sexta-feira, julho 31, 2020

Mário Castrim

"... E o Curto fica por aqui, neste último dia de julho em que, se fosse vivo, Mário Castrim, um dos grandes do jornalismo português, faria 100 anos. Amanhã, há Expresso nas bancas.Tenha um dia bom."

Tão pequeninos são!

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AGENDA

Sessão Pública Comemorativa 

do Centenário de Mário Castrim

SEX., 31 JULHO, 2020, 18:00

Lisboa


Apresentação do livro «Mais poemas do Avante!» no CT Vitória (Av. Liberdade, 170) em Lisboa.

Participação de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP

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À dimensão do Homem que foi Mário Castrim

não te esquecemos e o que contigo aprendemos

segunda-feira, julho 27, 2020

De um quase-diário... ao sabor das penas

26.07.2020

(...)

Do muito que li, ou por onde passei os olhos, nesta semana de tanto para ler, ouvir e ver, houve uma frase que retive e que, de certo modo, se impôs às minhas reflexões:

 

Uma das evidências é que as regiões mais castigadas têm elevada dependência da indústria, comércio e turismo.
 

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Era conclusão de um estudo sobre a evolução do desemprego registado nos concelhos do continente de Portugal, o que não é o mesmo que desemprego real, até porque a malha e pentração dos serviços de inscrição dos desempregados não é homogénea, mas serve para aproximações à evolução do desemprego.

 

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O que fez reter-me nessa frase, ou o que se me agarrou, foi poder servir para síntese de uma evolução da economia (e da sociedade) portuguesa que é questão que me ocupa e preocupa. 

 

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No contributo de Collin Clark para a análise macro-económica, haveria um sector primário (agricultura, pesca), um sector secundário (de transformação ou industrial) e um sector terciário (o de construção, comércio e outros serviços). 

 

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A evolução económica geral passaria por uma  secundarização, ligada à industrialização, para uma terciarização, com predominância dos serviços, onde se inclui o turismo. 

 

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Não se trata de estar a rever “matéria dada”, mas de (me) ajudar a ir ao âmago dessa constatação em estudo sobre a evolução do desemprego quando a economia (a sociedade) leva um abanão (ou abalo) como o que estamos sofrendo.

 

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  Portugal já foi o País da arte de empobrecer alegremente (alegre para poucos, bem triste para muitos…) enquanto outros se industrializavam, numa autarcia estagnada até à guerra de 1939-45. 

 

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Depois, com a resistência, com interesses e gente como Ferreira Dias, Jor. (Linha de Rumo), com as conservas dos produtos do sector primário, com os têxteis, com uma C(ompanhia)U(nião)Fabril, com os cimentos, com a metalurgia, com a S(iderurgia)N(acional), avançou alguma relevante industrialização quebrando a estagnação e a misantropia salazarenta (antes mesmo de cair da cadeira ou, em nova versão, escorregado na banheira)

 

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Ainda, e muito, a guerra colonial, o enorme surto emigratório dos anos 60 que levaram a abrir mais o fechado e cinzento País. 

 

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O 25 de Abril chegou a Portugal trazido pelos portugueses, no ano de 1974, que era o ano em que se deveria iniciar o já projectado 4º Plano de Fomento Nacional. 

 

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O 1º fora o de 1953-58, o 2º fora de 1959-64 e tanto mexera que um grupo de economistas que nele trabalhara foi preso pela PIDE, a seguir veio o Intercalar – por hesitações causadas pela guerra colonial e os processos de integração europeus em curso – de 1965-67, 3º foi o de 1968-73 e, na sequência, o 4º deveria ser o de 1974-79… 

 

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… e seria (se viesse a ser) o primeiro pós-Salazar, que não vira essa coisa dos planos de fomento com muito bons olhos (modernices tecnocráticas…), e impôs muita coisa como a de que fossem hexagonais para não se confundirem com os quinquenais das… terras do Demo, lá de Leste.

 

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Em vez desse 4º Plano, onde estavam equacionadas coisas como a necessidade de regionalização(em 1973!), trabalhou-se para que houvesse um outro plano, com outras intenções, e refiro o Plano de médio prazo, de 1977-80 – de emprego e necessidades básicas –, de que não me canso de contar a história e a criminosa (para mim!) decisão do Governo PS (1º constitucional e minoritário), de – após tê-lo aprovado no executivo – não o levar à Assembleia da República, que se seguira à Assembleia Constituinte, que nos deixara a Constituição que ainda temos (com 7 rombos mas ainda a navegar).

 

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Aliás, e salta-me agora dos dedos a afirmação que esse tal Plano de médio prazo emparceiraria na perfeição com a Constituição para se fazer um caminho bem diferente do que levou ao FMI, à divida, à “Europa connosco”, às privatizações do começo dos anos 90 (e que se têm prosseguido), cujas consequências têm dado bastante trabalho à P(olícia)J(udiciária) P(rocuradoria)G(eral)daR(epública), embora tardem os julgamentos.

 

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  Em contrapartida à secundarização-industrialização nacional seguiu-se uma apressada desindustrialização. 

 

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 A Auto-Europa não é argumento, pois trata-se de significativo e quase isolado investimento produtivo externo enquanto se desindustrializavam siderurgias, estaleiros, e se empreendedorizava num vazio produtivo. 

 

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O avanço pela terciarização foi a via, com a construção especulativa (para que se avançou com vistos dourados) e o turismo à cabeça, porque há sol e praias, e pessoal a habilitar para servir os reformados do norte carentes de calor, areia e mariscos (ou outras especialidades com que a natureza nos prodigalizou ou portugalizou).

 

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Nas ruas de Lisboa e do Porto, nas praias do Algarve e onde mais as há (fluviais em quantidade, e tenho uma excelente aqui à porta), sentíamo-nos estranhos ou estrangeiros na nossa terra, e era chocante, para quem se sente português nas entranhas, passar por tanto sítio do nosso espaço ocupado, com a ajuda de uma hospitalidade que nos apraz (e apraz aos hóspedes que se sentem “em  casa”) mas que nos custa cara.

 

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E, de súbito, veio a epidemia cavalgar a crise económica que ensaiava o trote e

 

Uma das evidências é que as regiões mais castigadas têm elevada dependência da indústria, comércio e turismo”.

 

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  É a descoberta do lado negativo de opções estratégicas (de quem, para quem, porquê, contra quais), a descoberta surpresa do que foi previsto, prevenido, e agora confirmado.

 

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Curiosamente (é uma maneira de dizer), e com alguma esperança, sente-se um regresso ao primário, ao produtivo, há alguma crescente economia informal, da que não passa pelo que leva aos PIBs e quejandos mas nos traz à soleira da porta e à mesa legumes, hortaliças, galinhas e outra criação, queijos caseiros, produtos de uma pequena agricultura reanimada e fortalecedora de relações de boa vizinhança.

 

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  E receio publicar isto, não vá alertar o fisco e o seu policiamento, mas o que também é certo é que torna menos certeira, ou acertadas, outras estatísticas.

 

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  Somos, na verdade, cada vez menos, mais velhos, desempregados e mal pagos, mas sobrevivemos manejando o digital com dificuldade mas com os nossos dedos.

 

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  E têm de contar connosco, mesmo que as estatísticas não nos contem.

sábado, julho 25, 2020

Comenta dor político... a culpa é deles.

O meu anterior post tinha a intenção, que eu queria bem clara, de pegar numa frase de António Costa para afirmar que:

"... Pois, e por mim falo, embora com a convicção de que não o faço para um qualquer deserto povoado de orelhas moucas, esta é uma semana em que muito há a dizer de uma União Europeia, associação de 27 Estados-membros, com 63 anos de existência..." 

E procurei dizer alguma coisa do muito que (e há muito que) penso do processo de integração económica (e não só) de países europeus. E, depois de ler, resolvi postar no facebook para ver se conseguia chegar a mais interlocutores que pouco vêm aos blogs e se perdem (é a minha opinião) pelo FB.
Com alguma surpresa, verifiquei mais tarde que a partilha fora colocada no FB de forma que não revelava nem o título nem uma foto que acompanhava o texto. Por isso, naquele convite (!) que nos é feito para dizer em que estamos a pensar, chamei a atenção para o título do que partilhara e publiquei a foto.Assim teria causado alguma confusão. Paciência. Só agora reparo, quando me preparava para um comentário sobre este momento particularmente agitado da política portuguesa. Em que há tantos comentadores... e serei mais um.

A posição de hoje de António Costa terá sido, como tanto se comenta, de convite-desafio-pedido de casamento à sua esquerda e forte oposição à sua direita. Terá sido o que ressalta. Mas é preciso ter presente o ontem para perceber o hoje. Pouco salientado foi (ou eu não vi) o facto de, ontem, 28 deputados da bancada socialista terem votado ao contrário da direcção parlamentar e da direcção do Partido Socialista. Leio, na posição - tal como resumida - também uma forma de dizer, para dentro do partido: eu quero, mas eles não se mostram muito dispostos, se me chego para a direita é porque à esquerda não encontro apoio... a culpa é deles!

Não sendo possível negar-se que há uma relação (e forte) entre o PS e o PSD, com um padrinho em Belém a mostrar-se claramente  feliz com essa relação no habilidoso discurso do "mais largo possível", há que a tão cara (na mira do voto) "opinião pública" - particularmente a do interior ou das entranhas da social-democracia - a veja como a única possível porque os outros, os "da esquerda" (importaria saber o que quer isto dizer, como se decompõe) não querem - vêem? -, é deles a culpa! 

Este é tão-só um comentário de passagem, depois do vivido nos dias de hoje e ontem, sempre procurando perceber as cousas e, desta feita, não resistindo ao rápido comentário, por conta e risco (e dor) de quem o faz.

Isto da "política" ser coisa de "opinião pública(da)", de sondagens, da espuma dos dias, esquecida (ou não querendo lembrada) a situação das gentes, hoje e amanhã (ao chegarem as contas, as dívidas, as consequências de privatizações, negócios e negociatas, corrupções e que mais) fia cada vez mais fino. Já lá vão os tempos das papas e bolos, agora são os milhares de milhões (de quê?) que virão aí. Lá para o ano que vem...

 





sexta-feira, julho 24, 2020

"Esta não é a melhor semana para dizer mal da Europa"... ou será?

Enquanto, frente a este computador a que trabalho e me ajuda a viver  o meu tempo no tempo que vivo, procurava - com os "metros de altura"* que são os meus - como começar a trabalhar, com o tempo livre de que desfruto, enquanto ouvia o debate sobre o estado da nação, do que ouvi me veio a ajuda.
Disse António Costa, em resposta a Jerónimo de Sousa, pretendendo ser irónico "... esta não é a melhor semana para dizer mal da Europa..." . 
Esta frase, à pretendida ironia se juntaria um certo tom de paternalismo e presunçosa satisfação. Queria o primeiro ministro dizer que esta não era semana para dizer mal da União Europeia (a que por deslize permanente e não inocente chama Europa)  porque o Conselho Europeu em que ele participara (com, evidentemente, auto-valorizada intervenção sua), fora magnânimo na concessão de milhares de milhões como gesto de solidariedade, aliás dificilmente alcançado no final de um bem encenado suspense hitchcoquiano.
Pois, e por mim falo, embora com a convicção de que não o faço para um qualquer deserto povoado de orelhas moucas, esta é uma semana em que muito há a dizer de uma União Europeia, associação de 27 Estados-membros, com 63 anos de existência, que aumentou sucessivamente o número de associados, que passaram de 6 a 9 (e não 10) a 12, depois a 15 (e não 16), até chegar a estes 27 (que não são 29 nem 28 porque um potencial repetidamente não o quis ser e um outro passou de potencial a semi-efectivo e depois "exitou" ao fim de várias hesitações-opções em que foi ficando sempre out).
E é a semana para afirmar que o que se diz solidariedade (ou plano de recuperação) é a caridade que mantém cada vez mas dependente o necessitado dela. 
É o sempre tempo de dizer e confirmar que a associação cumpre a sua natureza de serviço - ao serviço de uma classe - enquanto associação de Estados-membros chamada União Europeia. 
É mais uma oportunidade de dizer a que associados tem beneficiado como filhos e a que associados tem tratado como enteados. 
É ainda altura para comprovar, dentro de cada associado, quais são as regras que impõe para que se cumpram objectivos da associação com essas regras (chame-se-lhes planos ou orçamento, de recuperação ou plurianuais, sempre sobrepondo a pretendidas soberanias) que se destinam a salvaguardar interesses (e lucros e especulações) de uns à custa de interesses (e remunerações e rendimentos) de outros. 
É, ainda e não só, uma semana em que bem se vincou a sempre não-saciedade de alguns, bem pouco frugais com o que poderia ser redistribuição de riqueza criada em outros com o trabalho de muitos nativos e mal pagos.  

Eis como uma simples frase, aparentemente feliz e silenciadora, pode provocar reflexões talvez (ou decerto) de não muito feliz expressão mas de muito sentida e fundamentada correcção ou (atrevo-me) de justificado correctivo.

* - é o título de um filme (Um Homem tem 3 metros de altura)
de Martin Ritt, de 1957
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Dedico este post (não é de uso, mas vai)
aos meus camaradas na frente de luta que é o Parlamento Europeu,
com quem tive o gosto de conviver trabalhando e trabalhar convivendo
esta semana em que tanto se falou da União Europeia











(como eu me vejo, rejuvenescido... e pequenino!)
.

A "CRISE DA CADEIRA VAZIA"

·       A Comunidade Económica Europeia, o mercado comum, tem o seu registo de nascimento pelo Tratado de Roma, de 25 de Março de 1957, formado por 6 Estados Membros, na sequência da CECA. O seu parto não foi fácil, havia outros Estados europeus que pretendiam outra solução que não a de união aduaneira, que pretendiam uma zona de comércio livre, no âmbito da OECE, em particular o Reino Unido que pretendia manter uma soberania sem entraves com o exterior a esse zona, com a sua Commonwealth (e relações particulares, ou de "ponte" com os Estados Unidos), no que foi seguido por mais 6 Estados europeus, entre os quais Portugal criando, em 1970 a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA).

Pode por isso dizer-se que desde o começo, e ao nível de processo de integração económica do espaço europeu de países capitalista, a CEE nasceu "em crise", que aliás foi levada à criação de uma outra associação, procurando uma outra forma de integração dos seus espaços económicos. E, também, desde sempre, até mesmo antes de existir..., a EFTA foi utilizada como instrumento de negociação do Reino Unido nas suas relações com a CEE. Por duas vezes, até 1965, a França, com enorme influência do seu Presidente, o ex-heroi da resistência (assim vangloriado) General De Gaulle, pôs o seu veto a negociações com Reino Unido para adesão do Reino Unido (o que veio a acontecer em 1972).

Mas também no seio dos grupo dos 6 nem mesmo nesse início os progressos foram sem percalços. Se a França ganhara algum protagonismo com a criação da associação, opunha-se a avanços que considerasse lesivos da sua recuperada soberania. E essa oposição manifestava-se relativamente a alguns germens supranacionais, e até federalistas, que se poderiam descortinar. Tanto assim, que o 1º presidente de Comissão (Hallstein, da República Federal da Alemanha), ao propor medidas como a criação de um mercado agrícola comum, o que iria contra interesses da agricultura francesa até aí a maior beneficiária do Plano Marshall, e outras de carácter supranacional, desencadeou uma enorme pico de crise, a 6, que envergonharia, aquele por que se está a passar.

Ao terminar a sua presidência, e opondo-se ao que era proposto e provável aprovação a França abandonou os trabalhos, a 30 de Junho de 1965. E assim desencadeou o chamado episódio da cadeira vazia. Que durou 6 meses.

Isto é, a reunião cimeira (então não havia Conselho Europeu) que deveria terminar às 00:00 horas de 30 de Junho prolongou-se fora de portas - onde ficara aquela cadeira vazia - até se chegar a um compromisso, o compromisso luxemburguês, segundo o qual se avançava  o princípio da maioria qualificada, incluía, também, o direito de de veto por "interesse vital" de um Estado-membro e outras medidas que levaram aquela cadeira a servir de assento a representantes da França.

Como se pode ver há manifesto exagero ao considerar a recente e presente e evidente situação de crise como a mais prolongada (ou uma das mais prolongadas) deste percurso da integração-associação de Estados-membros europeus.

quinta-feira, julho 23, 2020

Da 1ª página desta semana

(arranjo para o blog:)


Será que?

Vivo - e vivo por todos nós - uma manhã na expectativa de um voto na AdaR.
Será mesmo que o bloco central - a aliança PS-PSD ou Costa-Rio - se vai sobrepor a um dos sinais de democraticidade num poder político sempre dependente das forças sociais, da correlação de forças: a prestação de contas do executivo aos representantes eleitos pelo povo (quaisquer as condições em que o tenham sido)?; 
será que a democracia representativa vai vibrar mais uma machadada na expressão (mínima mas expressão) da democracia participativa?; 
será que, fechando essas portas (ou frestas) se abrem as janelas dos sotãos ou das caves à falsa participação, à aparência populista de uma ainda menor participação popular com formas inorgânica e violentamente repressora de liberdades, pré ou pró-fascistas?

Os picos de UMA crise-1

Se há palavras que têm moda, há outras que parecem estar sempre presentes. No que se escreve, no que se diz. Poucas como CRISE terão essa qualidade (?). A propósito - e por vezes a despropósito - lá aparece a crise a caracterizar o que vivemos ou o que foi vivido. No plano individual, ou no plano colectivo. Há as crises da infância, da juventude, da madura idade, da velhice (ih!, são tantas...); há a crise económica, a ambiental, a da agricultura, a alimentar, a crise do capitalismo. Fixemo-nos nesta. Que até tem bolhas...

Na minha opinião (que pode não estar certa... porque é minha, mas está fundamentada), acho incorrecto dizer-se que o capitalismo tem crises periódicas ou cíclicas. Considero que o capitalismo, como formação social baseada numa relação social que a define, está sempre, e inevitavelmente, em crise. E tem períodos de explosão da crise sempre latente, resultado de contradições intrínsecas que não pode resolver. Faz, acho eu, a sua diferença.

De onde resulta que as organizações que se incluem no quadro do domínio dessa relação social que define o capitalismo também vivem em crise. Que periodicamente tem os seus picos. Tal é o caso da integração económica europeia, que hoje se chama União Europeia, e já foi Comunidade Europeia, e antes Comunidade Económica Europeia. Que começou por ser uma associação de 6 Estados-membros, formando uma união aduaneira em alternativa a uma zona de comércio livre, que era defendida por outros Estados da chamada Organização Europeia de Cooperação Económica, por sua vez nascida de um Plano Marshall, que viera em socorro dos Estados do sistema capitalista economicamente debilitados pela guerra, assim aproveitando os Estados Unidos para expansão da sua economia e travar ou impedir o reforço do provisoriamente seu aliado, a União Soviética, e o (des)caminho de outros países que saíam da órbita capitalista.

Assim nasceu, com registo de nascimento em Roma, o então popularizado como mercado comum, e anos mais tarde, em Estocolmo, a chamada EFTA, ou os 7 da zona de livres trocas apenas para produtos industriais, e com um anexo G ao Tratado,que tinha em conta - ou fazia de conta que tinha... - o atraso de crescimento (económico) de Portugal.
Ora essa CEE, nascida a 25 de Março de 1957, começada com associação de 6 Estados-membros , seguia o caminho (e o exemplo funcional) da CECA-Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, criadoaa partir de uma célebre declaração do ministro dos negócios estrangeiros francês, Schuman. E veio alargando-se, ao longo destas décadas, passando de 6 a 9, depois a 10, depois a 12 (com Espanha e Portugal), depois a 15, até hoje a 27, e não 28 porque, pelo caminho e recentemente, o Reino Unido, que entrara em 1972 (mas só com um pé dentro) saiu, num processo complicado e ainda por concluir, que teria originado a "maior crise da União Europeia", como agora se chama, antes desta mesmo dos dias de hoje, que teria (quase) terminado ontem, e que teria sido a "maior crise da União Europeia", com o prolongamento da reunião do Conselho (reunião dos governos dos 27, ao mais alto nível)... e ainda falta que o Parlamento Europeu aprove o que estendeu negociações milhar de milhões a milhar de milhões, milhar a milhar de milhões para subsídios (mas com condições), milhar a milhar de milhões para empréstimos... mas só para o ano, e em cumulo de negociações relativas ao orçamento plurianual.

Porquê, e para quê, esta arenga toda? Porque tive (e gostei de) rever a história da integração europeia;para justificar e prolongar as reflexões sobre crise. É que se o Brexit tinha sido (e ainda não terminou) a "maior crise" logo é cavalgada por esta "maior crise" derivada do surto epidémico e da necessária transferência de meios (financeiros) com o nome de apoio solidário, de Fundo  de Recuperação (até de cópia espúria de um espúrio Plano Marshall).

Em resumo (para hoje), estou percorrendo o percurso do processo de integração económica dos países capitalistas europeus e vejo-o eivado de "crises", quando acho que a crise é só uma, vem das origens e não lhe faltam picos (ou explosões) a merecem ser chamadas de "a maior crise". Por exemplo, logo nos inícios, em 1965, a maior de todas, pelo menos em extensão, que não foi de um fim-de-semana prolongado até terça, mas de mais de 6 meses. O episódio da cadeira vazia... que fica para amanhã.



 

quarta-feira, julho 22, 2020

... "uma economia verde, inclusiva , digitalizada"?!

Enquanto percorria distância entre o Zambujal e a Atalaia  (para uma querida tarefa) ouvia  n vezes o 1º ministro português repetir um refrão quase cantado: "uma economia verde, inclusiva, digitalizada" e me ia perguntando o que quereria isto dizer ao esconder o que era preciso ser dito. 
Verde? ... indo ao encontro dos ambientalista (dos verdadeiros e dos falsos); 
inclusiva?... aceitando as desigualdades, inevitavelmente incluídas nas dinâmicas dominantes, disfarçando-as com tardias, regateadas, aparentes e endividadoras "ajudas"; 
digitalizada? ... isto é, "modernaça", aplicando conquistas do ser humano ao serviço de uns seres humanos para explorarem outros seres humanos, mantidos até quando, e como possível, no desconhecimento, na ignorância agradecida pelos milhares de milhões que, se não chegarem, se podem transformar em milhões de milhões de uma coisa que dê a ilusão que é uma coisa ou que poderá transformar-se em coisas. 

segunda-feira, julho 20, 2020

Vamos lá a ter calminha...

Está tudo muito excitado... É verdade que há razões para isso. E se sempre que um homem sonha o mundo pula e avança, sempre que um homem se excita deixa de ver bem, deixa de dizer coisa com coisa.
Vamos lá com calminha. O que está a acontecer desde o fim de semana passada e se prolongará não é o fim da Europa. No limite seria o fim da União Europeia, ou constatação de que a associação de Estados-membros europeus foi tão longe que tem de arrepiar caminho. Não como Europa mas como associação de Estados europeus.
Essa confusão de chamar Europa ao que o não o é tinha de dar este resultado. Não deveria, talvez, lembrar que sempre disse, e escrevi, que a União Europeia não passara a ser a Europa em Maastrich e o mercado interno e a União Económica e Monetária e o BCE e o euro. E João Ferreira até o pôs, clarinho como água em título de livro seu: A União Europeia não é a Europa

Aliás, nem esta é A CRISE da associação. Ao longo do seu percurso tem tido, SEMPRE, muitos percalços: em 1965, a crise da cadeira vazia, em 1972, o não dos noruegueses à entrada no clube, em 1992 o não dos dinamarqueses a Maastrich (e o novo não dos noruegueses), em 2005 o não dos holandeses e dos franceses (e por aí se ficaram porque foram bastante para ter de arranjar um subterfúgio chamado Tratado de Lisboa), mais recentemente o Brexit resultante do não do britânicos. Um caminho cheio de nãos, e que, contra todos esses (e outros) nãos, se insiste em continuar, 

Mas... tenhamos - todos - calminha. A União não nem nunca será a Europa! A Europa já era Europa antes, muito antes, da União Europeia, e sobreviverá à União Europeia e ao que ele representa. Tão-só uma solução precária, ao nível dos Estados, de uma correlação de forças sociais sempre instável.

no Público de hoje

sexta-feira, julho 17, 2020

A conta está na mesa...

Título do expresso curto de hoje.


"... Como escreve o The New York Times - o artigo tem por título é “It’s Merkel’s Last Rodeo. Will a Pandemic Rescue Deal Seal Her Legacy?” - a chanceler da Alemanha, país que assumiu a presidencia da União Europeia a 1 de julho, tem nesta cimeira o seu grande teste.
A sua última dança."



...
A mon dernier repas
Je veux voir mes voisins
Et puis quelques Chinois
En guise de cousins
Et je veux qu'on y boive
En plus du vin de messe
                                           ...

Mas quem raio é...

De expresso-curto enquanto leio:


"... Ontem, o Banco Central Europeu anunciou que está disposto a aplicar na totalidade o envelope de 1,35 biliões de euros concebido para o programa especial de resposta à covid-19. “A não ser que haja surpresas positivas”, sublinhou Christine Lagarde - e o mais interessante parece ser a presidente do BCE admitir a possibilidade dessas surpresas. ..."

Mas quem raio é a senhora Lagarde?,
como, porquê, ao serviço de quem
está ela ali, vinda do FMI?
a que tem a chave do cofre e da impressora
a fazedora do notas de euro,
a impressora de dinheiro ?!!!?

quinta-feira, julho 16, 2020

É p'ra amanhã...

 - Edição Nº2433  -  16-7-2020

«Empurrar com a barriga»...

Inicia-se amanhã a reunião do Conselho Europeu que aponta como objectivo chegar a acordo quanto ao Quadro Financeiro Plurianual – o orçamento – da União Europeia, para o período entre 2021 e 2027, e quanto ao chamado fundo de recuperação, engendrado na sequência dos profundos efeitos económicos e sociais do surto de COVID-19, que aceleraram o despoletar uma crise já latente ao nível da UE.
Como habitualmente, adensa-se a dramatização, com a atribuição dos diferenciados papéis na contenda, mas em que os possíveis parâmetros do desfecho foram previamente definidos e delimitados por quem tem a batuta.
Entendamo-nos…, o Conselho Europeu não irá debater, entre outras importantes medidas que se impunham: a anulação da dívida pública emitida pelos Estados que integram a Zona Euro no âmbito da resposta às consequências económicas e sociais do surto epidémico; 
a necessidade do financiamento directo dos Estados por parte do BCE, dando combate à escandalosa especulação dos mercados financeiros
a renegociação das dívidas públicas de Estados, permitindo direcionar recursos para a resposta ao agravamento dos problemas económicos e sociais; o reforço do orçamento comunitário, assegurando o que devia ser a sua função redistributiva, com vista a uma efectiva coesão económica e social; 
a rejeição da criação de impostos europeus, que desviariam para a UE meios financeiros indispensáveis ao desenvolvimento de Estados; 
ou a adopção de medidas que visem o controlo da circulação de capitais.
De igual modo, não estará em debate no Conselho Europeu a necessária revogação dos mecanismos – como o Pacto de Estabilidade, o Tratado Orçamental ou o Semestre Europeu – que condicionam Estados na promoção do investimento público, no financiamento dos serviços públicos, na dinamização da actividade económica, na resposta aos problemas sentidos pelos trabalhadores e os povos. Pelo contrário, todos os esforços são feitos para a manutenção destes instrumentos de condicionamento, de controlo, de chantagem e de ingerência, que foram, são e serão utilizados consoante a conveniência das grandes potências da UE e do grande capital.
Num quadro de crescentes dificuldades, Merkel multiplica-se na afirmação do magnânimo gesto de solidariedade que representaria a aprovação do Quadro Financeiro Plurianual e do chamado fundo de recuperação, no entanto tal não significaria mais que a adopção do que a Alemanha considera necessário para, neste momento, não acrescentar mais crise à crise. Isto é, aliviar momentânea e relativamente a Itália e a Espanha, com o intuito de salvaguardar a Zona Euro e o Mercado Único, instrumentos económicos e políticos, nas actuais circunstâncias ainda mais essenciais para os grandes grupos económicos e financeiros alemães. Ou seja, a Alemanha muda alguma coisa para garantir o essencial, empurrando o problema com a barriga
Aqueles que ocultam esta realidade, e que neste contexto anunciam «boas notícias vindas da Europa», mais não fazem do que semear ilusões quanto à UE, à sua natureza, aos seus objectivos, às suas políticas de incremento da exploração, de desigualdades sociais, de assimetrias de desenvolvimento, de imposição de relações de dependência e domínio político, de bloco imperialista.

Pedro Guerreiro

BES e etc.

Esta manhã, antes de começar a trabalhar a sério no que é prioritário face a opções e compromissos, e depois da "revista de imprensa", passei os olhos por arquivo privado (e desarrumado). Para não perder mais tempo (embora me custe deixar sem comentário as palavras de Marcelo e os silêncios de Cavaco), retirei duas imagens

terça-feira, julho 14, 2020

Comentário (muito) azedo...

Aconteceu(-me) que, ontem, depois da habitualmente rápida audição (auscultação) dos noticiários televisivos, me deixei "agarrar" pelo prós e contras, que riscara do rol das coisas a ouver, porque o tema me despertava muitas memórias, das boas, das assim-assim, e das outras: planear; e, depois, ainda passei por outro canal onde estivera um interlocutor que gosto de ouvir, o Ricardo Pais Mamede, e só tarde (e más horas) pude fazer "o serão" necessariamente encurtado. E com muito para comentar fora do programado. E do... planeado.
A decisão do primeiro ministro de, por sua conta e risco pessoal (que o homem é corajoso, não o nego, mas bem me parece que muito mal emprega, por vezes, a sua coragem!), encarregar a definição da estratégia para Portugal a um homónimo seu que também é Silva, parecera-me... estrambólica. E completamente errada, relativamente ao que penso (e aprendi e pratiquei) de planeamento e de estratégias.
Ora, agora que António Costa (e) Silva, fez o que encomendado lhe foi, discute-se... Portugal e o seu futuro, e a sua estratégia com base no documento que ACS elaborou, após reflexão aturada (e muito respeitável, como todas as reflexões bem intencionadas) e, necessariamente, algumas conversas e consultas.
Do que conheço, ou me foi dado conhecer, só tive o que esperava e não discuto. Só me espanto e lembro, para exclusivo proveito e desproveito próprio.
Espantou-me (ainda me espanto!) que a comunicação social tivesse dado relevo a números (dos poucos para engenheiro...) que eram mais que conhecidos da OCDE, do FMI, da Comissão Europeia e de toda a panóplia (a)costumada a dizer o que vai ser, até às décimas, do que talvez venha a ser ou talvez não. Mas disso não teve culpa o senhor engenheiro (que terá citado as fontes).
Já terá culpa (ou responsabilidade) nas ideias e nos projectos que elegeu como prioritários. E lembro(-me).
Lembro que nos idos anos 90 do século passado discuti, no Parlamento Europeu, no âmbito de uma coisa esquecida que se chama coesão económica e social (n. em Acto Único de 1986/7, f. por esquecimento s/data), as redes ferroviárias transeuropeias, com uma ligação, ao que ao portuguesinho interessa, Madrid-Lisboa que entroncava (Entroncamento é com os caminhos de ferro...) com a ligação Lisboa-Porto-Vigo para norte (e norte de Espanha) e Lisboa-Algarve para sul.
Lembro a importância que se deu há 40/50 ao porto de Sines, Sines agora falada pela tão falada descarbonização.
Mas o que lembro, sobretudo, é O PLANO. Que em Portugal, Salazar teve que transigir (mas, frisou ele, nada de confusões com os quiquenais, pelo que eram sexagenários, perdão, hexagonais) com os Planos de Fomento (1953-58.1959-64, 1965-67, 1968-73...) e, sobretudo um Plano 1977-80 (emprego e necessidades básicas), cumprindo objectivos constitucionalizados, aprovado pelo 1º governo constitucional que, depois, não o levou à Assembleia da República, por troca por uma estratégia FMI (dívida)/Europa connosco, cumprida escrupulosamente: estamos endividados e com a Europa tão connosco que não nos deixa respirar quanto mais ser soberanos!
Estes comentários são azedos... e incomodam (talvez só a mim), mas quero lembrar, para passar avante do azedume, que estratégias e planos nunca podem ser uni-pessoais (por mais genial que seja quem o for), são de uma equipa, ouvindo (e levando em conta o que se ouve), vendo (gravando o ouvido e visto), discutido em equipa, apreciado e apresentado colectiva e responsavelmente... Como foi o plano /o tal que era para ser de 1977/80), a que me permito chamar Manuela Silva, homenageando quem foi por ele responsável, e que, por ser responsável, se demitiu quando o viu metido numa gaveta. 
Lideres (que é que cá falta, dizem)? À espera de sugestões de engén(i)heiros?
Às vezes, tenho a sensação de que estão a brincar com a malta. Que nos tomam a,  todos e sempre, como ignaros. Ou parvos, como é mais corrente.  

As boas notícias também são notícia...

A abrir o meu quase-diário de hoje:

14.07.2020

Ontem, já depois de ter encerrado este expediente, ainda vi os mails, e abri um que chegara já tarde mas a boas horas:

Camaradas;
Anexamos enlaces com informação sobre as eleições ao Parlamento de Galiza celebradas no domingo 12 de julho nas que o Bloco Nacionalista  Galego- BNG (frente  patriótico de esquerdas do que faz parte nosso partido) obteve um grande resultado qualitativo e quantitativo, ao se situar como primeira força política da oposição à direita do Partido Popular,e  aumentando em 13 seu número de deputados (em 2016 o  BNG obteve 6 deputados e foi terceira força da oposição)
Nuns dias enviaremos valoração da direcção da  UPG sobre o significado destes resultados (traduzida a vários idiomas)
Duarte Correa Piñeiro
Secretário de RR.II.
União do Povo Galego

https://www.nosdiario.gal/articulo/politica/resultados-eleccions-galegas/20200712210523101258.html

https://www.bng.gal/articulo/novas/ana-ponton-aspirabamos-mais-triplicamos-forzas-somos-alternativa-solida-empeza-xa-traballar-polo-cambio-galego/20200713013104027825.html

segunda-feira, julho 13, 2020

Explicando-me melhor*

*-ainda no intervalo do almoço, e depois de breve troca de impressões com a minha opinião pública privada (também tenho direito...)

Não tenho nada contra (bem pelo contrário)
a denúncia dos crimes do capitalismo
na sua desumana coerência
na sua desesperada luta pela sobrevivência.

Não pactuo com (ou defenda que se esconda)
o que se considere erros ou crimes
na luta pelo/nas experiências do socialismo,
na sua procura de novos caminhos                          

Não quero é contribuir 
para confusões e cont(h)abilidades espúrias
que igualizam potenciais criminosos
                           e vítimas concretas
que manipulam palavras e números
por conta, peso e medida de cifrões

Desabafei? Está desabafado!
(... e se está quente!...) 

A propósito de cont(h)abilidades...

Embora o nosso saldo seja esmagadoramente credor, 
e não tenhamos qualquer mínima intenção 
em o diminuir com movimentos que aumentem 
as rúbricas que nos apresentam 
(e nalguns casos somos, não o negamos ou escondemos)
como devedores 
(os gulags, os gulags, os gulags, 
ah!... e os gulags, anteriores e posteriores a 1917 
e contabilizados n vezes), 

acho eu
que até de contabilidades sei umas coisitas
(o deve/haver... mas não há!...)
que devemos recusar
qualquer discussão, querela ou confronto contabilístico
sobre presos políticos 
sobre crimes contra adversários políticos.

assim como me recuso 
(mas isto sou eu...)
a discutir paisagens e retratos
com os cegos 
que veem o cisco no olho dos outros.

e, já agora, fecho biblicamente:
"Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, 
e então verás claramente para tirar o argueiro do olho do teu irmão."

domingo, julho 12, 2020

Um caso sério... tratado seriamente!... POR QUEM?



Qual o resultado desta proposta do PCP?
Porque é que a comunicação social, AGORA, fez um silêncio ensurdecedor?


sábado, julho 11, 2020

Nada se sabe de hoje se se esquece o ontem!

 - Edição Nº2432  -  9-7-2020

70 anos: guerra da Coreia, barbárie imperialista




Faz 70 anos que começou a guerra da  Coreia, uma das mais bárbaras da História e que evidenciou a natureza criminosa do imperialismo dos EUA. 

Em 1950, a II Guerra Mundial terminara há apenas cinco anos. 
O papel decisivo da URSS e dos comunistas na Vitória sobre o nazi-fascismo elevara o seu prestígio.
Por toda a parte os povos assumiam-se como protagonistas da História e alcançavam avanços importantes no processo de libertação nacional e social. Em 1949, a Revolução Socialista triunfava na China, o mais populoso país do mundo. Gigantes como a Índia libertavam-se dum secular jugo colonial (1947). Em muitos outros países, como a Coreia e o Vietname, o imperialismo procurou travar a libertação pela força. Na Coreia, os EUA deram a mão às forças mais reaccionárias, colaboracionistas com a ocupação japonesa (1910-1945). Os portugueses, que viram o Portugal fascista tornar-se membro fundador da NATO pela mão das «democracias ocidentais» conhecem o significado dessas alianças.
Enquanto o Norte foi libertado pelas forças da resistência anti-colonial sob a direcção dos comunistas, liderados por Kim Il Sung, com o apoio da URSS, os EUA instalaram no Sul uma feroz ditadura, impediram a reunificação e criaram uma base de agressão permanente – situação que, com contradições, perdura até aos nossos dias.
Procurando inverter o curso da História, os EUA desencadearam em 1950 uma guerra de extermínio contra o povo coreano. É o General Curtis LeMay que reconhece que «ao longo dum período de quase três anos matámos cerca de 20% da população da Coreia» (New Yorker, 19.6.95). Outras fontes dizem que quase um terço (!) da população da Coreia do Norte morreu na guerra (Brian S. Willson, globalresearch.ca, 2.12.17).
O Comandante em Chefe General MacArthur conduziu uma política de terra queimada, que um subalterno inglês descreveu assim: «destruir todos os meios de comunicação e todas as instalações e fábricas e cidades e aldeias. Esta destruição devia começar junto à fronteira [com a China] e progredir para sul» (citação em Cummings, The Korean War).
Grande parte das cidades e vilas foram obliteradas. Os sobreviventes tiveram de se abrigar em túneis subterrâneos. Foram despejados «oceanos» de napalm sobre a Coreia. Foram utilizadas armas biológicas, como comprovou a Comissão Científica de Inquérito chefiada por um dos mais prestigiados cientistas britânicos do seu tempo, Joseph Needham, numa iniciativa do Conselho Mundial da Paz. Em 1953, «os Chefes de Estado Maior [dos EUA] recomendaram ataques nucleares contra a China» (Cummings), país que teve um papel proeminente no auxílio à resistência coreana.

Conhecer e aprender
com a História
Não é possível compreender a realidade actual da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), e nomeadamente a centralidade dada à defesa face às permanentes intenções hostis e agressivas dos EUA, sem conhecer os sacrifícios que o povo coreano teve de suportar para resistir à agressão de há 70 anos. A História recente é feita de ameaças e provocações permanentes e de violações pelos EUA de sucessivos acordos e iniciativas diplomáticas.
Foram os ministro e vice-ministro da Defesa do presidente «democrata» Clinton que confessaram como, em 1994, «os Estados Unidos estiveram à beira de iniciar uma guerra […] preparámos os planos para atacar as instalações nucleares da Coreia do Norte e para mobilizar centenas de milhar de soldados americanos para a guerra que provavelmente se teria seguido» (Washington Post, 20.10.02). Segundo a France Presse (24.5.00) foi o presidente sul-coreano que travou a louca aventura que destruiria a Coreia.
As lições recentes da Líbia e Iraque são claras: quem aceitar desarmar-se corre o risco de ser destruído pela máquina de guerra bárbara que em 1950-53 semeou a morte e a destruição na Península Coreana.
Hoje como ontem impõe-se a necessidade da solidariedade com a luta do povo coreano pela reunificação pacífica da sua pátria, pelo estabelecimento do diálogo e da negociação, pelo fim das ingerências, pressões e ameaças externas – incluindo das sanções e das manobras militares promovidas pelo imperialismo norte-americano na região –, pela normalização das relações, pela implementação de efectivas garantias de segurança para a RPDC, com vista a uma paz estável e duradoura na Península coreana, livre de forças militares estrangeiras, no respeito da soberania do povo coreano.

Jorge Cadima
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Essa estratégia (?) 
de dividir um País em dois, 
quando não se consegue "manter a pata"
sobre todo o território,
continuou por décadas.
Lembro o Vietnam
... e Rio Maior
(e há, sempre, conivências 
que provocam amnésias)

sexta-feira, julho 10, 2020

Na crista das ondas da informação - critérios... elucidativos

Fui, de súbito, desperto para um grave problema nacional: o preenchimento do lugar de director do Museu do Aljube por Rita Rato. 
Já tinha reparado nessa questão em qu'estamos, e confesso que, para mim, fora novidade quando, há uns dias, a vira noticiada. Perguntei-me: a Rita Rato?, porquê e como?.
Fui ver (Fui-te ver estavas lavando/no rio sem [as]sabão/lavas com águas de rosas/lavas com águas de rosas/fica-te cheiro na mão...)
Fiquei informado: tinha havido um concurso, com regulamento e júri, houvera mais de 60 candidatos ao lugar, a cidadã Rita Rato, cuidando-se habilitada ao lugar, concorrera, o júri fez sucessivas triagens (de acordo com o regulamento) e, por fim, decidiu: a candidata em melhores condições é Rita Rato! Estou esclarecido, pensei eu, e voltei a pensar noutras coisas em que não tinha deixado de pensar.

De súbito, a Rita Rato passou a ser assunto. Ela. que não o fora quando fizera excelentes intervenções na AR, quando fora candidata a deputada pela emigração e fora envolvida numa redoma de silêncio.
Como era possível ter sido escolhida? Que escândalo?... e foi um ver se t'avias! Ainda pensei , ingénuo que sou, que os indignados viessem  refutar o concurso, o regulamento, o júri. Mas não, o alvo era Rita (quere-se dezer: o Partido dela!. Não faltou quem opinasse, em coro com solistas, e foram buscar uma resposta que Rita, não sei a quem nem porquê, dera a uma pergunta, resposta em que dissera que não lera não sei que livros. 
Senti-me forçado a interessar-me, até porque, hoje, um historiador encartado escolheu para sua colaboração semanal (ali!,... porque é vária e em variados orgãos), o tema. Quase impondo uma condição extra-concurso, ao jeito daquelas que antes, no antigamente, para entrar para a função pública tinha de se  fazer uma declaração em que o candidato rejeitava ideias subversivas (para subverter o quê e quem?). Isto perorado em texto publicado na última e nobre página de um jornal dito de referência.
Por curiosidade fui ver se havia alguma reacção ao momentoso caso Rita Rato, nas preocupações maiores do Partido dela. E fiz o rol:



DECLARAÇÃO DE JERÓNIMO DE SOUSA






INTERVENÇÃO BRUNO DIAS

O Parlamento tem de impedir as práticas inaceitáveis que os fundos internacionais estão a impor aos lojistas