interesses de classe, que poderão se tudo um pouco, não estupidos! E só com muita arrogância Nicolau Santos pode afirmar que é dos e para os estupidos. A certa altura pode levar a que se pense que a situação é da responsabilidade de todos nós. Como se a dominação de classe não fosse uma realidade que condiciona escolhas e opções, também políticas. Se no plano económico, burguês, se reconhece que o poder de mercado facilmente se transforma em abuso de poder, como não compreender esse mesmo fenómeno no condicionamento da acção e vontades colectivas?
NS para quere fazer-nos estúpidos, ele que ao longo do anos sempre apoio e alimentou essa «economia dos e para os estupidos».
E como dizes, o FMI, FME ou lá como se chama (FEF?), não vem salvar nada mais do que garantir o pagamento dos juros dos interesses dos grandes banqueiros e outros especuladores. Mesmo que no final apenas fique uma extensa faixa deserta, à beira mar plantada.
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