TEM GENTE COM FOME
Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Piiiii
Estação de Caxias
de novo a correr
de novo a dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome
Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar
Só nas estações
quando vai parando
começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu.
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Dos dias de agora:
(...)
Agradecendo-lhe a “lembrança”, quis surripiar o Ney Matogrosso de 1979 do post
do Cid para este domingo: agora há fome, há a fome de 1979 e de 1800 e de 1700, há a fome de quem tem fome!, a fome da gente com ontem, que se “recupera”
e se soma às “fomes” que o processo histórico e o progresso social trouxeram aos humanos.
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Às “fomes” resultantes da insatisfação das necessidades a que os seres
humanos teriam direito por, como seres humanos, as terem criado na sua relação dialéctica
com a natureza.
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A estas “fomes” – de conhecimento, de cultura, de tempos livres e libertadores, de relações sociais humanas – se está a juntar, desumanamente regressando de onde já teria sido erradicadas, a FOME, a fome que noutros lugares ainda persiste por ainda não ter sido satisfeita por obstaculização das relações sociais impedindo o acesso aos caminhos da humanização, ao início da História.
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É o tempo que estamos a viver. De luta contra todas as fomes.
4 comentários:
Fome radical. De tudo. Mas dói muito a fome por roubo do que permitiria a satisfação das mais básicas necessidades.
Um mundo com fome é o mundo que temos hoje, já ultrapassada a 1ª década do século XXI.
Mas a luta continuará e um dia os donos do Mundo terão que prestar contas.
Um beijo.
Excelente texto! É isso mesmo: TODAS as fomes, neste sec.XXI que poderia ser de abundância...
Para acabar com a fome é preciso acabar com o sistema. Não há paninhos quentes.
e para lembrar o poema «Tem gente com fome» de Solano Trindade, e musicado por esse génio português no Brasil João Ricardo, cá tão pouco (re)conhecido, cuja primeira versão não foi «liberada pela censura» de lá em 1975.Então como agora, «tem gente...»
gmr
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