domingo, agosto 30, 2009

O país cor-de-rosa e a realidade portuguesa

Na actualização matutina, saltitando de blog em blog, era fatal que hoje apanhasse com "o grande acontecimento de ontem": Sócrates, o seu discuros na dita "rentrée", o "coro dos fidelíssimos", a caixa de ressonância.
Apanhei com o aproveitamento, até à exaustão, da apresentação do programa eleitoral do PSD/MFL, na construção laboriosa do "legos a dois", querendo fazer de tudo o resto inútil ou desperdício, ou, se muitas peças sobrarem, que se recuperem num também laborioso anexo para o BE... e depois se vê.
Os alternantes e o seu suporte. Nada de debate democrático, com respeito pelos outros. Nada de encarar alternativas para as políticas, para uma alternativa política.
O "discurso do poder" é preocupante. Porque confunde tudo, e é sectário. O PS é Socrates, Socrates é o Estado, o Estado é o PS, como ministros comprovam ao fazerem, de qualquer inauguração, uma sessão de campanha eleitoral, numa espécie de tiro ao alvo no que foi o apresentado como programa da oposição do alternante PSD, ou melhor, Manuela Ferreira Leite.
Lutar contra esta ficção do Portugal em que vivemos é um dever de higiene democrática.
Aqui pelas vizinhanças há sinais gritantes (às vezes aos gritos...) desta sectária abordagem do que não é a nossa realidade mas que se quer convencer os outros que é.
Um blog (manuelinhod'évora), hoje, depois de um ditirambólico trecho com o aproveitamento das tintas mais cor-de-rosa do quadro pintado por Socrates, termina com este naco de prosa:

Entretanto, perante estas realidades há gente de outros partidos que vai dissecando minuciosamente os seus programas partidários nos "media" e por aqui nos blogues, fugindo à realidade interna do País e aos problemas do cidadão, na tentativa de criar alguns embustes à política oferecida pelo Partido Socialista.

Aquilo (a gente de outros partidos que vai dissecando minuciosamente os seus programas partidários por aqui nos blogs) dir-se-ia que é comigo e com este blog sem "me dar a confiança" de o fazer directamente.
Face à divulgação (por vezes cirúrgica) que é feita daquele veículo, quero vir afirmar que, se o tal programa partidário (e tão-só eleitoral) é o do PCP, tem o sub-título de programa de ruptura, patriótico e de esquerda, com 52 páginas, propõe 27 medidas urgentes, tem mais de 40 destaques, de que apenas transcrevi uma dezena neste blog.
E, já agora, se a sobranceria sectária, se a cegueira que o falso e aparente poder provoca não fosse tão grande, nesse programa eleitoral se poderia encontrar um equacionamento (na perspectiva do PCP, claro) dos verdadeiros problemas da sociedade portuguesa e dos cidadãos portugueses e até - veja-se lá - alguns trechos, sobre as obras públicas necessárias por exemplo, em que qualquer socialista não sectário veria matéria para troca de impressões e acertos de posições. Sim, porque não se esqueça que, por exemplo, o NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) e a TTT (Terceira Travessia sobre o Tejo) incidem sobre uma região em que, de 9 concelhos, 8 são, hoje, CDU e o PCP tem 5 deputados na AR. Um mero pormenor que qualquer partido que quisesse encarar os problemas do País com seriedade consideraria.
Aliás, curiosamente, sinto que a caravana que passa é a nossa!

8 comentários:

Justine disse...

Grande artigo, sim senhor! 'Tá aí tudo o que é preciso dizer!

MJ disse...

Ainda bem que aproveitaste a estreiteza e mediocridade desse impostor intelectual para cabalmente mostrares quem de facto olha para os problemas concretos do país e das pessoas que o habitam, apresentando soluções objectivas.
Esses democratas moderníssimos e da eternidade (ámen) não querem nada com o passado, nada com o direito ao trabalho, nada com direitos no trabalho, nada com direito à Segurança Social, nada com direito à Saúde e à Educação, tudo isso são coisas retrógradas. O capital que explora e humilha, o desemprego que cresce, as guerras que matam, ocupam/roubam e destroem, o custo de vida que aumenta e a miséria e a fome que alastram é já parte desse futuro apregoado, do qual ocultam responsabilidades sempre com novas desculpas, sempre com velhas mentiras, e esse futuro que apontam e tomam partido escondem-no das massas, manipulando a realidade através dos média, ou delatando opiniões, roturas e soluções.
Mas se eles abdicam doutro futuro, e se no presente espalham o desânimo, só prova que o futuro é socialista, e que a nossa confiança e luta ganha mais força e mais sentido. Viva a CDU! Viva o Partido Comunista Português!

Maria disse...

Grande post!
Sem mais comentários...

Maria disse...

e eu práqui tou, fartinha de os ouvir...
(e a tomar chá frio, hipericão do gerês. pois...)

Graciete Rietsch disse...

Estive uns dias fora, aqui ao lado com mar quente e um calor bom. Infelizmente foi-me comunicado por um amigo o falecimento de mais um grande actor e tambem grande camarada mas "como até mortos vêm ao nosso lado" não será a mesquinhez que cá encontrei de novo que poderá alterar, por muito pouquinho que seja, o ânimo de quem acredita no futuro.VIVA A CDU.

Antuã disse...

E assim continuaremos a luta contra a reacção execrável.

Anónimo disse...

Amigos.
Assente na vossa memória que hoje 1/9/2009 foi noticiado que os espanhóis fizeram a melhor oferta para o TGV do Poceirão. O Coelhone ficou em segundo. No fim ver-se-á quem ganha.

Anónimo disse...

Já vi de tudo. Um Pina Moura a namorar o PSD e um João Serrano a apoiar o PS. Mas atenção, não vi no PSD a satisfação que vejo no PS local.
Não sei porquê, mas a atitude local do PS não me consegue surpreender. Porque será?