OS FACTOS E A ARTE DE OS MANIPULAR
Artefacto à
- Aparelho ou engenho construído
para determinado fim.
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
Os factos (relevantes) nesta 1ª semana de Junho de 2020 são
·
o “esquecimento”
do acórdão do Tribunal Constitucional Alemão;
·
a “sem-importância”
do Conselho Europeu face à iniciativa franco-alemã;
·
a decisão da
Comissão de dotar a recuperação de 750 mil milhões €;
·
a decisão do
BCE de aumentar com mais 600 mil milhões € a dita recuperação;
·
a nomeação pelo
1º ministro português de um estratega hors-governo
para a recuperação da economia portuguesa;
· a apresentação,
pelo presidente do PSD do plano para recuperação da economia portuguesa;
·
depois de
Marshall, a ressus-citação de Keynes na ideologia da classe.
Comento, seguindo a ordem, mais ou menos arbitrária, dos factos
relevantes porque todos se interpenetram, com o meu ofício de
cidadão-economista, isto é, a minha “arte” embora me falte o engenho de tantos “artistas”,
alguns que até engenheiros são (e de minas).
Se bem que não seja facto desta semana, porque lhe é anterior, parece de
relevar a irrelevância que é dada ao acórdão do Tribunal Constitucinal que punha em causa o
programa de compra da dívida pública lançada em 2015 pelo Banco Central
Europeu. Logo uma futura, naquelas condições
Sublinhando que a União Europeia não é um estado federal,
tal acórdão questiona o primado do Direito europeu sobre os direitos nacionais, o que levanta
uma questão de fundo. Alguma comunicação social
portuguesa ouviu imediatamente deputados portugueses no Parlamento
Europeu, mas apenas dos partidos unioeuropeistas de cega obediência a Bruxelas, que, com
alguma despropositada veemência, estigmatizaram a decisão do TCA ligando o seu acórdão a
interesses dos Estados-membros polaco e húngaro e a movimentos populistas.
Esse também foi argumento a reacção conjunta das instituições europeias - do Banco Central Europeu ao Tribunal de Justiça, passando
pela Comissão Europeia (CE), liderada pela alemã Ursula von der Leyen, que até admitiu mesmo um "procedimentos por infracção" à
Alemanha - pelo teria sido reduzido o impacto.
Aliás, a grande preocupação dessas instâncias é que do
acórdão pudessem resultar sinais “negativos para os
mercados”. O que levou o
BCE, Madame Lagarde, a não ter hesitado, e reagido de forma “generosa” e determinada
(a la gardère…). E, claro, dando bons
auspícios aos… mercados. No entanto, o acórdão existe. Tal como o risco de
subida dos juros da dívida.
(...)
...
2 comentários:
E os países mais frágeis, os povos mais castigados, cada vez mais atolados na dívida...
Abraço
É a chamada armadilha de dívida que foi montada há 50 anos para os "subdesenvolvidos" e que ou foi direccionada ou aumentaras os assim chamados.
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