sexta-feira, junho 27, 2014

Ora... suponhamos

Suponhamos (isto é só um supônhamos...) que, a poucos minutos do início do Portugal-Gana, aquele remate do Ronaldo (que só quem jogou futebol pode considerar genial) tinha tido uma trajectória 10 centímetros mais abaixo e que, em vez de bater na barra transversal, tinha entrado na baliza... o que teria sido o jogo...  
Suponhamos (continua ser a ser um supôr...) que o guarda-redes ganês não tinha tido artes (e sorte) para impedir que aquela cabeçada do mesmo CR7, de baliza aparentemente aberta, passasse para lá da fronteira convencional que separa o golo do não-golo...
Suponhamos (ainda supônhamos..) que aquele evidente penalti.por evidente empurrão ao mesmo tinha sido assinalado como penalti (que foi!), e que tinha sido convertido segundo a lei da santa madre igreja...
Suponhamos (para não avançar com com mais supôres estuporados...) outras coisas que a cada um lembrem...

... como é que estaríamos hoje, apesar deste governo, desta política (deste e de governos vincendos e de outros a quererem vir servir o capital), dos ataques aos trabalhadores (todos!) e aos reformados (por terem trabalhado)?
O que estariam a dizer (e nós a "ouver") insistente e fastidiosamente?
Eu?... eu não digo nada! Neste caso, limito-me a procurar observar os humores das massas, condicionados pela (des)informação que estas têm.    

quarta-feira, junho 25, 2014

dias de agora - 25 Junho, um mês depois de 25 de Maio!

25.06.2014

‘Inté parece impossível!
&-----&-----&
Faz hoje um mês estávamos a votar para a eleição de deputados ao dito Parlamento Europeu.
&-----&-----&
Quem ainda se lembra?
&-----&-----&
Com a sua esperada quebra – de votos/votantes, de percentagem, de deputados – o PSD/CDS nem disso quer que se fale, para mais com um grupo maioritário, ainda que enfraquecido, lá para as “Europas” a procurar arrumar as hostes.
&-----&-----&
 A aproveitar até ao disparate o Tribunal Constitucional e o “favor” que este lhe faz por não os deixarem fazer como queriam fazer ignorando que somos um País com uma Constituição.
&-----&-----&
Com o PS a tudo fazer para que não se lembre o seu esganiçado cantar de galo, que se transformou em frouxo piar de franganito, e a esfrangalhar-se todo numa luta fratricida (… se os gatos no mesmo saco, esfaimados de votos e de poder, pudessem ser fraternos!)  
&-----&-----&
Além de que, lá pelas suas/deles Europas, os outros parentes da sempre prestável social-democracia – a começar pelo François de Hollande – ainda pior estiveram que cá pelo Seguro, com tanta gente de Costas e as orelhas a arder.
&-----&-----&
O Bloco também nem sequer lembrar se quer de tais resultados, embora bem precisasse de aprender com eles as lições que nunca quis aprender.
&-----&-----&
Fica o quê? O PCP, coligado na CDU, que agiu, neste mês, como se tivesse havido aquelas eleições e com aquele resultado.
&-----&-----&
Não deitando foguetório despropositado… continuando a luta e nela inserindo os resultados inapagáveis.
&-----&-----&
Com a luta nos locais de trabalho e nas ruas – as eleições têm, sempre de ser vistas como manifestações de um “estado subjectivo” das massas!... –, com a moção de censura, com o pedido de audição ao PdaR para tentar despertar do torpor o mais esquecido e ausente de todos, embora sabendo-se que tal será missão impossível… mas que serve para mostrar quem é quem e como.
&-----&-----&
De frangos, e de gatos, e de ausentes, escrevi sobre a mesma vontade de passar uma esponja pelo dia 25 de Maio (mais um 25 a apagar...).
&-----&-----&
Que faz hoje um mês.
&-----&-----&
Esqueci-me (também teria o direito...) do ex-bastonário e futuro nem ele sabe o quê (e para quê)?. não!, este que, à boleia de muita coisa que mereceria reflexão mais funda, está no apeadeiro de Bruxelas/Estrasburgo depois de meio-verde mas a atirar para o descolorido é que parece ter sido esquecido.  

&-----&-----&

Entretanto, já temos um português nos oitavos de final do Mundial, o sr. eng. Fernando Santos, e há ainda quem espere um Cris tiano salvador (mesmo com o joelho avariado), o que não chegaria pois necessitará de uma ajuda alemã ou estado-unidense (sim!, porque não um Plano Marshall “à maneira”... do chuto na bola?)


&-----&-----&
(...)

terça-feira, junho 24, 2014

Vale a pena ver... e aprender a ter graça

VER um que pretenderia tosquiar e ficou tosquiado

Grande Jerónimo!

Não se pode passar ao lado...

... do que tanto (pre)ocupa a malta!
Enquanto a vamos, insistentemente, avisando...
E é o que é preciso: avisar a malta!



colaboração 
inestimável
do nosso GMR

segunda-feira, junho 23, 2014

dias de agora, agora mesmo!

23.06.2014

Deitei-me depois de ver o Portugal-Estados Unidos… e de “ouver” uma torrente torrencial de comentários sobre o jogo.
&-----&-----&
Que seriam o seu inverso se, tendo sido o mesmo jogo, jogado pelos mesmos “artistas” com a mesma habilidade e execução, tivesse sido outro o resultado .
&-----&-----&
Que foi fortuito como todos mas este exagerou (esteve à beira de 2-0, de 1-3 e acabou 2-2 no último segundo), e é o que fica e que determina todas as avaliações e todos os comentários.
&-----&-----&
Assim parece ter de ser.
&-----&-----&
Que, como se sabe, tem muita força!
&-----&-----&
A partir de aqui encheria páginas de reflexões sobre o fenómeno desportivo e sobre o negócio do/à volta do espectáculo desportivo.
&-----&-----&
Não o vou fazer (embora tenha o apetite…) mas deixo a gracinha – neste dia 23 de Junho – de considerar um cenário que, ao que julgo, ninguém considerou: os EUA e a Alemanha não empatarem e o Gana ganhar a Portugal por diferença que, em desempate com a outra equipa que ficaria com 4 pontos, lhe desse vantagem.
&-----&-----&
O que é cenário mais possível, estatisticamente, que ser Portugal a ficar com os mesmos 4 pontos de um dos dois - e logo Estados Unidos e Alemanha!...-, e desempatar favoravelmente por diferença de golos.
&-----&-----&
No entanto... um empatezinho entre eles dois tornará tudo muito fácil para todos… menos para o Paulo Bento e sus muchachos, a quem, aliás, só a minha vizinha da Cova da Iria poderá valer.
&-----&-----&
E não faltará quem esteja a meter empenhos (vulgo, cunhas), desde o senhor Zé da Esquina à D. Maria Cavaco.

(...)

... sem a luta estaríamos muito pior...

domingo, junho 22, 2014

Uma dúvida...

Como é que toda a gente muita gente estará passando este domingo... à espera das 11 horas já quase de amanhã?
O "ambiente" português de amanhã está suspenso de uns pares de botas, uma bola e um apito!
Além dos mercados, claro!...

Dias de agora e a imprensa revista

22.06.2014

As leituras de ontem à noite, continuadas por hoje de manhã, são ilustrações do que é o “capitalismo regulado”, ou de como (não) funcionam os “reguladores” no capitalismo. 
&-----&-----&
Ou de como funcionam para iludirem ou para renovarem as ilusões que já provocaram desilusões (que deveriam ser) suficientes.
&-----&-----&
Tanta coisa lida, do publicado no dia 21 de Junho de 2014, justifica uma revista de imprensa.
&-----&-----&
Ou, melhor, uma imprensa revista que se revisita. 
 &-----&-----&
Começa pelo artigo de São José Almeida, Marcar o território, em que, a propósito da audiência pedida por Jerónimo de Sousa ao Presidente da República, faz um panegírico do PCP que é necessário e apraz ler.
&-----&-----&
«… estando no Parlamento, o PCP é um partido anti-sistema e no seu projecto tem como objectivo a superação revolucionária do regime democrata actual e a implantação de um regime socialista. É o desejo de atingir essa meta que enforma o seu perfil crítico e discursivo, que o torna na principal força anti-sistema do ponto de vista doutrinário. Mas também do ponto de vista formal, já que nas urnas, os seus eleitores expressaram apreço pela atitude política e o perfil crítico e oposicionista do PCP.
Ora, perante este eleitorado, o seu eleitorado, o PCP fez na segunda-feira o que tinha de fazer. Agiu em consonância com os seus compromissos perante os seus apoiantes e no respeito estrito do formalismo institucional do sistema político português. Foi ao Palácio de Belém, dirigindo-se ao mais alto órgão de soberania da hierarquia do Estado, o Presidente da República, para transmitir aquilo em que se especializou e com que o seu eleitorado se identifica, a saber, que este Governo e esta política não servem.
Assim, cumpriu a sua missão política no presente e marcou o território para o futuro.»
&-----&-----&
 Foi o Cid Simões que me chamou a atenção para esse texto – que reproduz no seu blog aspalavrassaoarmas – assim como para a opinião, no mesmo Público de ontem, de Pacheco Pereira.
&-----&-----&
Este estudioso, que andou por listas e deputâncias do PSD à revelia dos seus estudos, publicou um violentíssimo texto com um título e uma entrada que já o são:
com os criminosos pobres 
é que não se pode comer à mesa
ALGUM MORALISMO SALOMÓNICO TEM COMO OBJECTIVO LEGITIMAR A PENALIZAÇÃO PUNITIVA DE MILHÕES PARA DESCULPAR AS DEZENAS.
&-----&-----&

Todo o texto mantém o mesmo registo de violenta denúncia e acusação a que, nos últimos tempos, Pacheco Pereira se tem dedicado
&-----&-----&
Dois trechos:
·        «…Os incidentes com secretários de estado que vinham da banca e do sistema financeiro e que se transmutavam da venda de swaps para negociadores de swaps, mostraram essa promiscuidade. E as decisões revelam como ninguém quer beliscar uma banca de onde veio, onde pode voltar a ir.(…)»
·        «…É por isto que esta crise corrompe a sociedade e vai deixar muitas marcas, mesmo quando ninguém se lembre de Portas e de Passos
&-----&-----&
O texto de Pacheco Pereira parte da actualíssima situação no grupo Espírito Santo (em evolução), que alimenta o Expresso do mesmo dia (logo manchetes de 1ª página, A loucura no BES por Pedro Santos Guerreiro, na página 2, A fogueira das nossas vaidades por Ricardo Costa, na página 3, por exemplo, que completam colunas de “investigação”).
&-----&-----&
No Expresso, há duas novidades (para aqui…): i) a coluna de Henrique Monteiro, ii) a de outro Henrique, o Raposo
&-----&-----&
São dois Henriques que me têm feito subir a tensão (ou as intenções) e que, ontem à noite, li com calma e algum gozo.
&-----&-----&
O primeiro Henrique, a quem parece que deixei de poder chamar o que quiser…, diz que E assim se esboroa um regime e abunda em exemplos – BES, DN, PT, BCP, BPN, BPP, PS, PSD, os tribunais, o Parlamento, o PR – que ilustram esse esboroar acrescentando «De resto, há a crise. A fila de desempregados, dos desesperançados, dos jovens sem emprego, emigrantes» com o que aponta para um remate «O que sobra? Pouco.(...)»
&-----&-----&
E aqui é que o 1º Henrique torce o que lhe sobra de texto: fala de «uns vociferadores que ainda não perceberam…» (o que ele nunca perceberá) e afirma «a esperança (…) que tudo isto rebente…»
&-----&-----&
Pronto! Tem calma, oh Henrique… deixa-me passar ao Raposo.
&-----&-----&
Pois o Henrique segundo, o Raposo que tanto me tem exasperado (há coisas que são “desmasiado”…) arrancou uma crónica na “sua coluna” de que gostei muito, bem escrita, interessante... de que até recomendo a leitura (veja-se lá!).
&-----&-----&
Trata-se Do Pelado à Copa e é uma crónica sobre a vida de Paulo Bento.
&-----&-----&
Para terminar, não podia faltar o Nicolau Santos, desta vez com um artigo de fundo que me pareceu mais fraco, com uma “boa chamada” e também com um excelente apontamento: Governo e TC: Lamentável



Para este domingo - banksterismo

Para este domingo, no final desta semana (ou no princípio da que já começou?), deu-me para me lembrar  de um neologismo que, nos idos anos 2008/09, traduzi/adoptei de um texto (se bem me lembro...) de Jean Ziegler, banksterismo, corruptela de gangsterismo. 
Puxando pelo fio da meada, foi da 1ª do Expresso que me saltou a conotação, a associação de ideias-palavras, para o neologismo, dela para al capone, de al capone para este youtube de Raul Seixas. E por aqui me fico, e aqui o deixo... 



Hei, Al Capone, vê se te emenda
Já sabem do teu furo, nego
No imposto de renda

Hei, Al Capone, vê se te orienta
Assim dessa maneira, nego
Chicago não agüenta


Hei, Julio César, vê se não vai ao senado
Já sabem do teu plano para controlar o Estado
Hei, Lampião, dá no pé, desapareça
Pois eles vão à feira exibir sua cabeça

Hei, Jimi Hendrix, abandona o palco agora
Faça como fez Sinatra, compre um carro e vá embora
Hei, Jesus Cristo, o melhor que você faz
É deixar o Pai de lado e foge pra morrer em paz

Eu sou astrólogo
Eu sou astrólogo
Vocês precisam acreditar em mim
Eu sou astrólogo
Eu sou astrólogo
E conheço a história do princípio ao fim

quinta-feira, junho 19, 2014

21 de Junho - manif.


Isto não é nada vago!

Léxico enriquecido, fraca compensação para situação cada vez mais insustentável

O nosso léxico corrente foi enriquecido, por via de uma informação médica relativa ao Presidente da República, com a palavra vagal. A tal propósito - e como causa e efeito dessa invasão lexical - será conveniente conhecer o significado de tal palavra ou expressão (sistema vagal). Pois bem, procurou-se e, longe de se querer fazer "graça", deixam-se pistas e ilacções.

  • Vagal, sistema vagal, ou nervo vago, seria(m) causa de uma depressão nas actividades do organismo, deixando o sujeito excessivamente calmo e tranquilo ("vagabundo")
  • Da mesma maneira que um nervo vagal diminui a actividade cardíaca, o sujeito atacado pelo sistema não faz actividade alguma, nem toma qualquer atitude a que o seu mandato e as suas funções o obrigariam. 

Não vou faltar ao encontro!

Depois, conto...

terça-feira, junho 17, 2014

Nem orgulho, nem vergonha

Passava das 4 da tarde e ia a caminha de casa de um camarada. No rádio, uma voz berrava, estentórica, clamando orgulho nacional. Passada uma hora e meia. a mesma voz, ainda estentóri(ofóni)ca  continuava a berrar, mas agora clamava vergonha nacional.
Por favor!... nenhuma razão para orgulho, nenhuma justificação para vergonha

Assim nos informam.

segunda-feira, junho 16, 2014

Em plena intoxicação de futebolópio

declaração prévia de interesses pessoais:


Não tenho nada contra o futebol. Até sou fã (como dizia o outro). Do  desporto e/ou do  espectáculo, embora prefira a modalidade ao espectáculo e abomine o negócio (o "mercado dos escravos a peso de ouro"). Por isso, vou ver o jogo daqui a bocado. Assim me organizei!



Brasil está vazio na tarde de domingo, né?

Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
olha o sambão, aqui é o país do futebol

No fundo desse país
ao longo das avenidas
nos campos de terra e grama

Brasil só é futebol
nesses noventa minutos
de emoção e alegria
esqueço a casa e o trabalho
a vida fica lá fora
dinheiro fica lá fora
a cama fica lá fora
família fica lá fora
a vida fica lá fora
e tudo fica lá fora


Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
olha o sambão, aqui é o país do futebol
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
olha o sambão, aqui é o país do futebol

No fundo desse país
ao longo das avenidas
nos campos de terra e grama
Brasil só é futebol
nesses noventa minutos
de emoção e de alegria
esqueço a casa e o trabalho
a vida fica lá fora
dinheiro fica lá fora
a cama fica lá fora
a família fica lá fora
a vida fica lá fora
o salário fica lá fora
e tudo fica lá fora

Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
olha o sambão, aqui é o país do futebol
Brasil está vazio na tarde de domingo, né?
olha o sambão, aqui é o país do futebol

No fundo desse país
ao longo das avenidas
nos campos de terra e grama

Brasil só é futebol
nesses noventa minutos
de emoção e alegria
esqueço a casa e o trabalho
a vida fica lá fora
dinheiro fica lá fora
a cama fica lá fora
a mesa fica lá fora
salário fica lá fora
a fome fica lá fora
a comida fica lá fora
a vida fica lá fora
e tudo fica lá fora


Não estou bem à espera... mas trouxe (para a espera...) a Elis, como podia ter sido o original, o Milton (fica para outra!), à boleia do grande septuagenário Chico Buarque, que se saiu com esta "Por causa desse uso político (do futebol) durante a ditadura, fiquei um pouco avesso a essas patriotadas". PATRIOTADAS?! (orgulhos e não sei que mais...). Grande Chjco!
Vou ver o jogo! O que é que eu queria? Vou assistir "torcendo" por Portugal de botas (nunca "do botas"), mas se calhar desejando que as coisas não corram lá muito certas (ou certeiras) porque isto do ópio nunca fez bem à saúde do povo. O Fernando Pessoa que o diga.

domingo, junho 15, 2014

Para este domingo

Esta manhã (de domingo), acordei a precisar de Brel! E escolhi esta, para este domingo:



... e não resisti 
(enquanto o ouvia 
e adiava os quefazeres inadiáveis) 
a rabiscar em português 
parecido com o tão belo e forte em francês...


sábado, junho 14, 2014

Num tempo de mundo aos pontapés...
































a muito estimada colaboração 
de GMR

obrigado!

Esclarecedor!

 - Edição Nº2115  -  12-6-2014



Ilusão

A guerra do Governo e da maioria parlamentar PSD/CDS ao Tribunal Constitucional está ao rubro. Depois de Passos Coelho ter questionado, num conclave do seu partido, a legitimidade democrática dos juízes do TC – passando em claro o facto de 10 dos 13 deles terem sido escolhidos por maioria de dois terços da Assembleia da República, logo, pelo próprio PSD – e de ter posto em causa a sua competência advogando a necessidade de escolher «melhores juízes», eis que a vice-presidente do PSD saiu a terreiro a lançar mais achas para a fogueira propondo «sanções jurídicas» aos magistrados do Tribunal Constitucional quando, no entender do Governo, extravasem os seus poderes.
A insólita violência verbal de Teresa Leal Coelho – que alguns admitem ser uma forma expedita de se redimir do desentendimento com a sua bancada e o caminho mais curto para pôr fim ao simbólico desterro nas últimas bancadas do hemiciclo e voltar à ribalta – teve o mérito de pôr a nu de forma lapidar o que o PSD entende por separação de poderes, independência dos magistrados e respeito pela Constituição portuguesa.
Disse TLC em entrevista ao jornal Público que o PSD foi iludido pelos juízes que nomeou para o Constitucional: «Alguns juízes cuja candidatura foi proposta por nós criaram a ilusão de que tinham uma visão filosófico-política que seria compatível com aquilo que é o projecto reformista que temos para Portugal no âmbito da integração na União Europeia. Nós tivemos a ilusão de que esta era a perspectiva dos nomes que candidatámos a juízes do TC. Parece que não passou de ilusão.»
Não se afigura necessário pedir qualquer aclaração para entender o alcance e a gravidade das palavras de TLC. O que está dito, preto no branco, é que o PSD escolhe os juízes do Tribunal Constitucional não em função da sua capacidade e isenção para – quando solicitados – compaginarem a concordância das leis da República com a lei fundamental, ou seja, a Constituição, mas sim na expectativa de que comugam os mesmos valores do partido e têm como bússola os ditames da União Europeia. Mais, embora sem chegar ao ponto de dizer que o PSD foi deliberadamente enganado, TLC não deixa no entanto de sugerir que os juízes propostos pelo PSD, para serem escolhidos para o cargo, terão feito crer que estariam disponíveis para os fretes necessários ou, se se preferir uma linguagem mais politicamente correcta, para uma leitura elástica da Constituição portuguesa em função das políticas seguidas pelo Governo.
Se o total desrespeito pela Constituição assim manifestado pela vice-presidente do principal partido no Governo é uma afronta inconcebível ao Estado de direito, a suspeição lançada sobre os juízes é uma ofensa de tal ordem que só pode envergonhar quem a faz. Só faltou mesmo a TLC dizer que para a próxima o PSD vai exigir aos seus putativos candidatos ao Constitucional uma declaração em papel selado jurando fidelidade cega... ao partido. E diz o Presidente da República que isto é o regular funcionamento das instituições! Parafraseando TLC, parece que não passou de uma ilusão essa coisa de Cavaco ser o garante da Constituição.



Anabela Fino 

sexta-feira, junho 13, 2014

Aprendendo, sempre!

 - Edição Nº2115  -  12-6-2014
____________________________________________________





Dia M

A comemoração dos 70 anos do Dia D – o desembarque dirigido pelos EUA na Normandia em Junho de 1944 – foi um colossal embuste. Foi o Dia M – de Mentira. No seu discurso, Obama conseguiu a proeza de não fazer uma única referência ao papel da URSS na derrota do nazi-fascismo na II Guerra Mundial. Pelo contrário, afirmou que «no final desse dia mais longo […] a Muralha de Hitler foi quebrada […]. Foi aqui, nestas costas, que a maré virou na luta comum pela liberdade». A verdade histórica inapagável é que, muito antes de 6 de Junho de 1944, já se haviam dado as batalhas decisivas da II Guerra Mundial na Frente Leste, onde se concentravam mais de 75% das forças operacionais da Wehrmacht. Os nazis foram derrotados em Moscovo em Janeiro de 1942, em Estalinegrado em Fevereiro de 1943, em Kursk em Agosto de 1943. O cerco de Leninegrado foi quebrado em Janeiro de 1944. Foi o heroísmo e coragem do povo soviético e do seu Exército Vermelho que, antes do Dia D, «virou a maré» às hordas nazis.


Mas a mentira histórica vai mais longe. Logo no final da guerra, boa parte do aparelho de Estado dos EUA (com destaque para a futura CIA) se dedicou a reciclar o aparato nazi para a luta anti-comunista e anti-soviética. Caso exemplar, relatado em pormenor no livro do jornalista Christoper Simpson «Blowback: o recrutamento americano de Nazis e os seus efeitos na Guerra Fria», é o de Reinhard Gehlen, «o mais responsável funcionário de Hitler nos serviços secretos militares na Frente Leste». Gehlen entregou-se às tropas americanas em Maio de 1945, juntamente com toda a documentação dos serviços secretos que chefiava. Ao serviço dos EUA, reagrupou a rede de agentes nazis no Leste e relançou-os na guerra, nem sempre “fria”: «já em 1946 Gehlen tinha retomado o financiamento limitado do Exército Vlasov [de colaboracionistas russos] e do exército clandestino ucraniano OUN/UPA». Este último é o berço dos actuais partidos Svoboda e Sector Direita que desempenharam papel decisivo no golpe de Estado de Fevereiro na Ucrânia. Gehlen não foi apenas um mero agente de Hitler e do imperialismo dos EUA. Entre 1956 e 1968presidiu aos serviços secretos da República Federal da Alemanha, o BND, formados precisamente com base na «Organização Gehlen». Como lembra Simpson, a importância de Gehlen está directamente ligada aos seus crimes de guerra: «Gehlen obteve grande parte da sua informação através do seu papel numa das mais terríveis atrocidades da guerra: a tortura, interrogatório e assassinato pela fome de cerca de 4 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos».


Não houve exércitos clandestinos apenas a Leste. Uma falsamente ingénua notícia publicada na revista alemã Der Spiegel em14 de Maio deste ano, titulada «Veteranos Nazis criaram Exército ilegal», diz que o exército “secreto” era formado por «cerca de 2000 ex-oficiais da Wehrmacht e Waffen-SS do tempo Nazi» e «em caso de guerra,[...] o exército secreto podia chegar aos 40 mil combatentes». Tinham importantes padrinhos: «O envolvimento de figuras destacadas das futuras forças armadas da Alemanha, a Bundeswehr, é uma indicação de quão sério era este empreendimento». Entre os «mais importantes actores» estava Albert Schnez, um futuro conselheiro da chefia militar da RFA, e «Hans Speidel – que se viria a tornar o Comandante Supremo do Exército Aliado da NATO na Europa Central em 1957», o que evidencia padrinhos bem mais importantes.


Há um fio condutor ligando directamente o nazismo ao ascenso fascista na Ucrânia em 2014, e esse fio passa pelos EUA, como é também relatado num artigo na revista The Nation (28.3.14) com o título «Sete décadas de colaboração Nazi: o segredinho sujo ucraniano dos EUA». A presença do fantoche Porochenko na Normandia é elucidativa da farsa monumental que foi o Dia M. E também da cada vez mais descarada deriva fascizante das classes dominantes euro-atlânticas.

Jorge Cadima 

quinta-feira, junho 12, 2014

O capital(ismo) no século xxi

Face ao enorme ruído provocado por este livro (nas esferas da comunicação que a ideologia dominante e castradora controla e estimula) resolvi escrever um pequeno artigo sobre o facto. Que  facto é! Fi-lo a 2 de Junho, e para eventual publicação.
Por alguém conhecedor do texto o ter publicado na sua página de facebook - não à minha revelia mas sem ser partilha de publicação minha - trago-o para este meu canto-repositório porque entendo ser muito importante que isto se conheça e discuta. E aqui o deixo com esta intenção:


O capital(ismo) no século XXI e duas breves notas 

Andam agitadas as inteligências (ou deveria escrever a “inteligentzia”?).
Ou seja, num léxico que se estima mais rigoroso ou adequado à nossa base teórica, a superstrutura do modo de produção capitalista anda agitada. Ora esta superstrutura é parte da consciência social que inclui os resquícios das superstruturas de modos de produção anteriores – e ainda sobreviventes em partes do planeta –, e os germes de superstruturas de modos de produção vindouros. Pelo que é a consciência social que anda agitada.
A defesa das relações sociais de produção que definem o modo de produção (a defesa dos interesses de classe dominantes e dominadores) debate-se, ao nível da consciência social, com a necessidade de encontrar explicações para o que está a acontecer. E para, dessas explicações, se retirar o reflexo-reforço para “saídas” que prolonguem a existência do que é já obsoleto, e mais obsoleto (e insuportável) se vai tornando com o agravamento das contradições intrínsecas, cada vez mais insuperáveis… à medida que se vão, aparentemente, conseguindo superar.  
Assim acontecerá porque andam agitadas as bases materiais em que assentam as interpretações e explicações superstruturais. As desigualdades sociais e assimetrias regionais, o seu agravamento, que as estatísticas mostram (ou escondem, pelo menos em parte), e que, sobretudo, as gentes sentem e sofrem, foram previstas por parte da consciência social que, pela sua leitura da história passada, pretende ser a portadora dos germes do futuro. Do futuro noutro modo de produção, em que outras sejam as relações de produção que não as de exploração, pelos proprietários dos meios de produção, da força de trabalho tornada mercadoria, tão estritamente mercadora quanto o permita a(s) correlação(ões) de forças.
Por isso mesmo, Marx como que regressou a um papel importante, ao nível da consciência social, não porque a dinâmica histórica-social lhe tivesse vindo dar a razão que se apregoava que teria perdido em definitivo, mas porque essa dinâmica veio, com a sua objectivação, mostrar que a leitura de Marx do processo histórico continua a ser relevante, pertinente, indispensável, o que é diferente de profética e, diria, fatal. 
Esta fase de crise que o capitalismo desenvolvido está a atravessar veio exigir que se regressasse à leitura e ao estudo de Marx. Para perceber e ajudar à transformação pelos que querem transformar. Acrescentando-se, e já não de Marx, a frase (que é muito mais que uma frase!) que sem teoria revolucionária não há prática revolucionária.
Por isso mesmo, pretende-se, a partir da superstrutura capitalista, diminuir a força desse inevitável regresso, pretende-se, ao não poder negar a sua (im)pertinência, encontrar-lhe antídotos ou pervertê-lo.
Todo o enorme barulho à volta do livro Le Capital au XXIème. siécle, de Thomas Piketty, editado o ano passado, e o seu aproveitamento, mostrará essa intenção e revelará que o seu impacto mediático não é inocente ou fruto da “qualidade científica”, mas sim da oportunidade político-ideológica. O que, para nós, se tornou evidência gritante com a edição em inglês e a polémica que levantou em várias revistas e jornais… da especialidade.
A esse debate não se pode fugir. O Expresso e outras publicações portuguesas vieram juntar-se ao coro, não por “moda” mas porque fazem parte da dita superstrutura que se fecha numa ausência de alternativa para o capitalismo (o tratamento dado às resposta de Eugénio Rosa[i] é elucidativo, ao ignorar as respostas às perguntas que lhe foram feitos para compor o leque de opiniões de “economistas portugueses divididos”… economistas, sim, mas “selecionados”, antes e após as respostas dadas!).
Apenas queria deixar duas notas:
·        Capital, tal como Marx o definiu e que, como conceito, serviu para estruturar a sua obra-mestra (O Capital), que Engels completou a partir de manuscritos, não é o que Piketty trouxe para o seu livro[ii] mas sim uma relação social de produção antes das suas formas ou expressões fenoménicas.
·         Sendo evidência irrecusável o agravamento das desigualdades sociais e assimetrias regionais, provocado pela dinâmica capitalista, a procura de “saídas” pelo lado da distribuição dos rendimentos (corrigida fiscalmente) serve, só ou sobretudo, para esconder que a distribuição é determinada pela relação entre os seres humanos na produção[iii].   

2 de Junho de 2014

[ii]  - (…)when I speak of “capital” without further qualification (…) Capital includes all forms of real property (including residential real estate) as well as financial and professional capital (plants, infrastructure, machinery, patents, and so on) used by firms and government agencies.

[iii] - Marx, em carta a Engels de 27 de Abril de 1867, escreveu que «o que há de melhor no meu livro (O Capital) e aí repousa toda a compreensão» foi ter encontrado, no trabalho, o seu carácter duplo, o dualismo que se exprime em valor de uso e em valor de troca, e ter tratado a mais-valia independentemente das formas particulares (lucro, rendas, juros, despesas) que viesse a tomar nas metamorfoses do capital que, como relação social, nelas se materializa; acrescentava que «o estudo dessas formas particulares da mais-valia, quando confundido com o estudo da forma geral à maneira dos economistas clássicos, dá uma misturada informe», uma verdadeira salada como é possível também traduzir... E Marx confessou “ter suado as estopinhas para chegar às próprias coisas, quer dizer, à sua conexão”. (O Contributo de Marx para o marxismo, S.R., 2012)


expliqueme-nos...

Ministra Finanças: 
Portugal admite prescindir 
 do último cheque da troika

A ministra das Finanças admitiu esta terça-feira, em Bruxelas, que o Governo "pode ponderar a hipótese" de prescindir da última tranche dos empréstimos concedidos no quadro do programa de assistência financeira, mas reiterou que não há ainda decisões tomadas.


Expliquemo-nos:
trata-se de empréstimos
que têm de ser pagos 
e que vencem juros
e ainda somos nós a pagar as despesas (chorudas)
dos "negociadores". 
 "Concessão" quer dizer
que o empréstimo só existe 
(ou apenas se justifica) 
por não haver no mercado quem empreste,
ou que só o faça em condições 
(de prazos e juros) ainda mais desfavoráveis.
Por outro lado,
 essas condições de empréstimo
exigem as contrapartidas "troiculentas"
que se conhecem, 
muitas delas anti-constitucionais,
todas com uma marca de classe, 
contra os trabalhadores.