(...)
6. Trata-se,
ou deveria tratar-se, de corresponder à Constituição da República Portuguesa
que, no art. 9º da Constituição, sobre as tarefas fundamentais do Estado.
em que na alínea d) (já emendada e remendada) ainda está a promoção
do bem-estar e da qualidade de vida do povo e, na alínea e) (novo ou
acrescentado na revisão de 1982) está a protecção e valorização do
património cultural do povo português.
E
o Título III (Direitos e deveres económicos e sociais) da Parte I (Direitos
e deveres fundamentais) tem um capítulo III com a designação direitos e
deveres culturais – O Estado promove a democratização da cultura,
incentivando o acesso de todos os cidadãos à fruição e criação cultural…
(art.73.3 também emendado e remendado… mas vigente)
Haverá,
talvez, quem julgue ser despropositada tanta citação, e particularmente “desta
coisa” chamada Constituição da República Portuguesa, posta de quarentena
ou permanentemente agredida porque “essa coisa” da Constituição não é
compatível ou não pode prevalecer sobre o “esforço heróico” (…) para sanear as
finanças públicas à custa sacrifício de todos (como dizem e insistem), embora
desse sacrifício de quase todos (digo eu) esteja a resultar, como se vê (e
sente!), o agravamento… das finanças públicas. Entre outros aspectos de somenos,
como o nível de vida económico e cultural das populações
Será
ela, essa Constituição e os valores que há 38 anos ela consagrou o que há 40, a
25 de Abril se começou a conquistar, tudo isto um sonho lindo?
Como
sonho lindo foi este fluviário há 13 anos! E hoje assinalamos esta linda
realidade. Com enormes dificuldades, fruto e realidade preservada porque também
realidade o agredido Poder Local.
7. Como sonho lindo foi, em 2001, este fluviário! A que Mora deu o nome e retribui dando nome a Mora. E hoje assinalamos o 7º aniversário desta linda realidade. Com enormes dificuldades, fruto e realidade preservada porque também realidade o agredido Poder Local (que, aqui, em boas mãos estava e em boas mãos continua... o que incomoda outros poderes)..
Falei
de dificuldades.
Olhei
para o site do fluviário.
Com
“olho clínico”, de economista (embora reformado e, parece…, deformado, neste
tempo de financeiros… e maus!).
Pedi
actualizações relativas a 2014.
Tudo
me foi facultado, com toda a transparência apesar das manigâncias
contabilísticas gerais que a lei impõe, e mais servem para esconder que para
revelar, levando ao exercício, pelos poderosos, de conta habilidades e
prescrições…
Adiante.
Preocupa-me,
sobretudo, a tendência de queda de visitantes (que parece em inversão!). Como decerto, e sobretudo, a
todos vós.
Em tempo de
austeridade não há lugar para a cultura porque nem as necessidades elementares
estão a salvo. Não se visitam museus e fluviários, do ataque ao Poder Local faz parte a dificultação ou até impossibilidade de meios (de viaturas e recursos humanos que traziam escolas a Mora), pouco sobra para publicidade
(gosto mais de… promoção), não há subsídios, patrocínios, incentivos. Só
se a cultura for uma mercadoria e das que que dão lucro e, por isso, pedem
aspas a ornamentar a palavra…
É um ciclo
infernal, é um círculo de desculturização (não de aculturação, a não ser que se
dê ao prefixo a o significado de negação, sendo, portanto a
negação da cultura ção), é, também, um circo de fausto desavergonhado com
migalhas de caridade e de mecenato.
8. Mas de sonhos lindos é feito o futuro, ao realizá-los cumprindo, cada um e todos, a nossa tarefa.
Que é. com toda a sua simplicidade crua – a de despertar a alma colectiva das massas.
De que somos e que também somos.
E antes de terminar, ou de passar ao colóquio (como desejo)…, permitam-me que vos conte uma história por mim vivida quando, em tarefa de deputado no Parlamento Europeu, estava a apanhar sol e a ler umas coisas, no intervalo de uma reunião em Budapeste.
E antes de terminar, ou de passar ao colóquio (como desejo)…, permitam-me que vos conte uma história por mim vivida quando, em tarefa de deputado no Parlamento Europeu, estava a apanhar sol e a ler umas coisas, no intervalo de uma reunião em Budapeste.
(Contar – já coloquialmente – a história de um ancião
que se me dirigiu, em línguas sucessivas até eu entender que me pedia uns “trocos”
para poder ir mostrar ao neto, com quem vinha de mãos dadas, o museu ali ao lado, museu de que ele tanto gostava e que, antigamente (disse ele...), era de livre acesso e que, agora,
tinha entrada paga para que ele deixara de ter meios.)
É para mim, o retrato perfeito da cultura em austeridade:
Pedir esmola para mostrar um museu ao neto!
É para mim, o retrato perfeito da cultura em austeridade:
Pedir esmola para mostrar um museu ao neto!
ou
O passado, no presente de austeridade, a pedir entre-ajuda para se
abrirem as portas da cultura ao futuro. Para que este o possa ser!
Vamos conversar?
Vamos conversar?
4 comentários:
Aquilo que os partidos do arco da governação cultivam é a imbecilidade.
Obrigado Camarada, por partilhares connosco esta visita ao Fluviário de Mora (já lá estivemos e havemos de voltar).
É de facto, "um sonho lindo", realizado pelo querer e crer do Povo de Mora.
E devo confessar que fiquei muito comovido com a estória, que faz parte da história de um Povo, do avô que desgraçadamente não tinha possibilidades de pagar uma entrada de museu ao seu neto.
Mas Nós sabemos que o capitalismo não é o fim da história...
A luta continua, contínua!
Um grande abraço, desde Vila do Conde,
Jorge
Obrigados, camaradas
pela companhia nesta visita tão reconfortante.
Abraços
História comovente a do avÔ a pedir "esmola" para que pudesse mostrar o museu ao neto. E isto num país distante e antes das troikas e quejandos. Era já uma amostra de como essa "maravilhosa" UE pretendia transformar a Europa. Empobrecer o POVO e meter a CULTURA numa gaveta bem fechada.
Um beijo.
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