sexta-feira, outubro 28, 2011

A "paciência do chinês"

A China é o país que dispõe de maiores reservas monetárias mundiais, com o Japão em segundo lugar, mas muito longe. Ora parte substancial dessas reservas é em dólares ou em dólares titulada, o que as torna vulneráveis. É como se alguém fosse muito rico, mas grande parcela dessa riqueza estivesse em coisas de valor duvidoso, e em risco sempre eminente de o estar perdendo.
Por isso, a vontade da China (como seria desse "alguém muito rico"...) de diversificar. De tornar menos substancial a parte em dólares da sua riqueza sempre a crescer; de que as novas reservas a entrar venham  em outras moedas que não na imposta "moeda mundial"/dólar ou, melhor mas mais complicado, em metal sonante. (e, até onde possível, trocar as que estão "em cofre").
Assim se poderiam explicar (ah! se eu fosse capaz...) as actuais "grandes manobras", de que resultaria a salvação chinesa do euro. Salvação precária e, evidentemente, com contrapartidas. Isto é, um FEEF amarelado, não pelo ouro, mas pelo yuan.
Mas não se espere que a China seja uma espécie de "bombeiro voluntário" em socorro do capitalismo, nas suas mais fundas raízes, deste ou do outro lado do Atlântico Norte. Além do seu interesse em diversificar as suas reservas, de que de certo modo está dependente, o maior interesse  da China de hoje (cuido eu!) será o de continuar a crescer e a, com esse crescimento, continuar a tirar, anualmente, dezenas de milhões de chineses da sua situação social de bem rudimentar humanidade relativamente ao nível de progresso a que a Humanidade chegou e que tão mal distribuído está pelo planeta.
Aliás, quem diz China, nestas lentas reflexões, pode dizer, a outra escala que não a de  milhares de milhões de seres humanos, o Brasil, a África do Sul, ou a Índia (que, aliás, também ultrapassa o milhar de milhões de seres humanos).

Procuremos olhar, do nosso cantinho e com a nossa vertiginosa passagem pelo vivo entendimento das coisas, toda a dimensão espacial e temporal do mundo em que vivemos. 
Soltemo-nos do nosso umbigo (individual e europeu) e da  ilusão (pessoa a pessoa) de que o tempo é o do suspiro que por cada um de nós é dado.   

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Tão bem escrito, tão bem explicado!!!
Mas eu não percebo muito bem a China, embora compreenda que o aumento do seu poder económico possa ser investido em tirar de situação de miséria milhões de seres humanos. Então como explicar, a ser verdade,as enormes fortunas que lá se vão fazendo,as festas e casamentos sumptuosos que têm sido anunciados pela comunicação social, etc,etc....
Não consigo comprerender. Sei bem que as culturas são difrentes, que o socialismo não tem modelos, mas chocam-me muito certas notícias que por aí aparecem e certos "mail" que às vezes me enviam.

Um abraço.

Sérgio Ribeiro disse...

Graciete - Obrigado pelo estímulo de sempre.
Sabes?... Esta mensagem saiu-me "da pena" como algo importante a dizer...
Quanto às notícias, sobre as fortunas, os faxes, os emails, a... essas coisas, não digo que não sejam verdade, a maioria será verdade mas é, também e sobretudo, uma campanha que não podemos aceitar sem enormes reservas. A China continua dirigida por um Partido Comunista que não nega (bem pelo contrário) a sua (e nossa) matriz. É-o à sua maneira e têm de ser os chineses a julgá-la. Num tempo secular... chinês!

Um beijo, camarada e amiga

Anónimo disse...

Fiquei mais esclarecida!!!
obrigada
Luisa

Olinda disse...

Sendo a economia interdependente,decerto que a prolongaçao desta crise irá afectar a China.Acredito que irá ser a maior economia deste séc.mas,em que moldes?
Já lá estive e nao me pareceu ser uma sociedade muito nivelada.Fez-me uma certa confusao existir medicina privada.Mas,a China é tao imensa e o seu povo tao sábio que temos que acreditar nessa sabedoria milenar.