sábado, junho 06, 2020

OS FACTOS (desta semana) E A ARTE DE OS MANIPULAR - 2


OS FACTOS E A ARTE DE OS MANIPULAR

Artefacto à
- Aparelho ou engenho construído 
para determinado fim.
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)

 Os factos (relevantes) nesta 1ª semana de Junho de 2020 são

·       o “esquecimento” do acórdão do Tribunal Constitucional Alemão;
·       a “sem-importância” do Conselho Europeu face à iniciativa franco-alemã;
·       a decisão da Comissão de dotar a recuperação de 750 mil milhões €;
·       a decisão do BCE de aumentar com mais 600 mil milhões € a dita recuperação;
·       a nomeação pelo 1º ministro português de um estratega hors-governo para a recuperação da economia portuguesa;
·       a apresentação, pelo presidente do PSD do plano para recuperação da economia portuguesa;
·       depois de Marshall, a ressus-citação de Keynes na ideologia da classe.

Comento, seguindo a ordem, mais ou menos arbitrária, dos factos relevantes porque todos se interpenetram, com a meu ofício de cidadão-economista, isto é, a minha “arte” embora me falte engenho de tantos “artistas”, alguns que até engenheiros são (e de minas).


Tal como o “esquecimento”, ou melhor “o apagamento” do acórdão do Tribunal Constitucional alemão, outro facto relevante desta 1ª semana de Junho também não aconteceu nesta semana mas, ao contrário da outra ausência de relevo pelo que foi e se apaga, esta relevância é de facto futuro e pelo que será (ou poderá ser). E ele é a reunião do Conselho Europeu.
O próximo Conselho Europeu – que não pode ser confundido com o “Conselho Europeu de Ressuscitação (European Resuscitation Council)”, que também existe – é de instituição que reúne os Chefes de Estado e de Governo dos Estados-Membros da União Europeia para “definir a agenda política da U.E.” pois é, das 7* instituições oficiais da União Europeia, “o nível mais elevado de cooperação política entre os países da EU” e, segundo a informação oficial da dita U.E., “reveste a forma de cimeiras (geralmente trimestrais)”.
O Conselho Europeu veio substituir as anteriores cimeiras, que eram, até 1974, as reuniões, ao mais alto nível, dos representantes políticos dos Estados-membros quando era necessário decidir “coisas importantes”. Em 1974 (eram, então, apenas 9 os Estados-membros e tinham acabado de fracassar no objectivo da criação da moeda única), o Conselho Europeu foi criado como cimeiras enquanto instância informal com reuniões periódicas, depois de 1992, passou a ter estatuto formal, para ser “promovido” a instituição da U.E., com o Tratado de Lisboa (2007), depois do chumbo da Constituição Europeia por referendos.
A próxima reunião do Conselho Europeu será a 19 de Junho, e espera-se que seja animada pois alguns Estados-membros da União já declararam a sua desunião relativamente ao que parece já decidido. Uns Estados-membros em surdina, ou eco na informação genaralizada, outros reiterando afirmações anteriores quase insultuosas para os países do Sul, agora reivindicando uma postura de frugalidade formando um grupo de 4 (Áustria, Dinamarca, Holanda e Suécia)  f ace a outros esbanjadores e irresponsáveis, além da já referida posição da Polónia e da Hungria, oque pode servir para ofuscar ou falsificar outras posições de soberania nacional a partir das especificidades que o surto epidémico veio evidenciar.
O que se pretende sublinhar é que o Conselho Europeu, composto por todos os Estados-membros, para “definir a agenda política da U.E.” neste momento parece atrasada e vai ser confrontado com facto consumado (ou factos... com imensos 0).
Vamos ver o que vai dar e como se manipulará a situação.
Mas o que se prova, para quem quiser ver por debaixo do pano, ou dos factos consumados, é que o que importa é a sensibilidade… dos mercados. E que quem faz os factos é quem imprime o dinheiro, como li no começo desta semana e voltarei a citar mais adiante.
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*- este número é variável na própria informação oficial, mas sempre presentes entre as instituições oficiais estão o Conselho Europeu, o Conselho da União Europeia, o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, o Tribunal de Justiça da União Europeia, o Tribunal de Contas Europeu e o Banco Central Europeu.

(...)




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