sábado, setembro 10, 2011

Os Hospitais - EPE e as falácias

O dia de ontem teve que se lhe diga! Muito!
"Ouver" o contabilista Paulo Macedo falar de saúde, na Assembleia da República, deu arrepios na espinha (e não na que o outro, cheio de originalidade a cheirar a bafio, quer quebrar...). Parecem, para os hospitais, contas não de PME mas de mercearia mais que antiga, obsoleta: estas são as despesas, estas são as receitas, estas são as dívidas transferidas... não dá: falência técnica! Com ares de grande economista, portador do saber dos raros e escolhidos para salvarem a Pátria.
Como se o direito à saúde (cuja concretização seria função do Estado) tivesse sido, em definitivo, substituído pelo negócio da doença, como se essa coisa da empresarialização dos hospitais não tivesse sido a preparação do terreno para aquilo que ele, agora, tem de (lamentando-se hipocritamente da irresponsabilidade dos seus antecessores) dar o nó final.
Para...contextualizar (como é de bom tom dizer), só três transcrições: 

1. O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, afirmou ser “absolutamente falacioso e demagógico falar em hospitais empresas em falência técnica”, sustentando ser uma situação que “deve ser devidamente explicada e dissecada”. (num congresso na Madeira)

2. De acordo com o Programa do XXVII Governo Constitucional (maioria absoluta PS, lembre-se), o Decreto-Lei nº 93/2005, de 7 de Junho, determinou a transformação em entidades públicas empresariais de 31 unidades de saúde às quais havia sido atribuído o estatuto de sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos. (no site Hospitais EPE)

3. Em termos de gestão, as diferenças entre Hospitais SA e Hospitais EPE são praticamente inexistentes. E isto porque quer nuns quer em outros, aplica-se a gestão economicista da saúde, também conhecida por empresarialização, que constitui o primeiro passo para a privatização da saúde, na medida em que são aplicados os princípios da gestão privada criando assim as condições que tornam mais fácil a sua entrega a grupos económicos privados. (Eugénio Rosa, numa nota de comentário em 2005)

5 comentários:

josé Manangão disse...

Não foi por acaso que o actual ministro da saúde, ao ser entrivestado por uma estação de televisão, sobre a gestão danosa do hospital de Braga, respondeu que iria fazer para que as coisas passassem acorrer melhor, em vez de dizer que os iría obrigar a cumprir escrupelosamente o contrato.
Nós sabemos que eles nos dão a entender que fazem as coisas com uma intensão mas...a finalidade é outra, que é como quem diz - contrária.
abraço

josé Manangão disse...

Desculpa camarada, mas não era esta intensão, mas sim esta intenção.

Graciete Rietsch disse...

Serviços Públicos não podem ser geridos para dar lucro.Transformar hospitais em empresas é a prova da má consciência dos nossos governantes desde 1976.O mesmo se pode dizer da Escola.
A pouco e pouco se vão criando as condições para de tudo se extrair lucro tal como toupeiras que vão escavando as terras para criar o seu habitat. Mas essas arejam o solo que nos sustenta enquanto aqueles têm como objectivo o fortalecimento do capitalismo que nos destrói.

Um beijo.

Justine disse...

E assim,passo a passo, se está quase a atingir a meta por "eles" pretendida: destruir o Serviço Nacional de Saúde!

samuel disse...

É verdadeiramente assombrosa a "diferença" entre o governo de Sócrates e este... :-)

Abraço.