sábado, agosto 25, 2012

Desemprego – conceitos e números - 3


Esta série, "à maneira de folhetim", vai ser assim. Intermitente. Vai saíndo (ir)regularmente… À medida que o espaço de informação ( e de OUTRA INFORMAÇÂO) o permita. Bem como a disponibilidade do “alimentador” do “blog”.

Já se sublinhou que a população activa é uma soma de empregados com desempregados e que o desemprego, tal como apresentado na informação, é, além do número, uma taxa de desemprego. E que todos esses números e taxas correspondem a conceitos (estatísticos ou para a estatística) que vão variando com o tempo e nos espaços, embora haja uma base, que é (ou deveria ser) a da OIT.

Daqui resultam várias “dimensões” do desemprego e, nestas várias dimensões, o(s) desemprego(s) vão variando. Já escrevemos sobre desemprego recenseado, desemprego inscrito e desemprego “real”, o de mais difícil quantificação. Mas há outras designações como o desemprego em sentido lato e desemprego em sentido restrito, sendo o primeiro (agora!) a soma de todos os indivíduos que, numa semana de referência, não tendo qualquer trabalho e que estando interessados em trabalhar não procuraram emprego (o que quer dizer que ainda há o desemprego voluntário, dos…. desinteressados), sendo o de sentido restrito os que estando na situação dos de sentido lato, acrescentam à situação estarem disponíveis para trabalhar e terem feito diligências activas nos últimos 30 dias para encontrar um emprego remunerado ou não.

Destas definições ressalta a subjectividade dos conceitos e a susceptibilidade de manipulação. “Interessados”, “procurar”, “”disponibilidade”, “dilligências activas”…


Dito (ou escrito) isto, são fáceis de entender as reservas com que devem ser tratados estes números (a partir destes conceitos subjectivos e manipuláveis retirados de inquéritos periódicos por amostragem), representando a realidade mas nunca a substituindo e podendo ser manipulados para facultar uma “mais conveniente” ou “menos inconveniente” representação da realidade. Anote-se que, se se pretender estabelecer séries, se pode ter a ideia da dificuldade se se disser que houve quebras de série por alterações de conceitos e metodológicas relativas à recolha de dadod, em 1983, 1992, 1998 e 2011, e que, para a qualificação de empregado e de desempregado, a idade mínima considerada foi de 12 anos até 1991, de 14 anos de 1992 a 1997 e de 15 anos a partir de 1998.

Dir-se-ia (ou escrever-se-ia) que esses números apontados e receptionados como rigorosos são sempre… mais ou menos e “trabalhados”. O que não lhes retira a enorme importância como elementos de análise e representações da realidade. Que não a substituem, insiste-se

Só uma ilustração: uma taxa de desemprego de 15% (15 desempregados numa população activa soma de 85 empregados e 15 desempregados) se vir aumentar de 15 para 18 o número de desempregados por alteração da idade estatística em que se considera o desemprego –o que se pode ligar com ensino obrigatório, por exemplo – levaria a taxa de desemprego para 17,5% (18 a dividir por 85 empregados mais 18 desempregados), e no sentido contrário, uma alteração que diminuísse o 15 para 12 o número de desempregados levaria a taxa de desemprego para 12,4% (12 desempregados a dividir por 85 empregados mais 12 desempregados)

A 3ª ilustração de Luís Afonso para O Mistério da D. População Activa de há um quarto de século:


2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Essa subjetividade de conceitos, leva ao otimismo do desgoverno sobre a falsa melhoria da economia.

Um beijo.

Sérgio Ribeiro disse...

Ao falso ou falsificado optimismo...

Um beijo