Num dia que me marca a vida pelo assassinato de José Dias Coelho, há 51 anos, abro o computador e sei da morte de António Simões Lopes. Uma grande tristeza me toma.
António Simões Lopes não era uma figura pública não obstante um curriculum académico notável. De uma simplicidade intrínseca, tem trabalho, ensino e textos que são exemplares, antológicos, sobretudo sobre o desenvolvimento regional, que ele dizia ser uma expressão redundante pois não há desenvolvimento sem vertente regional, sem a dimensão espacial.
Pessoalmente, a Simões Lopes devo o ter feito o meu doutoramento, porque mo sugeriu, me estimulou (me "empurrou") e ajudou, porque venceu dificuldades que outros levantaram, porque presidiu ao juri e, depois, apresentou, na Universidade Técnica de Lisboa, de que era reitor, o livro que foi publicado a partir da tese. Nunca deixando espaço para que lhe fosse dito o reconhecimento pelo que fazia, pela sua acção e intervenção. Discretas, decisivas. Com toda a naturalidade. E firmeza.
Ao saber da sua morte, toma-me um sentimento de enorme perda. Para todos nós, mas para mim em particular que nunca me deixou dizer-lhe quanto lhe estou grato. E há muitos, muitos anos que não nos víamos, que nem um telefonema trocávamos. Talvez porque a sua simplicidade intimidava...
Dele direi - e só - que foi um Homem Sério, e que agora, hoje, neste momento em que tropeço na notícia da sua morte, sei a importância que teve. E que poderá vir a ter neste País, com o exemplo e o trabalho que quase escondeu. Mas que está aí. Para ser aprendido e seguido.
4 comentários:
O sentido de gratidão define os homens!
A morte é injusta sempre,mas quando fica algo de quem parte, a vida não foi inútil e a recordação ultrapassa a morte.
Um beijo.
Ainda bem,que houve ,hâ e haverâ homens,que nos fazem acreditar na humanidade.
Bjo
Também tenho muita pena...
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