sábado, maio 19, 2012

De amor e ódio.

É assim a vida. E comprova-se, por vezes, em curtíssimos espaços de tempo.
Ontem, regressei, já tarde, de uma comovente sessão sobre o regionalismo oureense, em que abracei velhos amigos, alguns que, ao abraçá-los, era como se estivesse a abraçar os seus pais e avós com quem tanto vivi e aprendi, em que lembrei o meu pai (o "oureense nº 1"!) e a minha mãe, que me levou à primeira excursão a Vila Nova de Ourém "escondido" dentro dela, pois só viria a nascer 5 meses mais tarde... e ainda me deu para abrir o computador. Vinha escrever isto... ou algo parecido.
No começo da madrugada, passei pelas coisas que por aqui estavam, espreitei os e-mails, apanhei com 46 comentários no Diário de Notícias às minhas declarações em Coimbra sobre o euro. Algumas insultuosas, desde chamarem-me imbeciloide até mandarem-me para o rublo, para Coreias do Norte, Sibérias e outros lugares menos geográficos (no meio, uma ou outra defesa da honra, obrigado!),  de ameaças.
Incomodou-me? Não. Preocupou-me. Não o desacordo, não a ignorãncia, O ódio extravazado.
Ódio a quê?, e porquê? Sabemos porquê, ou melhor, como nasce e é alimentado. Mas temos de saber, também, estar sempre preparados para coisas destas. Porque há gente desta. Capaz de escrever aquilo e, pior, alguns de terem comportamentos tão sujos, tão desumanos, como as palavras que usam. De prender, de torturar, de queimar centros de trabalho, de matar. Porque outros, bem mais criminosos, os manipulam, lhes alimentam o ódio. 

Bom... aí vou. A caminho de Évora. Com passagem por Lisboa e ver crescer quem cresce encantando-nose ajudando-nos a melhor acreditar no que acreditamos. Na vida. Com as suas contradições.

Ah!, já me esquecia... BOM DIA!

7 comentários:

trepadeira disse...

Não é por acaso que os nazis fomentam a ignorância e têm medo da cultura.

Um grande abraço,também de solidariedade.

mário

marco jacinto disse...

bom dia,

esses dos comentários maus das duas uma, ou leram o "não à moeda única" e acham que tu és bruxo (e como órfãos da inquisição que são, baralham-se muito na geografia das opressões), ou não leram de todo e estão-se marimbando, sinal que estão bem domesticados ou que domesticam bem.


um grande abraço.

hugo disse...

Camarada,
"os cães ladram e a caravana passa!"

claro que é triste verificar que há gente sem respeito pelos outros.
É este o conceito de democracia que lhes têm imposto!
O trágico nisto tudo, é que ainda há muita gente que para além de não "usar a cabeça" tem gosto em carregar a "canga ao pescoço"

Anónimo disse...

Há um ano, pelas mãos e os pés do PS/PSD/CDS, a banca a que também designam por troikas, iniciou o esbulho. A classe média e medíocre ainda não compreendeu o que lhe está acontecendo. Sempre votaram neles, nunca foram a manifestações, fizeram sempre o anticomunismo que lhes incutiram, não se sindicalizaram e foram os fiéis megafones que difundiram e aceitaram a ideologia dos poderosos.
Vão sendo espoliados de tudo o que haviam amealhado, muitos não conseguirão obter os meios indispensáveis de sobrevivência, perderão tudo, menos o estigma de classe.
É uma classe tão vesga que se insurge contra os direitos dos próprios progenitores que os sustentam.

Anónimo disse...

Sinais preocupantes de um tempo "borrascoso", como dizem os vizinhos aqui do lado.
Mas, também se pode dizer de ti que, embora haja quem odeie o que dizes e fazes, não tens inimigos pessoais.

Campanica

Sérgio Ribeiro disse...

Obrigado pelos vossos comentários. Todos!
Mas, permitam-me, uma referência particular ao da Campaniça pelo que me fez (e continua a fazer...) pensar. É tão bom sentir que isso é verdade, que não tenho inimigos pessoais e que até sinto e tenho ternura recíproca por pessoas a quem fiz sofrer por actos e decisões minhas...

Gracias à la vida, que (julgo e espero) está aqui comigo, para lavar e durar.

Unknown disse...

Conversa aberta, sem tabus, sem certezas absolutas, sem verdades apriorísticas, espaço efectivo de encontro, são algumas das marcas da pequena/grande brecha que ontem se abriu na Biblioteca Pública de Évora. Durante mais de 3 horas, ajudaste-nos a contrariar o fluxo reprodutor dos medos e a dar mais um passo seguro para estilhaçar o pensamento único. É notável esta atitude do PCP de vir ao encontro das pessoas discutir o seu programa.