terça-feira, julho 20, 2010

Por memória e... por exemplo - o Cachão

Aqui há uns anos - e são mais de 40! -, quando começava as viagens pelo País para "dizer coisas" e para muito aprender (nas viagens, nos contactos com os outros, aprende-se sempre!), calhou passarmos (recordo a companhia amiga do Blasco Fernandes) ao então muito falado Complexo Ago-Pecuário do Cachão, "do" eng. Camilo Mendonça, concebido e criado a partir de 1964.
Dessa visita e da conversa tida guardo a lembrança, decerto caricaturada - isto é, a traços grossos e propositada e inevitavelmente transformados pelo tempo - de uma perspectiva que vem muito a propósito desta insistência na exportação como a solução para a economia portuguesa, agora embelezada e emblematizada com a palavra internacionalização.
Uma das actividades mais importantes do complexo agrícola, e também industrial, seria a produção de espargos, então cultura que seria novidade e que teria mercado seguro em França, até pelas ligações via emigrantes. Então foi-nos dito o que retive e que, hoje, de vez em quando, me assalta como lembrança:
"sim... mas para termos condições no mercado francês, para que consigamos um preço competitivo para os espargos, uma coisa é indispensável: que os salários dos produtores portugueses não subam...". Ao que alguém terá retorquido em àparte que incomodou, perturbando o "ambiente":
" pois!... para que a França nos importe os espargos enlatados ou frescos, e os franceses os consumam, é preciso que os portugueses que os produzam não ganhem o suficiente para os poderem comprar e consumir!"
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Esta coisa desta economia! E destes economistas.
E há alternativas.
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(Ah!, e não nos venham dizer que o Cachão colapsou por causa do 25 de Abril. como se pode ler na Wikipédia! Já estava colapsado... há é quem insista no "modelo", na "lógica", no "sistema".)

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

A mesmo política, os mesmos interesses. Para o complexo não colapsar teriam que colapsar os portugueses.

Um beijo.

Fernando Samuel disse...

Hoje como ontem (ou ontem como hoje), o que é preciso é explorar, explorar, pois na exploração é que está o lucro deles...

Um abraço.

Maria disse...

Parece que estamos no tempo do antigamente... bolas, a mesma política, os mesmos interesses...

E Abril?

Um beijo.