segunda-feira, setembro 26, 2022

Imagem do dia!


IMAGEM DO DIA


Um cidadão cubano vota numa escola de Havana, a 25 de Setembro de 2022. Até às 14 horas locais, mais de 5 milhões de leitores, 55% do universo elegível, já tinham votado no referendo sobre o novo Código de Família, cujo texto elimina qualquer vestígio de discriminação no âmbito familiar, reforçando significativamente os direitos das mulheres, da comunidade LGBTIQ+, dos idosos e das crianças 

CréditosYander Zamora / EPA

Deformatações

do (quase-)diário (pgs. 7293 a 7297 no caderno 202):

26.09.2022

Os dias começam pelo correio chegado, com particular atenção para o que canaliza (nunca inocentemente) informação.

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Sobretudo, a que nos informa a todos, visando informatar-nos, e que, dispondo de meios enormes e poderosos (do poder…), ocupa o espaço informativo, impede, quando não amordaça, qualquer outra informação que não a que serve o poder, as forças que dominam as relações sociais.

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Sobretudo e sobre todos, a informação que tem e impõe o seu léxico, feito de valores e conceitos que são utilizados como se estivessem definidos, fossem definitivos e indiscutíveis, absolutos e consensuais; 

a informação que discorre com base em análises temporais e/ou com números que são falseados e ajeitados como conveniente, sem se hesitar no seu próprio e sequente desmentido temporal.

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É, em todas as minhas/nossas manhãs (minha nossa!...), o confronto com esta agressão a quem possa, minimamente que seja, ter dos mesmos afirmados valores e conceitos definições diferentes (por pequenas que possam ser as diferenças);

esta violenta agressão a quem não aceite o que lhe é dado como definitivo e indiscutível, a quem se ache no direito de pôr em causa o absoluto ou dogmático e que, por isso, não aceite decretadas consensualidades.

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Dois exemplos de hoje, desta manhã, motivadores desta quotidianamente suscitada questão da unicidade da informação, da formatação das consciências:

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Lê-se no Expresso curto que nos entra casa:

             1.      … volta a atirar o mundo para uma inesperada crise económica, com valores de inflação a fazer disparar os custos de vida e a perda de rendimentos.(…)

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“… inesperada crise económica, com valores de inflação…”?!, mas quantas vezes, e por quantos, foi prevista a crise económica, se previu (e preveniu) o disparar dos valores da inflação?...

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… beliscando desejável pudor de auto-citação, lembro intervenção minha em acto comemorativo do centenário da Seara Nova, em que glosei o mote, prevendo, sem reservas nem agravamentos… inesperados, a crise que aí está

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Mas há mais (e melhor!):

             2.     Uma das questões que se coloca é saber como pode a Europa lidar com a ascensão de partidos, democraticamente eleitos, mas que fazem muitas vezes da intolerância, do extremismo e da radicalização o centro do seu discurso político.

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Desde logo, assalta-me e agride-me a pérfida contumácia de se considerar a Europa igual a uma União Europeia, que é organização de Estados membros em construção que, mesmo que fosse construída-constituida por todos os Estados ou países do continente Europa, não poderia substituir a Europa, entidade histórica, no sentido que este adjectivo tem…

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… a União Europeia não é, nunca será, o princípio (nem o fim da história)  da Europa, substituindo-a.

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Depois, há quem se arrogue distribuidor de atestados de democraticidade, a partir de um conceito que, em vez de se basear em cidadania igualizadora de direitos sociais – o que nada tem a ver com igualitarismos primários e falsificadores –, tem um único critério: o das eleições de representantes por eleitores socialmente desiguais, com diferente informação e desinformados, a maioria deformatada.  

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Esse é o perfeito espelho-reflexo do que, por via da intolerância e da radicalização da prática de uma aparente centralidade, leva, eleitoralmente, ao extremismo da intolerância e da radicalização anti-social, anti-democrática sem quaisquer limites de um qualquer conceito elástico ou redutor de democracia.  

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  A que há que resistir, agora como sempre. 

sábado, setembro 24, 2022

... acabar com a guerra!

 DO MEU (QUASE-)DIÁRIO de hoje (23.09.2022)

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Ao ver o correio, leio o título Uma sondagem preocupante no Expresso curto.

 

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Fui ver o que preocupa o Expresso das curtas (vistas):

“… é uma sondagem, feita para nós e para a SIC pelo ICS e ISCTE. A conclusão é a tal preocupante de que lhe falava no título deste Curto: os portugueses mais atingidos pela crise já admitem cedências à Rússia, para acabar com a guerra.”

 

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Não acompanho (naturalmente!) as expressa(da)s preocupações, porque o que me preocuparia seria que não houvesse portugueses a considerarem que a prioridade é acabar com a guerra… mas é evidente que os fundamentos e antecedentes das preocupações de cada um, ou de cada lado, não são todas iguais.

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Para o Expresso (e toda a ocxidental[1]  campanha em que se expressa), a guerra fez-se porque há uns “índios maus” e era preciso exterminá-los (à Karl Valentin…), para tranquilidade dos “cóboiz” e, de caminho, atirar para cima deles – além do consumido em armas... também em cima dos ucranianos, até ao último se for preciso – com a responsabilidade da crise económica prevista, e inevitável dado o funcionamento do sistema.


[1] - Uma vez, num destrambelho de dedos saiu-me esta expressão. Gostei. Não emendei. Conota-se com OCXangai (oriental) e oxidado=enferrujado, ultrapassado. Passarei a grafar assim: oc(x)idental e oc(x)idente..

 

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E, na infatigável tarefa de impor a sua (e única) versão do que estamos a viver, no seu contumaz esforço de tudo distorcer, logo acrescentam

Sete meses de guerra na Ucrânia: “Uma paz a qualquer preço seria legitimar o regresso da guerra de conquista como normal"

 

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Mas foi para uma paz a qualquer preço que “os portugueses mais atingidos pela crise já admitem cedências à Rússia, para acabar com a guerra.” ?!?

 

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Quer dizer: nem pensar em “qualquer cedência à Rússia”, quer no que serviu de justificação à condenável operação militar, quer relativamente à situação que se vivia – e vive – naquele lado leste do Oc(x)idente, e em que a coexistência e segurança colectiva são tão ameaçadas.

 

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Acabar com a guerra? Só… depois de ex-terminados os “maus”, esmagados pelos “bons”, como manda a cartilha mediática à exaustão.

 

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Aliás – repete-se – como os “maus” alegavam ser intenção desses “bons”, disseram temer e, para o evitar, teriam desencadeado a operação militar.

 

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E A PAZ?! Tranquiliza (um pouco…) que os portugueses inquiridos não a tenham esquecido como referência ou, mais!, como prioridade.


quinta-feira, setembro 22, 2022

É preciso informar!

  - Nº 2547 (2022/09/22)


Organização de Cooperação de Xangai 
pela paz, prosperidade e desenvolvimento

Internacional


A 22.ª cimeira dos chefes de Estado da Organização de Cooperação de Xangai, reunida nos dias 15 e 16, em Samarcanda, no Uzbequistão, apoiou os esforços dos países da região para garantir a paz, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável.

Os países membros da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) divulgaram a Declaração de Samarcanda, que assinala diversos desafios e ameaças globais, como as desigualdades tecnológicas e digitais, as turbulências nos mercados financeiros mundiais, a instabilidade nas cadeias de abastecimento, o aumento das medidas proteccionistas e a incerteza na economia mundial.

O documento foi assinado naquela cidade histórica, no final da cimeira de dois dias que reuniu os líderes do Uzbequistão, China, Rússia, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Paquistão e Irão, que concluiu o processo de adesão como membro de pleno direito nesta cimeira.

São países observadores o Afeganistão (que não esteve presente na cimeira), a Bielorrússia e a Mongólia, enquanto a Arménia, o Azerbaijão, o Camboja, o Egipto, o Nepal, o Qatar, a Arábia Saudita, o Sri Lanka e a Turquia são «parceiros de diálogo». Na cimeira participaram como convidados a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático), a Comunidade de Estados Independentes, as Nações Unidas e ainda o Turquemenistão.

A Índia assumiu a presidência rotativa da OCX até Setembro de 2023, quando se realizar nova reunião do Conselho de Chefes de Estado da organização, criada em 2001. Os países membros representam cerca de 30 por cento do PIB mundial e 40 por cento da população do planeta.

 

Desafios e prioridades

Declaração de Samarcanda realça os impactos da mudança climática global e da actual pandemia de COVID-19, que colocam desafios adicionais ao crescimento económico, o bem-estar social e a segurança alimentar, e sublinha a necessidade de adoptar novas abordagens para promover uma cooperação internacional mais equitativa e eficaz e um desenvolvimento económico sustentável.

Apoia os esforços dos países membros para garantir a prosperidade, a paz e o desenvolvimento sustentável e defende o reforço do papel da OCX na melhoria da estabilidade e o desenvolvimento sócio-económico da região. Além disso, expressa preocupação pela ameaça à segurança que representa o terrorismo, o separatismo e o extremismo e condena energicamente os actos terroristas em todo o mundo.

Os países da OCX consideram que um dos factores mais importantes para preservar e reforçar a segurança e a estabilidade na região é a rápida resolução da situação no Afeganistão, apoiando o estabelecimento de um Estado independente, neutral, unido, democrático e pacífico, livre de terrorismo, guerras e drogas.

Assinalaram que os esforços para melhorar a conectividade entre a Ásia Central e a Ásia Meridional garantirá a prosperidade da zona.

Acordaram em fomentar a cooperação económica regional promovendo um ambiente propício para o comércio e o investimento. Propõem-se cooperar na economia digital.

Concordaram em construir um sistema económico sustentável mediante a promoção de tecnologias verdes e respeitadoras do meio ambiente e reconheceram a importância da introdução de tecnologias modernas e a cooperação activa no âmbito da segurança alimentar.

 

Unir forças na Ásia e reforçar cooperação

O presidente da China, Xi Jinping, advogou unir forças na Ásia para impulsionar a cooperação, manter a estabilidade e lutar contra o terrorismo e o extremismo.

Ao intervir na 22.ª cimeira de líderes da OCX, em Samarcanda, o dirigente chinês insistiu na defesa da «autonomia estratégica» da região e na rejeição por todos os Estados de qualquer tentativa de provocar a confrontação.

Apelou ao trabalho conjunto na defesa da segurança duradoura, na prevenção do extremismo e terrorismo, no apoio mútuo em interesses fundamentais e num desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.

Xi propôs salvaguardar a estabilidade e o fluxo normal das cadeias de abastecimento, avançar para uma maior integração e articular a iniciativa chinesa da Nova Rota da Seda com as estratégias de progresso dos diversos países da Ásia.

Sugeriu, igualmente, alargar os membros da OCX, face ao interesse de muitos países, considerando essa organização um exemplo de apego a princípios como consultas, benefícios partilhados, tratamento igual e convivência harmoniosa apesar das diferenças.

sexta-feira, setembro 09, 2022

GUERRA ECONÓMICA

 - Nº 2545 (2022/09/8)_________________________________________________

Guerra económica

Opinião

A confrontação da NATO com a Rússia não é apenas militar. Em Março, o ministro da Economia e Finanças da França tornou claro o objectivo mais geral dos centros imperialistas, proclamando uma «guerra económica e financeira total» contra a Rússia para «colapsar a sua economia» (Reuters, 1.3.22). A revista Economist (27.8.22) confirma: «um outro combate está a ser travado – um conflito económico duma ferocidade e extensão não vistas desde os anos 1940, com os países ocidentais a tentarem pôr de joelhos a economia de 1,8 triliões de dólares da Rússia através dum novo arsenal de sanções.»

Mas a revista, que também tem os olhos postos na China, confessa: «Preocupantemente, a guerra de sanções não está até agora a correr como esperado.» O FMI prevê que o PIB russo encolha apenas 6% este ano, «muito aquém dos 15% que muitos esperavam em Março». A revista queixa-se do resto do planeta, afirmando que «a principal falha é que os embargos [..] não estão a ser implementados por mais de 100 países a que corresponde 40% do PIB mundial».

Ou seja, boa parte do planeta não se quer suicidar para defender a hegemonia planetária das potências imperialistas euro-americanas, que já não corresponde sequer à realidade económica. Mas a UE quer. O Economist escreve que o ricochete das «sanções do inferno» estão a atingir «a Europa, onde a crise energética pode provocar uma recessão». Ainda o Economist (3.9.22) escreve: «O sofrimento vai ser dramático e irá alastrar […]. Vai aumentar a pressão sobre a economia que já se sente com os aumentos das taxas de juro pelo Banco Central Europeu para combater a inflação. Muitos economistas prevêem uma recessão nos próximos meses».

A real dimensão da catástrofe em curso na Europa começa a tornar-se clara neste final de Verão. A revista Business Standard (3.9.22), noticiando um estudo ligado às empresas do Reino Unido, titula: «60% das fábricas britânicas em risco de falência com a explosão das facturas de energia» e acrescenta: «quase metade dos produtores tiveram um aumento de mais de 100% nas contas de electricidade no último ano». A extensa lista de empresas que já anunciaram o encerramento ou redimensionamento das suas operações cresce todos os dias. Está em curso um autêntico processo de desindustrialização da União Europeia com pesadas consequências sociais, além de económicas e políticas.

O economista Ricardo Cabral explica em dois artigos (Público, 29.8 e 5.9), que a explosão de preços da energia não resulta apenas das sanções que a UE impôs às importações de energia russa, mas é também o reflexo da «desregulamentação do mercado da electricidade» decretado pela UE desde Outubro de 2021, que alimenta a espiral especulativa. A Comissão Europeia parece acordar agora para a gravidade dos seus actos. Tal como o governo português, irão propagandear anúncios de ajudas. Mas não é difícil prever que serão tostões para os povos e milhares de milhões para os grandes grupos económicos.

No plano militar os EUA/UE/NATO alimentam a guerra com armas e dinheiro e os ucranianos pagam com as suas vidas. Noutro plano, alimentam a guerra económica com sanções e bloqueios e os povos pagam com os seus empregos, rendimentos, nível de vida. São duas faces da mesma moeda. O capitalismo decadente dos nossos dias nada mais tem para oferecer do que guerra e miséria.

Jorge Cadima 

sexta-feira, setembro 02, 2022

Que dizer deste título de... reportagem?

 ... no Público

O rebanho saiu em Junho, a Festa do Avante! começa esta sexta-feira

!!!