sexta-feira, julho 09, 2010

Circunstâncias … e contingências

Tudo depende de tudo.
Como tudo estaria diferente se aqueles remates do Cristiano Reinaldo (quantos foram?) tivessem tido uma trajectória aí uns 10 cms mais abaixo ou mais ao lado de onde a propulsão e os ventos os colocaram no momento de chegarem àquele espaço em que ou é golo ou não é golo. Por exemplo, se tivessem tido a sorte (deixem-me chamar-lhe assim) que tiveram remates holandeses e espanhóis que pareciam estar a jogar bilhar às três tabelas antes de entrarem mesmo, e por isso levarem as duas equipas à final de domingo.
Não que o CR merecesse, nem a equipa nacional (?!), nem o “professor” (de quê?). A meu gosto e critério tiveram o castigo merecido. Como outros tiveram a sorte merecida. Desta vez, o deus-futebol escreveu direito por linhas tortas, e confesso que a Espanha (contra a Alemanha… jogo que vi) me “encheu as medidas”. Mas adiante…
Só trago para aqui este tema a propósito da PT e respectiva golden share. E faço-o porque, nas minhas pesquisas amadoras (ou amantes de saber), abri mais que uma vez os “sítios” do BES e apanhei sempre com a cara estanhada do Cristiano Ronaldo a dizer que tinha a certeza e que garantia… Pois foi numa certeza garantida que falhou que apostaram Ricardo Salgado & sua equipa, numa campanha decerto faraónica.
Correu mal! Por uns centímetros de pouca sorte (e de alguma justiça, digo eu…), o BES deve ter aberto um buraco de todo o tamanho. Pelo menos em relação às expectativas que justificaram os custos.
Eu só pergunto qual teria sido a influência desse buraco na repentina mudança de opinião de Ricardo Salgado quanto à Vivo (e, se calhar, também a prematura eliminação do Brasil), como passou de reivindicador de uso da golden share pelo governo português a seu acirrado opositor. E, como patrão, mostrando-se mal humorado, zangado, ralhando...
(Sócrates deve estar a perguntar -se como ser pároco de uma freguesia destas, com tais bispos e cardeais.)
É verdade que tudo tem um preço (não é verdade!), mas as circunstâncias e as contingências fazem os preços, e um bater de asas de borboleta no Japão (ou uma bola na trave na África do Sul) podem ter uma importância do caraças neste mundo de negócios no arame… sem "arame" ou com "arame" fictício ou simbólico.

5 comentários:

Justine disse...

Texto excelentemente "entretecido". Dá gosto ler:)))

Graciete Rietsch disse...

Extraordinária analogia. Acho que vou começar "a gostar um bocadinho de futebol".

Um beijo muito grande.

Anónimo disse...

Mau grado os bombardeamentos intermináveis da tv, imprensa e da rádio sobre a "nossa selecção". Apesar da insidiosa lavagem aos cérebros e da intoxicação permanente sobre os cidadãos, os trabalhadores começam a abrir os olhos e percebem que uma equipa de futebol não é um determinado país, mas um fétiche primário cujo objectivo é embrutecer e estupidificar quem vive do seu trabalho. Também as lutas dos trabalhadores enquanto forem dirigidas por sindicatos e partidos decadentes estão condenadas ao fracasso e à derrota. É uma lei inexorável da história e o revisionismo contemporâneo não pode ser excepção, quer seja em Portugal, na Grécia ou em qualquer parte do mundo.

Pata Negra disse...

Se até tu, que és tão lúcido, já não distingues o futebol da política, imagina eu!
Esse Ronaldo é secretário de estado de quê? E esse Ricardo joga em que equipa?

Um abraço do Zé Luis

Antuã disse...

Os revolucionários de café deram um ar da sua graça. Quanto ao futebol não passa duma mafia para mim que já gostei tanto dele.