Na avalanche de notícias do começo da semana que nos submergiram (o que não tem nada a ver com graçolas de riso amarelo do ex-ministro dos submarinos, entretanto promovido a ministro do estado em que estamos…), todas merecem reflexão para além dos números avassaladores.
Sobre o desemprego, avançaram-se os dados do INE relativos ao 2º trimestre de 2012, com o número central dos 15% batendo recordes nacionais e colocando-nos na lista dos medalhados da “modalidade”, embora só de bronze porque a Espanha e a Grécia ainda nos ultrapassaram nesta 1ª metade do ano e assim deverá continuar a acontecer.
Mas queríamos sublinhar alguns factos, sem voltar a referir e a tratar de números por duas razões. Primeiro, porque há quem o faça muito e bem; segundo, porque, para além dos números, há que pensar/”pinçar” também de forma não quantificada, desamarrando-nos dos algarismos e fugindo ao risco de que eles nos afastem da realidade que apenas (e mal) representam.
Pela primeira vez desde não sabemos quando, nestas estatísticas são mais os desempregados que as desempregadas. Quer isto dizer que, a partir da base numérica em que se escora essa representação de uma evolução social, a sua desagregação por sexos revela um possível ponto de viragem do maior significado.
Serem mais os homens no desemprego que as mulheres é um sinal de que se teria tocado no cerne da regressão social, aliás propugnada por alguns próceres da Igreja Católica, na linha ideológica de que o lugar das mulheres na sociedade é o de pôr no mundo as criancinhas e delas cuidar, e de cozer as meias, como paradigma caricaturado da condição feminina, ficando para os homens as actividades herdeiras da caça e da pesca (mais actualizadamente: "a ida ao mercado... mas só ao do trabalho").
Quando em fase de evolução positiva da História, no capitalismo reserva-se para as mulheres serem o “exército natural de reserva da força de trabalho”, e ficam “naturalmente” ausentes do mercado quando se chega à sua fase de evolução claramente negativa. Quando são tantos os homens desempregados que fazem as mulheres no mercado?, para que são necessárias quando a concorrência do lado da oferta da "mercadoria" é suficiente para baixar os preços e desvalorizar a defesa dos direitos?, não deverão voltar ao estatuto de “stock” morto (ou adormecido) da "mercadoria", de recolher aos armazéns e prateleiras de antanho, labutando domesticamente para que as crianças possam ainda assim crescer, para que a paparoca esteja na mesa quando os homens voltam do trabalho (ou da sua "procura no mercado"…), para que a cama esteja aquecida obviando a que a demografia acuse falta de produtividade?
Mais homens no desemprego que mulheres! Que sinal de degenerescência no sistema de relações sociais, demonstrando-se as arrecuas na História!
“Pincem” nisto. E lutemos, todos, para travar e inverter este rumo. Para que seja socialmente irrelevante o sexo de quem está desempregado.
1 comentário:
Pobres mulheres. Já nem para mão de obra barata servem!!! Ficam-se como guardas da herança "Deus, Pátria, Família". Mas aí enganam-se muito!!!!! As mulheres cada vez tomam mais consciência do seu direito à igualdade de oportunidades. E lutam. E têm Movimentos organizados. E pensam e discutem ideias. Já não são as "cassetes" dos maridos como muitas primeiras damas, ou segundas ou qualquer coisa como vemos por aí.
As mulheres estão na luta e continuarão apesar dos imensos sacrifícios que lhes impôem.
Um beijo.
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