Há dias o tal "consultor do governo", com fortes ligações à grande finança internacional (transnacional), dizia que não tinhamo que nos preocupar com o valor do défice, importante seria a correcção dos desequilíbrios externos e que a resposta da economia portuguesa ao pacto de agressão ("programa de assistência", no discurso deles) demonstrava que Portugal estava no bom caminho. Todo orgulhoso, afirmava que desde 1943 (ou 42, não me recordo...) perspectivava-se que pela primeira vez teríamos um excedente comercial.
Ninguém poderá acusar ou mesmo insinuar que para o PCP o défice externo e a dívida externa não sejam indicadores fundamentais para a economia e para o povo português. Garantir que somos capazes de produzir valores suficientes para proporcionar a satisfação das necessidades do povo português é, e terá que ser sempre!, um objectivo central da eocnomia política e da política económica portuguesa. Em tempos, alguns destes senhores afirmavam que tal não era fundamental, mas isso será para outras conversas...
O que nestas linhas pretendo relevar é a hipocrisia de afirmar que empobrecendo a população, impedindo que mais de um em cada três dos jovens portugueses ("activos" com menos de 25 anos, com todos os problemas que esta designação "activos" representa...) sejam capazes de produzir o que quer que seja para obter meios para satisfazer as suas necessidades, estaremos no bom caminho.
Esta ideia de que estamos no bom caminho porque podemos descartar-nos de parte da população e «ficar» com os "activos produtivos", mais os seus familiares dependentes, e assim termos um país e uma economia e um povo a gastar o que produz, é profundamente reaccionária e fascizante...
Esta dezenas de milhar de jovens portugueses, estas centenas de milhar de portugueses não podem ser reduzidas a um número, a uma representação de uma realidade expurgada de todas as dimensões social, económica, política e cultural, ou seja, de toda a sua dimensão humana, concreta.
Ricardo O.
Obrigado!
1 comentário:
É o tão salazarista "orgulho" na pobreza...
Abraço.
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