segunda-feira, julho 26, 2010

Breves notas sobre impérios, imperialismo e moedas - mais leituras e apontamentos - 3

Nestas "viagens", encontrei um texto interessante, A refundação do conceito de império [in Infopédia (em linha). Porto: Porto Editora, 2003-2010], de que transcrevo a introdução:

«A ideologia imperial e o conceito de império têm, durante o Estado Novo, três fases distintas: a primeira decorre de 1926 a 1945 e corresponde ao período durante o qual a Europa se assume como civilização superior que deve cultivar e dominar os Indígenas das regiões colonizadas; a segunda decorre de 1945 (com o final da Segunda Guerra Mundial) até 1960, data em que a Assembleia Geral das Nações Unidas reconhece o direito dos povos colonizados à independência e faz uma listagem de todos esses povos, nos quais inclui os territórios ultramarinos portugueses; e o terceiro prolongar-se-á até ao fim do regime e corresponde a um período durante o qual se verificam rebeliões armadas em Angola, Moçambique e Guiné. Neste contexto, Portugal procura, através de uma reformulação da ideologia e métodos de governação, manter a unidade da metrópole com os territórios de além-mar.»

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Apontamentos:


  • A ideologia imperial e o conceito de império não se apagaram com o derrube do fascismo. Aliás, as superstruturas, como representações da realidade, resistem às realidades procurando retardar as mudanças ou fazer o tempo voltar para trás, assim com procuram antecipá-la, por via da intervenção consciente.

  • Acresce que o imperialismo, como estádio do capitalismo, mantém as suas características definidoras, não obstante as modificações inevitáveis (ou inevitadas, ou precipitadas) na realidade, dê-se-lhe ou não outros nomes como o de globalização.

  • Merece (e exige) reflexão como os instrumentos da actividade económica se adaptam e desadaptam ao processo de desenvolvimento das forças produtivas. Ao ser criado, e como o foi, o €uro ilustra a inconsistência (ou inexistência) de uma zona monetária, saltando etapas por opção política (de classe!), pondo "o carro à frente dos bois" ou o federalismo monetário a puxar pelo federalismo político.

  • As relações económicas externas de Portugal passaram a ser afuniladas, por via de uma opção política (de classe!), para um espaço em que o País se integrava geográfica e economicamente como Estado-membro, em condições técnicas de desfavor evidente para as actividades exportadoras, mormente para outros espaços que não os da UE.

  • Quando se abrem perspectivas (necessárias) de outros relacionamentos, está o País manietado por essas condições, ainda que a taxa cambial dólar-€uro, quando em tendência desvalorizadora do €uro, possa atenuar as dificuldades dos agentes económicos portugueses.

  • Concretamente - e até por causa de interpretações sempre enviesadas dos escritos - qualquer agente económico português, do sector público ou do privado, tem dificuldades acrescidas no plano cambial por ter de usar moedas que não se adequam à situação e evolução da economia portuguesa (se é que isto ainda existe, como a ironia permite perguntar).

  • O que poderia, conjunturalmente (?!), apresentar-se como uma "saída", pode tornar-se numa porta apenas entre-aberta, ou até fechada, depois de um certo tempo de esforços baldados.

(continuará

... se)

4 comentários:

samuel disse...

Espero bem que continue...
Belo conjunto de "apontamentos"!

Abraço.

samuel disse...

E desculpa não comentar o texto com mais substância... mas para mim, leigo muito afastado das artes da economia, entendê-lo é já uma lança em África... por muito desajustada que esta expressão seja neste contexto. :-)

Outro abraço.

Zé Povinho disse...

O imperialismo com definições segundo as épocas? Isto promete, ainda que a vertente económica me esteja a intrigar. Continuo a ler...
Abraço do Zé

Graciete Rietsch disse...

Continuo a estudar com muita atenção o que escreves e reforcei a opinião que,de país colonialista. passamos a país comandado para não dizer colonizado.

Um beijo.