domingo, março 09, 2014

Para este domingo



TEM GENTE COM FOME 

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiii

Estação de Caxias
de novo a correr
de novo a dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Só nas estações
quando vai parando
começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer

Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuuuuuuuu.

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Dos dias de agora:

(...)
Agradecendo-lhe a “lembrança”, quis surripiar o Ney Matogrosso de 1979 do post do Cid para este domingo: agora há fome, há a fome de 1979 e de 1800 e de 1700, há a fome de quem tem fome!, a fome da gente com ontem, que se “recupera” e se soma  às “fomes” que  o processo histórico e o  progresso social trouxeram aos humanos.

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Às “fomes” resultantes da insatisfação das necessidades a que os seres humanos teriam direito por, como seres humanos, as terem criado na sua relação dialéctica com a natureza.

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A estas “fomes” – de conhecimento, de cultura, de tempos livres e libertadores, de relações sociais humanas – se está a  juntar, desumanamente regressando de onde já teria sido erradicadas, a FOME, a fome que noutros lugares ainda persiste por ainda não ter sido satisfeita por obstaculização das relações sociais impedindo o acesso aos caminhos da humanização, ao início da História.

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 É o tempo que estamos a viver. De luta contra todas as fomes.

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Fome radical. De tudo. Mas dói muito a fome por roubo do que permitiria a satisfação das mais básicas necessidades.
Um mundo com fome é o mundo que temos hoje, já ultrapassada a 1ª década do século XXI.
Mas a luta continuará e um dia os donos do Mundo terão que prestar contas.

Um beijo.

Justine disse...

Excelente texto! É isso mesmo: TODAS as fomes, neste sec.XXI que poderia ser de abundância...

Antuã disse...


Para acabar com a fome é preciso acabar com o sistema. Não há paninhos quentes.

Anónimo disse...

e para lembrar o poema «Tem gente com fome» de Solano Trindade, e musicado por esse génio português no Brasil João Ricardo, cá tão pouco (re)conhecido, cuja primeira versão não foi «liberada pela censura» de lá em 1975.Então como agora, «tem gente...»
gmr