terça-feira, março 04, 2014

Ucrânia - Entrevista com Piotr Simonenko, Primeiro Secretário do Comité Central do Partido Comunista da Ucrânia

Петр Симоненко: “Я говорил европейским эмиссарам, что без референдума относительно интеграции в ЕС Украина окажется на грани раскола”
КПУ не намерена объединяться ни с одной из сил и будут проводить самостоятельную политику. Об этом в интервью РБК-Украина заявил лидер Компартии Петр Симоненко. Интервью записывалось до начала военной экспансии России в Украину, потому в ответе на в вопрос о федерализации данный момент оказался упущенным. При этом Симоненко утверждает, что, приняв закон по референдуму, предложенный его партией, ситуацию еще можно исправить
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Piotr Simonenko, Primeiro Secretário do Comité Central do Partido Comunista da Ucrânia
3 de Março de 2014
Eu, no ano passado, disse aos emissários europeus que sem um referendo sobre a integração na UE, a Ucrânia estava à beira da cisão

Como avalia a revogação da lei sobre as línguas regionais?
Negativamente. A Ucrânia é diversa do ponto de vista étnico, é diversa no plano linguístico. Muitíssimos cidadãos utilizam a língua russa na sua vida diária. Por isso a revogação da lei sobre as línguas regionais viola os direitos dos cidadãos, e o nosso grupo parlamentar não votou pela sua abolição.
A Ucrânia ratificou a Carta Europeia de defesa das línguas das minorias nacionais, e foi precisamente com base nesta Carta que foi aprovada a lei sobre as línguas regionais. Portanto vamos apelar para a comunidade europeia, uma vez que a Ucrânia, como membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, deve cumprir todas as resoluções europeias.

Qual é a possibilidade de uma proibição da actividade do Partido Comunista na Ucrânia ?
Segundo a Constituição da Ucrânia, a proibição de qualquer partido só é possível por decisão de um tribunal. E a proibição da actividade do Partido Comunista em 1991, aprovada pela Rada Suprema, foi 10 anos mais tarde cancelada pelo Tribunal Constitucional como ilegal. E todos os governantes da Ucrânia , quaisquer que sejam, devem lembrar-se desta lição.
E não esqueçamos também a história – só os fascistas proibiram o Partido Comunista.

Em países da Europa Oriental foi proibida a actividade dos partidos comunistas locais após a desintegração da União Soviética — como culpados pelos actos do regime soviético. E quem o fez não foram regimes fascistas .
O PCU foi registado pelo Ministério da Justiça da Ucrânia independente em 1993. Por isso, aqueles que agora tentam declarar uma «caça às bruxas» não se esqueçam de que ela irá virar-se principalmente contra eles próprios.

Entretanto, no país destroem-se em massa monumentos a Lénine e incendeiam-se instalações do Partido Comunista. O que tencionam opor a isto?
É claro que agora se está a praticar banditismo político. E aquilo em que se devia estar a pensar era como alimentar as pessoas, organizar o trabalho das empresas, organizar a arrecadação de impostos e o pagamento de salários aos funcionários do Estado. Porque o tesouro hoje está vazio. As instituições financeiras estrangeiras não abrirão linhas de financiamento à Ucrânia, porque no país prossegue uma guerra civil. E é preciso trabalhar para evitar as consequências inelutáveis.

O que entende por consequências inelutáveis?
As consequências inelutáveis consistem no facto de a Ucrânia perder a maioria das indústrias e não ser capaz de entrar nos mercados europeus. O mercado interno do país é tomado por empresas estrangeiras. O sistema bancário está a desmoronar-se. A agricultura está a começar as sementeiras e necessita de fundos e combustível.

Não lhe parece que falar de que a Primavera chegou, começou a sementeira, os agricultores precisam de ajuda — são consequências do facto de em 23 anos não se ter reformado o Estado e continuarmos a viver, de facto, na Ucrânia soviética, mas sem os recursos que havia na União Soviética?
Durante todos estes anos os comunistas não estiveram no poder, e isso dá-me fundamento para declarar que se se desse atenção ao programa anticrise do PCU, talvez pudéssemos já hoje tomar medidas decididas para restaurar a ordem e desenvolver uma economia diversificada. Mas ninguém quer prestar atenção às propostas do Partido Comunista. Mas se adoptarem este programa ainda há possibilidades. Se não, qualquer cenário é possível.

Com quem é que agora o Partido Comunista pretende realizar um trabalho conjunto: com os que saíram do Partido das Regiões, com aqueles que permaneceram no PR, com a nova maioria na Rada?
O PCU aplicará apenas a sua própria política. Esta política é descrita no nosso programa e é apoiada pelos nossos eleitores. Tudo o resto são enganos. Nós consideramos a natureza e conteúdo do projeto de lei, e, independentemente do autor da lei, votamos nele se uma nova norma permite introduzir a ordem, ajuda os trabalhadores a defender os seus interesses. E é assim que procedemos sempre.

O PCU apoia, e em que condições, a lei da depuração, se for apresentada na Rada?
Se essa lei for adoptada e forem realizadas investigações, não ficará ninguém na Rada além do grupo parlamentar do Partido Comunista.

Qual é a sua opinião sobre a federalização da Ucrânia?
Hoje a questão é como preservar a integridade territorial e a soberania do país. Ele está sob ameaça devido a vários factores.
Primeiro, as contradições internas, construídas sobre premissas históricas, tradições culturais e linguísticas. Essas contradições foram usados pelo capital oligárquico, especialmente durante todas as campanhas eleitorais.
Em segundo lugar, o factor externo. A Roménia prossegue uma agressiva política de informação em relação à Bessarábia e à Bucovina setentrional. Ressoam declarações de que os romenos estão dispostos a defender de armas na mão os interesses dos romenos no território da Ucrânia.
Na região transcarpática foram activamente emitidos passaportes de cidadãos da Hungria. E não está excluído que os cidadãos da Ucrânia com passaporte de cidadãos da Hungria venham a participar em eleições na Hungria.
Quanto à federalização, neste contexto nós, comunistas, propomos que se realize uma amplíssima discussão na sociedade, estudando a experiência estrangeira, e no fim se realize um referendo. Esse processo será concluído quando as pessoas entenderem do que se trata. Como foi feito na Bélgica e outros países.

Para realizar um referendo é necessário, pelo menos, regressar à antiga lei-quadro. Porque a lei actual sobre referendos em princípio não permite fazê-lo.
Temos na Rada uma proposta sobre este tema. E no ano passado eu disse aos emissários europeus — Štefan Füle, Aleksander Kwasniewski e Pat Cox — que, sem um referendo sobre a integração na UE, a Ucrânia estava à beira da cisão. Mas então o processo de referendo foi bloqueado tanto pelos representantes do poder como pelos representantes da oposição.


[Fonte: RBK Ukraína 
Tradução: JO]
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RADA é o parlamento da Ucrânia,
onde o Partido Comunista tem (tinha?) 27 eleitos!

5 comentários:

Justine disse...

Muitas coisas importantes se estão a passar por esses lados...e acho que nós não as entendemos todas! Mas entendemos o suficiente...

Rogério G.V. Pereira disse...

Fiz link, impossível deixar de o fazer.

Obrigado, meu caro

Antuã disse...


Eu entendo que os nazis no poder nos EUA e na UE estão dispostos a acabar com a vida na Terra.

Olinda disse...

Estamos mesmo a precisar de outra informacao,sobre o assunto.A que assistimos diäriamente atravês da TV e râdio,ê muito facciosa e pouco sêria.Tenho"ouvisto" verdadeiras barbaridades,em defesa de ilegîtimos interesses internacionais.

Um beijo

Carlos Gomes disse...

Parece-me que a primeira grande guerra ocorrida há cem anos ajuda de alguma maneira a compreender o que nos últimos tempos se tem passado nomeadamente nos Balcãs(desagregação da Jugoslávia) e agora na Ucrânia. E, para quem como a UE e os EUA promoveram à separação do Kosovo em relação à Sérvia, instigada pela Albânia, parece não terem muitos argumentos válidos para se oporem a uma eventual independência da Crimeia.