quinta-feira, abril 30, 2020

Notícias - urgente

Urgente: 

Abren fuego contra embajada cubana en Washington

 con rifle de asalto, capturan a sospechoso 

y no se reportan víctimas

 | 159 |   
Los agentes encontraron al sospechoso con un rifle de asalto y lo detuvieron sin incidencias.
En horas de la madrugada de este jueves 30 de abril, un individuo desconocido disparó con un arma de fuego contra el edificio de la Embajada de Cuba en los Estados Unidos, informó en una nota de prensa la cancillería cubana en su sitio web.
No hubo daño para el personal de la misión, el cual se encuentra seguro y protegido, pero sí deterioros materiales para el edificio resultantes del impacto de los disparos, especificó.
El individuo, de cuya identidad el gobierno cubano no tiene información, fue detenido por las autoridades locales en el lugar de los hechos y se encuentra bajo custodia.
La misión diplomática de Cuba, ubicada en la ciudad de Washington D.C., cuenta con un sistema de protección y seguridad para enfrentar cualquier amenaza contra el personal y las instalaciones.

terça-feira, abril 28, 2020

De confinamento, prisão (política) e acantonamento

De confinamento, prisão (política)
e acantonamento.

Pelas portas, janelas e pelas frestas do convívio com familiares, amigos, vizinhos ou ocasionais, o confinamento entrou-nos em casa e nos quotidianos. E não nos deixa sair e dificulta o conviver, isto é, o viver com os outros.
Com um certo e redutor sentido de liberdade, houve quem se sentisse preso e fizesse analogias com situações de um passado que a celebração do 25 de Abril lembrou, em que alguns de nós estivemos privados de liberdade. E nalguns (muitos) casos violentamente. Não para  nos impedir (ou punir por) comportamentos agressores das regras do convívio, mas por lutarmos contra a opressão e repressão de todos, por uma outra forma de organização social e humana, pela liberdade, enfim (seja ela o que cada um entenda).
Essa analogia do confinamento com prisão (política) é incorrecta, e pode ser perturbadora e perversa. E é-o, naturalmente, para quem esteve preso político (dentro das prisões ou num quotidiano de liberdade claramente condicionada) e hoje vive confinado.
Num diário (Público), em destaque dado ao 25 de Abril, foi publicado um texto de um conselheiro de Estado (Domingos Abrantes, comunista) que faz a destrinça inequívoca entre as duas realidades –  Duas realidades a não confundir – que, com a autoridade de quem viveu a privação da liberdade e a sofreu com toda a violência fascista, merece… destaque e reflexão.

Há ainda uma outra (e muitas mais situações haverá, porque cada um de nós tem a sua…) situação que merece ser referida, a de acantonado
Pode viver-se numa aparente liberdade conquistada (e digo aparente, a partir de concepção de liberdade, que não se pretende impor a ninguém, mas que me arrogo direito de ter), pode não se estar obrigado, socialmente, a confinamento, mas um indivíduo ou um colectivo sentir-se acantonado. Ou seja, para simplificar, metido num canto… por pressão e opressão social, pela correlação de forças sociais, a vários níveis, e particularmente na chamada comunicação social. Contraditoriamente (como é a vida…), pode estar  – o indivíduo ou o colectivo – convencido que tem coisas a dizer, que tem papel a desempenhar no palco do viver colectivo, e sentir-se envolvido num cordão ou invólucro sanitário tácito de silêncio, ou não ser ouvido.
Um exemplo? Aí vai ele:
Num texto, que não hesito em considerar excelente, cultural e literariamente, de um jornalista (Germano  Almeida,em Expresso-curto de hoje), ao fazer “o ponto” da situação política, cita cirurgicamente:

“o PAN é uma das vozes que se mostram mais preocupadas, (...) o Bloco de Esquerda quer ‘aguardar’ a concretização das medidas para opinar mas deixa desde já uma ressalva, ‘o levantamento das medidas de restrição deve acontecer quando as condições de saúde o permitirem’, (...) o PSD reserva opiniões para depois de ouvir especialistas e Governo, o CDS avisa que ‘o levantamento das medidas de contingência tem de acontecer de forma gradual e assimétrica, de modo a que o esforço que todos temos feito não fique comprometido’, na Iniciativa Liberal argumenta-se a favor do regresso gradual à atividade económica”.

Não faltam, aqui, vozes? É inocente, como prática frequentíssima, a ausência do PCP e do PEV? Não se argumente que também não se refere a voz do Chega porque, ao fazer-se o acantonamento, se excluiriam, neste caso, o que se quer etiquetar, tacitamente, como extremos. Ora não só não se aceita, de forma alguma, que se confundam esses extremos, como  o que acantona um deles, o do PCP (e, por tabela, o PEV) é, em relação ao outro extremo (Chega) bem compensado, noutras instâncias, escandalosamente promovido e desacantonado.
Sem simplismos, diria, insisto e persisto que se trata da luta de classes. E não tem nada a ver, nem pode ter…, com complexos de perseguição, ou, como diria Bretcht, não se é perseguido por ter razão, é-se perseguido por não se ter força. Mas tem-se. A da razão

Muito perigoso é o tempo que vivemos.
         

segunda-feira, abril 27, 2020

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 6 - liberdade


Descarrila-mentes e dis-la-tes - 6 – liberdade

Estamos a viver os dias de 25 de Abril. Que não é só um dia. Porque houve os dias antes, o dia de 1974, os dias depois, e há, agora, estes, os de agora. Como houve os de entre o ano em que foi, o de 1974, e o deste de 2020, os dias desta data que foram sendo os vinte cincos-de-abril dos anos que foram sendo. Todos diferentes, todos especiais.
Mas este, o de 2020, foi… mais especial. Aconteceu, no mundo todo, no planeta Terra, qualquer coisa que o veio tornar não só diferente, não só especial, mas mais diferente, mais… especial.
Sempre foi sendo identificado como o dia dos cravos, da liberdade, da democracia. Dos cravos, não haverá muito que se lhe diga. Apareceram, por uma casualidade – conta-se… – e vieram mesmo a calhar para o dia que era, para se meterem nos canos das espingardas, nas blusas entreabertas pela primavera, nas lapelas dos casacos ou dos corta-ventos. É a flor símbolo, emblema, pelo colorido e aresistência (não é como as rosas, que também podem ser vermelhas mas que são aparentemente delicadas, frágeis, se desfolham, ou as papoilas…).
Já sobre a liberdade que se associa ao dia, muito há a dizer. Que liberdade nos trouxe o 25 de Abril, aquele dia, e os que se lhe seguiram? Foi, isso sem dúvida, a liberdade dos presos políticos – disso posso e devo dar testemunho – mas mesmo essa, logo no próprio dia, foi questionada e exigiu a resposta clara, diria mínima: TODOS OU NENHUM. Porque, se algum ficasse, nem essa liberdade, dos presos políticos, dos que tinham lutado para que houvesse um/o 25 de Abril, tinha sido conquistada.
Mas liberdade é uma palavra com muito(s) poder(es) – dizia Éluard que, pelo poder dessa palavra recomeçaria a sua vida, para a nomear, para a dizer, para a cantar acrescentamos nós.
E, neste 25 de Abril de 2020, pelas circunstâncias de que somos feitos, muito se referiu a liberdade como se estivesse faltando, como se uma situação chamada confinamento nos estivesse a tirar A liberdade, ou, o que é ainda pior, estivesse a ser tirada a todos por alguns que abusivamente se permitiam desfrutá-la. Que confusão, E que ausência de ingenuidade. Que perversidade confundir liberdade (assim, sem complemento directo, como valor e conceito) com confinamento, entre outras coisas com não possibilidade ou direito de circular livremente.
E houve quem abusasse (esses sim) da liberdade mínima e para todos para atacar a liberdade que nunca quiseram e não querem para todos.
Daí, descarrila-mentes e dis-la-tes.
Aceito que haja mais que um conceito de liberdade, porque não o tomo como valor absoluto, abstracto, por isso, ao afirmar o que adoptei para mim, segundo o qual, um preso pode sentir-se livre, como dizia Ho-Chi-Min (e outros), para o enunciar, cito dois autores. Para reflexão própria e sugestão a outros.
Dizia Spinoza que a liberdade só pode nascer do conhecimento da natureza pela razão e tem uma célebre formulação “a liberdade é a necessidade de que se tomou consciência”; e Lenine (de que se assinalam os 150 anos do nascimento neste mês de Abril): “a liberdade, diga-se, é para toda a revolução, socialista ou democrática, uma palavra de ordem absolutamente essencial (,,,) se contrária à emancipação do trabalho da opressão capitalista, a liberdade é um engano.”  

sábado, abril 25, 2020

Porque hoje é... 25 de Abril




Vejam este, e surpreendam-se (?):
https://www.facebook.com/companhiadasletrasportugal/videos/230310694725158/?t=4







































Obrigado, Zé Santa!

sexta-feira, abril 24, 2020

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 5 - austeridade


Ontem, nas instâncias ditas europeias, ter-se-á confirmado, mais uma vez, por que carris e descarrila-mentes (via comunicação "social") anda a informação ao povinho.
Depois da insistência num Plano Marshall pintado com as cores róseas de um passado fictício de solidariedade que nunca existiu, aí está a descarrilada informação para convencer mentes massacradas com informação descarrilada, cintilando com milagres e luzes ao fundo de túneis que não têm saída, a adiar para nunca mais o que se publicita que será qualquer dia.
Vivemos num jogo de enganos, fazendo de todos nós ou ignorantes ou parvos. Mas, no entanto, respeitáveis cidadãos porque de nós se espera o voto... ou a abstenção que querem dizer “continuem a dar o poder (político e servil) aqueles que servem o poder financeiro instalado”. Depois, logo se verá (e a médio prazo todos estaremos mortos, se não for antes…).

O que está a servir de palavra-passe neste jogo é austeridade. Porque teve grande peso, por aquilo que, em passado recente, a identificou, e a que se diz, afirma, jura, não querer voltar, enquanto se seguem os passos que levaram a esse passado e… à austeridade!
Tudo parte do pressuposto indiscutível, inabalável, de que se chegou ao fim da História (enquanto há História ou quem a conte!), no que respeita às relações sociais.
Tempo de espantalhos que se acenam como fantasmas que se pretende remover da fresca memória e que, sorrateiramente, se vão alindando, assim se evitando que haja oportunas críticas e recusa. Assim a modos  de "estejam descansados, nem pensar em repetir o que foi tão mau", e se anula ou retarda  o protesto, reacção, revolta, revolução, por se estarem a repetir os passos que  replantarão os fantasmagóricos espantalhos que dão pelo nome de austeridade.
Um exemplo, para acabar. Num dia, lê-se em editorial de jornal de referência uma sensata e informativa posição sobre a  encenação das celebrações do 25 de Abril na actividade normal e ininterrompida da Assembleia da República, nas condições de anormalidade em que estamos. Congratulámo-nos.
No dia seguinte, o mesmo director-fundista escreve sobre O regresso da palavra maldita (não diz a palavra no título e mais maldita a torna pelo que escreve) e, a meio do que escreve, arruma como devaneios do que/de quem questiona a infinitude do dinheiro, que ele aceita como inevitabilidade intangível, e  como devaneios arquiva o que/quem fala da indizível perversidade do capital, para ele definitiva.
E nós? os tolinhos que devaneamos sobre a infinitude do dinheiro que se tornou imaterial por humana decisão desumana e serve de armadilha à matéria que somos, e temos a estultícia de dizer o indizível, a perversidade do capital que é, tão só, um modo de relação entre humanos.
Porque, porra!, terá a Humanidade de se conformar com a perversidade da relação social que assenta na exploração de uma classe social sobre os que trabalham e querem viver, porque terá de aceitar que toda a construção secular, milenar, resultado da relação do ser humano com a natureza seja perversamente aproveitada por alguns em desumana desigualdade?
Quer-se um exemplo?:  desemprego, lay-off, precariedade para indivíduos e colectivos que trabalham, manutenção de lucros, dividendos, prebendas  para os que exigem protecção para aquela egoísta iniciativa privada que usa a falácia da ser para bem de todos (a bem da nação!, como ouvi em pequenino e recusei quando comecei a crescer), como já o era para os escravos e para os servos.


quinta-feira, abril 23, 2020

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 4 - Plano Marshall-II


Tinha a intenção de, neste apeadeiro, já ter “despachado” o Plano Marshall com apenas um descarrila-mentes, mas o tema é muito importante para o momento e daria para desastre bem maior. Vou tentar não abusar.

Foi-me observado, como dúvida séria que é levantada, se o tal Plano Marshall não merecera desconfiança de Salazar, que a ele no início não aderira. Essa poderá ter sido – e decerto foi – uma “informação veiculada”, dentro dos carris habituais e valorizando a cautela e o patriotismo do dit(ad)o(r).
Ora há outra informação a carrilar:
O Plano Marshall era destinado aos países da Europa (do BENELUX, França e Itália à cabeça) com dificuldades de recuperação (o tal ERP-European Recovery Program1948), não para lhes resolver as dificuldades, mas para controlar essa recuperação e, sobretudo, para evitar que caíssem na crescente atracção por caminhos em que a União Soviética pudesse ser referência e apoio (até foi dito que era para evitar que “o Exército Vermelho viesse fazer pic-nics nos Champs-Elysées”…), como a força das organizações de classe políticas e sindicais, isto é, a correlação de forças poderia fazer temer.
Portugal e a Espanha não estavam dentro dessas prioritárias preocupações da Administração dos Estados Unidos e do seu capital dominante investido em armas (ao lado do tal Plano, a NATO, para a qual Salazar não hesitou nada). Além disso, havia a posição no começo da guerra ser pró-nazi.
A Espanha ficou mesmo de fora do Plano Marsall, e Portugal entrou como “beneficiário” retardado, não por esperteza ou argúcia de Salazar mas por manholice para se integrar nos “países de democracia ocidental”, de onde a postura inicial na guerra o retirara… Por outro lado (se é que o é), a manobra diplomática de recuperar Timor da ocupação japonesa como “província ultramarina”, e lhe evitar sorte idêntica à de Guam, foi à custa (bem custosa) de facilidades na criação da base dos E.U.A. nas Lajes dos Açores (acordo de 1945), de importância estratégica.

Mas hoje, 23 de Abril de 2020, importa referir que as lembranças do Plano Marshall resultam da situação na União Europeia em crise profunda para que se procura solução ou remendo. Um Plano Marshall europeu para a Europa (seja isto o que for)? Que enorme descarrila-mentes.
Como não lembrar que, quando do Acto Único, que derivou do alargamento dos 9-10 (já com a Grécia) a 12 (Portugal + Espanha), sendo presidente da Comissão um sindicalista, Jacques Delors, se delineou uma coisa chamada coesão económica e social, a partir da necessidade de projectar, ao lado do mercado interno, com as previstas e inevitáveis assimetrias, transferências (não empréstimos!) dos países mais favorecidos para os menos favorecidos (que eram 4 - Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda, os “da coesão”), o que levaria à criação de um Fundo de Coesão.

Que é dele?... descarrilou num Fundo Recuperação via para um orçamento “europeu” (em)prestamista.

NO DIA DO LIVRO


Um belíssimo texto - Aos que deram tudo

Opinião - no avante!
  • Anabela Fino

Aos que deram tudo
«Foi a descoberta mais importante de toda a sua vida. Sabia ler. Possuía o antídoto contra a venenosa peçonha da velhice». As palavras de Luis Sepúlveda, o escritor, jornalista e activista político chileno que há dias nos deixou, vítima de Covid-19, dão-nos um vislumbre do que significava escrever – a sua forma de contar o mundo – para quem cedo descobriu que a América Latina limita ao Norte com o ódio e não tem mais pontos cardeais.
Membro activo da Unidade Popular chilena nos anos 70, Sepúlveda estava no Palácio de La Moneda a fazer guarda ao Presidente Allende aquando do golpe militar fascista liderado por Pinochet, com o apoio dos EUA, a 11 de Setembro de 1973. Como escreveria 30 anos depois, no seu Memorial dos anos felizes, «Cada uma e cada um tem na sua memória um álbum particular de recordações felizes daqueles dias em que demos tudo, e parecia-nos que dávamos muito pouco, porque tínhamos gravado na pele os versos do poeta cubano Fayad Jamis: “por esta revolução haverá que dar tudo, haverá que dar tudo, e nunca será o suficiente”».
Um entre tantos que lutaram para fazer do Chile um país justo, feliz e digno, o escritor para quem seria insuportável ser imortal orgulhava-se de fazer parte dos que «não renunciaram à sua dignidade, dos que resistiram nos interrogatórios, dos que morreram no exílio, dos que regressaram para lutar contra a ditadura, dos que ainda assim sonham e se organizam, dos que não participam na farsa pseudodemocrática dos administradores do legado da ditadura».
São homens como estes que guardamos na memória, gratos por nos lembrarem que só voa quem se atreve a fazê-lo. Com eles, na despedida, «bebamos com orgulho o vinho digno das mulheres e dos homens que deram tudo, que deram tudo pensando que não era o suficiente».

Crónica internacional - Sem máscaras

 - Edição Nº2421  -  23-4-2020

Sem máscara

A situação decorrente do enorme impacto da COVID-19 na situação internacional veio demonstrar que as grandes potências imperialistas, e em particular o imperialismo norte-americano, não têm quaisquer escrúpulos em prosseguir, e até intensificar, a sua criminosa acção de desestabilização, confronto e agressão contra países que não abdicam da sua soberania e que, neste momento, empenham grandes esforços na prevenção e combate ao surto epidémico.
Os EUA, com o apoio activo (ou passivo) dos seus cúmplices, não só mantêm as sanções e bloqueios económicos que impõem à Síria, a Cuba, à Venezuela ou ao Irão, entre outros países, como impedem que instituições do sistema das Nações Unidas por si dominadas – como o FMI – concedam empréstimos de emergência solicitados pela Venezuela ou o Irão, procurando impedir que estes países adquiram os medicamentos e o equipamento médico necessário à salvaguarda da saúde dos seus povos.
Só pode ser motivo de indignação que, no momento em que o governo venezuelano implementa medidas para prevenir e combater o surto epidémico, a Administração Trump decida concentrar tropas norte-americanas e realizar intimidatórias manobras militares junto à fronteira da Venezuela, chantageando o povo venezuelano com a ameaça de uma agressão militar directa.
É nesta deriva do imperialismo que se insere a delirante operação de desinformação e difamação contra a China, lançada pela Administração norte-americana e amplamente reproduzida pelo coro de fiéis seguidores, incluindo em Portugal.
O que é insuportável para o imperialismo é o impressionante e evidente contraste entre a atitude dos EUA e das grandes potências da UE, caracterizada pelo «salve-se quem puder», e a acção da China, de Cuba, assim como da Rússia e de outros países, cuja atitude se pautou pela pronta solidariedade e cooperação, não só entre si, mas igualmente com dezenas de outros países afectados pelo surto epidémico. Um contraste que é igualmente patente na superior capacidade que estão a demonstrar a China ou Cuba na prevenção e combate ao surto epidémico nos seus países, face à incapacidade demonstrada por alguns dos países capitalistas mais desenvolvidos, com um destruidor legado de privatizações e desmantelamento de serviços públicos – nomeadamente de saúde – e de alienação de outros instrumentos essenciais para garantir necessidades básicas das populações.
A boçal hostilidade da Administração norte-americana contra a China, para além de constituir uma ‘cortina de fumo’ com que procura encobrir as graves consequências das incoerentes e inadequadas medidas adoptadas nos EUA para fazer face ao surto epidémico, revela igualmente a maquiavélica intenção de instrumentalizar o surto epidémico como arma na ‘cruzada’ que os EUA levam a cabo contra aquele país asiático.

O imperialismo, embora abalado pela actual situação, não deixará de tentar levar ainda mais longe a sua ofensiva exploradora e opressora. Ofensiva que, a não ser contrariada, significará uma ainda maior acumulação e centralização do capital, o agravamento das desigualdades, o aprofundamento de relações de dependência e de domínio económico e político, a subversão dos princípios inscritos na Carta das Nações Unidas e no direito internacional.



Pedro Guerreiro

quarta-feira, abril 22, 2020

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 3 - Plano Marshall


(…) todos estes veículos de informação à gente confinada, que somos todos, locomovem-se, isto é, movem-se – ou deveriam mover-se – sobre carris.
O carril dos factos, das realidades, e o carril da relação informante-informado, o informante crendo-se todo-poderoso porque influente privilegiado, o informado aparentemente submisso porque aparentemente passivo, confinado em suma.(…)
(Descarril-mentes e dis-la-tes - 0)

               Com o passar dos anos nem tudo se perde. Ganha-se particular sensibilidades às agressões descarrilantes.
Para a talvez esmagadora maioria dos contemporâneos, a citação de um Plano Marshall do pós-guerra é referência longínqua, histórica, inocente.
Teria até sido um caso quiçá belo de solidariedade dos Estados Unidos, poupados às consequências nefastas de uma guerra, em ajuda a uma Europa devastada por essa guerra – de que importaria lembrar os fautores (o nazi-fascismo), os alvos (“a ideologia asiática”[1]), as grandes vítimas (o povo soviético).
Um acto solidário, filantrópico, dos Estados Unidos!?...
Não vou gastar muita cera, vou apenas fazer três citações de livro que me publicaram há 50 anos, nas Edições 70[2]:
1.    «… não encontrando no mercado interno uma procura suficiente para o potencial produtivo que crescera com a guerra, o capitalismo americano podia assim financiar a exportação de mercadorias. Através dos empréstimos acordados no âmbito da “ajuda”, o capitalismo E.U. utiliza o Estado para favorecer também a exportação de capital comercial e financeiro. Segundo um economista americano, Seymon Harris[3], o Plano Marshall foi uma “tentativa para salvar os Estados Unidos da depressão”…»
2.    «…Assim procurava o capitalismo E.U. atingir dois objectivos. Por um lado, ajudar o capitalismo europeu a manter o seu lugar, mas por forma que não deixasse de ser área de expansão aproveitável para o capitalismo americano, “devendo os 16 países europeus ‘atingidos’ pelo Plano Marshall abster-se de um alargamento e de uma modernização rápida da indústria ou de uma larga mecanização da agricultura”(!), assim se limitando a capacidade concorrencial da economia europeia e a sua possibilidade de resistir à penetração americana. Por outro lado essa “coordenação” tinha o objectivo de fortalecer a capacidade do mundo capitalista face ao mundo socialista em ascensão (…)».
3.    «…a citação de Hitler não terá sido inadequada, como não será a de Roman Rolland quando afirmava que “nada é mais ‘internacional’ que o capitalismo opressor” e prevenia que “não é um perigo menor de hoje uma Santa Aliança dos grandes capitães da indústria e das grandes burguesias fascistas do Ocidente”[4].

Tanto para dizer. Isto são, apenas, meias palavras à procura de bons entendedores…



[1] - “… tremo pela Europa à ideia do que acontecerá ao nosso velho continente  sobrepovoado se a erupção dessa ideologia asiática de destruição e ruína de todos os valores adquiridos fizer assegurar o triunfo da revolução bolchevista.”, discurso de Hitler, 7 de Março de 1936.
[2] - O que é o Mercado Comum (a integração e Portugal), Edições 70, 1971
[3] - The European Recovery Program, 1948
[4] - apelo de 28 de Janeiro de 1930

terça-feira, abril 21, 2020

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 2

Quando me lancei, para esta semana de confinado (há o dia de finados e há as semanas, os meses, os ... de confinados!), num folhetim dos descarrila-mentes e dis-la-tes, não pensei duas vezes. E faz sempre falta pensar uma segunda vez. 
Ontem, ilustrei um dis-la-te, com o aproveitamento do assinalar do 25 de Abril na Assembleia da República, nas condições possíveis, para se tentar um descarrila-mente, porque era para mim evidente que tinha sido uma jogada com dois objectivos, ou alvos: 
i) através de informação falaciosa chegar a uma parte substancial da população, já bem manipulada para estar contra os políticos, a política, os partidos, os deputados, o Estado, enfim, a democracia, muito mexendo o caldo de cultura em que a "nossa democracia", tal como tem sido praticada, tem dado argumentos para esse sentimento de aversão muito espalhado (e para o qual, quem meteu agora a colher a mexer o tacho com  o tal caldo tem dado fortes contributos);
ii) para o primeiro objectivo contava-se com essoutro objectivo, não secundário mas inter-activo, de algum esperado apoio da Igreja Católica, em particular do clero rural, que poderia ver na iniciativa na AR motivo para protesto e queixa pelas dificuldades do culto nas actuais condições, e com o 13 de Maio a aproximar-se.
Na minha "leitura", o encontro do 1º ministro com o Cardeal Patriarca desarmou a armadilha e o dis-la-te foi mesmo dislate. Aleluia.
Bom... tem o apoio expresso de Cavaco Silva!, que para dislate está muito bem.

E dizia eu que me faltou pensar uma segunda vez na minha iniciativa. Pois dizia-o por, ao procurar temas para hoje, me sentir inundado. 
Ele é a austeridade, ele é o Plano Marshall, ele são os 12 zeros, sei lá que mais. Não me chega nem o tempo nem o espaço. Farei o que puder, deixando já estes temas em carteira.

segunda-feira, abril 20, 2020

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 1 - 25 de Abril de 2020 na AR

Começa a semana deste mês que terá como seu sábado o dia 25 de Abril.
Quase todos nós – não todos, e compreende-se porquê –, nas 45 vezes que este dia chegou nos anos que se seguiram a 1974, festejaram a data como a do fim de quase meio século de fascismo e década e meia de guerra colonial;
Muitos de nós sempre comemoraram a data como o final de uma fase da luta pela liberdade e pela democracia, como valores a praticar e a melhorar em convivência cidadã (destes, não poucos com o dir-se-ia bónus de, nesse dia, terem recuperado a sua liberdade pessoal até essa data encarcerada e condicionada);
Alguns de nós também assinalam a data como a de trampolim para a sua luta nunca escamoteada, e já não obrigando à clandestinidade, pelo objectivo de, fazendo avançar a democracia, transformar a sociedade.

Este ano de 2020, circunstâncias inesperadas impossibilitam - pela prioridade a dar à defesa da saúde pública - que se festeje como nos anos anteriores,  mas nada impede que, como Povo, e na chamada Casa da Democracia porque é lá que estão a trabalhar (sim, a trabalhar!) os representantes eleitos por esse Povo, se assinale a data, se relembre a sua importância na nossa História, cumprindo o que a todos respeita como condicionante derivada dessa prioridade, assumida por todos porque formalizada nessa mesma Assembleia da República.

Há quem, em perfeito dis-la-te, não tenha querido perder a oportunidade de atacar o que nunca defendeu, a data sempre festejada por quase todos nós, e tenha procurado provocar um descarrila-mente através de informação falaciosa que invoca razões que não tem, que argumenta com analogias que não existem, que faz campanha e petição procurando perturbar quem não está devida e suficientemente informado.
Seja dito sem titubear: este dis-la-te é promovido por quem nunca festejou o 25 de Abril, nem em 1974 nem em todos os anos de liberdade e democracia que se lhe seguiram. Como sempre, informa-se fora dos carris, e por vezes consegue-se arrastar pouco e mal informados para descarrila-mente.

Descarrila-mentes e dis-la-tes - 0

Ontem, escrevi isto no quase-diário:


Descarrila-mentes e dis-la-tes

Naturalmente o confinamento colocou-nos mais nas mãos da informação.
Não só nas mãos da informação que é o produto de uma actividade social muito relevante, a comunicação social, também nas da pululante, e tanta vez poluente, rede a que se deu o nome de redes sociais, como ainda também nas mãos das ligações privadas – o quase obsoleto telefone e toda a parafernália de meios facultados pela info-invasão – que se tornaram nas vias únicas de contacto directo com familiares e amigos, e que, não o podendo substituir, quanto mais não seja serve para se saber se está tudo bem e para os virtuais beijos e abraços.
Somos muito informados, e a procura (essencial) de nos informarmos está a ser muito mais larga e, paradoxalmente, muito mais difícil e trabalhosa.
Há consensualidades que é urgente criar e há outras que, à boleias dessas que são necessárias (e urgentes), se infiltram insidiosamente.
Ora todos estes veículos de informação à gente confinada, que somos todos, locomovem-se, isto é, movem-se – ou deveriam mover-se – sobre carris. O carril dos factos, das realidades, e o carril da relação informante/informado, o informante crendo-se todo poderoso porque influente privilegiado, o informado aparentemente submisso porque aparentemente passivo, confinado em suma.
Está tudo bem? pergunta o confinado, que mais confinado está porque “é de risco” (!), ao filho, à neta, ao amigo, e estes informam. Às vezes, descarrilando, apenas substituindo o ponto de interrogação por um convincente (ainda que nem sempre convencido) ponto exclamação: Está tudo bem!
Este descarrila-mentes é bem intencionado e, na maioria dos casos, não é grave e tem efeitos tranquilizadores para a mãe, para o avô, para a amiga.  
Já o mesmo se não pode dizer se a pergunta se conjuga no futuro, ou se, já que descarrilado, o informante acrescenta à resposta… vai ficar tudo bem!,  porque não vai ficar tudo bem, sobretudo porque não vai ficar tudo na mesma, porque não vai haver regresso ao que era, porque é preciso lutar muito para que não fique tudo muito pior do que estava… ou pior ainda.

Noutros níveis, os descarrila-mentes são bem diferentes e, se têm intenções, em muitos casos atingem a perversidade. Aqui se querem trazer alguns que, a nosso juízo, o são. E também alguns de outro tipo a que se chamaria dis-la-tes.

Começar-se-ia por enunciar um, e grave, descarrila-mente que irá ocupar esta semana: a assinalação do 46º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República, o nosso 47º 25 de Abril (sim, porque o 1º, o de 1974 também conta e até foi o mais nosso). Talvez ainda hoje.
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Não foi ontem. Será hoje e aqui. Mais logo:

GLOBALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES - 12

continuação:


12

3.     Portugal está, como é seu destino (geográfico e histórico), no meio das encruzilhadas.

O 25 de Abril tem só (!) 46 anos, o que, até como idade de humanos, é ser jovem. E resiste como salto e projecto.

Apesar das sucessivas revisões (7), a nossa Constituição permanece privilegiando opções de base, sufragadas por esmagadora maioria (só o CDS votou contra): independência nacional, garantia dos direitos fundamentais dos cidadãos, valorização do trabalho e dos direitos dos trabalhadores, coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo na organização económica, subordinação do poder económico ao poder político democráticO (embora na teoria a prática seja outra ou vice-versa). E tem a sua classe operária e de todos os trabalhadores organizada num partido firme na sua ideologia. Com 100 anos de luta

Neste País que é o nosso, se o que acontece aqui não nos pode ser indiferente, também não o é para o mundo. E o PCP está a viver um ano de particular importância por ser de Congresso ordinário, assim dispensando o congresso extraordinário que, sem este congresso ordinário que se aproxima em condições de enorme dificuldade, poderia justificar-se dado o momento histórico, como todos o são igualmente mas este é-o particularmente. 






No contexto que se desenha, depois de uma fresta que foram os BRICS enquanto países emergentes (agora integrando um Brasil à deriva a juntar à heterogeneidade), estamos a viver um momento (e nunca é mais que um momento) de globalização por emergência, que não terá sido provocada desde o início mas é aproveitamento descabelado cavalgando uma crise que se aproximava à desfilada. Em que a correlação de forças sociais será determinante e, nela, a luta de classes a vários níveis.

(...)

domingo, abril 19, 2020

Voltarei de novo a pisar a Avenida da Liberdade!... para este domingo!

Dividendos para os accionistas


Efeitos da pandemia 
"são assimétricos e não democráticos"
A Assembleia Geral anual da EDP aprovou a proposta da administração de distribuir um dividendo de 19 cêntimos brutos por acção, face ao ano de 2019, o que representa uma quantia total de 694,7 milhões de euros a ser paga aos accionistas.
Num comunicado enviado à CMVM (Comissão de Mercado de Valores Mobiliários) nesta quinta-feira, a empresa liderada por António Mexia anunciou que vai começar a distribuir os dividendos pelos accionistas a partir do próximo dia 14 de Maio. 
O montante distribuído face ao exercício de 2019 será o mesmo do ano anterior, e a proporção face aos lucros (o chamado payout), mantém-se também nos 134%, uma vez que a empresa anunciou uma quebra nos lucros em 2019.
Em comunicado, a comissão sindical da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Eléctricas (Fiequimetal/CGTP-IN) denuncia que a EDP tem colocado entraves à negociação da tabela salarial com os trabalhadores mas que em plena pandemia tem mais de 600 milhões de euros para distribuir lucros aos accionistas.
Também na Galp se perspectiva o pagamento de 318 milhões de euros em lucros aos accionistas. A mesma empresa, cuja Assembleia Geral reunirá a 24 de Abril, já despediu este mês mais de 80 trabalhadores com vínculos precários, só na refinaria de Sines.
A Jerónimo Martins tem até final de Junho para decidir se avança com a distribuição de 216 milhões de euros em dividendos.

GLOBALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES - 11

continuação:


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2.a Nos países ditos desenvolvidos, do capitalismo em fase imperialista, colonialista-nova maneira (expressão que entrou em desuso, mas que não perdeu sentido), as relações laborais poderão vir a sofrer alterações  muito profundas.
E muito negativas, nessa perspectiva do trabalho como único criador de valor e na luta contra a exploração dos trabalhadores a partir da mercantilização da força de trabalho.
Pela prioridade à livre iniciativa, às empresas, ao capitalismo accionista transnacional e especulativo. Com um enorme e crescente peso de vários tráficos desumanizadores, em que avulta o desumano tráfico de seres humano, da indústria da guerra, fabricante da mercadoria mais perigosa porque é consumida/destruindo o que a humanidade criou/construiu e a natureza em si.

2.b  No panorama ou xadrez internacional, enquanto a inoperacionalidade ou até servilismo das Nações Unidas, é cada vez maior a importância da China (e do seu modo de ser o mais populoso Estado do mundo, com um Partido no poder que se afirma comunista), da Rússia (o maior país do mundo, que tem recusado submeter-se à estratégia do capitalismo financeiro transnacional) e dos povos que se libertaram e não aceitam recuar na sua soberania. Dos povos que já tiveram perspectivas e influência como centros produtores de matérias primas e fontes de energia, que foram Não-Alinhados e Terceiro-Mundo.
Cada dia, cada período do tempo histórico, estes países e povos são mais "incómodos" para as "soluções" neo-liberais monetaristas (de moedas que são fictícias) e menos espaço/tempo consentem para fugas e adiamentos.


continua (e acaba a seguir) 

sábado, abril 18, 2020

A imagem pode conter: ar livre

GLOBALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES - 10

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2. Num outro plano, no plano da necessária adaptação das relações de produção à evolução das forças produtivas, o actual momento histórico parece explodir com este rastilho de crise sanitária e, sobretudo, com o seu aproveitamento.
O trabalho em casa, o tele-trabalho e outras modalidades surgem como recurso para compensar a impossibilidade ou perigosidade de grupos e equipas, e afigura-se-me que está a ser tentado fazer, como emergência, o que seria muito difícil de conseguir em situação aparentemente normalizada mas com natural e não escamoteável luta de interesses antagónicos, de classe

Nas “soluções” emergentes, devido à emergência…, o trabalhador fica isolado, o seu camarada do mesmo tipo ou perfil de trabalho surge-lhe, é-lhe apresentado ou sugerido, como seu concorrente, não há contratação colectiva, proíbem-se as greves, horários de trabalho são inexistentes e geridos em função dessa concorrência, também quase impossibilitadora de posições colectivas e solidárias. A precariedade aparecerá como inevitável. E apresentar-se-é como sendo naturalmente decorrente das novas condições e não como adaptação (e continuidade) da exploração às novas condições.

A frente sindical de origem e razão de classe pode vir a ter de confrontar enormíssimas dificulades para cumprir o seu papel de organizações de defesa económica dos trabalhadores e das suas condições de trabalho, nomeadamente na questão dos horários, verdadeiramente básica para a concepção do trabalho como criador e social, e do tempo livre como objectivo e expressão de liberdade. 

continua

sexta-feira, abril 17, 2020

GLOBALIZAÇÃO E LUTA DE CLASSES - 9

continuação:



1. Tenho lido e escrito muito sobre a crise-coronavirus. Desde 2 de Março em quase-isolamento, mas não desde logo em emergência ou confinamento.
Entretanto, no começo da semana de 16 de Março tudo começou a precipitar-se , houve o alerta e medidas correlativas para culminar com a 4ª feira, 18, da declaração de emergência.
Descortinavam-se, diria assim, duas evoluções paralelas e desfazadas.
i)                 Uma, ilustrada pela situação e evolução da China, com uma abordagem de Estado, colectiva e de direcção única;
ii)               outra, no sistema capitalista, com uma abordagem contraditória e descontrolada, baseada numa ideologia individual, prevalecendo interesses de classe e egoístas, não diria conspirativamente planeada mas de dinâmica de aproveitamento estratégico, em que o Estado é serventuário do poder mais financeiro que económico, dada a correlação de forças sociais. Noutros termos, em que a política está dependente da economia-financeira, e à escala global.
Passo-a-passo fui criando, nas minhas elucubrações, uma previsão adensada (dialéctica) de que se caminhava, precipitada e rapidamente, para a abertura de um caminho que nos colocaria perante um salto qualitativo:
ou para uma rotura positiva resultante de resposta de povos e Estados à crise económica permanentemente em gestação no capitalismo e de certo modo em descontrolo… mas, para isso, com que forças organizadas e como?;
ou para um abismo (com sinais denunciados – então e desde então –, por exemplo, em crónicas internacionais de Jorge Cadima e trabalhos de José Goulão, que são assustadores), para um desastre civilizacional, planetário.

continua