sexta-feira, agosto 21, 2009

Afeganistão - a "informação" e a necessidade de SE informar

A agência Lusa despachava, ontem, que «O governo afegão e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) afirmaram-se "satisfeitos" com a forma como decorreram hoje as eleições presidenciais e provinciais no Afeganistão (…) Esses dados são considerados cruciais para a legitimidade do poder num país em guerra há mais de 30 anos e colocado sob protecção de cerca de 100 mil soldados de forças internacionais» e, hoje, informa que «A Comissão eleitoral independente anunciou hoje ter terminado o escrutínio da eleição presidencial no Afeganistão, estimando a participando eleitoral entre os 40 e 50 por cento, só devendo anunciar os resultados na próxima semana».
Assim se faz a “informação”.
Mas… quem se quiser informado, terá de SE informar. A começar pela estranheza da Organização do Tratado do Atlântico Norte, criada em 1949 para conter – segundo a designação, no Atlântico Norte… - a “ameaça soviética” e o Pacto de Varsóvia, criado em 1955 (!), estar a intervir e a ingerir-se (e de que maneira!) no Afeganistão, que é um bocado longe do Atlântico Norte…


Passando adiante, localizemo-nos no tempo e tentemos pistas para perceber aquela referência aos 30 anos em guerra: um conhecimento mínimo da história daquela região (e da matematicazinha) leva a entender que se localizam os 30 anos para trás em 1979 e na chamada “invasão soviética”, quando se perde nos tempos a situação de instabilidade e guerra naquela zona estratégica, com ocupação inglesa e mais outras bem guerreiras situações.
.

.
.
.
império durrani

.
.
.
Aliás, no final dos anos 80 lembro-me de ter ficcionado um País a que chamei Afeganislónia para ilustrar a guerra movida contra a União Soviética e mais países socialistas pelo imperialismo, na sua labuta da luta de classes ao nível planetário. É que o Afeganistão – a Polónia & Cia. ficam para outra altura –, depois de situações de fogueiras internas sopradas de fora, desde 1979 poderia ter estabilizado com um governo do Partido Popular e Democrático apoiado pelos vizinhos soviéticos, não fosse a constante guerrilha mujahidin, muito bem preparada e melhor municiada pelos Estados Unidos e parceiros, até à retirada soviética em 1989 e o que foi a abertura para os talibans e as duas décadas verdadeiramente infernais que ali se continuam a viver.
Como escrevia Ângelo Alves, no Actual do avante! de ontem, em “as eleições farsa”:
«(…) em quarto lugar porque mesmo à luz das “boas práticas democráticas”, tão defendidas pelos EUA e a NATO para a realização de eleições “livres”, estas “eleições” são uma anedota. Boletins de voto que são folhas A4 escritas à mão e que podem ser levantadas às dezenas por um único eleitor; “observadores internacionais” escolhidos a dedo e fechados nos complexos militares da NATO; a venda de oito mil cartões de registo falsos por 20 dólares; 220 postos de votação encerrados numa única província, são apenas um alguns exemplos do insulto à inteligência e dignidade que são estas “eleições” (...)».


Não podemos deixar que NOS “informem”. Informemo-NOS!

4 comentários:

Aristides disse...

Como esquecer o carinho com que, então, os taliban eram tratados pelos EUA e comunicação social, que os referiam sempre como combatentes da liberdade? Viu-se! Até eram uns gajos porreiros enquanto assassinavam soldados soviéticos. O pior foi quando as vítimas começaram a ser da área de influência da Nato.
Quando se abre a caixa de Pandora, nunca se sabe como as coisas vão terminar.
Abraço

samuel disse...

Que maldade! Então "aquilo" não foi tão livre e democrático?!!!

Abraço.

Justine disse...

Informaste-nos! E bem, e claramente, como sempre deveria ser nos meios de comunicação social...

CS disse...

E toda a intoxicação dos media, à trela do império, zurra pela pauta do dono.