OS FACTOS E A ARTE DE OS MANIPULAR
Artefacto à
- Aparelho ou engenho construído
para determinado fim.
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
·
o
“esquecimento” do acórdão do Tribunal Constitucional Alemão;
·
a “sem-importância”
do Conselho Europeu face à iniciativa franco-alemã;
·
a decisão da
Comissão de dotar a recuperação de 750 mil milhões €;
·
a decisão do
BCE de aumentar com mais 600 mil milhões € a dita recuperação;
·
a nomeação pelo
1º ministro português de um estratega hors-governo
para a recuperação da economia portuguesa;
·
a
apresentação, pelo presidente do PSD do plano para recuperação da economia
portuguesa;
·
depois de
Marshall, a ressus-citação de Keynes na ideologia da classe.
Comento, seguindo a ordem, mais ou menos arbitrária, dos factos
relevantes porque todos se interpenetram, com a meu ofício de
cidadão-economista, isto é, a minha “arte” embora me falte engenho de tantos
“artistas”, alguns que até engenheiros são (e de minas).
Tal como o “esquecimento”, ou melhor “o apagamento” do acórdão do
Tribunal Constitucional alemão, outro facto relevante desta 1ª semana de Junho também não aconteceu nesta semana mas, ao contrário da outra ausência de relevo pelo que
foi e se apaga, esta relevância é de facto futuro e pelo que será (ou poderá ser). E ele é a reunião do Conselho Europeu.
O próximo Conselho Europeu – que
não pode ser confundido com o “Conselho Europeu de Ressuscitação (European Resuscitation Council)”, que
também existe – é de instituição que reúne os Chefes de Estado e
de Governo dos Estados-Membros da União Europeia para “definir a agenda política da
U.E.” pois é, das 7* instituições oficiais da União Europeia, “o nível mais elevado de
cooperação política entre os países da EU” e, segundo a informação oficial da dita U.E., “reveste a forma de cimeiras (geralmente trimestrais)”.
O Conselho Europeu veio substituir as anteriores cimeiras, que eram, até 1974, as reuniões, ao mais
alto nível, dos representantes políticos dos Estados-membros quando era necessário
decidir “coisas importantes”. Em 1974 (eram, então, apenas 9 os Estados-membros e tinham acabado de fracassar no objectivo da criação da moeda única), o Conselho Europeu foi criado como cimeiras enquanto instância informal com reuniões periódicas, depois de 1992, passou a ter estatuto formal, para ser “promovido” a instituição da U.E., com o Tratado de Lisboa (2007), depois do
chumbo da Constituição Europeia por referendos.
A próxima reunião do Conselho Europeu será a 19 de Junho, e
espera-se que seja animada pois alguns Estados-membros da União já declararam a
sua desunião relativamente ao que parece já decidido. Uns Estados-membros em surdina, ou eco na informação genaralizada, outros
reiterando afirmações anteriores quase insultuosas para os países do Sul, agora reivindicando uma postura de frugalidade formando um grupo de 4 (Áustria,
Dinamarca, Holanda e Suécia) f ace a outros esbanjadores e irresponsáveis, além da já referida posição da
Polónia e da Hungria, oque pode servir para ofuscar ou falsificar outras posições de
soberania nacional a partir das especificidades que o surto
epidémico veio evidenciar.
O que se pretende sublinhar é que o Conselho Europeu, composto por todos os Estados-membros, para “definir
a agenda política da U.E.” neste momento parece atrasada e vai ser confrontado com facto consumado (ou factos... com imensos 0).
Vamos ver
o que vai dar e como se manipulará a situação.
Mas o que se prova, para quem quiser
ver por debaixo do pano, ou dos factos consumados, é que o que importa é a
sensibilidade… dos mercados. E que quem faz os factos é quem imprime o dinheiro, como li no começo desta semana e voltarei
a citar mais adiante.
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*- este
número é variável na própria informação oficial, mas sempre presentes entre as
instituições oficiais estão o Conselho Europeu, o Conselho da União Europeia, o
Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, o Tribunal de Justiça da União Europeia,
o Tribunal de Contas Europeu e o Banco Central Europeu.
(...)
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