quarta-feira, março 05, 2014

Uma entrevista com 1 ano e 2 meses de atraso

Já me tinha esquecido de ter dado estas respostas, em entrevista a que respondi em 30 de Janeiro de 2013! Quando este cantinho estava em plena actividade. Que, entretanto, esmoreceu um pouco. 
Foi hoje publicada...
Reli-a e não alteraria uma linha, uma palavra. Embora, talvez..., somasse algumas,

Persisto e assino, como cantava o Brel. Tanto assim que a reproduzo.

quarta-feira, 5 de Março de 2014
Entrevista ao Sr. Sérgio Ribeiro

Para começar a entrevista, como eu andava à procura do início do seu blogue, e embora tenha passado por algumas outras publicações, calhei logo naquela que fala sobre a sua ida à cidade do Socialismo, ou melhor à Festa do Avante. O que é que a Festa significa para si? O que é que representa, ou devia representar, para os portugueses? 
Para mim…é A FESTA. Devia representar, para todos!, uma iniciativa cultural, recreativa, desportiva. Um convívio e uma troca de experiências. Um banho de cultura portuguesa!

Acredita que neste momento é possível criar-se um País com Socialismo? 
Teríamos de pré-definir
 “neste momento”, para além do que é um “País com Socialismo”.
O Socialismo é
 um projecto e uma luta 
que, na minha leitura da História, se realizará!

Que aventuras tem da Festa do Avante, e da luta, antes e depois do 25 de Abril?
Não há nem tempo, nem espaço, para lhe dar uma ideia de mais de 50 anos de militância, e de mais de 30 Festas do Avante.

Tendo em conta que na altura que a Rússia tentou criar o Socialismo, meio mundo estava submerso num nazismo/fascismo puro e duro, foi fácil levar avante o socialismo quando não se estava preparado para isso, nem havia condições para tal?
A pergunta está anacrónica. A Revolução Soviética é de 1917. O Nazi-Fascismo implanta-se anos mais tarde, e como travão à mudança social necessária para que a Revolução Soviética podia ser estímulo,  exemplo, ajuda.

Tendo em conta que viveu no tempo da senhora de Salazar e Caetano, que direitos é que se conquistaram e quais se têm perdido com esta alternância? É estranho que as pessoas desconheçam os seus direitos e deveres?
Direitos políticos (não só os da democracia representativa – eleger e ser eleito – mas também os da democracia representativa), direito ao trabalho, direito à saúde, à educação, à segurança social, como direitos universais e gratuitos (pagos pelos impostos necessariamente solidários). Não é estranho porque não é inocente esconder-se dos cidadãos os seus direitos, pois eles colidem com interesses privados, egoístas, de classe.

Como vê a forma como se tem lutado em Portugal – lutas e manifestações esporádicas, embora mais constantes que era costume?
Como formas de luta, como reacções aos ataques aos direitos conquistados, umas organizadas e com um sentido, outras espontâneas e sinais de desespero, inserindo-se numa luta de sempre...
Pensa que existe medo? Ou acredita que as pessoas têm medo de enfrentar a realidade e perceberem no que vivem e o que rodeia? Também é por isso que tem no início do seu blogue “Acordai” de Fernando Lopes Graça?
Existe desinformação, manipulação informativa, medo. O “acordai” do FLG canta um poema de José Gomes Ferreira que é um grito-apelo à tomada de posição consciente e informada.
No início tem uma imagem do PCP em que diz para rejeitar o pacto de agressão; na sua opinião é uma obrigatoriedade? E quanto à dívida?
É uma necessidade do povo. A dívida tem várias componentes e resulta de várias causas, não pode é ser paga pelo povo, por quem trabalha, e que não foi a causa dessa dívida.

Dia 7 de Fevereiro de 2013 partilhou um artigo sobre Stalingrado e luta contra Hitler. Para si esta luta de Stalin foi um marco histórico para os povos europeus?
A luta foi do
 povo soviético, foi heróica e foi decisiva para os povos europeus. Staline foi um homem que teve papel importante nessa luta.

O que é que se ganhou e perdeu com essa luta – com Stalin –, que mentiras têm sido criadas e que erros foram cometidos?
Ganhou-se a derrota do nazi-fascismo, da barbárie. As mentiras são a inverdade histórica, escrita pelos interesses de uma classe dominante.

Num dos comentários. disseram que não podemos esquecer Stalingrado e o Socialismo Soviético. Concorda? Se sim, porque razões?
Não nos podemos esquecer de Stalinegrado (cidade que tinha esse nome, e marco de uma heróica resistência de um povo); não nos podemos esquecer do socialismo tal como foi levado à prática na União Soviético por tudo o que representou de enorme passo em frente no caminho da Humanidade, e também pelo que nos pode ter ensinado do que não se deve repetir, sobretudo o afastamento dos dirigentes das massas.
Visto que o camarada é comunista, quantas crianças é que já comeu? E quantas têm sido comidas pela CDU na Marinha Grande, Peniche, no Alentejo…?
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Como é que surgiu a ideia da criação do blogue?
Não sei… como uma forma de intervenção, de ajuda (infinitesimal mas insubstituível) para a transformação do mundo.

Já são 7 anos desde que abriu o anónimosécxxi. Como é que tem sido?
Uma experiência pessoal interessante e, espero…, com alguma utilidade colectiva.

Após estes 7 anos, tem conseguido levar a mensagem que pretende a mais pessoas? Tem conseguido fazê-las pensar?
A algumas… talvez. A mim, de certo!
A escassos dias de uma manifestação, e a um mês de outra, o que se pode esperar depois destas duas lutas – numa altura em que surge nos jornais e na internet notícias que a esmagadora maioria dos arrendados vai viver para o olho da rua, e que a segurança social está a aconselhar as mães a abortarem e que as políticas do governo vão continuar?
Mais luta, muita luta. Mais esclarecimento, mais tomada de consciência.
O partido comunista ao qual pertence, pretende eleições antecipadas, mas na sua opinião qual é o melhor caminho para o país?
O esclarecimento das massas, a sua tomada de posição esclarecida (nas eleições
 e não só), o caminho que, esclarecidas e em consciência, seja tomado pelas massas.

A cultura, educação, saúde, a língua, a igualdade, são importantes porquê? Porque é que é imperioso lutar por elas?
Porque são valores e direitos sociais, humanos. Porque só pela luta se imporão aos interesses egoístas, do que é contra o progresso social, a cultura, a saúde, a educação, a língua, a igualdade, a Humanidade, e os seus caminhos de futuro.

Também no seu blogue faz alusão ao centenário do nascimento de Álvaro Cunhal. Porquê? O que é que significa para si? O que é que aprendeu? O que é que se deve aprender com ele?
Um homem e um camarada que é um exemplo. Pela sua vida, pela sua reflexão sobre a vida, pela luta colectiva e o papel que teve nela. A aprender. Sempre.

O camarada como é que vê a forma como tratam as pessoas mais velhas – que lhes retiram grande parte das reformas, dinheiro para medicamentos, e mesmo a casa onde moravam?
Motivos, razões inadiáveis de luta!
Acredita que o mal é que os portugueses têm um respeitinho muito lindo, como diz o José Mário Branco, e não obedecerem ao Artigo 21º?
O mal é a correlação de forças ser a que é por motivo da falta de informação e de esclarecimento que todos temos.

Em conversa com o Hugo Correia disse-me que, hoje depois do analfabetismo, veio a televisão. São duas formas de levarem a água ao seu moinho - Morangos com Açúcar, Casa dos Segredos, Futebol..., são exemplos disso? E que mais formas têm sido usadas para a inércia do povo?
Todas… desde que ao serviço da classe que nasceu e se aproveita da exploração do homem pelo homem.

Que mensagem é que gostava para os adolescentes e os jovens?
Lutar e aprender, aprender e lutar. Olhar para o outro como um igual, por mais diferente que pareça. Privilegiar, sempre, o interesse colectivo sobre o individual. Ser solidário.

Como vê esta imigração? É idêntica à dos anos 60?
Diferente. E igual. Diferente pelas condições em que se faz. Igual pelas circunstâncias sociais negativas que levam a ela. Igual por resultar de condições repulsivas, centrifugadoras, desertificantes.

Por fim como vê a situação do país?
Mal. Mas em luta. Para que seja melhor. E em condições de ser possível. Porque em luta.

Quais são os seus sonhos para Portugal?
Que seja uma Pátria (ou Mátria) para os portugueses e não uma madrasta (ou padrasta).

Obrigado pelo teu tempo, votos de bom trabalho.

Projecto de recolha de histórias – Pessoas com história 

Entrevista por: Pedro Marques
Correcção por: Sílvia Dias

30 de Janeiro de 2013




2 comentários:

Olinda disse...

Boa entrevista,mas melhores respostas.

Um beijo

GR disse...

Hoje (dia em que leio esta belíssima entrevista) é dia de aniversário do nosso grandioso Partido - PCP. Venho também dar-te os Parabéns, pois muito nos tens ensinado, és uma mais-valia para todos nós militantes do PCP.

Obrigada Sérgio,

VIVA o 93º aniversário do PCP!

GD BJ,

GR