OS FACTOS E A ARTE DE OS MANIPULAR
Artefacto à
- Aparelho ou engenho construído
para determinado fim.
(in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa)
Os factos (relevantes) nesta 1ª semana de Junho de 2020 são
·
o
“esquecimento” do acórdão do Tribunal Constitucional Alemão;
·
a “sem-importância”
do Conselho Europeu face à iniciativa franco-alemã;
·
a decisão da
Comissão de dotar a recuperação de 750 mil milhões €;
·
a decisão do
BCE de aumentar com mais 600 mil milhões € a dita recuperação;
·
a nomeação pelo
1º ministro português de um estratega hors-governo
para a recuperação da economia portuguesa;
·
a
apresentação, pelo presidente do PSD do plano para recuperação da economia
portuguesa;
·
depois de
Marshall, a ressus-citação de Keynes na ideologia da classe.
Comento, seguindo a ordem, mais ou menos arbitrária, dos factos
relevantes porque todos se interpenetram, com o meu ofício de
cidadão-economista, isto é, a minha “arte” embora me falte engenho de tantos
“artistas”, alguns que até engenheiros são (e de minas).
As seis prioridades da estratégia da Comissão
Europeia, para 2019-24, foram: Pacto Ecológico Europeu; Uma economia ao serviço dos cidadãos; Preparar a Europa para a era digital; Promoção do nosso modo de vida europeu; Uma Europa mais forte na cena mundial; Um novo impulso para a democracia europeia.
Face ao surto do coronavirus, quase perdeu sentido escalpelizar estas prioridades, ou então ver quais serão as reforçadas com esta pandemia (ou pandemónio) que veio cavalgar a crise que era de esperar, mesmo que as previsões "oficiais" a escondessem. Mas... consumado o facto, aproveitado é, e a Comissão Europeia veio
afirmar-se disposta “a coordenar a resposta europeia
comum ao surto de coronavírus".
Para isso, a presidente da Comissão veio dizer que esta
estava a “mobilizar os meios ao seu dispor para ajudar os países da UE a
articularem as suas respostas nacionais”.
A concretização far-se-á no quadro do
Orçamento da EU, que se reforçaria em 750 mil milhões de euros para ajudar a reparar os danos
económicos e sociais imediatos provocados pela pandemia de coronavírus, e dar
início à recuperação. O que vinha ao encontro do encontro Merkel-Macron ou franco-alemão, sempre muito preocupados com a sua "Europa" (e com os europeus?), em que tomam sempre as iniciativas (as que vingam... porque algumas não...).
Para impulsionar essa recuperação europeia, a Comissão Europeia propõe elevar o seu/deles Orçamento para
2,4 biliões de euros (somando-lhe assim os 750 mil milhões) e proclamando-o “orçamento robusto e moderno para uma Europa mais sustentável, mais
digital e mais justa”. A este respeito, a presidente Ursula declarou: «Estes investimentos
não só preservarão as notáveis realizações dos últimos 70 anos, como
garantirão que a nossa União seja um protagonista decisivo na cena mundial,
tanto no plano das alterações climáticas e da proteção dos recursos naturais,
como a nível digital e social. É chegada a hora da Europa».
É, claramente, um acto de fé (se da boa ou da má, caberá a cada cidadão julgar), mas não pode deixar de se sublinhar, no pouco que
se cita, que as expressões “uma Europa ... e mais justa” e “hora da
Europa” fatigam qualquer cidadão medianamente
informado que começa, logo, por recusar que se designe por Europa uma
associação de Estados europeus, que nem que conglomerasse todos os Estados do
continente Europa se justificaria, e o europeu-que-é-também-português há muito
que espera que o seu relógio seja acertetado pela hora de um relógio que tenha solidariedade como um ponteiro e coesão como o outro, que luta por
uma comunidade com outros Estados que seja efectivamente mais justa e não
agravadora de desigualdades.
Aliás, e comentando também o outro facto que se segue a este relativo à Comissão
(dita Europeia), que foi a decisão do Banco Central Europeu, outra das
instituições da União Europeia.
O Banco Central Europeu (criado com a moeda única, a par e como um par - moeda e instituição de uma União Económica e Monetária de uma União que além de intitular abusivamente de Europa, não é de União porque, desse par, logo à partida - em 1998 - se excluíram, por opção, a Dinamarca, o Reino Unido, a Suécia) veio alargar esse reforço da Comissão com mais
600 mil milhões de euros, elevando assim o total anunciado – com a esmagadora
evidência da ultrapassagem dos referidos 12 zeros (1.ooo.ooo.ooo.ooo + o,35) –
que deixará qualquer beneficiado com os 650 euros de salário mínimo completamente
K.O., que haverá quem leia como O.K. e agradecimento portanta generosidade… nem era preciso tanto!
Mas, vindo de onde vem – de quem imprime o dinheiro –, até podia ser mais
(isto digo eu… e mais adiante voltarei a esta referência).
(...)
2 comentários:
As potências da UE,representando o grande capital,sempre têm "declarado"guerra aos trabalhadores,a manipulação tem sido uma arte,é verdade.A pandemia só veio reforçar essa política.Bjo
Exactamente. forte abraço
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