Ao ler Marx, ou ao ler sobre Marx, não se tem a ideia – isto digo eu… – de que se está a pescar (ou a saber da poda), mas a de que se está a aprender a pescar (ou a aprender a saber da poda), para usar imagens talvez demasiado batidas… mas clarificadoras. Não há fato feito, não há comida pronta para levar ao micro-ondas, não há modelos acabados, nem sequer as peçazinhas todas que (?!) são precisas para formar o puzzle ou construir o lego, até porque peças de ontem não servem hoje, não se ajustam, e Marx sublinhava-o.
Marx estudou quem pensou sobre a realidade antes de ele, com cuidado e muito respeito mas também com acerado sentido crítico (que consigo praticava), observou a realidade que vivia para a conhecer e para contribuir para a modificar, escreveu, escreveu, escreveu, muitas vezes repetindo melhor o que já antes dissera, algumas vezes corrigindo, mas sem apagar o que estaria errado ou incompleto porque isso antes datado representava um passo, e era útil enquanto fixação do estádio do conhecimento a que se chegara quando errara ou fora incompleto ou insuficiente.Na área da economia política, Marx estudou com os “clássicos”, que um século antes dele foram os economistas da burguesia ascendente, e deles aproveitou o grande salto que provocaram no pensamento económico, particularmente Ricardo e, sobretudo, Adam Smith com quem muito “conversou”. Nada inventou a partir da negação e do desprezo dos outros (mesmo quando era violento e cáustico). Com todo o respeito pelo saber antes adquirido (e datado!), firmando-se no que adquirira no aprofundado estudo do direito, da filosofia, da história, deu o “salto qualitativo” ao encontrar no trabalho o seu carácter duplo, que se exprime em valor de uso e em valor de troca, e ao tratar a mais-valia independentemente das formas particulares que viesse a tomar (lucro, rendas, juros, despesas) nas metamorfoses do capital que, como relação social, se materializa em várias expressões. E, como ele o escreveu em carta de 27 de Abril de 1867 a Engels, aí está «o que há de melhor no meu livro (O Capital) e aí repousa toda a compreensão»; e acrescentava que «o estudo dessas formas particulares da mais-valia, se é confundido com o estudo da forma geral à maneira dos economistas clássicos, dá uma misturada informe».
Este é um aspecto sobre que importa reflectir (e discutir... se houver com quem) quando se fala da base teórica de quem tomou partido.
Tratando-se de base e de teoria, há que ver quais os conceitos que são caboucos dessa base sobre que se constrói a teoria. Também como arma para a tomada de consciência, para a tremenda e tão desigual (nos meios) luta ideológica.
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(o trabalho desta noite - mais para a madrugada... -,
de fixação de leituras ao longo do dia,
saiu-me demasiado longo para mensagem de post
pelo que o subdividi.
Logo, a continuação - esta - vai seguir dentro de pouco tempo)
1 comentário:
Continuo a estudar e a tentar aprender.
Um beijo.
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