sexta-feira, agosto 20, 2010

Tomar partido! (alguns aclaramentos - 2)

Tomar partido contra a exploração, que é intrínseca ao funcionamento de um sistema económico que assenta na criação e apropriação de mais-valia, é fácil (é uma maneira de dizer…), sobretudo para quem a sofre no seu viver quotidiano, é instintivo, e pode também ser uma questão… de imperativo moral.
Acontece que, na maior parte dos casos, assim é, e toma-se partido sem um conhecimento mínimo da base teórica em que «repousa toda a compreensão» (usando expressão de carta de Marx a Engels) dos mecanismos de exploração.
No entanto, este conhecimento, ao menos nas suas linhas gerais, é indispensável para a luta consciente. E não é fácil esse trabalho de “saber das coisas”, até pelo ambiente cultural em que se vive, mas sobretudo quando se quer aprofundar, nesta ou naquela área, como na da economia política.
Ora conhecer o funcionamento dos processos i) de produção do capital, ii) de circulação do capital e iii) total da produção capitalista (títulos dos 3 livros de O Capital, que tem o subtítulo geral de Crítica da Economia Política), é essencial para quem se pretenda marxista, e faça da base teórica uma sua arma de luta, na vertente ideológica. E contra esse conhecimento aprofundado levantam-se barreiras objectivas (em português, as edições avante!, ainda só têm publicados os 5 tomos dos 2 primeiros livros, o que já é trabalho notável) e as que concretizam a luta de classes, no plano ideológico.
Na economia política, os apologetas do capitalismo consideram, por exemplo, que os ditos factores de produção – “capital” e “trabalho” na terminologia não-marxista – proporcionam rendimentos aos seus proprietários (capitalistas e trabalhadores) independentemente da esfera de actividade (produtiva ou de circulação) em que são utilizados. E esta perspectiva, ou concepção, é não só imposta em todas as escolas em que se ensina economia – mesmo naquelas em que o marxismo não está totalmente abolido e ocupa uma espécie de reserva arqueológica (nalguns casos como algo respeitável enquanto história passada) do pensamento económico – como tem influência (e perturba, e provoca perturbação) em franjas mais permeáveis dentro do pensamento económico considerado como marxista, pelo que assim favorece a campanha ideológica contra o marxismo.
E não é a discussão, ou o debate, que está em causa. A base teórica do marxismo-leninismo alimenta-se e fortalece-se nessa discussão e nesse debate, mas para isso é indispensável conhecer sobre que repousa a nossa base teórica.
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A partir daí… discutir tudo!

1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Continuo a ler e a estudar. É de facto difícil e mais difícil ainda ser capaz de reproduzir as ideias. Mas muita coisa vai ficando.
Obrigada.

Um beijo.