segunda-feira, agosto 20, 2012

A evolução das dívidas (exterior e pública) em 2012

Há uns meses, em “viagem de descontracção” pela net, parei em uma estação, ou apeadeiro, com o nome esquisito de http://www.usdebtclock.org/world-debt-clock.html, e por lá me detive num passatempo de “brincar com os números”.
Mas o caso era sério, ou passou a sê-lo, e não só publiquei uma mensagem (http://anonimosecxxi.blogspot.pt/2012/02/um-observador-vindo-de-syrius-e-divida.html) neste blog, como se fosse um observador de Syrius de visita ao “planeta Europa”, como passei a frequentar tais paragens. E vou aprendendo umas coisas que me convocam a partilhar. O que tenho feito esporadicamente.
Vem isto a propósito da última visita ao tal apeadeiro (a 18 de agosto) que, ao que penso, já permite ligar à primeira visita e às que, entretanto, lá fui fazendo.
Verifico, através da observação da evolução da dívida (externa e pública, como convém separar!) que, de fevereiro a agosto, em todos os países por mim observados por via daquela espécie de relógio, em percentagem dos respectivos PIB só a Itália desceu (muito ligeiramente, -0,15%) a sua dívida, e apenas a pública, pois a dívida externa até subiu significativamente (+7,5%), estando, com a Espanha e a França entre os que mais subiram. Ou seja, a Itália “resolveu” uma ínfima parcela da sua dívida pública com recurso à divida externa. Mas não é bem isso que, agora, interessa (embora tudo interesse…).

Se todos os países subiram a sua dívida externa em relação ao PIB neste intervalo de mais do que um semestre (o que teria de ser cotejado com as evoluções do denominador PIB), só Portugal (+2,8%) a acresceu ligeiramente menos que a Irlanda (+2,8%), o que se percebe no caso da Irlanda dado que esta tem um nível de endividamento externo absolutamente anómalo (acima de 1260%!), o que faz prever situações gravíssimas que a comunicação social aparenta desconhecer, sobretudo quando foi do referendo sobre o pacto orçamental.


Por outro lado, no que respeita à dívida pública, parece de sublinhar, além do já referido, a subida percentual na Irlanda, claramente por transferência para dívida pública do que era divida externa privada, não se observando uma clara tendência na evolução da dívida pública relativamente à dívida externa. O caso português estaria entre os que (com a Grécia, o Reino Unido e, claro, a Irlanda) mostram tendência a “nacionalizar” a dívida externa, pois é mais elevado o crescimento da dívida pública que da externa.

Uma vez que muito me parece importar o acompanhamento destes países, ainda acrescentaria que, nesta expressão ou metodologia de medida, os Estados Unidos não são, como muitas vezes se diz, o mais endividado (proporcionalmente), com 10,8% de dívida externa e 72,6% de dívida pública (em relação ao PIB), e que a China teria 10,9% de dívida externa e 13,60% de dívida pública (em relação ao PIB), sendo , com a Argentina, o Brasil, a Índia e o Japão os países que, entre os que são arrolados no “cronómetro”, têm maior dívida pública que dívida externa.

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