OS FACTOS (desta semana) E A ARTE DE OS
MANIPULAR
Artefacto à
- Aparelho ou engenho construído
para determinado fim.
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
Os factos (relevantes) nesta 1ª semana de Junho de 2020 são
·
o
“esquecimento” do acórdão do Tribunal Constitucional Alemão;
·
a
“sem-importância” do Conselho Europeu face à iniciativa franco-alemã;
·
a decisão da
Comissão de dotar a recuperação com 750 mil milhões €;
·
a decisão do
BCE de aumentar com mais 600 mil milhões € a dita recuperação;
·
a nomeação
pelo 1º ministro português de um estratega hors-governo
para a recuperação da economia portuguesa;
·
a
apresentação, pelo presidente do PSD do plano para recuperação da economia
portuguesa;
·
depois de
Marshall, a ressus-citação de Keynes na ideologia da classe.
Comento, seguindo a ordem, mais ou menos arbitrária, dos factos
relevantes porque todos se interpenetram, com o meu ofício de cidadão-economista,
isto é, a minha “arte” embora me falte engenho de tantos “artistas”, alguns que
até engenheiros são (e de minas).
Como início, o comentário anterior fará boa “ponte” para os comentários a que me predispus sobre os dois factos nacionais aparentemente relevantes. Na verdade, parece justo, na perspectiva de solidariedade e coesão, que a Comissão, instituição de associação de Estados-membros europeus, se sinta obrigada “a coordenar (um)a resposta comum ao surto de coronavírus” e que, para isso, a sua presidente venha dizer que se estavam a “mobilizar os meios ao seu dispor para ajudar os países da UE a articularem as suas respostas nacionais”. Porque, se os resultados do surto epidémico foram diferentes segundo as particularidades de cada Estado-membro, diferentes terão de ser as respostas nacionais, e essas respostas deverão contar com a solidariedade e a coesão que se exigiriam a uma associação, por via da resposta comum coordenada que não deveria colidir mas ajudar as respostas nacionais.
Mas é evidente que o caminho foi inverso.
Para além das respostas imediatas que cada Estado teve de dar nas suas condições nacionais, cada Estado, na sua soberania, deveria contar com ajuda solidária, no quadro da cooperação e coesão. Ora a decisão (prematura, não no tempo mas no processo) da instituição executiva, como se de uma federação que não existe, se avançou para uma resposta comum, a que se somou a resposta bancária também de instituição da associação, não foi para se inserirem, as duas parcelas, numa ajuda articulada com as respostas nacionais em curso mas para afirmar o orçamento da U.E. como peça essencial e… para tranquilizar os mercados.
Portugal vai receber tanto (com quantos zeros?), dividido i) tanto a fundo perdido (nestas condições de aplicação) e ii) tanto de empréstimo (a este prazo, com estoutras condições).
Agora amanhem-se…
... isto é, cumpram (enquanto continua o processo que, formalmente, tornará estas decisões… democráticas com ultrapassagem de eventuais dificuldades ao nível de tribunais constitucionais e Conselho Europeu). Disso, cá, ou seja… lá! se tratará!
E cá, por este canto, a forma como se “amanhou” o 1º Ministro, do governo minoritário (do Partido Socialista) foi a de tomar a decisão pessoal, nos seus jogo malabares, de entregar a uma personalidade, engenheiro e gestor, fora do governo, a estratégia de aplicação da “ajuda”. Havendo quem recorde que ele, hoje 1º Ministro, quando na oposição parlamentar considerou escandaloso que o então 1º Ministro (ou o governo de chefia Partido Social-Democrata) nomeasse personalidades fora do governo para negociar e vender empresas públicas, não atacando o facto mas o método.
A nomeação de/atribuição a personalidades de qualidades excepcionais, só (re)conhecidas em círculos muito restritos, serão ilustrações do individualismo neo ou ultra-liberal e estarão na tradição/cultura de um país formatado para esperar de Dons Sebastiões o que está nas mãos do seu povo. O que só em sobressaltos, de esperança e futuro (adiado) como foi o do 25 de Abril, sofreu forte abalo, e tão sério foi que se consagrou constitucionalmente, e se sente enraizado. Sendo certo que contra ele, e agora procurando desenraizá-lo, se usou esse método de figuras providenciais*, esse sebastianismo virulento.
A resposta do PSD, dito líder da oposição, que apenas o é no centrão esvaziador de consciências cidadãs**, não tardou na resposta com outro facto da semana. O por vezes surpreendente Rio, “chefe” do PSD, saiu-se como a resposta de um outro plano de estratégia a masi longo que quer para si, assim a modos de quem tem no bolso uma espécie de Centeno (ou Costa com Silva). Mas a apresentação foi tão frouxa que parece que os órgãos da comunicação social/ista-democrata/BE, ao serviço dos poderes que se servem destes órgãos e governos, nem lhe quiseram pegar, muito mais interessados no quase ridículo jogo de quem e como e quando apoia, e tira dividendos do apoio, o predestinado a ser Presidente da República há décadas que vão até à dos anos 60 do século passado. Dessa apresentação, ficou a ideia do primado da abertura ao capital transnacional e a estratégia de “plantar Auto-Europa's de Norte a Sul de Portugal”. Dos trabalhadores e das populações falam outros!
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*- Listá-los-ei, brevemente, todos muito técnicos, muito gestores, muito engenheiros, muito doutores, para planificarem, para definirem estratégias à margem de governos com ministros de Estado, do Plano, das Infraestruturas, das Finanças e de outros órgão da democracia que temos e dos direitos conquistados.
*- Listá-los-ei, brevemente, todos muito técnicos, muito gestores, muito engenheiros, muito doutores, para planificarem, para definirem estratégias à margem de governos com ministros de Estado, do Plano, das Infraestruturas, das Finanças e de outros órgão da democracia que temos e dos direitos conquistados.
**- todos os cidadãos são (e serão) desiguais mas, se informados, da sua diversidade se
deveria sempre colher o rumo das nações
2 comentários:
Quanto de tanto dos muitos zeros irá arrebatar a peça-suplementar-extra-sumo?No fim,os zerinhos do lá-se-faz-cá-se-paga,serão investidos ou distribuídos pelos de sempre...Bjo
Olá, camarada Olinda. Ainda nos afogam em zeros! Mas são zeros de nada, como me reservo para salientar no final desta série. Saudações camaradas.
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