A recente tomada de posição, por via de uma rede social, do Presidente de República Portuguesa,“desafiando” o Banco Central Europeu a comprar dívida portuguesa, se nos suscitou imediata reacção – de surpresa, escárnio e maldizer –, mereceu outros comentários mais autorizados.
Parece-nos, no entanto, de ainda sublinhar, muito seriamente, alguns aspectos:
1. A utilização daquela via para que o Presidente da República (qualquer presidente de qualquer república) divulgue "mensagens" sobre tema de tanta importância é completamente desapropriada;
2. Fazê-lo sob a forma, explícita ou não, de “desafio” a uma instituição (federal) cujo presidente está a tomar posições verbais que agitam os “mercados”, e são como que testes ou ensaios, é desajustado e inconveniente;
3. Considerar tal “mensagem” como manobra de auto-promoção e de “limpeza de imagem”, procurando desresponsabilizar quem, nesse como em anteriores cargos e por mais de duas décadas, tem as maiores responsabilidades na situação em que nos encontramos, é pouco e até pode ter o efeito contrário de desvalorizar essas inapagáveis responsabilidades;
4. Por outro lado, ao colocar a questão nesses termos, aceita-se como boa, ainda que invia, desajustada e inconveniente, a “mensagem” e a proposta (ou o “desafio”) em si mesmas, ainda que demagógicas.
5. O que não pode ser o caso, coerentemente com as posições tomadas e reafirmadas de que a grave crise que o sistema atravessa, particularmente na União Europeia e sua União Económica e Monetária, não se resolve nem atenua com medidas como as que, pelo BCE e outras entidades, se verbalizam em manobras dilatórias e de diversão, enquanto a estratégia de classe prossegue numa intensificação da exploração dos trabalhadores, numa agudização da situação social, numa assimetrização regional levada ao paroxismo da centralização e do ataque a todas as autonomias, criando manchas de desertificação, pela libertinagem da circulação dos capitais financeiros e a especulação.
3 comentários:
A imagem de um Presidente da República comunicando as suas questões de Estado... via "facebook", inquina tudo o que possa lá escrever.
Quase tão ridículo como o facto de Seguro ter ido lá deixar um "like", segundo ouvi.
Abraço.
Não me admiraria muito.
O ridículo pega-se. É como a sarna!
Para ultrapassar esta crise muito cavaco tem de ser queimado na fogueira.
Um abraço e bom/gosto
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