segunda-feira, fevereiro 28, 2011
Agenda
No Expresso, a Cem por Cento
No Expresso, a entrevista de Jerónimo de Sousa
domingo, fevereiro 27, 2011
A guerra colonial, o Zeca e o Adriano
Não se fez, neste blog, qualquer referência a José Afonso e à efeméride da sua morte. Como não foi feita - para além do anúncio de uma iniciativa do PCP - aos 50 anos do assalto à prisão de Luanda, início da luta armada pela independência das colónias.
Com esta canção do Zeca (e Reinaldo Ferreira) na voz de Adriano Correia de Oliveira queremos preencher um vazio por nós sentido:
Reflexões lentas... sobre uma ideia
Depois de se terem despedido dos leitores alguns, quase todos, dos que me habituara a ler com maior ou menor empatia, aparecem as “novidades” pelo actual e pela única. Além daquela coisa do iPad que não sei muito bem o que é (mas disso sou o único culpado…).
É sabido que se resiste sempre às mudanças, que se olha de través o que nos atiram como substituto do que se tinha por costume ver, pelo que não estou a fazer a calma e reflectida apreciação do que mudou… É só uma ideia que me foi provocada.
Desconfio das “modernices”. E, nesta área da informação, as novas formas e tecnologias, e os seus mentores e agentes agravam as minhas desconfianças. Lembro-me de um certo Jean-Jacques Servan-Schreiber que, em 1953 e com a idade linda de menos de 30 anos, fundou (com Françoise Giroud) uma revista, curiosamente chamada L’Express, que deu brado, e, anos mais tarde, mas não tantos que ele já não fosse um jovem, escreveu um livro, Le Défi Américan, que foi um sucesso extraordinário, com mais de meio milhão de tiragem em francês, e milhões em traduções, incluindo em português.
Li O Desafio Americano há quase 50 anos, e lembro-me de lhe ter torcido o nariz. O tal precoce e super-inteligente J-J. S-S., de que conhecia alguns editoriais na sua revista e posições políticas muito "práfrentex", prenunciava um “mundo novo” que, na informação, acabaria a curto prazo com os jornais, com as revistas, com os livros, tudo substituído pelas novas formas que a tecnologia possibilitava. Há quase meio século!, antes do advento da informática e do seu casamento com a televisão apadrinhado pelo telefone.
Bom… cá vamos lendo jornais, revistas e livros, o sr. J-J. S-S., quando amadureceu, meteu-se a fundo na política, como “jovem esperança” que sempre foi, criou um partido seu, o Radical, depois outro, inventou que se fartou, ainda escreveu um Desafio Mundial, sem impacto, já velho sem ter sido adulto (ao contrário do sentido que Brel lhe deu...), e não terá deixado grande rasto.
Que tem isto a ver com a ideia que me assaltou? Alguma coisa terá, se é que não é mesmo a ideia em si.
São imensamente liberais, não tomam partido (a não ser o seu, claro). E como ilustração para o caso presente nada encontro melhor que uma não-mudança mas - talvez… - promoção: Henrique Raposo passou para o caderno Economia, dispõe de uma página inteirinha, e lá perora como se a História se escrevesse (a passada) e se fizesse (a futura) na sua cabeça. Tudo nos conformes.
Tenho uma vontade enorme de dizer que cada vez admiro mais a espantosa humildade de Marx, e a sua vontade e capacidade de aprender com os que, antes dele, pensaram, e vê-lo sempre a apontar para o futuro com base nas dinâmicas sociais detectadas mas com as dúvidas de quem só sabe o que pode saber no tempo em que vive.
Contos não políticos - A amizade nas mãos
O Jerónimo contava alguns episódios por ele vividos. De forma vivida, viva. A merecer ser contada e ouvida (ou lida) para além daquela conversa de lanche entre camaradas. Disse-lho. "É pá!, isso devia ser escrito... aliás, acho que deveriam ser publicadas em livro algumas das tuas intervenções... mas estou a falar destas coisas não políticas..."
Ele olhou para mim, com um ar meio surpreso... "Se calhar..." e acrescentou, como se só para ele, timidamente, "... mas eu já publiquei umas coisitas... não leste?..., até já me publicaram um conto não político... e foi um sucesso...".
Não sabia! Disse-o, quase envergonhado.
E ele contou. Naquela conversa. Ali. Informal e amiga.
"Pois foi. Convidaram-me. Eu escrevi. E depois, vê lá tu..., o Marcelo Rebelo de Sousa, lá no programa dele, falou do livro, e fez uma referência elogiosa ao conto do Jerónimo... E mais: no lançamento do livro no Corte Inglês, o actor - não me lembro do nome... -, que fora encarregado de escolher um texto do livro para ler, escolheu o meu. E leu-o muito bem. Houve alguns rangeres de dentes... Foi giro.»
E ficou por ali a conversa. Ou melhor: mudou de assunto, até porque via-se que o Jerónimo nem tanto queria ter dito sobre o seu conto A amizade nas mãos e os Lá e Pis, nascidos de uma linda cerejeira e de um belo castanheiro, duas árvores que "cresceram juntas e fizeram uma grande amizade".
Logo que me foi possível comprei o livro (ah!, a falta que me faz o Som da Tinta...), e gostei muito (mesmo muito!) do conto não político do Jerónimo de Sousa.
Quando nos encontrámos, na vez seguinte (antes do começo da reunião do Comité Central, logo a seguir às eleições), disse-lho, quando ia a caminho do meu lugar. Sorriu, com timidez e - também - alguma não escondida satisfação: "Ah! leste?... que bom teres gostado..."
"Passsando a limpo"
sábado, fevereiro 26, 2011
Em que País estamos a viver, neste momento?...
E que se sabe, hoje?...
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26 de febrero de 2011, 00:02 Naciones Unidas, 26 feb (PL) El Consejo de Seguridad debe aprobar hoy una resolución dirigida a poner fin a la violencia en Libia, según indicó la presidenta de ese órgano, la embajadora brasileña, María Luiza Ribeiro Viotti. Los 15 miembros de esa instancia iniciaron la víspera consultas privadas en torno a una serie de medidas que permitan avanzar hacia una solución de la crisis que desde hace una semana sacude a ese país árabe.»
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(querem ver que, nos nossos jornais, Khadafi - ou Kadhafi? - ainda acaba por morrer na "necrologia", ao lado de Mubarak e de Ben Ali...?)
sexta-feira, fevereiro 25, 2011
Informação, informações, informar-SE - 3
* Medios locales de Libia pueden realizar una amplia labor periodística.
* Embajadores libios en la ONU y Francia renuncian a sus cargos.
* Manifestantes en Libia alertan a comunidad internacional sobre posible invasión de la OTAN.
Informação, informações, informar-SE - 2
Informação, informações, informar-SE - 1
Dois títulos (e subtítulos)
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
Um dedinho adivinho...
Hoje
Pequeno Curso de Economia
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na Sessão de Apresentação do livro
"Pequeno Curso de Economia"
que tem lugar no dia 24 de Fevereiro,
pelas 18,30h. no CT Vitória,
Avenida da Liberdade 170, em Lisboa.
Nesta sessão participam os autores
Fernando Sequeira e Sérgio Ribeiro.
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Horas históricas
De repente, as massas movimentaram-se. Diga-se hoje o que se disser, descortinem-se os cenários que se quiser, ao princípio e por aí fora foram massas nas ruas. Umas seguindo-se a outras, com gente disposta a tudo em luta pelo que acreditava possível e ontem inimaginável: um futuro diferente. Gente disposta a morrer, não com uma bomba atada ao corpo mas à frente de outros como eles (e nós!) enfrentando balas e canhões.
O “Ocidente”, que se quer e crê com os cordelinhos todos na mão, está perturbado. E não são só os que estão em posições de tomar decisões. Não chegavam os desarranjos financeiros e as instabilidades monetárias…Não só esses de quem se esperam (e temem) decisões. Também os que procuram perceber e informar.
Ainda ontem, no jornal que me calhou ler (o i), com um título muito sugestivo – Tão mulheres como nós –, Inês Serra Lopes discorria sobre tema ou tese que, abusivamente, resumo numa transcrição “confesso que o que mais me assusta nas imagens do vendaval que que tem varrido aqueles países é a quase ausência de mulheres na rua (…) sem elas não há revolução no mundo árabe”. Na página seguinte, numa crónica de um jornalista do New York Times, Nicholas Kristof, escrevia “Para começar têm-se visto muitas mulheres nas ruas a exigir mudanças (mulheres de uma força impressionante, vem a propósito lembrar!)".
Vivemos horas históricas é o que é. Mas quais as não são? Quais não são aquelas em que estas, visíveis e de saltos, germinam e se preparam?
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
Oh!, professor!, olhe que assim chumba...
Hoje
Um caso de...quê?...
terça-feira, fevereiro 22, 2011
Convites
2
Sessão de Apresentação de
Nesta sessão participam os autores
notas (líbias?) À SOLTA -
Em papel de toalha de mesa de almoço sozinho e a ver o telejornal:
1. É verdadeiramente extraordinária a incapacidade de aprender alguma coisa com a vida, mesmo quando ela nos entra portas adentro, por parte de quem tende a tudo ver a preto e branco.
2. Estava certo, ao transcrever, noutro "post", uma "reflexão de Fidel", que iria provocar alguns sobressaltos. Óptimo!
3. A reflexão de Fidel é... uma reflexão. Não é para "pegar ou largar"! Li-a, e fez-me pensar. Porque não aproveitá-la para que, em outros, provocasse o mesmo efeito?
4. Todos os "levantamentos populares" parecem-me movimentos de massas do maior significado, e quero sublinhar essa sua histórica dimensão. De nenhum modo os reduziria a "manipulações" ou provocações para um objectivo estratégico. Não tenho é dúvidas de que há todo um esforço para os "recuperar", num aproveitamento estratégico a posteriori, no quadro de conceitos estratégicos sempre em elaboração e revisão!
5. A propósito de "recuperações", quase todos os ditadores das ex-colónias (e nem todos o serão...) foram lutadores pela independência (política) dos seus países, depois "recuperados" pelo imperialismo para se tornarem "democratas acidentais" (ou "à maneira"... ocidental), até se comprovarem, por força de acção das massas, efectivamente ditadores (e com "denominação de origem"), para quem o imperialismo procura afanosamente "soluções" de substituição.
Um comunicado do Conselho Português para a Paz e Cooperação
CPPC condena o veto
no Conselho de Segurança das Nações Unidas
Esta proposta de resolução, que foi votada favoravelmente pelos restantes 14 membros do Conselho de Segurança, foi subscrita por 120 dos 192 países membros da ONU.
Este deplorável veto veio, uma vez mais, desmascarar quaisquer discursos de «boa vontade» da Administração Norte-americana, que, com este acto, reitera o seu apoio à política colonialista e genocida do Governo de Israel, seu cúmplice nos planos de domínio para o Médio Oriente.
Hipocrisia da Administração Obama que está também patente no seu dúbio posicionamento perante os recentes acontecimentos no mundo árabe, onde os povos de vários países se têm levantado contra regimes opressores que durante décadas contaram com o apoio norte-americano. Os EUA, que são responsáveis e cúmplices pelo desencadear da mais brutal violência e desrespeito pelos mais elementares direitos dos povos no Médio Oriente, clamam agora pelo respeito dos direitos humanos e pela democracia, ao mesmo tempo que continuam a sua ingerência procurando condicionar a evolução da situação tendo em conta os seus interesses de domínio económico, político e militar.
O CPPC reafirma o seu apoio ao povo palestino e reclama do Governo português, actual membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma atitude firme e activa em prol do inalienável direito a um estado viável e independente nas fronteiras de 1967 e com capital em Jerusalém Leste, conforme o direito internacional e as resoluções das Nações Unidas.
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Conselho Português para a Paz e Cooperação
www.cppc.pt
Hoje, a Líbia - uma reflexão de Fidel Castro
Sobre esa fuente de energía se desarrolló la civilización actual. Venezuela fue la nación de este hemisferio que mayor precio pagó. Estados Unidos se hizo dueño de los enormes yacimientos con que la naturaleza dotó a ese hermano país.
Al finalizar la última Guerra Mundial comenzó a extraer de los yacimientos de Irán, así como de los de Arabia Saudita, Iraq y los países árabes situados alrededor de ellos, mayores cantidades de petróleo. Estos pasaron a ser los principales suministradores. El consumo mundial se elevó progresivamente a la fabulosa cifra de aproximadamente 80 millones de barriles diarios, incluidos los que se extraen en el territorio de Estados Unidos, a los que ulteriormente se sumaron el gas, la energía hidráulica y la nuclear. Hasta inicios del siglo XX el carbón había sido la fuente fundamental de energía que hizo posible el desarrollo industrial, antes de que se produjeran miles de millones de automóviles y motores consumidores de combustible líquido.
El derroche del petróleo y el gas está asociado a una de las mayores tragedias, no resuelta en absoluto, que sufre la humanidad: el cambio climático.
Cuando nuestra Revolución surgió, Argelia, Libia y Egipto no eran todavía productores de petróleo, y gran parte de las cuantiosas reservas de Arabia Saudita, Iraq, Irán y los Emiratos Árabes Unidos estaban por descubrirse.
En diciembre de 1951, Libia se convierte en el primer país africano en alcanzar su independencia después de la Segunda Guerra Mundial, en la que su territorio fue escenario de importantes combates entre tropas alemanas y del Reino Unido, que dieron fama a los generales Erwin Rommel y Bernard L. Montgomery.
El 95 % de su territorio es totalmente desértico. La tecnología permitió descubrir importantes yacimientos de petróleo ligero de excelente calidad que hoy alcanzan un millón 800 mil barriles diarios y abundantes depósitos de gas natural. Tal riqueza le permitió alcanzar una perspectiva de vida que alcanza casi los 75 años, y el más alto ingreso per cápita de África. Su riguroso desierto está ubicado sobre un enorme lago de agua fósil, equivalente a más de tres veces la superficie de Cuba, lo cual le ha hecho posible construir una amplia red de conductoras de agua dulce que se extiende por todo el país.
Libia, que tenía un millón de habitantes al alcanzar su independencia, cuenta hoy con algo más de 6 millones.
La Revolución Libia tuvo lugar en el mes de septiembre del año 1969. Su principal dirigente fue Muammar al-Gaddafi, militar de origen beduino, quien en su más temprana juventud se inspiró en las ideas del líder egipcio Gamal Abdel Nasser. Sin duda que muchas de sus decisiones están asociadas a los cambios que se produjeron cuando, al igual que en Egipto, una monarquía débil y corrupta fue derrocada en Libia.
Los habitantes de ese país tienen milenarias tradiciones guerreras. Se dice que los antiguos libios formaron parte del ejército de Aníbal cuando estuvo a punto de liquidar a la Antigua Roma con la fuerza que cruzó los Alpes.
Se podrá estar o no de acuerdo con el Gaddafi. El mundo ha sido invadido con todo tipo de noticias, empleando especialmente los medios masivos de información. Habrá que esperar el tiempo necesario para conocer con rigor cuánto hay de verdad o mentira, o una mezcla de hechos de todo tipo que, en medio del caos, se produjeron en Libia. Lo que para mí es absolutamente evidente es que al Gobierno de Estados Unidos no le preocupa en absoluto la paz en Libia, y no vacilará en dar a la OTAN la orden de invadir ese rico país, tal vez en cuestión de horas o muy breves días.
Los que con pérfidas intenciones inventaron la mentira de que Gaddafi se dirigía a Venezuela, igual que lo hicieron en la tarde de ayer domingo 20 de febrero, recibieron hoy una digna respuesta del Ministro de Relaciones Exteriores de Venezuela, Nicolás Maduro, cuando expresó textualmente que hacía "votos porque el pueblo libio encuentre, en ejercicio de su soberanía, una solución pacífica a sus dificultades, que preserve la integridad del pueblo y la nación Libia, sin la injerencia del imperialismo..."
Por mi parte, no imagino al dirigente libio abandonando el país, eludiendo las responsabilidades que se le imputan, sean o no falsas en parte o en su totalidad.
Una persona honesta estará siempre contra cualquier injusticia que se cometa con cualquier pueblo del mundo, y la peor de ellas, en este instante, sería guardar silencio ante el crimen que la OTAN se prepara a cometer contra el pueblo libio.
A la jefatura de esa organización belicista le urge hacerlo. Hay que denunciarlo!
O dominó...
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Disseram-me, sim senhor, e estavam cheios de razão
Ao passar por ocastendo, deixei-me ficar a ouvir o que me dizia "mi abuelito" e "mi papá" tão bem interpretado o José Agustín Goytisolo pelo Paco Ibañez, e resolvi trazê-los todos para aqui (obrigado, António Vilarigues, e desculpa lá o abuso...),
Me lo decía mi abuelito,
me lo decía mi papá,
me lo dijeron muchas veces
y lo olvidaba muchas más.
-
Trabaja niño, no te pienses
que sin dinero vivirás.
Junta el esfuerzo y el ahorro
ábrete paso, ya verás,
como la vida te depara
buenos momentos, te alzarás
sobre los pobres y mezquinos
que no han sabido descollar.
-
Me lo decía mi abuelito,
me lo decía mi papá,
me lo dijeron muchas veces
y lo olvidaba muchas más.
-
La vida es lucha despiadada
nadie te ayuda, así, no más,
y si tú solo no adelantas,
te irán dejando atrás, atrás.
¡Anda muchacho dale duro!
La tierra toda, el sol y el mar,
son para aquellos que han sabido,
sentarse sobre los demás.
-
Me lo decía mi abuelito,
me lo decía mi papá,
me lo dijeron muchas veces,
y lo he olvidado siempre más.
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Também me disseram outras coisas - e outras por mim aprendi... com algumas ajudas indispensáveis! Mas gosto de ouvir estas, assim cantadas...
Para uma antologia!
ou
ASSIM-ASSIM
Fernando Pessoa
O senhor António, homem de convicções, detestava as meias-tintas, além do mais não estava nos seus dias, bebeu de um trago a bica-curta, olhou de frente o recém-chegado e disparou:
“Eu estou assim, e o senhor assim está, o que não significa que estando ambos deste modo, estejamos os dois assim-assim. Detesto a neblina, prefiro a enxurrada.”
O homem máscara-sorriso-convencional, apertou o nó da gravata, remexeu-se dentro do casaco, olhou à sua volta, soltou uma amostra de pigarro e quedou-se, enquanto outro dos visados, “virado do avesso”, engasgando-se logo ao primeiro golo de café, não deixou passar o “insulto”:
“Não gosto da vida assim-assim, é o pior que nos pode acontecer. É o indefinido, o não anda nem desanda, o marasmo que arrasta a perda de horizontes, a mornaça que atabafa os espíritos. Não é cólica nem diarreia, é prisão de ventre. Um desconforto!”
“Já imaginou o que é um indivíduo, um povo, uma autarquia ou um país assim-assim”? hem! Já imaginou? Se nos dispuséssemos a ficar assim-assim estávamos acabados!”
A máscara virou o sorriso para a porta espreitando a fuga, e o homem achou que as coisas já não estavam assim-assim. Triste ideia a de ter saído de casa!
“Estar assim-assim, é ter perdido as emoções que comandam o gosto ou o desgosto de viver, não estar contente nem descontente, olhar e não ver, comer sem apetite, um desconsolo! Procure colocar-se nessa situação, faça um esforço e diga-me se não é de ficar apavorado.”
“Uma reforma assim-assim dá para ir vegetando, e vegetar é gastar a vida sem interesse e sem emoções, levar uma vidinha que se arrasta por entre o paciência-podia-ser-pior, o se faz favor, o muito agradecido, o desculpe se incomodo. O assim-assim é um mal-estar que nos envolve sem sabermos de onde vem; prefiro a topada.”
Hirto e de sorriso aos pés, o homem não sabia como se desenvencilhar da encrenca em que se havia metido. Aferiu que estava entre gente insatisfeita e balbuciou: “Mas... um... um governo assim-assim... sempre seria melhor que...”
O empregado de mesa deixou cair a bandeja, e por entre o estardalhaço explodiu um vozeirão:
“O assim-assim é o caminho privilegiado para o ainda pior”. - Fez-se silêncio, e a interrogação surgiu tonitruante. - "E sabe porquê? Porque o assim-assim é a inércia. Sabe o que é a inércia? É o vai para onde te empurram!”
O sorriso rastejou até à porta deixando só o homem já sem máscara. “Melhor seria ter estado calado.” Concluiu. “Quando não se tem trincheira apanha-se de todos os lados.” Cogitou.
O Manuel Caveira, de olho vivo, ouviu, ouviu e sentenciou:
“Estar assim-assim é uma merda!”
Encontros (e desencontros) numa viagem a algumas origens
Jovem economista, licenciado em 1958 (na pré-história, como gosto de dizer…), já tinha tomado partido e queria aprender. Na vida, claro!, e nos livros. Na luta. E muito ela me tem ensinado…
De Marx e Engels conhecia o pouco (e muito foi) que a escola, o ISCEF, me dera, uns textos e resumos clandestinos. Quando descobri forma de acesso às editions sociales, às publicações do PCF, “foi uma festa!”. Além do l’Huma, era o L’Humanité Dimanche, a Economie et Politique, a France Nouvelle, de vez em quando La Pensée, e outras. E os livros. A partir de determinada altura, comecei a estudar - e também a traduzir e a editar, na Prelo e não só – textos e livros de alguns autores.
Destaco, agora, um economista (também historiador), Paul Boccara, que me “apresentou” leituras estimulantes de Marx. Foram-se espaçando essas leituras, até porque outras se abriram, mas nunca deixei de acompanhar as reflexões e "produção" deste e de outros autores desses anos 60/70, embora nem sempre com elas coincidindo, por vezes divergindo.
Porque Boccara participara com um texto (o imediatamente anterior ao meu) no livro que se lançou em Paris, nas notas iniciais da minha intervenção referia-o, e quis o acaso que a organização nos tivesse colocado lado a lado.
Não deu para conversar muito, mas ainda trocámos algumas impressões antes do início da sessão, ouvimo-nos, e Paul Boccara ofereceu-me a sua última publicação, uma pequena brochura com uma simpática dedicatória referindo as “nossas lutas comuns inacabadas”.
domingo, fevereiro 20, 2011
Outra breve nota, sobre ditadores e seus trambolhões
Breve nota de reacção a uns tais 58,6% de baixa de défice nas contas públicas
Mas, com franqueza, é preciso não exagerar.
Primeiro, tornar significativos os valores de execução orçamental do duodécimo de Janeiro é descaramento, depois, tornar estes, deste mês de Janeiro de 2011, num sinal é… forte descaramento.
Não foi em Janeiro de 2011 que começou a aplicar-se o novo IVA?, não foi em Janeiro de 2011 que entraram em vigor outras medidas para aumentar as receitas a todo o custo (social, sobretudo)?, não foi em Janeiro de 2011 que, do lado das despesas, começaram a ser aplicadas as medidas de contenção dirigidas aos trabalhadores, diminuindo os salários da função pública?, e etc.
Então, que significado pode ter comparar com Janeiro de 2010?! Há que impor limites a este tipo de informação em que os números, para terem credibilidade, até aparecem em percentagens com vírgulas e décimas ou centésimas.
Não vale abusar… tanto.
Austeridade de forma "convincente"?!
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Trichet pede a Portugal
Económico com Lusa
20/02/11 08:05
"Apelamos a todos os Governos europeus, sem excepção" para "aplicarem o plano [de austeridade] que têm tão rigorosamente e tão convincentemente" quanto possível, afirmou Jean-Claude Trichet, no final da reunião do G20, que decorreu nos últimos dois dias em Paris.
"Temos uma mensagem muito forte para Portugal, assim como para os outros", disse o presidente do Banco Central Europeu (BCE), acrescentando que "cabe aos países serem convincentes" face à desconfiança dos mercados internacionais relativamente à capacidade de alguns países da zona euro cumprirem os seus compromissos financeiros.
Para além do banqueiro central europeu, também o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss Khan pressionou os governos europeus, considerando essencial que os países da zona euro reduzam os níveis de dívida pública nos próximos anos, defendendo que a maneira mais fácil de o fazer é aumentar as taxas de crescimento das suas economias.
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Tudo depende da relação de forças sociais, e da força que as massas dêem às forças políticas diferentes. Sim!, porque não são todas iguais. Há uma fronteira (de classe!) a separá-las.
sábado, fevereiro 19, 2011
Inacreditável, inaceitável... inimputável?
18 de Fevereiro de 2011, 18:35
"Suscitadas publicamente dúvidas sobre os números dos resultados eleitorais publicados, o Presidente do Tribunal Constitucional solicitou aos presidentes das assembleias de apuramento distrital a confirmação ou a correção dos elementos que figuravam nas atas transmitidas inicialmente", refere uma nota, disponível no "site" do TC.
A nota adianta que foram recebidas "correções a algumas atas de apuramento distrital" e que a assembleia de apuramento geral vai reunir-se na próxima terça-feira, dia 22, às 09:00.
O TC refere que a assembleia de apuramento geral, constituída pelo presidente do TC, juiz conselheiro Rui Moura Ramos, e por uma das secções do TC, fez o apuramento nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro "com base nos números constantes das atas das assembleias de apuramento distrital".
"Para o efeito, tomou em consideração todas as atas recebidas e solicitou o envio das que se encontravam em falta", refere a nota.
O mapa oficial dos resultados das eleições presidenciais foi elaborado pela assembleia de apuramento constituída no TC e enviado à Comissão Nacional de Eleições, que tem a competência de o mandar publicar.»
Museu Branly
Que G20?
Nem moderador e/ou "advogado de defesa", nem me associando aos protestos e à indignação pela sua existência e realização, embora me sinta indignado que chegue por tanta indignidade e desumanidade que nos rodeia, esperando sempre resultados da luta. De todas as horas, em todos os lugares.
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
Pequeno apontamento para não passar adiante
G20 - não vai ser fácil
Isto não é suportável. E será inimputável, politicamente?
Porta-voz da CNE
Para ler:
«(...) O número de eleitores inscritos é oficial. Para as eleições de 23 de Janeiro estavam inscritos 9.656.797 eleitores. Do mapa oficial publicado constam apenas 9.543.550. Ou seja: o mapa oficial de resultados abateu 113.247 eleitores. Na noite de 23 de Janeiro foram contados 4.492.297 votantes. Do mapa oficial de resultados constam menos 60.448. No distrito de Setúbal estavam inscritos 710.312 eleitores. No mapa oficial só são considerados 593.762 (foram abatidos 116.550). No distrito de Braga estavam inscritos 773.993 eleitores. No mapa oficial foram considerados 731.941 (foram abatidos 42.052). No distrito de Viseu estavam inscritos 382.658. No mapa oficial foram considerados 427.924 (aumentaram 45.266). Quanto a votantes, em Setúbal desapareceram 52.716, em Braga desapareceram 23.833, mas em Viseu apareceram 19.928. O desvio verificado só nestes três distritos é de 185.649 inscritos e de 96.477 eleitores.
Isto não é suportável. Se uma disparidade destas acontecesse em eleições legislativas, os deputados eleitos seriam uns e os constantes do mapa oficial seriam outros. Se nas eleições presidenciais as diferenças entre os candidatos fossem mínimas, o país estaria hoje confrontado com um problema político de enormes proporções. Erros desta magnitude, verificados no apuramento geral de um acto eleitoral, e não corrigidos, têm consequências políticas óbvias. Não só prejudicam todas as candidaturas, como põem em causa a credibilidade do apuramento dos resultados eleitorais(...)».
Quem são os 25 do G20 que começa hoje
Antes de falar da “agenda”, não só para as reuniões de hoje e amanhã mas também de todo o calendário até Novembro deste ano, uma pequena (?) observação sobre a composição “deste” G20.
Os 20 vão ser 25 a reunir-se para decidir o destino do mundo, ou melhor... do capitalismo pois, para os que ainda mandam, a 8 ou a 20, é essa a intenção.
Além dos já referidos Alemanha e França, fazem parte do Grupo (G), os Estados Unidos e o Canadá, mais Reino Unido e Itália, ainda a Rússia e a Turquia que em parte são países europeus, da América Central e Sul, México, Brasil e Argentina, de África estará a África do Sul, a caminho do Oriente estará a Arábia Saudita, já do Oriente estarão a Índia, Coreia do Sul, a China e o Japão, e, mesmo nos extremos, a Indonésia e a Austrália.
Somam 19. Para 20, falta 1, que não é um país mas a União Europeia. Pelo que quatro países – Alemanha, França, Itália e Reino Unido – têm a sua própria representação e mais o que representam na U.E., e não é pouco!, sobretudo os dois primeiros.
Mas não chega. Aos 20, junta-se sempre um convidado permanente, a Espanha, o que se compreende dada a importância da Espanha, apesar de a Bélgica e a Holanda, do lado de dentro da U.E., e a Noruega (sempre do lado de fora, embora o nº1 em IDHumano) pareçam não compreender lá muito bem…
Além destes 19 países mais uma “união” e mais um país sempre convidado, a este G-20 juntam-se quatro convidados especiais (por ordem alfabética): Emiratos Árabes Unidos, Etiópia, Guiné Equatorial e Singapura.
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
G20 - começa amanhã
Notas já utilizadas... mas sempre em revisão/reflexão
No que respeita ao capital-dinheiro fictício, simbólico ou a crédito «(…) Em primeiro lugar, isto é o curso histórico; [o] dinheiro creditício não desempenha nenhum papel, ou [um papel] apenas insignificante, na primeira época da produção capitalista. Em segundo lugar, a necessidade deste curso [histórico] é também teoricamente demonstrada pelo facto de que tudo o que de crítico acerca da circulação do dinheiro creditício foi desenvolvido por Tooke e [por outros] os obrigou sempre de novo a regressar à consideração de como a coisa havia de ser exposta na base da circulação meramente metálica. » (O Capital, tomo 4, página 124).
Sublinhe-se na primeira época da produção capitalista. E esta é uma das maiores virtudes do marxismo, a de, seguindo Marx, apenas se fazerem as afirmações a partir do que se conhece, das condições concretas, ainda que desse conhecimento se extraiam as dinâmicas que, nas relações sociais definidoras, se deverão vir a desenvolver.
Pelo que, não estando nós na primeira época da produção capitalista – mas continuando em em estádio de produção capitalista! – importa considerar, como Marx não se julgou em condições de o fazer, a metamorfose do capital-dinheiro em mais capital-dinheiro (D-D’), através da intromissão na circulação de dinheiro creditício, fictício ou simbólico, sem base metálica material, as formas de acumulação do capital-dinheiro pela via da especulação, completando, sem que possa substituir, o que está no cerne do funcionamento do sistema com estas relações sociais de produção: a exploração da classe operária e de todos os trabalhadores pela classe possuidora dos meios de produção (...)».
Ministros das Finanças da UE e G-20 (e mais alguns)
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