Nas minhas andanças e reflexões, um dos escolhos em que, nos últimos tempos, várias vezes tenho tropeçado tem sido o de um verdadeiro “buraco” na intervenção cívica e partidária do estrato etário dos 40 anos. Para ser mais preciso (tanto quanto tal é possível nestas reflexões…), entre os 38 e os 51 anos, balizando entre os nascidos em 1961 e 1974, que serão (para mim são!) anos de referência histórica.
Por razões militantes (e pessoais… que se confundem), tenho distribuído os eleitos em estruturas partidárias por estratos decenais etários e, na composição do actual Comité Central do PCP, tal como eleito no XVIII Congresso, de 2008, essa situação parece-me evidente.
Como se resume na tabela, os 156 eleitos distribuíram-se da forma que os gráficos, depois, ilustram, fazendo-o por número de membros em cada década etária e por percentagem, e cotejando essa distribuição com uma outra, que seria “normal” – não no sentido estatístico e científico (da curva de Gauss) mas empírica e arbitrária –, projectando uma subida progressiva do número de membros entre os estratos etários dos 20 aos 60 anos, seguindo-se uma queda nos de 61 e mais anos.
Como se comprova, passa-se do número significativo de 20 eleitos na casa dos 20 anos para uma grande subida para 35 na casa dos 30 anos, para se cair abruptamente para 23 na casa dos 40 anos criando o que chamei “buraco”, com uma também abrupta recuperação para 60 na casa dos 50 anos e a “normal” queda nas casa dos 60 anos, com 16, e apenas 2 com mais de 70 anos (em Dezembro de 2008).
Isto para quem chama o PCP de “partido de velhos”!... faria rir se não fosse intencionalmente calunioso.
Com a distribuição ficcionada mais equilibrada, “normal”, haveria uma subida progressiva até aos 60 anos, com o “buraco” da década dos 40 anos compensado pelas décadas anterior e sequentes, e a média desceria de 46,4 anos para 45,8 anos, deixando a “moda” (estatística) de estar tão polarizada na década dos 51 aos 60 anos.
Importará sublinhar (e estudar multidisciplinarmente!) o que, nestas reflexões quantificadas, é tão-só indicativo. Ficam pistas , mas – até por outros exemplos, e não apenas de estruturas partidárias – parece evidente haver um fenómeno sociológico de alheamento cívico-político nesse estrato etário da década dos 40 anos.
A reflexão (com/como a luta!) continua-
9 comentários:
Para quando o PCP deixa de fazer fretes à plutocracia/cleptocracia angolana????
http://www.odiario.info/?p=2578
Quero dizer, isto acima!
Será também algum desalento e a marca deixada por esses movimentos que se vão multiplicando por aí, sem qualquer atividade organizada. Apenas palavreado e folclore.
Um beijo.
Será também algum desalento e a marca deixada por esses movimentos que se vão multiplicando por aí, sem qualquer atividade organizada. Apenas palavreado e folclore.
Um beijo.
A geração nascida a partir de 1961 atingiu os 20 anos de idade na década de 80 pelo que já não sentiu o entusiamo que as anteriores gerações viveram na década de 60 e primeira metade da década de 70... as pessoas também vivem o seu tempo!
Camarada,
vejo-me "obrigado" a responder a esta provocação/convocação, até porque nasci no revolucionário ano de 68.
Como diria Ortega y Gasset: "O homem é o homem e a sua circunstância".
Comecei a trabalhar muito cedo e com 44 anos já tenho 27 de descontos para a SS.
Apesar dos anos de trabalho e exploração, a tomada de consciência da luta do capital vs trabalho já se deu tardiamente e despoletada pela circunstância da luta contra as 12 horas de trabalho na ex-siemens, ex-infineon, falida qimonda.
E porque o acordar tardiu?- Pergunto-me!
Devido à propaganda com que somos bombardeados diáriamente pelos meios de comunicação social e pelos poderes vigentes, digo eu!
Ou seja, com a propaganda o capital e os seus serventes, vão-nos mantendo como carneiros no rebanho (veio-me à lembrança o início do filme "Tempos Modernos" de Charlie Chaplin).
Já no tempo de Hitler existia o ministério da propaganda e no nosso tempo é ver de quem são os canais de televisão e rádio para se preceber a necessidade do capitalismo de propagandear os seus ideais.
Mas consegue-se enganar muita gente durante algum tempo, não se consegue enganar toda a gente durante todo o tempo e o povo portugues, tal como eu, está a acordar!!!
Um grande abraço camarada, desde Vila do Conde,
Jorge
E lá vamos lutando com o que deve ser feito em cada momento.
Graciete - haverá muitas razões... Há que as procurar dentificar e estudar e tentar corrigir algumas.
Carlos Gomes - ,,, as pessoas vivem o seu tempo/no seu tempo!
Jorge Gomes - "provocação"? Ao menos, camarada, põe lá umas aspas.... Apontaste algumas razões que, sendo tuas, são de quem nasceu no te teu tempo, e que tu ultrapassas no dia a dia de luta e muitos teus contemporâneos não tentam sequer encarar.
Antuã - Exactamente. Lutando em cada e em todos os momentos nas condições que são as de cada um; E se tu és um exemplo!
Abraços e beijos
Quem não tenha lutado no seu tempo... pelo menos que lute... ainda a tempo! :-)
Abraço.
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