DOSSIER
sexta-feira, fevereiro 25, 2022
Dossier do PCP
SOBRE
A escalada
A Santa Aliança Americana
O reconhecimento, por parte da Rússia, da independência das Repúblicas Populares do Donbass, foi o pretexto invocado por Biden para elevar ainda mais o risco de uma guerra, disparando um pesado pacote de sanções económicas cuja crítica uniu a chamada «esquerda progressista» do Partido Democrata à direita mais reaccionária do Partido Republicano. De Bernie Sanders a Donald Trump, todos acham que Joe Biden não está a fazer soar os tambores de guerra tão alto quanto devia.
Ted Cruz, do Partido Republicano, acusou Biden de «ser, em larga medida, culpado por esta crise» por ter uma «estratégia sem credibilidade baseada em fazer o que tem de ser feito». Já o congressista democrata Jim Jones, agoirava que «Putin está a invadir a Ucrânia, ponto final, parágrafo. Já o fez uma vez e vai fazê-lo novamente se não impusermos sanções absolutas». Também o democrata Bob Menendez pedia a Biden para «parar de se equivocar sobre se isto é ou não é uma invasão», acrescentando que «os EUA têm de tornar claro que as consequências começam já». Na mesma linha, a democrata Elissa Slotkin, da CIA, sintetizava: «Este é o momento de lhes mostrarmos [à Rússia e à China] quem vai escrever o próximo século.»
Acabados de regressar aos EUA, a delegação bipartidária de 21 quadros Republicanos e Democratas à Conferência de Segurança de Munique, subscreveu o mesmo texto em que se reclama que «o ditador Putin e os seus oligarcas corruptos paguem um preço devastador». Betty McCollum, em nome da delegação, resumiu a verve: «somos ambas as câmaras do Congresso, somos ambos os partidos, estamos unidos. A NATO está unida, a UE está unida e estamos dispostos a fazer tudo o que for preciso.»
Este consenso já se começou a traduzir em iniciativas legislativas nas duas câmaras do Congresso: na Câmara dos Representantes, os dois partidos uniram-se para aprovar o Support, um novo pacote de doação de armamento de guerra à Ucrânia; no Senado, 80% dos democratas aprovou outro pacote semelhante.
Nesta santa aliança contra a Rússia couberam os chamados «democratas progressistas» como Bernie Sanders. Conhecido por já ter apoiado as guerras na Jugoslávia e no Afeganistão, Sanders exige agora «sanções sérias» contra a Rússia. Também Jamaal Bowman, dos «Socialistas Democráticos da América», comparou Putin a Hitler e exigiu «agir agora, imediatamente».
quinta-feira, fevereiro 24, 2022
segunda-feira, fevereiro 21, 2022
Como se pode ser neutro...
... com uma informação destas a invadir-nos?
Um exemplo entre milhentos:
Hoje de manhã (para começar o dia):
Um tiro pode deitar tudo a perder. Na linha da frente ucraniana a ordem é para manter o sangue frio, gelado como a temperatura do ar. Não ripostar, não reagir, mesmo que haja provocações do lado pró-russo, mesmo que sejam atacados ou ameaçados. Um só disparo ou bombardeamento pode ser a desculpa para a invasão, como crianças mimadas que justificam a quezília porque o outro começou.
Com tanta aparente leveza (ou ligeireza, ou leviandade) de "um lado" face ao "lado pró-russo", quem tem, ou procura, outra informação, só pode ter uma posição. Não de indiferença, não de neutralidade, é-se obrigado a ser pró-russo (ou lá o que nos queiram chamar)!
quarta-feira, fevereiro 16, 2022
terça-feira, fevereiro 15, 2022
A "ajuda dos escuteiros"
Há não sei por quem contada (ou inventada), nem sei há quantos anos (décadss) já foi, muito ri com a história da boa acção (BA) diária que os escuteiros tinham de relatar aos seus superiores. Teria sido o caso de três ou quatro terem relatado a BA de terem ajudado uma velhinha (uma senhora idosa...) a atravessar uma rua de muito trânsito.
Quando o terceiro (ou o quarto) jovem escuteiro abundava na mesma história de ter ajudado a pobre senhora de idade a atravessar a rua, o monitor (ou como se chamam os escuteiros de mais idade e responsabilidade) questionou: "... espererem aí... mas era a mesma senhora idosa?... e porquê foram vocês todos a ajudá-la a atravessar a rua?". os três ou quatro tossicaram e e responderam " ... é que ela não queria atravessar a rua... tivemos de ser os 4 a a 'ajudá-la'".
Não sei porquê (ou sei?) a informação torrencial sobre a "invasão da Ukrânia pela Rússia" fez-me lembrar a inocente historinha dos escuteiros.
quinta-feira, fevereiro 10, 2022
de pandemia em pandem(on)ias, de histeria em histerias...
... até à pantomima e história finais, a toque de caixa do tsumani informativo?!
quarta-feira, fevereiro 09, 2022
isto é de perder a tramontana
Uns-de-nós estão "ligados" à vodafone; outros-de-nós estão "ligados" à meo; todos-nós estamos "ligados" uns aos outros.
Isto tudo - e todos - feito num nó. Que seria lindo se fosse no plural, num nós.
Uma das coisas a que uns-de-nós estão "ligados" tem um problema, sabotagem, pirataria, ou lá o que seja (o que deus quiser que seja), e é uma coisa do arco-da-velha: tudo em polvorosa!
Já tinha havido um antecedente, num "ataque cibernético" à Impresa, do Expresso.
Mas à segunda vez, até parece ter sido "de vez".
Mesmo quem passe pela televisão só de passagem, não conseguiu escapar ao assunto do momento.
Ele foram todas as horas "nobres" com a cibervigilância. RTP1, RTP2 e 3, SIC e vários SIC, TVI, CNN. A CMTV? Não se viu se conseguiu tirar algum espaço ao futebolar.
Não se garante que alguém tenha ficado devidamente informado, mas de boa mente se pode dizer que não faltaram informação, e debates, e opiniões.
De repentemente, a cibervigilância invadiu-nos a casa, o pós-prandial, o sono, e não se diz os sonhos mas, de certeza, as preocupações.
Como se não chegassem as preocupações que temos como temas, este passou a tema-maior!
Parece tudo - e todos - de tramontana perdida!
A propósito, e do Assange não se fala?
As "várias razões" do sr. mini stro...
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, confirmou que Portugal não terá representação política nas cerimónias de abertura e de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, "por várias razões", segundo revelou esta segunda-feira em Bruxelas (onde é que havera de ser?)
HORIZONTES PRÓXIMOS
LEITURAS QUE INFORMAM:
O ORIENTE PRÓXIMO HORIZONTE DO MUNDO
Manuel Begonha
Presidente da Assembleia Geral
Enquanto que os EUA e a UE mantêm guerras, ingerências e sanções em vários países do médio - oriente, o Irão emerge apesar de tudo isto, como uma peça relevante no xadrez político que fervilha no sudoeste asiático. Este país com uma longa história na região procura na Ásia uma saída alternativa.
Como declarou o deputado iraniano Mohsen Zanganeh :" Penso que se concentramos a nossa atenção nos países orientais, especialmente aqueles da Ásia Central, Ásia Oriental , bem como na Europa Oriental em vez de nos concentramos no Ocidente, podemos definitivamente beneficiar do seu considerável potencial económico. "
Desenha-se claramente uma aliança China, Russia e Irão, chamada Parceria da Grande Eurasia que inclusive anunciou já, exercícios navais conjuntos no Golfo Pérsico.
O Irão finalizou um plano abrangente de cooperação por 25 anos com a China e aderiu ainda à Organização de Cooperação de Xangai (SCO). Está também a ser negociado, baseado neste acordo, um outro por 20 anos com a Rússia.
Abriu-se também o Corredor Internacional de Transporte e Trânsito Golfo Negro que irá impulsionar a Iniciativa Rodoviária e do Cinturão Leste - Oeste liderado pela China (BRI) e para o Corredor Internacional de Transportes Norte - Sul, liderado pela Rússia e pela Índia.
Este corredor envolve a Rússia, Ásia Central, Azerbeijão Europa, Turquia, Irão, Afeganistão e Índia, sendo um sistema de trânsito multimodal de 7200 Km em conexão com a (BRI).
Na cimeira da Organização de Cooperação Económica (ECO) o Azerbeijão, Irão e Turquemenistão finalizaram um acordo de troca de gás.
Deste acordo resultou também o desenvolvimento das enormes reservas de petróleo e gás off shore, existentes no Mar Cáspio.
Por outro lado, espera-se a conclusão do Trans Caspian Pipeline (TCP) que atravessa o Mar Cáspio e que irá estabelecer a ligação ao corredor de Gás do Sul e à TANAP da Turquia.
A ramificação final para a Europa será finalmente concluída através do gasoduto Nabuco que traria para a região gás em abundância. É claro se não houver sabotagem política, como facilmente se adivinha.
Convém recordar que numa disputa recente com a UE, o impedimento da construção do gasoduto North Stream 2, fará esta sofrer unilateralmente com a correspondente não utilização, porque indo ao encontro dos ditames dos EUA, impondo a compra do seu gás natural liquefeito (GNL), muito mais caro, devido aos elevados custos de extracção e de transporte.
Em contrapartida a Rússia tem um novo acordo estratégico com a China.
O gasoduto "Power of Siberia", começou a exportar gás do leste da Sibéria para o nordeste da China há dois anos.
Estes países fizeram um acordo para a construção de um segundo gasoduto Power of Siberia 2 que transportará gás natural da península de Yamal no Artico Russo, para o nordeste da China. Tal significa que este gás tanto poderá facilmente abastecer a China como a Europa.
Encontram-se ainda em execução projectos ferroviários para ligar o Golfo Pérsico ao Mar Negro, através do Irão, Azerbeijão e Georgia que permitirá a movimentação de mercadorias dos portos do Sul do Irão para a Europa Central por via exclusivamente terrestre.
Estes factos podem explicar as tentativas de desestabilização e uma permanente política de agressão com recurso à NATO, aos países oriundos ou não da ex União Soviética, através de sanções, chantagens e ameaças perpetradas pelos EUA, lamentavelmente acolitados pela UE.
Não será dispiciendo admitir que estas novas rotas deste importante recurso energético que é o gás natural desencadeie uma desenfreada e perigosa corrida aos armamentos.
Podemos considerar que esta estratégia se destina a enfraquecer a economia da Rússia e da China, forçando - as a aumentar os gastos militares em prejuízo do respetivo desenvolvimento e melhoria social, à semelhança do que foi feito com a URSS que poderá ter conduzido ao seu colapso.
A parceria da Grande Eurásia, é impulsionada pela defesa dos interesses comuns de um conjunto de Estados que pretende criar um novo paradigma multipolar, gerando nova riqueza que harmonize as necessidades de um todo.
E assim, se libertarão do monopólio unipolar dos EUA.
Ver:
Mathew Ehret - Dinâmica global - Dez. 2021
John Foster - Counterpunch - 3 Fev. 2022
terça-feira, fevereiro 08, 2022
O MANDA CHUVA - Fevereiro (de 1972)-1
CINQUENTENÁRIO DE
Caminhavam, então, os pides da brigada, mandados pelo respectivo chefe, pela António Maria Cardoso, atravessavam o Largo de Camões, subiam a Rua da Misericórdia (a Rua do Mundo...), para irem cumprir a ordem (seca à chefe de brigada) "vão à Prelo e apreendam o manda-chuva! Deviam ir matutando e conversando "apreender o manda-chuva... qual manda-chuva... será chuva?, será gente?". Subiram a escada do 67, bateram à porta talvez sem a habitual brutalidade. Do outro lado, veio abrir-lhes a porta o João Honrado, como muitos anos de Peniche e de tratos (maus, claro) com aquela gentalha, Sem se terem identificado, um dos dois agentes daquela gentalha tartamudeou "... o manda-chuva...". Surpreendentemente, o João, a viver a euforia do êxito editorial, não hesitou: "... quantos querem?". Esclarecida a dúvida que os atormentava, entraram os dois de rompante, casa dentro e com voz de comando "TODOS!"
Levaram meia dúzia de exemplares, que tinham ficado de sobras!
(continua... que isto não fica assim)
continua
sexta-feira, fevereiro 04, 2022
CONTRADIÇÕES - USA (e abUSA)
- Nº 2514 (2022/02/3)
Contradições
A mais recente escalada de retórica bélica anti-russa parece um diálogo dos filmes do Tarzan: «Rússia má, NATO boa». Às proclamações insistentes sobre uma iminente «invasão russa» juntam-se acusações do governo britânico e dos EUA de que a Rússia estaria a organizar um golpe de Estado na Ucrânia (New York Times, 22.1.22). Não deixa de ser irónico, tendo em conta que o actual regime ucraniano assenta as suas raízes no golpe de Estado de 2014, abertamente patrocinado pelos EUA/RU/NATO/UE. Ainda mais irónico é que um eventual golpe na Ucrânia pode estar sim a ser preparado, mas pelo partido da guerra no seio do imperialismo anglo-americano.
Diz a CNN (28.1.22): «Enquanto os EUA advertem o mundo sobre uma potencial ‘iminente’ invasão russa da Ucrânia, um dirigente estrangeiro em particular não está convencido: o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. […] Zelensky afirmou aos jornalistas na passada sexta-feira que ‘existe no estrangeiro a sensação de que existe aqui uma guerra. Não é assim’. […] Zelensky e os seus conselheiros fartaram-se nas últimas semanas do que consideram ser uma «reacção excessiva» por parte dos EUA, que acreditam estar a incitar o pânico e uma convulsão económica na Ucrânia […]. As tensões latentes culminaram na noite de quinta-feira, quando Biden – durante uma chamada [telefónica] – incitou a Ucrânia a preparar-se melhor para uma potencial invasão em Fevereiro. […] A chamada ‘ não correu bem’ disse um alto funcionário ucraniano à CNN. […] Na sexta-feira, Zelensky redobrou a sua insistência de que uma invasão russa não está ‘iminente’ […] ‘Eu sou o Presidente da Ucrânia. Estou aqui sediado e penso conhecer com mais profundidade os detalhes do que qualquer outro presidente’». O ministro da Defesa da Ucrânia fala no mesmo tom. Conhecidos jornalistas partidários de todas as guerras imperialistas (como Julia Ioffe, puck.news, 25.1.22) já começaram o ataque a Zelensky: «a Casa Branca […] está praticamente farta do presidente Zelensky».
A zanga não é de princípio. Zelensky é defensor das campanhas anti-russas, da subordinação aos EUA e de sanções contra o gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e Alemanha; preside a um regime profundamente corrupto onde fascistas assumidos ocupam cargos importantes e conhecidos colaboracionistas com os invasores nazis são publicamente homenageados; o principal dirigente do maior partido da oposição está desde Maio em prisão domiciliária e é acusado de traição (RT, 23.12.21); importantes meios de comunicação social opositores foram encerrados. Mas é bem possível que Zelensky, tal como a Alemanha, França e outros países europeus, estejam a perceber que a decadente e cada vez mais desorientada super-potência imperialista, no seu afã de travar o seu declínio parece procurar desesperadamente uma guerra na Europa. Veja-se as delirantes declarações dum Coronel dos EUA, Alexander Vindman (realclearpolitics.com, 19.1.22): «estamos prestes a ter a maior guerra na Europa desde a II Guerra Mundial».
terça-feira, fevereiro 01, 2022
As eleições... peço (e tomo!) a palavra
retirado do quase-diário:
Com tanto bicho careta a comentar as eleições, antes, durante e depois, também me está a dar vontade de fazer alguns comentários.
Um sobre a “golpaça” que elas foram, outro sobre as sondagens.
No PCP viu-se tudo, desde o início… e disse-o: o 1º ministro levou o PCP ao desespero de votar contra o OE (que outra coisa não podia fazer!) para se ver livre dos incómodos “apoios” de que precisava e tentar a maioria absoluta. E disse-o, sem eco porque a mordaça funciona no que respeita à massificação da informação.
Se alguém quiser ler o fundamento das posições – o que se disse antes e para campanha -, e se a leitura for mais fundo e mais atrás, verá com toda a clareza, que a posição do PCP era a de quem sabia os riscos enormes de umas indesejáveis eleições naquele momento, e a que se via obrigado. Foi para a luta para “minorar os estragos”. Com uma evidente - e capciosamente, para não dizer hipocritamente - aproveitada intenção de "não fechar portas".
Em contrapartida, o PS jogava (poucas vezes foi tão bem aplicado o verbo em política) a carta da maioria absoluta, com a escapatória, se nem tudo corresse bem, de poder apoiar-se a torto e a direito, conforme conveniente, tendo, do seu lado direito, partidos partidos ou sem real peso político em comportamento democrático, com uma aVenturesma a partir a loiça e a baixela, e do seu lado torto um desastrado (desgeringonçado...) Bloco, a ser manso quando deveria ser firme, a ser bruto quando deveria ser cauteloso… isto ainda com a reserva na manga, e muito ao jeito do PdaR, de um visível (ou invisível...) bloco central.
Foi quase um trimestre, no meio da pandemia a crescer em número de infectados, e com o Natalinho pelo meio, num a ver se te avias.
A tecla muito bem (es)premida dos culpados da crise, de dedo apontado, samarra para o Alentejo e muita força do lado de lá do Tejo, com a não sarada ferida de Almada a ajudar.
Depois, o corridinho das sondagens a serem aproveitadas “à maneira”.
E este é o segundo tema… não me retenho no aspecto técnico do que se baseia em amostras a terem de ser muito bem escolhidas num universo heterogéneo e de variáveis mutantes, mas no que ou para o que serviram.
Não vou por aí, por esse lado, vou pelo outro lado: as sondagens de previsão não fazem os resultados mas os resultados são feitos pelo aproveitamento que se faz das sondagens.
Foi de mestre (o que está longe de ser elogio) a manipulação da falsa dúvida sobre quem iria ganhar, numa quase (quase?!...) absurda falsificação de uma primeiro-ministração bipolarizada do que era para eleger deputados, circulo a circulo.
Poder-se-ia
ter feito melhor?, de certo que sim!, mas o mal maior vem de muito de trás, da
indigência de cidadania e da pobreza conceptual de quem deveria estar preparado
para a combater com as armas que não tem, e – bem pior – parece que se tem zanga
a quem as procura ter.
Uma coisa é certa, e comprovada: isto só lá vai com as massas!
Não é com
eleições como estas!