O ano passado estive em Chipre. Pela segunda vez, e desta como reformado e em turismo assumido (mas comprometido!). Deixei aqui alguns "posts". Por isso, na moção de censura do PCP ao governo, da última 2ª feira, mais ridículas achei as intervenções vindas da extrema direita da Assembleia da República, em que, revelando (na menos má das hipóteses) uma lamentável ignorância político-geográfica, na salada de referências misturaram países e regimes e até fizeram das dificuldades de Chipre, no plano financeiro, um motivo para atacar o PCP, identificando-o como um país governado por comunistas.
Lembrei-me desse episódio ao ler o avante! de ontem, em que nos é facultada "outra-informação". Claro que não tenho qualquer ilusão quanto à leitura, quer do avante!, quer deste blog, por tal gentinha, mas fica como reforço de argumentação entre nós.
Extractos da informação (OUTRA!) na ultima página do avante!,:
«Chipre negoceia empréstimos
(...)
As dificuldades do país resultam da grande exposição do seu sistema financeiro à economia da Grécia, que tem sido alvo da brutal ingerência e aplicação dos denominados «memorandos» da UE e do FMI – inadmissíveis instrumentos de extorsão e de exploração dos trabalhadores e do povo grego, que, representando um enorme retrocesso social e provocando calamitosas consequências para a economia grega, servem os interesses das grandes potências e dos grandes grupos económicos e financeiros.
Dimitris Christofias, Presidente da República de Chipre, criticou a UE, o BCE e o FMI, caracterizando a sua postura como a de uma «força colonial», que procura impor políticas neoliberais e medidas de austeridade através dos seus «memorandos», dando como exemplo o caso da Grécia que se repercute na economia cipriota. Como em qualquer outro país da União Europeia, a aplicação de programas de agressão no Chipre atingirá profundamente os interesses dos trabalhadores e do povo.
Dimitris Christofias foi eleito Presidente da República em Fevereiro de 2008, na segunda volta da eleição presidencial, era então secretário-geral do Partido Progressista do Povo Trabalhador (AKEL).
Actualmente o AKEL participa no governo do Chipre com três dos 11 ministros (com as pastas do Trabalho, Energia e Interior). Nas eleições legislativas realizadas em Maio de 2011, o AKEL obteve 19 dos 56 deputados, sendo a segunda força no parlamento nacional.
(...)
Num quadro caracterizado por grandes pressões, o governo cipriota formalizou, dia 25, a intenção de solicitar um empréstimo financeiro à União Europeia, faltando agora determinar os termos do pedido e a consequente negociação do conteúdo de um possível acordo, nomeadamente quanto à definição de montantes, prazos e juros. Com vista a assegurar a recapitalização de alguns dos seus bancos, o governo de Chipre desenvolve um conjunto de iniciativas, tendo nomeadamente encetado negociações bilaterais com a Rússia e a China para a concretização de empréstimos por parte destes dois países.»
Também é de lembrar que,
desde 1974,
Chipre é um país dividido,
com cerca de metade do território
ocupado pela Turquia,
com um muro a separar,
e que nele continuam bases
da antiga metrópole colonial,
o Reino Unido
6 comentários:
Com o devido agradecimento coloquei o link para este excelente post na caixa de comentários do Cantigueiro.
Um abraço,
mário
Com tanta ignorância talvez se justificasse um exame de acesso a deputado. para alguns partidos ia ser difícil terem representantes.
Um abraço "mais bem" esclarecido
Serviço público!
"Trepadeira" já fez o favor de ter a pachorra que eu não tive... e responder lá a um dos "meus". :-) :-)
Abraço.
Eu vi o debate.Foi aquele atrevidote do João Almeida do CDS,que misturou anti PCP com Venezuela,Andaluzia e Chipre.Hoje estava mais "murchito" com a notícia do defice...isto está a aquecer!
Abraço
Obrigada por este post, embora já tivesse lido a notícia no AVANTE.
Mas fiquei mais esclarecida.
Um beijo.
É uma boa resposta para um suíno de nome António Ramos.
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