do quase-diário, neste sábado de acalmia (nossa):
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(...)
Entretanto, o "X" mandou-me cópia do mail que enviou ao psiquiatra dele, relatando-lhe uma
queda abrupta por lhe terem cortado os prémios no salário, pelo 2º mês
consecutivo.
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A fragilidade em que se está
a viver é assustadora, e o "X" tem dela consciência, faz dela uma arma e uma
justificação… é um caso (diria…) interessante.
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No entanto, nessa
quase-lucidez ou lucidez justificativa (de quê?, para quê?), o que descortino como muito mais grave é
o que está na situação objectiva de tantos e tantos jovens, na sua
instabilidade, na precariedade dos seus laços, e na incapacidade (ou dificuldade) de irem bem ao fundo das
coisas, não encontrarem, no meio da palha
das palavras, o grão da relação laboral.
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Que tempo este que estamos a
viver!
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Escrevia eu, em Março (já, ou só, há 8 meses!):
1.
(…)
2.
Num outro plano, no da necessária adaptação
das relações de produção à evolução das forças produtivas, o actual momento
histórico parece explodir com este rastilho de crise sanitária e, sobretudo,
com o seu aproveitamento.
O trabalho em casa, o
tele-trabalho e outras modalidades surgem como recurso para compensar a
impossibilidade ou perigosidade de grupos e equipas, e afigura-se-me que está a
ser tentado fazer, como emergência, o que seria muito difícil de conseguir em
situação normalizada e com natural e evidente luta de interesses antagónicos de
classe. Nas “soluções” emergentes, devido à emergência!…, o trabalhador fica
isolado, o seu camarada do mesmo tipo ou perfil de trabalho surge-lhe – é-lhe
apresentado ou sugerido – como seu concorrente, não há contratação colectiva,
proíbe-se as greves, horários de trabalho são inexistentes e geridos em função
dessa concorrência, também quase impossibilitadora de posições colectivas e solidárias.
A precariedade aparecerá como
inevitável.
A situação sindical pode vir
a ter de confrontar gravíssimos problemas no seu papel de organizações de
defesa económica dos trabalhadores e das suas condições de trabalho, nomeadamente
na questão dos horários, verdadeiramente básica para a concepção do trabalho
como criador e social, e do tempo livre
como objectivo e expressão de liberdade.
Nos países ditos
desenvolvidos, do capitalismo em fase imperialista, colonialista-nova maneira
(expressão que entrou em desuso, mas que não perdeu sentido), as relações laborais
poderão vir a sofrer alterações profundas e perniciosas, nessa perspectiva do
trabalho como único criador de valor e na luta contra a exploração dos
trabalhadores a partir da mercantilização da força de trabalho.
No panorama ou xadrez
internacional, na inoperacionalidade ou até servilismo das Nações Unidas, é
cada vez maior a importância da China (e do seu modo de ser o mais populoso Estado
do mundo, e com um Partido que se afirma comunista no poder), da Rússia (o
maior país do mundo, que tem recusado submeter-se à estratégia do capitalismo
financeiro transnacional) e dos povos que se libertaram e não aceitam recuar na
sua soberania.
(…)
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