Ao dizer-se que em Portugal, no 2º trimestre deste ano, se bateu o máximo de desemprego em Portugal com 15%, é indispensável dizer em percentagem de quê! Pois é em percentagem da população activa.
E que é a população activa? A definição deste conceito estatístico (ou o percurso para se chegar a uma definição aceitável) é das coisas mais curiosas que conheço e que bem mostra a falta do rigor de conceitos que se querem apresnetar como representativos da realidade, na sua enorme complexidade.
A população activa é, em resumo que todas as definições fazem, a soma da população que está empregada mais a que não está empregada. Ora esta, a população que não está empregada, é a população activa menos a população que está empregada!... Daria para rir se não se acrescentasse qualquer coisa, ou melhor, muita coisa.
Mas assente-se que a população activa é uma soma de duas parcelas. A população que está empregada e a polução que não está empregada.
Para dar um passo seguro neste percurso sinuoso e cheio de armadilhas poderia começar por se assentar que uma das duas parcelas - a população empregada - é facil de calcular. É a população que... está empregada, ou que tem emprego. Continue-se nestes primeiros passos aparentemente fáceis, mas só aprentemente porque a procura de uma definição rigorosa é fonte de frustrações.
A base deve ser o conceito da agência das Nações Unidas para esta área, a OIT, que considera que a pessoa tem emprego se tiver idade igual ou superior a 15 anos e se encontrar em pelo menos uma das seguintes situações:
- trabalhou pelo menos uma hora nos últimos 7 dias anteriores ao inquérito, com vista a produção de bens ou serviços, mediante pagamento em dinheiro ou ajudou a um familiar na produção de bens e serviços, sem remuneração.
- não trabalhou mas tinha emprego durante o período de referência, isto é, estava em férias, licença de parto, em greve, ausente por doença.
(A referência a idade igual ou superior a 15 anos, levaria a considerar um outro conceito da maior importância, o de população em idade activa, mas vamos passar adiante ... embora não se prometa que não o voltemos a encontrar no nosso percurso)
Mas cada país (e em cada tempo) faz as suas adaptações a este conceito base. Por exemlo, em 1940, em Portugal a idade seria igual ou superior a 10 anos.
Sem se aceitar a posição de que os números são certos e correspondem a conceitos rigorosos e comparáveis, no tempo e entre países, este "dado" merece a maior atenção da Economia. É dos fundamentais, qualquer a abordagem ideológia que se faça da economia. Por isso, a primeira ilustração da série "à maneira de folhetim" O Mistério da D. População Activa, em O Diário de há quase um quarto de século Pede-se desculpa pela má qualidade das ilustrações, sobretudo ao Luís Afonso, que as fez excelentes, como esta em que o sr. da "economia" observa a D. População Activa).
continua, claro...
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