quarta-feira, maio 09, 2012

Marx em Maio - intervenção - 5

5.
A transformação do valor em preços-dinheiro
Tendo necessariamente que ficar para outras possíveis reflexões e notas a questão da “transformação dos valores em preços”, sendo estes a expressão daqueles, nesta intervenção deve fixar-se o processo de circulação, sublinhando-se que todo ele é analisado em valor, e a partir do contributo que, com a definição do seu carácter dual, veio completar a abordagem de David Ricardo e outros clássicos.
Essa questão da transformação do valor em preços-dinheiro é da maior importância e permite dizer, em resumo insatisfatório, que há duas vias de abordagem do capitalismo na sua fase actual.

Uma, que decorre do funcionamento intrínseco ao capital como relação social de produção, com a exploração do trabalhador produtivo (cada vez mais colectivo) por apropriação da mais-valia a ser proporcionalmente menos possível, por crescente peso de K em relação a V, e está-se no domínio da exploração.

Fórmula geral da circulação
no modo de produção capitalista

Outra, que se instala por alargamento desmesurado do circuito monetário-creditício, desligado da base material, e está-se na “financeirização” e no domínio da especulação, para compensar a tendencial queda de MV, mantendo ou travando a queda do lucro e da sua taxa, isto é, proporção relativamente ao capital-dinheiro inicial.

Troca de dinheiro por mais dinheiro
sem qualquer criação de “coisas materiais”
que criem mais-valia
e satisfaçam necessidades

... e dispenso-me de citar Aristóteles e Tomás de Aquino (que parece que é santo... mas não faz milagres quando se trata de juros e de usura!).

A “desmaterialização” do capital-dinheiro
No entanto, no que pode ilustrar o seu contributo, Marx quando, “naquela análise”, “na primeira época da produção capitalista”, ao considerar “tudo o mais” como inalterado, não ignorou o que não estimou relevante para o que estava a ser analisado nessa crítica, naquele momento.
Relativamente ao dinheiro, não o tomar em consideração a não ser enquanto metálico, ao analisar o funcionamento do processo de circulação, corresponde a que, naquela fase, Marx não considerava o dinheiro fictício, simbólico e/ou o dinheiro creditício como relevantes.
O que não obsta a que se sublinhe que, da edição Civilização Brasileira de O Capital, Livro Terceiro, se pode retirar, entre muitos outros excertos (pág. 510), que

“se o sistema de crédito é o propulsor principal da superprodução e da especulação excessiva, acelera o desenvolvimento material das forças produtivas e a formação do mercado mundial. (Ao mesmo tempo,) o crédito acelera as erupções violentas (as crises), levando a um sistema puro e gigantesco de especulação e jogo”,

Fim de citação… que parece retratar fielmente a fase actual do capitalismo.

2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Este "post" julgo que percebi.
Ainda há quem diga que Marx está desatualizado.

Um beijo.

Justine disse...

Voltei à rotina boa de visitar-te nas tuas lições de economia e de vida...
Beijo, companheiro