Na última reunião do Comité Central do PCP, num comunicado, cuja leitura na íntegra (e sem manipulações) é possível no avante! e no site do Partido, denunciava-se (nesta minha selecção de itens (logo “minha manipulação”, mas no estrito respeito pelo sentido do documento):
- um novo pacote de medidas que, a pretexto da redução do défice em 5 pontos percentuais até 2011, Governo e PSD se preparavam em nome dos interesses dos grupos económicos e financeiros que representam,
- no contexto de uma situação (de “crise”) criada pelas políticas de direita que têm sido (pros)seguidas, que têm responsáveis e servem interesses de classe,
- de destruição do tecido produtivo, em particular de milhares de micro, pequenas e médias empresas,
- de desertificação e ampliação das assimetrias regionais,
- num assumido processo de concentração e centralização capitalistas ao serviço dos grupos económicos e do capital financeiro.
Ora, daqui – e tomando partido – quero partir para dois tipo de considerações muito sucintas, suscitadas por uma provocação (ou provocadas por uma suscitação): i) sobre a posição relativamente às micro, pequenas e médias empresas, ii) sobre a economia política marxista.
Sobre as micro, pequenas e médias empresas, elemento essencial do tecido produtivo, alvos e vítimas do processo de concentração e centralização do capital financeiro, com as consequências de curto e médio prazo de desertificação e ampliação das assimetrias regionais, poderia socorrer-me de citações clássicas (do Manifesto, por exemplo) para fundamentar a defesa de medidas de apoio e protecção a esse sector cuja defesa, a par do reforço de um investimento e sector público, é indispensável nesta fase do processo histórico e local, mas basta usar o bom senso e apontar o ridículo da argumentação que se baseia numa delirante interpretação segundo a qual uma taxação extraordinária de lucros exorbitantes levantaria o gravíssimo problema do crescimento dos “pequenos e médios capitalistas”, que iriam beneficiar de não serem atingido por esse imposto extraordinário, e assim se veriam ajudados a tornarem-se grandes capitalistas! Isto é de tal modo irrisório que revela bem o que se passa nalgumas cabeças.
“Está-se mesmo a ver” que ir buscar recursos financeiros aos lucros exorbitantes, por exemplo de grandes superfícies de distribuição – que são mais peças de grupos financeiros que áreas de comércio –, iria criar condições para que a mercearia da esquina citadina ou a venda da aldeia se tornassem grandes capitalistas.
Lutar consequentemente pelo socialismo não é "fazer de conta" que se vive em socialismo, é... lutar pelo socialismo nas condições em que se faz a luta. E, aliás, avançar para o socialismo pode querer dizer um forte sector público e nacionalizar o que, ao serviço do grande capital, é contrário ao interesse geral, mas não quererá dizer nacionalizar pequenas barbearias e actividades semelhantes, embora a financeirização/banqueirização da economia já tenha revelado situações e mostrado indícios de que, por vezes, o aliciamento e uso e abuso do crédito faça com que o que se julgava ser de um honrado prestador de serviços de cortar cabelos é de propriedade de um banco a que ele se endividou…
Mas disto se falará depois.
(continuarei)
6 comentários:
Em todos os documntos do Partido sempre vi expresso o apoio a micro, pequenas e médias empresas no sentido de as defender da absorção pelos monopólios e nunca como incentivo a equipararem-se a esses monopólios. Mas os provocadores do costume gostam de lançar a confusão e,às vezes, uma leitura menos atenta nem nos deixa aperceber da idiotice porque nunca essa hipótese seria possível.
Um grande abraço, camarada.
Camarada Sérgio não sabes como admiro a tua pacência que é militância, ou será militância paciente?
Para o caso não importa, ou importa muito, isto para dizer-te - deves ter muitos como eu a amirar-te por seres quem és.
Obrigado camarada.
Por causa dessa taxação, o Amorim vai acabar a vender rolhas num quiosque e o Belmiro ao balcão de uma mercearis aqui da aldeia... à espera de que os "novos milionários" comecem a ser taxados extraordinariamente... para eles poderem voltar a ser multi-milionários... ad nausea.
Este fenómeno político-económico-financeiro deve ter um nome qualquer... :-))) :-)))
Abraço.
E eu também continuarei a ler-te.
E a sorrir com comentários como o do Samuel :)))))
Um beijo.
rir faz bem.
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