quarta-feira, junho 27, 2007

Às vezes, lembram-se de mim. Aveiro, 26 - 3

As "orações" introdutórias terão cumprido a sua função. Até com uma de um alemão que falou em inglês e foi traduzido para português.
Disseram-se coisas interessantes. Das que eu disse não escrevo... mas não me senti envergonhado com o que disse, embora tivesse a perfeita convicção que estava ali a dizer coisas que não são para serem ditas. Porque não querem ser ouvidas. Paciência... Convidaram-me!Como de costume, foi muito agradável e sempre útil ouvir o prof. Adriano Moreira. É um senhor e fala com fundamento e reflexão. Pode haver, aqui ou ali, algumas coisas que suscitariam outros caminhos porque por alguns ele não quer ir, mas aprende-se ouvindo-o.
E é reconfortante (embora não dê alegria) que um dos argumentos mais levianamente usados para provar os benefícios da "Europa" (quando se deveria dizer União Europeia), que é o da paz inatacável e duradoura que veio trazer ao Velho Continente, sempre por nós combatido por ser falso, falaccioso, seja assim desmantelado pelo prof. Adriano Moreira:
"... o programa dessa unidade manifesta duas insuficiências de concepção e até apoios ideológicos contestáveis. Começando por estes (...) insistir na paz no espaço europeu implica esquecer que não foram resolvidas as questões da ETA e da Irlanda, que a absorção dos problemas da desagregação da Jugoslávia é desafiante, que Chipre inquieta, que a memória da questão dos sudetas está viva, que as questões das fronteiras exigem cuidados. Finalmente, a definição da política de alargamento apropriou o conceito da NATO - levar a liberdade do Atlântico aos Urais - para estabelecer os limites geográficos pressentidos. Não se conhecem estudos de governabilidade que tenham antecedido alargamentos, conhece-se o trajecto contrário que é o de o alargamento exigir pensar na governabilidade, esta a dominar a tema da Constituição."

E mais se poderia transcrever. Com e sem acordo, sempre com utilidade.

2 comentários:

GR disse...

Neste momento todos estão à esquerda do PS ou mais democratas! Até a dissertação do Prof. que já foi do outro regime, consegue ser mais honesta intelectualmente que a do regime actual.

GR

Anónimo disse...

podes crer...
Quanto a honestidade intelectual e coerência havia-os... e, hoje, não os encontro entre os que se apossaram do poder que, aliás, deles não é embora julguem que sim.