terça-feira, dezembro 18, 2012

aponta mentes sobre o estado do mundo - 3 (ele há dívida e há dívida...)


















Para além da afirmação peremptória da necessidade de renegociar a dívida, e quanto mais depressa menor o desastre (quem anda a dizer isto há meses que já somam ano e meio?), o dr. Baptista da Silva, com o "peso" de se apresentar como coordenador do Observatório Económico e Social da ONU para o Sul da Europa e não como militante partidário (e menos ainda do PCP), diz muito mais coisas.
Para além de dados sobre o estado das nações, que necessariamente beneficiam de informação privilegiada, e das suas projecções e preocupações, sublina um aspecto a que se deve dar a maior relevância: o de que a dívida não é toda igual, segundo a sua origem, com decorrente tratamento que deve ser diferente. Assim, segundo a proposta (que é apenas conselho) das Nações Unidas:
  • há a dívida derivada da "estratégia dos fundos estruturais de 1986 a 2011, que soma 121 mil milhões de euros", resultado da obrigatoriedade do cofinanciamento pelos OE nacionais dos projectos desses fundos, pelo que é proposto que essa parcela seja refinanciada pelo BCE a uma taxa de referência de 0,25% (assim como se o Estado, obrigado a endividar-se pela estratégia comunitária, tivesse, da "comunidade", o tratamento que esta dá a um banco...)
  • há a dívida resultante da dívida e da "ajuda" para se pagar a dívida, "ajuda" que cobra juros (e despesas...) que não ajudam nada, sendo proposto um "desconto" de 15% sobre o total de juros a pagar; os 34,4 mil milhões de euros  destes juros são mais de 40% do total do empréstimo (assim tornado usurário - "um absurdo para um fundo que se diz de assistência"... )
  • há a dívida que é a parte de resgate pelo FMI que deriva dos chamados direitos especiais de saque (saque ?!... o léxico vem a propósito), que estão indexados  à cotação de 4 moedas - dólar, euro, iene e libra - cuja valorização relativamente ao euro é, como desde sempre há quem não se canse de proclamar, é gravemente penalizadora cambialmente para países como Portugal, e que quem fala em nome das NU estima em 8% para o período de 2012-15.
Ora, assim sendo, a proposta, como base de renegociação (mais soberana que a dívida!), encolheria a dívida em 10,3 mil milhões de euros (3,1 + 5,2 + 2 = 10,3), o que é bem mais que os fatídicos 4 mil milhões de que o mini stro Gaspar anda à procura nos cortes das funções inalienáveis do Estado, na previsão certa do falhanço inevitável do desacertado OE13.

Depois, digam que não é ideológico e luta de classes pura e dura!

(há mais...)

2 comentários:

Olinda disse...

Quer dizer,que o "calmoso",pretende tratar-nos da saûde,pör-nos a pao e âgua,e,consequentemente,voltar ao passado de triste memôria.Talvez se engane,pois a ûltima palavra ê sempre do povo.


Bjo

Graciete Rietsch disse...

E depois vejam lá se reconhecem que a "cassete" do PCP corresponde à pura verdade.

Um beijo.