quinta-feira, dezembro 03, 2009

Misturando tudo... para sobreviver

Ora aí está.
Diz o PS, directa ou indirectamente, por inteiras ou meias palavras dos seus dirigentes, em verdadeiro desbragamento de linguagem por alguns dos seus mais acesos e sectários filiados e simpatizantes:
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«A culpa é “deles”! Sobretudo se “eles”, todos “eles”, sendo entre si tão diferentes, se “uniram” para estar contra nós.
«Estão contra nós, que governámos sempre bem, que prometemos tudo para chegar à maioria absoluta, que durante quatro anos
(não) cumprimos o que prometemos, que (não) previmos o que era mais que previsível e prevenido foi,
estão contra nós que, acontecido o que aconteceu,
(não) conseguimos encontrar remédios para os males, que (não) adoptámos as políticas certas na saúde, na educação, na justiça, que (não) tivemos o apoio (ou sequer a passiva aceitação) dos profissionais e utentes das respectivas áreas,
nós que, nas eleições,
(não) as ganhámos, em 4 anos vimos desaparecer-nos mais de meio milhão de votos, deixámos de ter 24 deputados (menos 20%), baixámos 8,5 pontos percentuais (menos 19%).
Há uma conspiração contra nós!»
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Ou será que a (teoria da) "conspiração” está a ser montada por quem, engalanado com pompas e circunstâncias, indiferente aos reais problemas que a sua política provocou nas gentes – a evolução económica, a situação social, o desemprego –, quer provocar eleições, das quais, como "vítimas da infame conspiração” que não os deixa fazer mais e melhor, saia em condições de continuar o que tem feito e que tais resultados tem dado?
Depois de ter tido o azar de ouver ontem (felizmente só em zapping de passagem) um senhorito arrogante, malcriado, passador de certificados de democraticidade, chamado Emídio Rangel e de ler, hoje, umas coisas por aí, só me apetece… Cesário Verde.
Da quadra de começo de O sentimento de um ocidental, e dois grupos de dois versos:
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Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.
(...)

E eu que medito um livro que exacerbe,
Quisera que o real e a análise mo dessem;
(...)

Se eu não morresse, nunca! E eternamente
Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas!

Que grande poeta eras, Cesário Verde!

3 comentários:

Unknown disse...

Acho um post bastante opurtuno, e que fecha da melhor maneira possivel, com o mestre Cesário
Verde.
Obrigado

Sérgio Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Sérgio Ribeiro disse...

Na primeira parte deste "post" esqueci-me de incluir no "complot" que não deixa o governo governar o Presidente do Tribunal de Contas, que por acaso até foi ministro de governos PS e até ministro das finanças.