O que desacredita a democracia...

... é o mal que lhe é feito pelas políticas ao serviço de quem se serve da democracia-

Uma pequena história. Que, aliás, já por aí anda pelo facebook...

Professoras e professores sentem-se democraticamente (civicamente, cidadãmente) motivados e são estimulados (ou deveriam sê-lo) a mostrar aos seus alunos e alunas como funciona, na prática, a democracia representativa.

Poderiam fazê-lo "perto de casa" nas assembleias de freguesia e nas assembleias municipais (se houvesse condições...), mas esses estímulos e motivações são muito maiores se meterem uma viagem a Lisboa e uma vista ao Palácio de S.Bento-Assembleia da República,

Assim aconteceu aqui pelas vizinhanças e foi feito o devido e protocolar pedido. Ao que me contaram - em conversa de passagem, e depois confirmei com alguns pormenores -, a resposta enunciou dificuldades, agenda carregada,  problemas com a segurança dos alunos  dadas manifestações e eventuais perturbações, etc. Tudo bem, e compreensível.

Só que, com alguma surpresa, chegou uma "boa notícia". poderia efectuar-se a visita no dia 6 de Dezembro. Face ao pouco tempo, e a necessária preparação e  autorizações de encarregados de educação, houve alguma hesitação mas tudo se fez e conseguiu para que se concretizasse, e assim fosse. E assim foi!

Lá foram as turmas, num dia invernoso, próprio da estação, mas abusando da chuva, com marcação para as 15 horas.

No entanto, os idos de aqui tiveram de esperar, na porta lateral do palácio, em longas filas, durante muito tempo (mais de hora e meia!), debaixo de chuva caudalosa, com a água a vencer os guarda-chuva, a ver entrar "convidados especiais" (os "gravatas"!), enquanto esmorecia o entusiasmo e a curiosidade juvenis e crescia a irritação e o enervamento. Por outro lado, desmentindo as preocupações antes referidas, havia alguma agitação, uma manifestação, forças de segurança. Tudo o que justificara adiamentos.

Mas, finalmente e depois de forte protesto, os jovens (e as/os professores lá tiveram nos degraus das galerias para ocupar e para assistir a um pouco do debate. Só que, entretanto, houve quem se tenha apercebido de que a repentina disponibilidade de agenda e a alteração de condições deveria ter a ver com uma (má!) intenção de ocupar parte das galerias para impedir que outros o fizessem por se estar a discutir assuntos que muito particularmente os interessava. É que a ordem de trabalhos tinha para debate antecipado, e dir-se-ia precipitado - a extinção das freguesias - com forte mobilização dos autarcas para estarem presentes. Ao que se teria respondido com a ocupação de parte das galerias por esta e outras escolas, a partir de pedidos "em carteira"!

Assim, o que deveria ser didáctico, pedagógico, não obstante  as más condições climatéricas, foi (ou teria sido) a descoberta da baixa política, manipuladora, tudo pervertendo.

De qualquer modo, um exemplo. Mas péssimo, porque pela negativa.

E... uma trizteza. A  denunciar e a combater!