quarta-feira, dezembro 19, 2012

19 de Dezembro de 1961-19 de Dezembro de 2012



A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue dum peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte
o pintor morreu

Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
À lei assassina à morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas duma nação

O "lugar sem nome" chama-se,
hoje e desde 1974,
Rua José Dias Coelho.
É preciso que toda a gente saiba porquê!
Dele foram as gotas rubras
que cairam sobre a calçada.

5 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Esta canção é também um grito de revolta contra os assassinos de hoje que já mataram frontalmente ,mas que vão condenando à morte milhares e milhares de pessoas por falta de um mínimo de condições de sobrevivência.
E cada vez há mais mortos no nosso país como consequência da política ditada pelos senhores da guerra.

Um beijo.

Jorge Manuel Gomes disse...

É necessário lembrar para nunca esquecer!

Obrigado pela lembrança Camarada.

Um abraço desde Vila do Conde,

Jorge

samuel disse...

Porque sem memória (como direi hoje) não passamos de vegetais.

Abraço.

Anónimo disse...

Sem memória não passamos de animais e outra criaturas frugais
Com que nos querem matar mais.
JM

Olinda disse...

A memôria ê necessâria,para nos ajudar a lutar e impedir as atrocidades do passado.

Bjo