No dia seguinte à greve nos transportes públicos e nos dias anteriores à greve geral, impõem-se-me algumas palavras-chave. Detenho-me um pouco nelas.
A começar por chave. Pode servir para abrir ou para fechar. Algumas palavras estão a ser utilizadas como chaves para fechar a compreensão do que está acontecer. Vou tentar usá-las para, em mim, abrir essa compreensão.
Como rentabilidade (há quem diga rendibilidade), viabilidade e falência: “Os transportes públicos, assim, não têm viabilidade porque a sua rentabilidade é negativa, o que leva à falência”.
É preciso dizer que os transportes, por serem públicos, não têm que ser capitalisticamente viáveis, isto é, não têm que (não podem ter que) ser rentáveis para o capital investido, mas sim que ter eficácia enquanto serviço público (ao serviço do público).
Falência só tem sentido, como palavra, num contexto que não o de serviço público, obrigação do poder político democrático, a qualquer dos seus níveis – desde o mais local ao central nacional, ou supranacional –, de concretizar o que são direitos constitucionalizados dos cidadãos.
Assim saltam mais palavras-chave: eficácia, serviço público, poder político, democrático, direitos, constituição, cidadãos… e outras que, como as cerejas, irão aparecer.
3 comentários:
Acabando com o público deixa de ser necessário tudo o que é público. Pois...
Como serviço público nada tem que dar lucro. Tem é que servir o público. Par que servem os impostos?
Um beijo.
Só assim se compreende que os mesmos que passam a vida a dizer que os transportes públicos dão prejuízo a andar, passem a dizer que uma greve de transportes públicos dê enormes prejuízos ao país! Entendam-se: se dá prejuízo a andar, parados terão de não dar prejuízo forçosamente!
Mas isto sou eu a pensar! Talvez as empresas que não tem transportes para os seus trabalhadores tivessem o dever de subsidiar o transporte público....
Um abraço público e sem prejuízos
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