sábado, julho 31, 2010

Na morte de Basil Davidson

Basil Davidson morreu neste mês de Julho. Soube-o por alguns títulos misturados no noticiário lido a corer. Pensei “mais um…” quando deveria ter pensado “menos um…”. Mas o pensamento mais fundo foi de boa memória e gratidão pelo seu trabalho e luta.
Hoje de manhã, ao pequeno-almoço, e para arrumar o exemplar do Expresso que vai ser substituído pelo que já hoje saiu, passei os olhos pelo obituário que José Cutileiro assina. Lá estava, e muito justamente, todo o relevo para a morte de Basil Davidson.
Mas algo tenho de acrescentar!
A Prelo Editora, em plena guerra colonial, em 1968, editou, de Basil Davidson, um livro muito importante – Revelando a Velha África – na sua colecção Cadernos de Hoje (depois reeditado, em 1977). Um livro que desmentia, por investigação e divulgação, teses simplistas e propagandeadas pelo fascismo. Com as consequências habituais para a editora e para os que a aguentavam, cm o seu trabalho e sacrifício material. Mas era o seu papel na resistência!

Não me é indiferente ver esse papel sistematicamente ignorado. Como agora, na morte de Basil Davidson, o foi mais uma vez. Papel e trabalho que não foi só da Prelo. Mas que foi, e muito, da Prelo! Desta, lembro Viriato Camilo, Rui Moura, Fráguas Lucas, Vicente Bolina, Lopes Ribeiro, Blasco Fernandes e outros que não refiro, e que por cá continuam. E na luta. Por todos (também pelos que involuntariamente não terei referido), acho injusto este sistemático esquecimento. Que nãoaceito e me faz reagir.

Album - 6

Escrevi, em 50 anos..., que tenho o sentimento de ter conhecido e, de certo modo, convivido (em graus muito diversos) com três homens que ficarão (porque já estão) na História de Portugal.

Lembrei-me dessa minha referência por, nesta série de fotos de álbum, ocasionalmente me terem saído, de seguida, fotos de José Saramago e de Fernando Lopes Graça. Não sei se tenho alguma foto em que esteja com Álvaro Cunhal. Nem procurei...

Deixo esta com Eugénia Cunhal, por que tenho um sentimento muito particular, e também por registar uma das iniciativas da livraria Som da Tinta que mais satisfação me deram:

sexta-feira, julho 30, 2010

Sobre os dados do desemprego

O PCP comentou, hoje, os dados do desemprego que foram divulgados:
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«Sobre os dados divulgados do desemprego
Sexta-feira, 30 de Julho de 2010

Os dados hoje divulgados sobre o desemprego referentes a Junho confirmam, mais uma vez, o que o PCP há muito vem afirmando.

A política seguida pelo governo do PS, que é no fundamental apoiada pelo PSD, é incapaz de resolver os problemas que o País atravessa em particular o problema estrutural do desemprego.

Atendendo ao período a que corresponde – marcado já pela procura sazonal – a taxa de 10,8% hoje conhecida (correspondente à redução de apenas uma décima relativamente a Maio) longe de constituir qualquer sinal positivo é em si reveladora da grave situação que o País enfrenta.

O que os dados hoje anunciados objectivamente revelam é que face a Junho de 2009 a taxa de desemprego aumenta em 1,1%, ou seja, mais de 70 mil desempregados. A realidade que nenhuma manipulação estatística pode iludir é que estão na situação de desemprego mais de 600 mil trabalhadores.

Situação tão mais inquietante quanto os dados são conhecidos na véspera de mais um ataque por parte do Governo a todas as prestações sociais, em particular na restrição do acesso ao subsídio social de desemprego.

Num momento em que os anúncios dos escandalosos lucros da banca e dos grandes grupos económicos causam compreensiva indignação o PCP reafirma a imperiosa necessidade de uma mudança e de uma ruptura com uma política que, ao serviço dos interesses do capital, não pára de avolumar desigualdades e de comprometer o desenvolvimento económico e o progresso social.»
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Deve, no entanto, fazer-se uma correcção, aliás também quanto ao mesmo erro que se transmitiu na comunicação social e em declarações que sublinhavam a "queda de 0,1% em relação aos dados de Maio de 2010":
  • relativamente a Maio de 2010, os números revelam uma descida de 0,1 pontos percentuais (de 10,9% para 10,8%) na taxa de desemprego e não de o,1%;
  • relativamente a Junho de 2009, verifica-se uma subida de 1,1 pontos percentuais (de 9,7% para 10,8%) na taxa de desemprego e não de 1,1%;
  • descer 0,1% em 10,9% seria passar de 10,9% para 10,8891%, ou, arredondando para décimas, os mesmos 10,9%;
  • aumentar em 1,1% uma taxa de de 9,7% seria passar para 9,8067%, ou, arredondando para décimas, 9,8% .

Album - 5

Nesta série (a primeira - se outras houver - será de 10), "assaltou-me" agora esta do Fernando Lopes Graça. E se a ideia inicial era a de publicar fotos em que estivesse acompanhado (bem ou mal...) por gente conhecida, esta parece falhar a intenção. Mas só parece... porque - talvez (!?) - esteja do outro lado da máquina, daquelas que, então, não nos mostravam logo o que tinham fixado para a posteridade- Para esta posterior idade.
Por outro lado, desse lado, do lado que estou a mostrar, está o meu pai a brindar com o Graça. Julgo que nos fins de 1974 ou princípios de 1975. Em Ourém. Na que era a "sala da banda".
«À nossa!» Muito gostavam os dois de brindar...
E tanta saudade!

Delírios e dislates - 20 (será que são?)

26. - “A defesa intransigente do interesse estratégico foi absolutamente essencial para que a PT pudesse fazer um excelente negócio”.

A “ordem dos factores” é arbitrária? Queria dizer-se o mesmo se se dissesse O excelente negócio que a PT fez foi absolutamente essencial para a defesa intransigente do (nosso) interesse estratégico?
Eu acho que não! Não é o mesmo dizer que isto é essencial para que aquilo aconteça que dizer que aquilo é essencial para que isto aconteça. No primeiro caso, isto é instrumento (absolutamente essencial) para que aquilo aconteça, no segundo caso é o contrário
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Terá sido traição verbal, revelando que, para quem o disse, o negócio é que é (sempre!) absolutamente essencial sendo o que quer que seja, como a "defesa intransigente do interesse estratégico" mero (ainda que absolutamente essencial) instrumento?

Desabafo (às vezes é preciso)

Triste.
"De morrer", como dizia Manuel Bandeira quando fugia para Pasárgada.
Eu não fujo. Fico e resisto. Sou daqui e, que não fosse, de qualquer lado igual seria. Mas sou daqui. Desta terra e desta gente.
Por vezes, tudo me agride. A inteligência, a sensibilidade, o que fui e o que sou.
Os casos e o modo como uma podridão se cobre-descobre com palavras como justiça, política, democracia, verdade, carácter. Esvaziadas ou totalmente desvirtuadas.
Freeport, PT, Casa Pia são nomes-pedradas. E outros há, muitos!
Dinheiro, só dinheiro e negócios. Milhões, milhões que circulam, milhões que se evaporam. Processos em labirintos sórdidos. Tantos crimes (alguns sobre crianças!) e tão poucos criminosos ou só os que convém. Mentira, demagogia, imagem, aparência. O resto, nada.
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Triste.
Também por uma conversa sobre intenções e “tampas que saltam” porque o ego-conteúdo é demasiado para as contradições-continente.
Sei que há quem me arrume, arquive, etiquete, assemelhando tristeza a queixume. Ou que nem sequer queira saber... Que é quem mais há.
Também eu quero lá saber dessas etiquetas. “Estou-me nas tintas”. Chamem-me queixinhas quando a caravana do que tanta tristeza me dá passa.
Tanto me magoa mas não me faz desistir ou fugir.
Fizeram-me assim as circunstâncias, ao misturarem-se com os genes e os acidentes que me moldaram e amassaram o corpo. Cheio de cicatrizes, reparado aqui, irrecuperável ali.
Vivo. Lúcido (merda!). E continuando. Como a luta. De antes e para depois.
Porque o futuro tem de ser outro que não este presente.

Posso fazer uma pergunta? (à 28ª... hora)

Tanta pergunta por fazer
tanta resposta por dar,
uns a terem de correr
para o processo fechar!
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Demorou, demorou, demorou,
foram sete anos a esperar,
até que toda a pressa chegou
com nada mais p'ra perguntar!
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Tinha de ser antes do verão,
até fim de Julho sem falhar,
tudo em muito grande aflição
sem ter tempo para perguntar.
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Posso fazer uma pergunta?
prometo não demorar...
com tanta encrenca junta,
'inda há "carácter" para salvar?

quinta-feira, julho 29, 2010

Album - 4

Cada foto é um acordar de recordações.
Com José Saramago teria muitas para escolher. Porquê esta?
Talvez porque está num canto de minha casa, há muitos anos, do tempo em que as fotografias se revelavam e demoravam tempo a chegar-nos às mãos. Talvez porque me traz fundas recordações.
É uma fotografia de 1994, quando José Saramago anuiu, por amizade, ao meu pedido para que apresentasse Décadas da EUropa, que foi edição de autor. Sobre este facto dissertou ele nessa apresentação.
É um livro que hoje folheio e me dá muita satisfação ter feito o sacrifício (material e não só) de publicar (há por aí exemplares de sobra que me magoam quando neles tropeço). Embora com aquela triste satisfação de ter razão depois, tarde... mas sempre a boas horas,

Breves notas sobre impérios, imperialismo e moedas - leituras e apontamentos - 5

Duas e últimas breves notas.

A primeira, transcrevendo uma leitura, das que é bom ter sempre "à mão". De semear...
Dois trechos de O imperialismo, fase superior do capitalismo, de Lenine, 1917
:


«II - Os Bancos e o seu Novo Papel
________________________________________

A operação fundamental e inicial que os bancos realizam é a de intermediários nos pagamentos. É assim que eles convertem o capital-dinheiro inactivo em capital activo, isto é, em capital que rende lucro; reúnem toda a espécie de rendimentos em dinheiro e colocam-nos à disposição da classe capitalista.
À medida que vão aumentando as operações bancárias e se concentram num número reduzido de estabelecimentos, os bancos convertem-se, de modestos intermediários que eram antes, em monopolistas omnipotentes, que dispõem de quase todo o capital-dinheiro do conjunto dos capitalistas e pequenos patrões, bem como da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias-primas de um ou de muitos países. Esta transformação dos numerosos modestos intermediários num punhado de monopolistas constitui um dos processos fundamentais da transformação do capitalismo em imperialismo capitalista, e por isso devemos deter-nos, em primeiro lugar, na concentração bancária.»
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Mais adiante:
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«"Os bancos criam, à escala social, a forma, mas nada mais que a forma, de uma contabilidade geral e de uma distribuição geral dos meios de produção" - escrevia Marx, há meio século, em O Capital (trad. rus., t. III, parte II, p. 144). Os dados que reproduzimos, referentes ao aumento do capital bancário, do número de escritórios e sucursais dos bancos mais importantes e suas contas correntes, etc., mostram-nos concretamente essa "contabilidade geral" de toda a classe capitalista, e não só capitalista, pois os bancos recolhem, ainda que apenas temporariamente, os rendimentos em dinheiro de todo o género, tanto dos pequenos patrões como dos empregados, e de uma reduzida camada superior dos operários. A "distribuição geral dos meios de produção": eis o que surge, do ponto de vista formal, dos bancos modernos, os mais importantes dos quais, 3 a 6 em França e 6 a 8 na Alemanha, dispõem de milhares e milhares de milhões. Mas, pelo seu conteúdo, essa distribuição dos meios de produção não é de modo nenhum "geral", mas privada, isto é, conforme aos interesses do grande capital, e em primeiro lugar do maior, do capital monopolista, que actua em condições tais que a massa da população passa fome e em que todo o desenvolvimento da agricultura se atrasa irremediavelmente em relação à indústria, uma parte da qual, a "indústria pesada", recebe um tributo de todos os restantes ramos industriais.
Quanto à socialização da economia capitalista, começam a competir com os bancos as caixas económicas e as estações de correios, que são mais "descentralizadas", isto é, que estendem a sua influência a um número maior de localidades, a um número maior de lugares distantes, a sectores mais vastos da população.(…)»
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Segunda nota, e - para acabar - muitísimo breve, é sobre um aspecto que não deixar de aqui registar e tem a ver com a recente visita a Angola do Presidente da República, e, depois, do 1º ministro.
Não só me pareceu ter significado o desfasamento, o desencontro, entre as duas viagens, como bem me pareceu (mas isto sou eu a ter pareceres...) que a visita de Cavaco Silva - ex-1º ministro e actual PR - mais pareceu de um Presidente da República de regime político presidencialista, em que o PR é, também, o chefe do executivo, que de um PR tal como a nossa Constituição o define nas suas competências e funções.
E, ainda por cima (ou por baixo...), tudo a acontecer em simultâneo com a apresentação (se ao que aconteceu se pode chamar apresentação!?) de um projecto de revisão constitucional em que as ditas funções e competências são postas em causa ou em revisão, não se sabe é muito bem como e para onde, em que direcção.

Album - 3

Quando andei por essas tarefas de deputância europeia - e foram 11 anos! -, durante dois meios mandatos, entre 1994 e 1999, fui eleito para o Colégio de questores. O que é isso? São 5 deputados, eleitos pelo plenário por meio mandato, por maioria absoluta e nas mesmas condições que o presidente e os vice-presidentes do PE, com quem integram a mesa da presidência. Reuniam - e presumo que continuem a reunir - para resolver, politicamente, problemas de administração daquela "casa", sobretudo os que tinham a ver directamente com deputados.
De vez em quando os serviços ofereciam-nos uma fotografia. Para mais tarde recordar...
Como esta que me apareceu um dia destes.
Nesta reunião, como todas com dossiers volumosíssimos, bem preparados por um secretariado muito eficiente, reconheço um irlandês (Kililea, um tipo curioso), que presidia no turno de seis meses que lhe competia, o responsável do secretariado, que era um inglês (Brown), um deputado inglês (Balfe, que gostava tanto de ser questor que até mudou de partido e de grupo para o candidatarem numa futura eleição), um alemão (Bardong), reconheço-me e um finlandês (Paaso?). Os responsáveis da administração ficavam na nossa frente.


Português e comunista naquelas andanças?! Foi giro. Fiquei a conhecer muito das entranhas da máquina até porque esses cinco anos coincidiram com a construção de dois edifícios, em Bruxelas e em Estrasburgo e com alargamentos o que alargou as idiossincrasias dos deputados. E havia cada um, com cada problema... e tanto para contar...

Permito-me...

... ou atrevo-me a deixar a possibilidade de leitura rápida de uma mensagem que aqui deixei em 29 de Junho último (uma eternidade!) na série que foi fazenod sobre empresas de serviço público e seu endividamento.
Foi sobre a PT, e ainda me permito (ou atrevo...) a deixar sublinhado o último parágrafo:
«... o acrescento de um dado que venho juntando sobre estas empresas: a dívida bruta da PT ultrapassa 7 mil milhões de euros, e é endividando-se que, empresa a empresa, se alargam as áreas de negócio destas empresas.»

quarta-feira, julho 28, 2010

Ói! PT (ao) vivo

Nunca se tinha visto!
Porque nunca se tinha visto - em Portugal, diz-se... - tanto milhão a mudar de mão.
E nunca se tinha visto tanta gente contente. Mais: tão feliz, com toda aquela "alegria contentinha".
Tanto accionista (estes em primeiro lugar, claro... é do dicionário), tanto administrador, tanto bolsista (ou especulador... o que não altera a ordem alfabética), tanto presidente de Comissão, tanto primeiro-ministro.
Nunca nada correra tão bem no melhor dos mundos possível.
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E nós?

Album - 2

Esta foto tem, para mim, grande valor afectivo. Trabalhava no Instituto Luso-Fármaco e colaborava no Diário de Lisboa, responsável pela secção de economia. Há mais de 40 anos. No Diário de Lisboa conheci muita gente. Excelente, boa, assim-assim, nem por isso... Como em todo o lado.

A minha admiração pelo Mário Castrim era enorme. O seu Canal da Crítica, em que fazia crónicas diárias de televisão, é um marco no jornalismo e cultura portugueses (apesar de todos os cortes de censura, de que guardo algumas provas com o carimbo e lápis azul). Mas o Mário não era só o Canal da Crítica. Era muito mais que isso, que já muito seria.

Convidei-o para ir ao Luso-Fármaco, fazer uma palestra, um colóquio. Claro que aceitou (como aceitou outros convites que lhe fiz). Guardo esta foto. Com comovida saudade.

Ser comunista, hoje

Esperança:
é a maneira
como o futuro fala
ao nosso ouvido.
Depois
há que saber
organizá-lo.

Então
os comunistas entram em acção.

Mário Castrim

Breves notas sobre impérios, imperialismo e moedas - comentários e contra-comentários - 4

Estas breves notas foram-me suscitadas por várias coisas – um entroncamento –, como já disse. E o facto (muita dificilmente um acordo ortográfico me levará a escrever fato por facto… de facto!), fechado o parênteses, o facto é que, apesar da escassez dos comentários – este final de Julho!, e o seu calor -, às várias coisas que me suscitaram as breves notas, juntaram-se mais duas vindas desses comentários.

1. – um anónimo vem, todo lampeiro, fazer uma gracinha com uma eventual preocupação minha relativamente aos “coitados dos empresários portugueses a braços com volutibildades (deve ser volubilidades…) que os podem transformar em pobres sem abrigo lá por terras de Angola...”. Claro que não respondo à anónima e baixinha insinuação, mas suscitou-me o esclarecimento (ou a insistência) para o facto (!!!) da economia portuguesa, tal como é, constitucionalmente, e no que deveria ser uma democracia avançada, enquanto economia mista – sectores público, cooperativo e privado -, terá necessariamente problemas acrescidos por ter entrado para a zona euro e pelo modo como entrou, nada sendo salvaguardado das nossas especificidades e comprometendo, cambialmente, a nossa frágil competitividade (e não por causa dos ”custos salariais”).
Há quantos anos, em quantas oportunidades, quantas vezes o dissemos? E não foi por causa dos “coitadinhos dos grandes empresários portugueses” porque esses souberam, e saberão, manobrar as decisões políticas para reforçar a financeirização da economia, e daí retirarem forte acumulação e concentração de capital-dinheiro, cada vez mais fictício.
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2. - um comentário do "Zé Povinho" coloca a interessante questão do imperialismo ter ou não definições segundo as épocas.
Repito o que escrevi: (…) o imperialismo, como estádio do capitalismo, mantém as suas características definidoras, não obstante as modificações inevitáveis (ou inevitadas, ou precipitadas) na realidade, dê-se-lhe ou não outros nomes como o de globalização.
Não se trata de modificações de características definidoras, enquanto estádio do capitalismo, mas de se lhe dar outros nomes, face às modificações na realidade, por efeito do desenvolvimento das forças produtivas e das alterações na relação de forças social, de classe.


(a isto voltarei – talvez… -
e ainda há outros desafios em stock)

terça-feira, julho 27, 2010

Album - 1

Já algumas fotos aqui trouxe. Porque nelas tropecei e achei piada. Porquê guardá-la - à graça que lhes achei - para mim?

Um dia destes tenho de arrumar tudo isto em albuns...
Entretanto, vejam por onde (e com quem) andei metido. Foi aí há uma década e meia, ele era membro da Comissão, e eu (a cor do cabelo não me tornou irreconhecível...) estava em tarefa de deputado no Parlamento Europeu. Alguém tinha de ser, e é uma frente de luta!

querem mais?,

de outros sítios e com outras companhias?

"Unir-se, lutar e vencer"

«Raúl Castro
A América Latina só tem uma alternativa: unir-se, lutar e vencer
Numa demonstração de irrestrita solidariedade à Venezuela, o presidente cubano, Raúl Castro disse em reunião de cúpula binacional que o país de Simon Bolívar tem todo o direito de defender-se de ameaças e provocações. »
(in Vermelho.org.br)

«Sobre os novos e escandalosos lucros da banca»

Transcreve-se:

Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

Sobre os novos e escandalosos lucros da banca
segunda-feira, 26 de Julho de 2010

O anúncio dos lucros de três dos quatro maiores bancos privados portugueses confirma, mais uma vez, a situação de escandaloso benefício que continua a ter o sector bancário em Portugal. Num quadro de profunda crise económica e social, com o agravamento sistemático do desemprego e da precariedade, o ataque aos salários e às reformas, o corte das prestações sociais e (ou) degradação do investimento público, o aumento anunciado dos lucros do BPI e BES, respectivamente em 11,8% e 14,6% e a perspectiva de um aumento de lucros do BCP de 12,5% constituem um verdadeiro escândalo nacional.

De facto, ao mesmo tempo que penaliza os trabalhadores, suas famílias e a economia - em particular as micro, pequenas e médias empresas – o sector bancário continua a ser beneficiado com apoios públicos vultuosos que se mantêm em vigor, como acontece com o prolongamento da disponibilidade de apoio até 20 mil milhões de euros recentemente aprovado.

Não deixa de ser sintomático que, num momento em que os chamados testes de stress bancário concluem pela solidez das instituições financeiras, independentemente do papel que esses testes assumem no processo de rapina de recursos públicos, a banca mantenha uma atitude marcada pela usura e a forçada extorsão dos rendimentos familiares e das pequenas e médias empresas por via do preço do crédito e das comissões cobradas. Comissões estas com um aumento crescente no conjunto das receitas das instituições financeiras, que se cifram em mais de 4800 milhões de euros em 2008 e 2009.

Os lucros agora anunciados confirmam a gravidade dos dados recentemente anunciados pela Associação Portuguesa de Bancos em relação ao ano de 2009, em que se confirma uma taxa efectiva de IRC na melhor das hipóteses abaixo dos 15% e que pode ser, a confirmarem-se as perspectivas mais optimistas da banca, na ordem dos 5%.

Num quadro em que o Governo, com o apoio do PSD, aplica restrições draconianas aos salários e às prestações sociais, e determina o aumento dos bens essenciais, seja através do aumento do IVA, seja da aceitação dos aumentos da energia e dos combustíveis, é gritante o contraste com os benefícios fiscais que se atribuem à banca e que permitem uma tão baixa tributação dos seus lucros.

Os dados agora anunciados confirmam a indispensabilidade de medidas que introduzam critérios de justiça fiscal na tributação da banca, tal como o PCP tem vindo a propor, designadamente e entre outras medidas, a aplicação de uma taxa efectiva de 25% (a taxa que está inscrita na lei), eliminando os amplos benefícios fiscais que hoje estão atribuídos a este sector. Trata-se de uma medida que teria permitido em 2009 um encaixe de mais cerca de 160 milhões de euros (157,4) e que garantiria que o aumento dos lucros agora anunciado fosse pelo menos tributado a níveis idênticos aos aplicados à generalidade das empresas.
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Sublinha-se, por nossa conta e porque haverá quem possa fazer confusões, que as tributações de que se fala, são sobre os lucros!

Sobre o que se ouve(ê)...

Porque, às vezes, se ouve(ê)m verdadeiras barbaridades ditas por gente que se apresenta como responsável, sublinho três frases em dois artigos da Constituição da República Portuguesa (que pode ser lida clicando sobre a capa de brochura editada por quem não faz batotas, na faixa lateral deste blog):


Artigo 64.º
(Saúde)
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito; (…)
Artigo 74.º
(Ensino)
1. Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.
2. Na realização da política de ensino incumbe ao Estado:
(…)
e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino;
f) Inserir as escolas nas comunidades que servem e estabelecer a interligação do ensino e das actividades económicas, sociais e culturais; (…)
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Sobre ideologia, conversaremos. Ou melhor… estamos conversados quando se acusa de ideológico o que está – leia-se! – e despudoradamente se afirma como não ideológico o absoluto da ideologia da economia de mercado e princípios como o de utilizador-pagador…
O que está em campanha política é a constitucionalização (e também a diversão relativamente às causas da situação que se vive) do que tem sido a prática governativa contra a Constituição e o que ela defende e obriga, campanha com um profundo e escamoteado sentido ideológico.
Como seria bom que cada um estivesse em condições de julgar, depois de se informar, lendo, e de reflectir!
Aliás, é muito curioso e significativo que quem tenha interesse em conhecer o teor do que se atirou para discussão pública como tema central, não encontre acessível, nos seus termos responsabilizadores (será que existe?), aquilo com que se enche a comunicação social, um projecto de revisão constitucional (e parece que já está escrito um outro num outro gabinete).

A culpa é da Constituição?!

Num debate em que tropecei, apanhei a argumentação clara de que a culpa da situação económica portuguesa é da nossa Constituição tal como ela é, mesmo depois de tão revista. O que é verdadeiramente extraordinário por tal argumentação ser produzida por representantes de forças políticas que há décadas sempre governaram à revelia da Constituição, como se ela não existisse e contra ela.


Pelo contrário, e, aliás, como já bem o denunciou Jerónimo de Sousa, até a partir da título da sua comunicação em nome do PCP: a grave situação do País resulta do incumprimento da Constituição.

segunda-feira, julho 26, 2010

Breves notas sobre impérios, imperialismo e moedas - mais leituras e apontamentos - 3

Nestas "viagens", encontrei um texto interessante, A refundação do conceito de império [in Infopédia (em linha). Porto: Porto Editora, 2003-2010], de que transcrevo a introdução:

«A ideologia imperial e o conceito de império têm, durante o Estado Novo, três fases distintas: a primeira decorre de 1926 a 1945 e corresponde ao período durante o qual a Europa se assume como civilização superior que deve cultivar e dominar os Indígenas das regiões colonizadas; a segunda decorre de 1945 (com o final da Segunda Guerra Mundial) até 1960, data em que a Assembleia Geral das Nações Unidas reconhece o direito dos povos colonizados à independência e faz uma listagem de todos esses povos, nos quais inclui os territórios ultramarinos portugueses; e o terceiro prolongar-se-á até ao fim do regime e corresponde a um período durante o qual se verificam rebeliões armadas em Angola, Moçambique e Guiné. Neste contexto, Portugal procura, através de uma reformulação da ideologia e métodos de governação, manter a unidade da metrópole com os territórios de além-mar.»

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Apontamentos:


  • A ideologia imperial e o conceito de império não se apagaram com o derrube do fascismo. Aliás, as superstruturas, como representações da realidade, resistem às realidades procurando retardar as mudanças ou fazer o tempo voltar para trás, assim com procuram antecipá-la, por via da intervenção consciente.

  • Acresce que o imperialismo, como estádio do capitalismo, mantém as suas características definidoras, não obstante as modificações inevitáveis (ou inevitadas, ou precipitadas) na realidade, dê-se-lhe ou não outros nomes como o de globalização.

  • Merece (e exige) reflexão como os instrumentos da actividade económica se adaptam e desadaptam ao processo de desenvolvimento das forças produtivas. Ao ser criado, e como o foi, o €uro ilustra a inconsistência (ou inexistência) de uma zona monetária, saltando etapas por opção política (de classe!), pondo "o carro à frente dos bois" ou o federalismo monetário a puxar pelo federalismo político.

  • As relações económicas externas de Portugal passaram a ser afuniladas, por via de uma opção política (de classe!), para um espaço em que o País se integrava geográfica e economicamente como Estado-membro, em condições técnicas de desfavor evidente para as actividades exportadoras, mormente para outros espaços que não os da UE.

  • Quando se abrem perspectivas (necessárias) de outros relacionamentos, está o País manietado por essas condições, ainda que a taxa cambial dólar-€uro, quando em tendência desvalorizadora do €uro, possa atenuar as dificuldades dos agentes económicos portugueses.

  • Concretamente - e até por causa de interpretações sempre enviesadas dos escritos - qualquer agente económico português, do sector público ou do privado, tem dificuldades acrescidas no plano cambial por ter de usar moedas que não se adequam à situação e evolução da economia portuguesa (se é que isto ainda existe, como a ironia permite perguntar).

  • O que poderia, conjunturalmente (?!), apresentar-se como uma "saída", pode tornar-se numa porta apenas entre-aberta, ou até fechada, depois de um certo tempo de esforços baldados.

(continuará

... se)

«Curtas (mas verdadeiras)»... diz ele

Isto já foi publicado noutro blog (mais para coisas ligeiras e pessoais), mas apeteceu-me trazer para aqui para desanuviar um pouco pois o ambiente anda um bocado carregado:

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Ele, o gajo, o mano-velho (faz-de-conta e por isso valendo mais porque somos manos por escolha mútua), é assim! Teimoso como um casburro. Em vez de valorizar a blogaria entrando nesta esfera, manda-me «curtas (mas verdadeiras)» (diz ele...), e eu que as publique se quiser. E eu quero. Por isso, aqui vão umas amostras, isentas de direitos de autor, de IVA e dessas coisas:

«1. -
Ele: Já leste o meu livro?
Eu: Não!
Ele: Este gajo!?... não leu o meu livro!!, nem, ao menos..., aquela parte em que tu entras?
Eu: Que página é?
.
2. -
Outro: Quando o meu 3º filho nasceu, eu estava na prisão.
Eu: Mas era teu filho à mesma?!
.
3. -
Ela: Já que estão aqui tão perto, podiam vir almoçar cá a casa!
Eu: O que é o almoço?


(à suivre)»

Isto é: há mais!

Mas, antes, uma minha:

A. -
Eu: ... então passemos ao debate. Quem é que quer começar?
Eles: ...
Eu: O primeiro é sempre mais difícil...
O 1º: ... posso ser eu... naquele seu livro sobre a moeda única...
Eu: Ah!... foi você que o comprou?!

Suspensão imediata do encerramento de mais escolas

Foi aprovado, na Assembleia da República, o projecto do Partido Comunista Português que recomenda a suspensão do encerramento de escolas.
Esta decisão da AR, portanto dos representantes eleitos pelo povo português, recomenda a suspensão imediata do encerramento das escolas.
No projecto aprovado pode ler-se que a desocupação fatalista do interior e a assimetria na distribuição da riqueza serão problemas agravados com a retirada dos serviços públicos, entre os quais a escola ocupa lugar estratégico.

Breves notas sobre impérios, imperialismo e moedas - leituras e apontamentos

Duas leituras a propósito, ou com pretendido a propósito:
  1. «(…) O facto do imperialismo ser parasitário e um capitalismo decrépito manifesta-se, acima de tudo, na sua tendência para a putrefação, que é uma característica de todo monopólio sob o sistema de propriedade privada dos meios de produção. A diferença entre o republicano-democrático e o reacionário-monárquico desaparece no imperialismo burguês precisamente porque ambos se estão decompondo em vida (o que, de forma alguma interrompe o extraordinariamente rápido desenvolvimento do capitalismo em sectores particulares da indústria, em países em separado e em períodos específicos). Em segundo lugar, o apodrecimento do capitalismo manifesta-se pela criação de um enorme estrato daqueles que vivem da renda, capitalistas que vivem de “vales”. Em cada uma das quatro cabeças do imperialismo – Inglaterra, EUA, França e Alemanha – o capital em bancos acumula-se em 100.000 ou 150.000 milhões de francos, do qual cada país deriva uma renda anual de não menos de 5 a 8 mil milhões. Em terceiro lugar, a exportação de capital é parasitismo em alto nível. Quarto, “o capital financeiro luta por dominação, não por liberdade”. A expressão política desta frase é uma característica deste imperialismo. Corrupção, subornos em larga escala e todo o tipo de fraudes. Quinto, a exploração das nações oprimidas – que está inseparavelmente conectada com mais anexações – e, especialmente, a exploração das colónias pelas “Grandes Potências", acelerando a transformação do mundo “civilizado” em um parasita nos corpos de centenas de milhões nas nações não-civilizadas. (…)»
    (Imperialismo e a Cisão do Socialismo, V. I. Lenin, Outubro de 1916 - Primeira Edição: Sbornik Sotsial-Demokrata No. 2, December 1916, Fonte: versão (revista) de The Marxists Internet Archive)

  2. «Para o negociante europeu este negócio do sertão era extremamente fatigante e exigia enorme soma de paciência no estabelecimento de relações com o gentio, muitas vezes exigente e caprichoso (…) o indígena aproveitava-se do facto de se encontrar na sua própria terra para protelar o negócio o mais possível, a fim de levar o mercador à transigência, de acordo com o que mais lhe convinha, pois as despesas de deslocação cresciam com o tempo de permanência no interior. Esse aumento de encargos chegava por vezes a não compensar tão longas e fatigantes viagens, com riscos a cada passo.»
    (Moedas de Angola, L. Rebelo de Sousa, editado pelo Banco de Angola, 1967, da introdução do autor)

E um apontamento:

Duas leituras aparentemente díspares mas com conexões intrínsecas porque leituras no tempo histórico.

E em tempo histórico estamos. Que é de imperialismo mas em que muito mudou e está a mudar. Hoje. E se a putrefacção é notória, o cheiro nauseabundo e os perigos enormes, as relações de forças são bem diferentes e poderemos - talvez... - falar de imperialismo pós-colonial ou, com menor imprecisão, de imperialismo sobrevivendo em condições de crescente interdependência assimétrica, de domínio do capital financeiro e do dinheiro fictício, e em transformação das relações internacionais no quadro de um processo progressivo (e complexo, e lento segundo algumas escalas) de autodeterminação de espaços que passaram por colónias.

(irá continuando)

domingo, julho 25, 2010

Sobre a Constituição e o seu incumprimento

Breves notas sobre impérios, imperialismo e moedas - 1

Estas breves notas aparecem no rescaldo de umas trocas de impressões (ainda mais breves e ligeiras) entre amigos, sobre a actual situação da economia portuguesa e o actual papel de Angola. E na (e à) volta de uma visita do PR e do PM portugueses, e comitivas, a Luanda, e da reunião da CPLP.
Como me é inevitável – e cada vez mais – tenho de recuar uns anos, umas décadas. Ao tempo em que se procurava formar um império, e em que um ministro de Salazar (de várias pastas) tinha papel de relevo. Era ele Armindo Monteiro e trago-o para aqui porque falar hoje de euro e de dólar me parece (me é!) impossível sem que a memória me traga o gravíssimo e insuperado problema das transferências monetárias entre as colónias e a metrópole, que então – anos 30 – Armindo Monteiro procurou resolver.
O império baseava-se na concepção de que "É da essência orgânica da nação portuguesa desempenhar a função histórica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas que neles se compreendam", como se inscreveu no Acto Colonial de 1930, depois tornado anexo da Constituição de 1933.

A metrópole e as colónias formavam um todo, sendo a metrópole a cabeça e as colónias partes do corpo ou parcelas – e, na revisão constitucional de 1951, foi-se mais longe, ao procurar adaptar o Estado "Novo" fascista a decisões das Nações Unidas sobre o princípio da auto-determinação, e passou a haver um Metrópole e um Ultramar, em que se afirmava Minho igual Timor como províncias com a única diferença (!) de que Minho era no continente europeu e Timor no Ultramar.
O que nunca foi ultrapassado – como muitas outras coisas, evidentemente, mas esta mais evidente e técnica – foi a questão das transferências monetárias. Armindo Monteiro bem o tentou mas não o conseguiu.
Havia um banco emissor "imperial", o Banco de Portugal, mas também um outro banco emissor para as colónias, o Banco Nacional Ultramarino, e ainda um só para Angola, o Banco de Angola, este como autoridade bancária para aquela colónia (ou província ultramarina), criado em 1926, emitindo uma moeda – o angolar, entre 1928 e 1958, depois substituído pelo escudo angolano, até, após a independência, se criar o kwanza
O facto é que nunca se resolveu o problema cambial, expressão de economias diferentes impossíveis de harmonizar numa zona monetária única ou comum, apesar de uma união nacional (de império) política, que se afirmava e mantinha à custa de todos os sacrifícios dos povos, levando-os mesmo à guerra colonial.

Visão
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Hoje, continuam a confrontar-se estes esforços de forjar zonas monetárias únicas, num mundo cada vez mais interdependente e desigual.

Hoje, um empresário português que queira ter actividade em Angola – e, em muitos casos, veja nessa actividade o seu futuro… ou a sua salvação – confronta-se com três realidades monetárias, a do euro, a do dólar e a do kwanza, não tendo qualquer controlo (democrático… através da sua soberania de cidadão português) sobre qualquer delas.


(as breves notas continuarão
… não sei é quando)

sábado, julho 24, 2010

Delírios e dislates - 19

25. -

Sim, porque não?

ou por qué no?,

Ainda por cima não há nenhuma Comunidade de Países de Língua (ou dialecto) Espanhola (CPLE).

E, já agora, tirando os da Commonwealth... pourquoi pas?

E eu a pensar que era por causa do novo acordo ortográfico...

A apetência de fazer parte da CPLP (ou seja, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), em que se distingue a Guiné Equatorial com pretexto para Ramos Horta "dizer umas coisas" (que noutro cantinho deste meu canto merecerão registo...), dava-me que pensar. Cheguei até a pôr a hipótese de o novo acordo ortográfico ser o isco ou aliciante para essas vontades, à falta de uma CPLE.


Afinal, não!

Em nota actual no último avante!, Ângelo Alves dá outras e bem fundadas pistas. Para além da recomendação de leitura da resposta integral à pergunta CPL quê?, fica um pequeno extracto (ou extrato?):
«... Num quadro de profunda crise do capitalismo, economias como a brasileira ou a angolana têm uma importância crescente...».

Pois.

Alerta amarelo a atirar para o rubro!

É com proveito que leio os artigos de Paul Krugman (PK) no i. Embora Visto de fora seja assim uma espécie de o mundo segundo os USA (e os que abUSAm), PK tem... substracto (ou substrato?) e a sua escrita é fácil e agradável de ler.

No de ontem, A ilusão dos gurus, no seu horizonte a partir do qual o resto é paisagem, PK insiste na tecla de que o desemprego é a questão central, considerando que Obama não resiste ao desemprego e que alguma coisa tem de fazer. E urgentemente. Na economia, tal como ele a entende, e a meu ver (mas quem sou eu?...) bem, com tudo a passar pelas pessoas que «reagem ao que se passa nas suas próprias vidas e nas das pessoas que conhecem». Apesar de se denunciar mais preocupado com as pessoas como eleitores que como... pessoas.

O facto (ou fato?) é que adiante escreve, a jeito de conselho, «A melhor estratégia de Obama nesta fase é colmatar o "fosso de entusiamo", tomando posições fortes...»

Ora aí é que a minha preocupação cresce com alerta amarelo a atirar para o rubro. Porque a informação nos é dada diz que a sra. Clinton anda em digressão por países pelos extremos-orientes, depois de ter estado no Afeganistão. E andará a sra. Hillary a tratar de posições fortes, particularmente em relação à Coreia do Norte, com o começo de manobras conjuntas com EUA-Coreia do Sul para responder a provocações da Coreia do Norte.
Esta interpretação de provocações parece colocada em pino, isto é, com as mãos no chão e os pés no ar, e usa o pretexto de torpedo disparado em Março por um submarino que estará provado não ser dos "vizinhos do norte" mas de quem andava nas suas águas ou proximidades. Sempre em manobras...
Amanhã começa qualquer coisa de muito grave, numa situação já de si grave, com o início dessas manobras EUA-Coreia do Sul e correspondente escalada...
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E convinha lembrar, para não se consentir no permanente torpedear da História, que as duas Coreias existem para evitar que pudesse ter havido apenas uma, na estratégia saloia (digamos... espertalhona) "de cortar a cauda da lagartixa", como por tanto lado se usou e usa (em Portugal, a linha de separação e corte foi ali por Rio Maior há 35 verões), e de que se pode lembrar o Vietnam como tentativa falhada.
Há todas as razões para se estar preocupado.

sexta-feira, julho 23, 2010

Socorro!

Estou a ouvir comentários sobre os "testes de stress".
Há um problema de,,, De quê? De "... investibilidade da dívida soberana em fault...".
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Socorro!
...
Isto deve ser o não-sei-quê a inter-agir com o acordo ortográfico.
De fato!

Imagem 3 - Notícias de susto!

Considero esta notícia-imagem do "semáforo" do i verdadeiramente de susto. Justificar-se-ia - e por várias razões - é que, em vez de estar no amarelo estivesse no vermelho!

Imagem 2 - José e Pedro ensaiando?

Parecendo que andam de passos trocados, parece que José e Pedro não deixaram de ensaiar umas tangadas.

(de i)

Imagem 1 - Crédito junto do BCE

O facto de ter estado dois dias em casa de amigos, não me impediu de manter este contacto -para mim muito importante -, e até possibilitou o acesso a orgãos de informação que habitualmente não leio.

Por isso, as mensagens sairam sem imagens, ao mesmo tempo que fui retendo algumas com que gostaria de ilustrar as notas de informação e contacto.

Regressados a casa, aqui ficam algumas dessas imagens. Para desanuviar (?!).

A primeira elucida a evolução do recurso ao crédito junto do Banco Central Europeu dos bancos portugueses, para as suas operações e créditos que concedem, numa cadeia que até faz esquecer que os principais (ou os originais) meios dos "nossos" bancos são os nossos depósitos. Depois há muitas voltas...

Mas este "post" não era para ser de prosa...

(da Focus)

Tudo é despesa?!

Não estamos em "troca de galhadetes", mas a mensagem do cantigueiro aqui vem acrescentar uma pertinentíssima observação à minha sobre o défice nas contas públicas recentemente tornado "notícia do dia".
Tratar uma devolução do que foi excessivamente retido (devoluções do IRS) como se fosse uma despesa é mesmo de... ministro das finanças, para não usar a expressão popular de "cabo de esquadra" e para não ofender estes.
Assim vai o rigor!

Podemos ficar descansados...

Hoje é que vai ser.
Na banca, os testes de stress (ou de resistência), realizados a 91 bancos da zona euro, entre os quais quatro portugueses, vão ser conhecidos no fim da tarde, após o fecho dos "mercados", divulgados pelo "Conselho de Supervisores Bancários Europeu", de que o mais alto responsável é o vice-presidente do Banco Central Europeu, Victor Constância.

Podemos ficar descansados... Depois das "vantagens" que, nestas andanças e traficâncias, se têm retirado do que é nacional das posições do "nosso" presidente da Comissão, Durão Barroso, com o "nosso" ex-Governador do Banco de Portugal podemos ficar descansados.
Não que se desejasse que portugueses em lugares supra-nacionais fizessem batota a favor do que é português (apesar desse ter sido, despudoradamente, um argumento de vanglória e da "auto-estima" relativamente às respectivas nomeações...), mas escusavam era de se mostrar tão isentos e tão excessivamente de zelosos para com o seu e nosso País de origem e para com situações de que são - ambos os dois... - corresponsáveis dos maiores!
A ver vamos, quando fecharem os "mercados"!

quinta-feira, julho 22, 2010

Não resisto a esta!

Desculpem lá mas, ajudado por leituras amigas (de amigos), não resisto a esta que me assaltou:
PEC ante PEC, a Passos (de) Coelho isto está a ir de mal a pior!
(que grande favor está o parceiro a fazer ao tangueiro...)
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Está nas nossas mãos e nas nossas pontas dos pés.

Atenção à informação

Durante o dia de hoje - já ontem... - ouvi bem uma dezena de vezes que o défice público português aumentou 462 milhões de euros, ou seja 6%.
Esta foi a notícia! Com uma mensagem subliminar, ligada ao que se quer que seja o "problema central" do défice orçamental. Em percentagem do PIB! E procurando inculcar que é por culpa do excesso de despesas.
Por isso, há que sublinhar:
  • Um défice é uma diferença entre receitas e despesas.
  • Um défice pode ser absoluto, enquanto diferença entre rececitas e despesas, ou relativo, isto é, em relação a qualquer outro indicador, o PIB por exemplo.
  • Se o PIB crescer mais, percentualmente, que o défice orçamental, o défice orçamental em relação ao PIB diminui.

quarta-feira, julho 21, 2010

Para registo!

Título em Economia no i de hoje:

Portugal é perigo para a zona euro, diz banco central alemão

sub-título:

Bundesbank publica relatório mensal duro com países periféricos: portugueses, espanhois e gregos terão de reduzir o seu nível de vida

Porquê?

Porque "as respectivas economias não têm outra escolha a não ser reduzir a procura interna para um nível sustentável", aponta o dedo do relatório.

E há cabeças consideradas bem-pensantes a acenarem e a dizerem, em coro: sim, senhor banco alemão!

Mas... pode perguntar-se (pode?): as tais procuras internas não teriam níveis sustentáveis (convergindo com níveis de vida "europeus"...) se produzissem mais, aproveitando os seus recursos naturais e adquiridos que estão a ser sistematicamente abandonados para abrir as fronteiras aos produtos importados das alemanhas?

Só para lembrar...

... ou para contextualizar, como é mais bem-sonante:
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Em 25 de Abril de 1974, houve um golpe militar. Houve, sim senhor! Um golpe militar que foi um golpe de Estado mas que não foi só isso porque veio gente para as ruas e porque quem estava, há décadas, em luta clandestina continuou a sua luta que contribuira para que houvesse o golpe militar e de Estado.
Logo foi tomado o compromisso, por quem tomara o poder político, de ouvir o povo. Em eleições. No prazo de um ano. E de se constituir, por via dessas eleições, uma assembleia que adoptasse uma Constituição.
Com todas as dificuldades, umas naturais, outras forjadas e de sabotagem, cumpriu-se o compromisso.
Em 25 de Abril de 1975, foram as eleições. As mais participadas que alguma vez aconteceram em Portugal.
E em 2 de Abril de 1976 estava redigida e aprovada (por esmagadora maioria dos deputados constituintes) a Constituição da República Portuguesa.
Depois, foi o que alguns sabem e a História que hoje se conta, mal conta ou conta mal. O não cumprimento dessa Constituição por sucessivos governos, as suas revisões periódicas e desvirtuadoras.
Mas a Constituição resistiu enquanto definidora de direitos, enquanto matriz agredida mas sobreviva.
E, agora, aquelas forças políticas que nunca cumpriram a Constituição a que estavam obrigadas, como todos e cada um de nós, querem completar a sua tarefa contra-revolucionária. Constitucionalizar um golpe de Estado.
O "sistema público está a falhar"? Porque foram os direitos dos trabalhadores e das populações que criaram esta situação? Não!
O que nos trouxe a esta situação foi o não cumprimento do que era sua obrigação enquanto empossado poder político - ou foi no/durante o não cumprimento do que era sua obrigação enquanto executivos que essas forças políticas partilharam.
Agora, cozinham o golpe de Estado. Alheios a compromissos, ignorando juramentos formais. Na sombra dos gabinetes, no uso de poderes que receberam para outros fins. Sobretudo, para o fim de governarem este povo que neles delegou o poder soberano que é seu.
E, já que é só para lembrar, que todos lembremos, ou a todos seja lembrado, como era, em Portugal, a saúde, a educação, o trabalho, antes de 1974. E como, apesar de tudo, não obstante todos os olvidos, todos os atropelos, todas as violações, passámos a ter outra saúde, outra educação, outras leis no trabalho, sob uma Constituição que existia e que obrigava mesmo quando não cumprida.
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O que se está a passar é muito sério! Lembremo-lo.
1974 foi ontem.

terça-feira, julho 20, 2010

Ora aí está!

Está um indivíduo a estudar (Nagels, em edição de 1974/79), com a concentração possível nos tempos (e na idade) que correm, e apanha com esta, citada de Schumpeter:
“A economia política marxista é coisa demasiado importante para ser deixada aos marxistas”.
Passado o primeiro impacto, reagi “também acho… nada é para ser deixado a alguém (seja lá quem for), muito menos o marxismo aos marxistas!”.
Duas linhas abaixo, após a denúncia de uns disparates sobre marxismo por não marxistas, apanho com outra:
“Isto não significa que os não marxistas disponham do monopólio de enunciar disparates sobre o pensamento económico marxista, nem que os autores não marxistas não possam enriquecer o enriquecer o pensamento económico marxista”.
Fiquei todo contente… por melhor perceber porque sou marxista!

Por memória e... por exemplo - o Cachão

Aqui há uns anos - e são mais de 40! -, quando começava as viagens pelo País para "dizer coisas" e para muito aprender (nas viagens, nos contactos com os outros, aprende-se sempre!), calhou passarmos (recordo a companhia amiga do Blasco Fernandes) ao então muito falado Complexo Ago-Pecuário do Cachão, "do" eng. Camilo Mendonça, concebido e criado a partir de 1964.
Dessa visita e da conversa tida guardo a lembrança, decerto caricaturada - isto é, a traços grossos e propositada e inevitavelmente transformados pelo tempo - de uma perspectiva que vem muito a propósito desta insistência na exportação como a solução para a economia portuguesa, agora embelezada e emblematizada com a palavra internacionalização.
Uma das actividades mais importantes do complexo agrícola, e também industrial, seria a produção de espargos, então cultura que seria novidade e que teria mercado seguro em França, até pelas ligações via emigrantes. Então foi-nos dito o que retive e que, hoje, de vez em quando, me assalta como lembrança:
"sim... mas para termos condições no mercado francês, para que consigamos um preço competitivo para os espargos, uma coisa é indispensável: que os salários dos produtores portugueses não subam...". Ao que alguém terá retorquido em àparte que incomodou, perturbando o "ambiente":
" pois!... para que a França nos importe os espargos enlatados ou frescos, e os franceses os consumam, é preciso que os portugueses que os produzam não ganhem o suficiente para os poderem comprar e consumir!"
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Esta coisa desta economia! E destes economistas.
E há alternativas.
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(Ah!, e não nos venham dizer que o Cachão colapsou por causa do 25 de Abril. como se pode ler na Wikipédia! Já estava colapsado... há é quem insista no "modelo", na "lógica", no "sistema".)

segunda-feira, julho 19, 2010

Entregues aos “bichos” é o que é…

Quem procure estar atento ao que se passa à sua volta, particularmente à "selva dos negócios" – não, necessariamente, por participar neles, mas para procurar perceber em que mundo se vive – tem de estar muito preocupado. Para mais, e de antemão, tem de fazer um enorme esforço, e decerto baldado, para destrinçar o que é informação e o que é manipulação através da informação!
Agora, a última notícia, fresquinha, é que o BCP está em “maus lençóis”, embora já alguns zuns-zuns a preparassem. Pois aí está ela: uma tal HSBC veio “chumbar” quer o BCP, quer o BES, mas este com melhor nota.
Mas quem é o (ou a?) tal HSBC?
Aqui vai a resposta:
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Who is HSBC?
We are the world's local bank.

Nem traduzo!, porque isto de world’s local bank é esquisito. [Até para mim… que passo a vida a citar o Torga e a sua belíssima frase (de título) o universal é o local menos os muros.]
Bom… parece que a HSBC (h de holding) foi fundada, por um escocês, em 1865, e é, hoje, a maior organização de serviços financeiros e bancários de todo o mundo, tem sede em Londres, é composta por quase 10 mil escritórios, delegações, agências, etc. e tal, em quase 100 países de todo o mundo, com perto de 300 mil colaboradores (isto é, assalariados), 200 mil accionistas e 125 milhões de clientes. Isto em números redondos.

Quando se esperava essa coisa, também esquisita, dos "testes de stress", em que entidades supra-estatais, acima de toda a suspeita (?), passariam a medir as capacidades de reacção (as tensões...) das entidades financeiras e bancárias aos choques que por aí andam a saltitar, vem o, perdão, a tal HSBC (de holding) e faz os diagnósticos, e decide quem está doente. E é mesmo capaz de pôr doente quem o não estaria e, sobretudo, quem está a sofrer com as terapeuticas.
E não são os bancos!...






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Entregues aos "bichos" é o que é...


Previsões económicas "à la carte"... - 6

Tenho de parar com esta série de "mensagens" sobre as previsões económicas a partir da divulgação das que o Banco de Portugal tornou públicas este mês, relativamente ao verão de 2010, e referindas aos anos de 2010 e de 2011.
O material daria para continuar… mas é preciso não exagerar. No entanto, também não devo terminar sem umas breves notas sobre as linhas relativas à "procura interna" e ao "investimento".
A "procura interna" já foi abordada por confronto com as "exportações", mas ainda se pode acrescentar que as "previsões de verão" são piores para 2010, quer relativamente às anteriores do Banco de Portugal, as "da primavera", quer relativamente às do governo, e são substancialmente piores para 2011, também em relação às duas anteriores previsões.
Mas as previsões quanto a "investimento", que bem se pode considerar nuclear, sobretudo numa perspectiva de crescimento económico, de aproveitamento dos recursos, são as mais (diria) desastrosas pois, se parece haver uma recuperação nas "previsões de verão" para 2010 relativamente às "da primavera" substancialmente melhor (passando de uma previsão de queda de 6,3% para -3,3%); a alteração relativamente às previsões do governo para este ano é substancialmente negativa (de -0,8 para -3,3%) e as duas correcções para 2011 são também substancialmente negativas (de +0,3% para -1,6, nas previsões do Banco Portugal, e de +0,9% para -1,6% das previsões do governo para as "de verão" do BP, acabadas de sair).
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Aqui, na análise destas previsões relativamente ao "investimento" está, seguramente. uma questão-chave da economia (e da sociedade) portuguesa.

domingo, julho 18, 2010

Leitura de domingo em casa

Estava à espera. O artigo A desmistificação do New Deal e o aprofundamento da crise do capitalismo, de John Bellamy Foster e Robert W. Mcchesney, no avante! de 8 de Julho, aguardava uma aberta (nesta vida de reformado...). Calhou hoje. E em boa hora!

É um artigo extenso, de 3 páginas, que exige tempo, disponibilidade, marcador amarelo e caderno de notas ao lado. Mas vale bem o tempo, a disponibilidade, o uso do marcador e do caderno de notas.

O original é da revista Monthly Review, e já é de Fevereiro de 2009. Não é para ler como quem bebe um copo de água (ou de outra coisa leve), nem para assimilar acriticamente (como nada o será).

O que me parece mais interessante e útil, além da fundamentada informação, é a "construção" do texto, muito "estado-unidense". Vai encaminhando o leitor-alvo pelo meio da informação históric, com umas "dicas" de interpretação (por exemplo: "não é provável que tal possa ser alterado sem uma luta de massas, uma luta efectiva de transformação social", "não terá uma resposta suficientemente vigorosa por parte do governo sem que o sistema norte-americano sofra uma reviravolta", "as forças que controlam a despesa pública civil são demasiado poderosas para ceder a qualquer outra coisas que não seja uma grande convulsão no seio da sociedade", e etc.) para, ao aproximar-se do fecho, começar a ser mais explícito, menos "transformação social", "reviravolta", "grande convulsão", e mais

"Nestas circunstâncias, a responsabilidade específica da esquerda consiste em impulsionar não apenas a organização militante da população mais desfavorecida mas também o tipo de mudanças que vão contra a lógica do sistema",

"Só um movimento de reforma, tão radical que pareceria revolucionário no contexto da actual ordem económica e social americana, reduzindo fundamentalmente o campo de acção do mercado capitalista, teria alguma hipótese de melhorar substancialmente as condições da maioria da população. É inútil dizer que para uma tal luta ter êxito as pessoas precisam de estar conscientes da realidade para lutarem por aquilo que mudará materialmente as suas vidas",

"Estas conquistas só poderão ser alcançadas através de uma enorme luta de classes feita a partir da base",

"No fim de contas, não há uma verdadeira resposta que não seja o desmantelamento tijolo a tijolo do próprio sistema capitalista e a reconstrução de toda a sociedade nos princípios socialistas" .



foto na Torre Rockfeller, ilustrando a crise de 1929/30

Previsões económicas "à la carte"... - 5

Estava ocupado – e (pre)ocupado – com estas previsões todas, o seu significado real e o seu aproveitamento desinformativo, entremeadamente com outras leituras de fim-de-semana, quando tropecei na crónica periódica do Expresso-Economia de um ex-ministro de “governo socialista”, Daniel Bessa (DB). Nessa crónica, que sempre leio, o economista-financeiro também pega, naturalmente, nas “previsões” do Banco de Portugal, ilustrando a subjectividade de critérios que tenho referido.
Para DB, o busílis está nas exportações, tomando como dado inalterado - e inalterável - que o “o mercado interno estará estagnado”. Trata-se de uma premissa político-ideológica, a que acrescento que, nessa opção, estará estagnado, quer no volume quer na sua monetarização, mas não na sua composição uma vez que as desigualdades sociais tenderão a agravar-se a partir de uma situação de dispersão de rendimentos (resultante da sua dispersão, a maior da União Europeia, ao nível da dos Estados Unidos) já muito grave.
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Mas detenhamo-nos nas "exportações".
Para 2010:
  • nas “previsões de verão” do BP - +5,2%;
  • nas “previsões da primavera” – +3,6%;
  • nas previsões do governo - +4,3%
    o que me leva a “classificar”, num caso como substancial melhoria, noutro como melhoria.

Já para 2011:

  • nas “previsões de verão” do BP - +3,7%;
  • nas “previsões da primavera” – +3,7%;
  • nas previsões do governo - +5,4%
    o que me leva a "classificar", num caso como confirmação (um dos 3 casos em 32), noutro como substancial pioria.

O verdadeiramente importante é que, para se cumprirem-se estas previsões sobre "exportações", no quadro das outras, isso significaria uma crescente e desastrosa maior dependência da economia portuguesa das economias externas, com continuado menosprezo pela economia produtiva e procura interna. Com as consequências que conhecemos.

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"Não conseguimos resolver problemas

usando o mesmo tipo de pensamento que usámos

quando os criámos" (Einstein)

Previsões económicas "à la carte"... - 4

As previsões "à la carte" revelam um "restaurante" à rasca...
Valem o que valem mas denunciam uma grande falta de rigor escondida atrás do "número exacto", ali certinho até às décimas de percentagem.
E mostram, também, o "ambiente" em que estamos a viver, as condições em que a luta se está a fazer e tem de continuar. Particularmente aquelas condições que se pretendem impor subjectivamente, através de campanhas de "informação".
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O "restaurante" está à rasca, desculpem o plebeísmo a este plebeu...
Das 32 comparações a partir das "previsões de verão" do Banco de Portugal, acabadinhas de ser públicas, com as previsões anteriores da mesma fonte e as mais recentes do governo (já nem falo das do PEC-1, de Março), apenas 3 coincidem como já sublinhei no "post" anterior, isto é, servem de confirmação, mas
  • 4 são substancialmente melhores;
  • 6 são melhores;
  • 7 são piores;
  • 12 são substancialmente piores,

Esta "classificação" resulta, evidentemente, de critério pessoal. Subjectivamente, avalio que a previsão do consumo privado, para 2010, de um crescimento de 1,3% vindo de 1,1% nas previsões da primavera, representa uma melhoria, e que, para 2011, uma diminuição de 0,9% (-0,9%!) corrigindo previsões de +0,3% nas previsões da primavera e de +0,5% nas previsões do governo (e +0,8% no PEC-1!) é piorar substancialmente.

Haverá quem assim não ache, pois considerará que o mal (ou um dos males) da economia portuguesa está no excesso de consumo privado, pelo que estas correcções nas previsões mostrariam que, neste aspecto, se vai no bom caminho, para o que muito contribuiria a sempre presença contenção salarial...

Que haja parte da população que, privadamente, consuma demais, estou inteiramente de acordo, mas que uma quebra de previsão de 0,8% de acréscimo do consumo privado médio dos portugueses em 2011 (PEC-1, em Março) para -0,9% (neste Julho) é, dados os actuais níveis de vida absolutos e relativos da população portuguesa, mais que substancialmente pior, é assustadoramente mau! Até porque esta quebra, a verificar-se, não será na parcela da população que, privada e egoisticamente, consome demais, mas na grande maioria da população que, privada e dificilmente, já (ou ainda) consome de menos.

Previsões económicas "à la carte"... - 3

Antes de passar a coisas mais sérias, ainda mais uma observação nesta denúncia da falibilidade do que nos apresentam com o o falso rigor do "número certo".
Das "previsões de verão" do Banco de Portugal podem extrair-se 8 indicadores (sobre PIB, consumos privado e público, investimento, procura interna, exportações. importações e inflação).
Pois, cotejando essas previsões com as "previsões da primavera" e com as do governo, temos (4x8) 32 previsões para 2010 e 2011. Dessas 32 previsões, apenas em 3 casos - das exportações de 2011 nas duas previsões do BP, do consumo privado de 2010 e das taxas médias de inflação para 2011 nas "previsões de verão" do BP e nas do governo - há coincidência. Ou seja: em 29 de 32 previsões não há coincidência, cada um dos três que prevêm dá um número.
Parece-me um bocado exagerado, mesmo para mim que tenho todas as reservas sobre os números exactos, que considero a negação do rigor.
Acrescento, no entanto, que não culpo os técnicos. Seria como avaliar os cozinheiros pela qualidade de uma omolete ignorando o s fornecedoree dos ovos e a frescura destes, e os ingredientes postos à disposição pelos donos do restaurante.

sábado, julho 17, 2010

Previsões económicas "à la carte"... - 2

Depois de uma primeira vista, mostrando como o cardápio é mesmo "à la carte", e que o senhor 1º Ministro se queixa daquilo que ele próprio pratica sem qualquer pudor, veja-se, para (re)começar, a qualidade dos "pratos do dia" nesta ementa.
Pelo que já se disse, relativamente ao PIB, que é indicador relativo ao produto, viu-se que as "previsões de verão" do Banco de Portugal, vieram corrigir as "previsões da primavera" e não coincidem com as do governo.
Para 2010, temos:
  • BP-"verão" - +0,9%
  • "primavera" - +0,4%
  • "governo" - +0,7%

Para 2011:

  • BP-"verão" - +0,2%
  • "primavera" - +0,8%
  • "governo" - +0,5%

Mas a estes números podem juntar os de outras previsões conhecidas:

Para 2010:

  • FMI - +0,3%
  • OCDE - +1,0%
  • Comissão UE - +0,5%

Para 2011:

  • FMI - +0,7%
  • OCDE - +0,8%
  • Comissão da UE - +0,7%

Em resumo: para 2010, em 6 previsões há 0,3%, 0,4%, 0,5%, 0,7%, 0,9% e 1,0%; para 2011, em 6 previsões, há 0,2%, 0,5%, e 2 vezes 0,7% e 0,8%. Ou seja, em 12 previsões, há 8 nºs. diferentes, entre 0,2% e 1,0%, com uma estranha falha do 0,6%!

Vou descansar um bocadinho, para recuperar credibilidade. No entanto, ainda diria que, para mim, e sem querer inventar nada (ou desacertar muito...), diria que o crescimento do PIB português deverá situar-se, em 2010, entre 0,3% e 1,0%, e, em 2011, entre 0,2% e 0,8%!

Como dizia, e digo!, a alunos meus, "em economia, se alguém vos vier, cheio de falsa sapiência, atirar com números certos, exactos, às décimas ou centésimas, está a enganar-vos!"

"biologia no verão"

Antes de voltar a uma espécie de cardápio talvez desinteressante, o registo de uma manhã e começo de tarde muito interessante.

Éramos 13 em passeio e convívio de ciência viva.

Muitos, poucos? Um número certo e simbólico. Maior do que se esperava, menor do que poderia ter sido se tivesse havido uma mínima promoção que a iniciativa merecia. Foi muito bom! Obrigado, Marco e Miguel, pela partilha do vosso saber e entusiasmo.
.(...)

Previsões económicas "à la carte"... -1

... mas num restaurante rasca.
Sairam as previsões de verão do Banco de Portugal. E, delas, logo o governo aproveitou, relativamente às previsões da primavera, a melhoria no PIB de 0,4% para 0,9% para 2010, como se diz prever, e Sócrates usou e abusou desses números com o seu proverbial desplante, no seu irrisório apelo à confiança.
Mas o cardápio, embora nada aliciante, tem outras linhas, quer relativamente a 2010, quer relativamente a 2011, e logo a mesma escolha do PIB, mas para 2011, daria uma desconfortante quebra (para não dizer mais) de uns fracos 0,8% primaveris para uns quase nulos 0,2% neste mês de Julho.
Tudo isto será merecedor de algum aproveitamento que ilustre como se faz política e se informa o povinho.
Irei deixar três ou quatro mensagens sobre "ementas de previsões" e a falta de rigor, quer no cálculo, quer (menor ainda) na sua utilização.
Desculpem lá a aridez e a sensaboria do cardápio.

sexta-feira, julho 16, 2010

Brevíssima reflexão (das lentas e curtas) - 58

No anterior "post", o comentário de um desses "anónimos de serviço" provocou-me (não no sentido por ele dado ao verbo...) esta brevíssima reflexão que, de tão forte, me trouxe a promovê-la a mensagem, não a ele dirigida, obviamente, porque os membros dessa "família" são sectariamente autistas ou vice-versa, se é que isto não é uma redundância...

Há mais de 160 anos, precisamente há 162 anos, um Manifesto, redigido por uns tais Karl e Friedrich, começou a acertar o passo com a História. Nesse começo, juntaram pontas de várias meadas então disponíveis e, com desacerto aqui, correcção ali, conexão nova acolá, abriram um caminho à compreensão do vivido e, pela permanente procura da destrinça entre o aparente e o essencial, ao entendimento do ser humano e do mundo por este transformado, não para o contemplar e descrever sabiamente mas para lutar por melhor o transformar à luz desse entendimento.

Há 162 anos, mais coisa menos coisa, começou este caminho. Quase sempre acertando nas análises e nas previsões, muitas vezes conseguindo mudanças perenes, também errando mas com a humilde coragem da auto-crítica e da correcção sem apagamento dos erros. Caminho sempre cercado, sempre minado, sempre sabotado. Não raro também por dentro, tão permeáveis somos às motivações e aos interesses pequeninos, à dimensão individual, egoísta.

Há mais de 160 anos, mais ano menos ano! Há muito tempo? Assim será para quem, das escalas do tempo, apenas conhece a da sua vidinha, de triste e pobre e curta "esperança de vida ao nascer"... e deles será o paraíso ou o reino dos céus. Mas tão-só uma migalha de tempo para quem, em Portugal (e no mundo), «sabe que é possível uma vida melhor para os portugueses (e para a Humanidade) num País (e num Mundo) de progresso, democrático e soberano (porque nas mãos dos povos).» E por isso luta!


O que nos anima e aquilo porque nos batemos,,,

«(...) O PCP acertou na análise!
Mas não nos confortamos com isso!
O que nos anima e aquilo porque nos batemos com a determinação que nos caracteriza é saber que é possível uma vida melhor para os portugueses num país de progresso, democrático e soberano.»
(final da intervenção de Jerónimo de Sousa, no "debate" sobre o Estado da Nação)

quinta-feira, julho 15, 2010

É mesmo assim tão bom sermos um País moderno?

Gostei de ler, no avante! de hoje, este actual. Modernices!

Afinal, havia outras

Afinal, havia outras palavras sobre o estado em que nos puseram...
Aceito que desliguei demasiado cedo a atenção (apenas reservada para ainda ouvir a intervenção final do PCP, pelo seu secretário-geral), e só por sorte ouvi de novo Paulo Portas... que já antes me fizera rir. Mas, desta vez..., foi a sério. Paulo Portas veio trazer a solução para o futuro: saída voluntária de Sócrates de 1º Ministro e os arranjos do passado (de há quase três décadas e meio!) e presente, a política tripartida , tri-responsável pelo actual estado da Nação que somos, a política da mesa de pé-de-cabra, de uma coligação PS (com outro 1º Ministro... porque este já está queimado)-PSD-PP (Partido Popular ou Paulo Portas).
Nem um coelho saíu da cartola (como ainda ouvi... como última originalidade!)

Sobre o Estado em que estamos... e para que estado vamos?

Eles são tão transparentes! Sem o quererem, mas são.
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Ao leme desta (des)governação, naquela bancada o 1º Ministro não o largou por um momento, mais do que ele só o presidente da AM esteve em risco de falar mais e para lhe dizer que já ultrapassara o seu tempo (mas há quanto tempo, e quantas vezes?).
O discurso de José Sócrates foi, transparentemente, uma fraude, no ataque ao neo-liberalismo e na defesa do Estado social. Um discurso "de esquerda" canhoto e canhestro. Tão canhoto e tão canhestro que até uma risposta de Paulo Portas fez rir, ao ultrapassá-lo pela esquerda. Porque tinha razão? Não! Porque Sócrates lhe deu razões e pretextos.
Mas não são apenas transparentes os da bancada do governo. E o que quer o PSD, e os seus deputados, está bem à vista.
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Uma frase de uma pergunta de António Filipe, que apanhei no ar, sublinhou que, para o 1º Ministro, este debate tentou ser "um passo em frente, e foi uma fuga para lado nenhum!"
Fica tudo dito.

Convergência

Para mudar de "tema", até por uma questão de higiene, deixei minudências como reacção a ataques estúpidos usando nome de quem defendem como "fieis" servidores, dispostos a abandoná-lo com as calças molhadas se outro o substituir na concessão de prebendas, ontem (ou já hoje?!) ainda folheei o chegado O Militante de Julho-Agosto.
Aprender, aprender, aprender sempre.
Neste número, por (de)formação profissional detive-me no trabalho do camarada Pedro Carvalho - de que recomendo a leitura - e saltou-me a mãozinha para fazer "ponte" para uma observação que ficou num recentíssimo "post" sobre a desconvergência que se tem verificado na economia portuguesa (dos portugueses) durante o milénio em que entrámos há uma década. Ilustro-a com as curvas dos PIB nacional da UE a 27 (isto é, toda) e a UE a 15 (isto é, a dos Estados-membros no euro). E, com a "mãozinha na massa", elaborei, e acrescento, uma ilustração com um "país de referência" (minha, claro), a Noruega, cujo povo por duas vezes disse não à entrada na "comunidade", não faz parte do euro... e sobrevive!
Antecipando-me a malevolências: se quero ir para a Noruega? De modo nenhum!.
Nem para Pasárgada! Aqui me sinto bem. A lutar!