sábado, julho 03, 2010

Há coisas tão claras...

... apesar das carradas de areia que nos atiram para os olhos!
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Na financeirização da economia, que privilegia a forma capital-dinheiro - "é o que compra os melões", "não há almoços grátis", "tudo tem um preço" (menos qualquer coisa que não percebi dita por quem foi...)" -,
quando não se produz, ou se produz pouco, ou se desestimula a produção, como os indicadores indicam como é sua função, por vezes alterada e/ou adulterada,
e se fica a saber que, em 2009, segundo as boas revista da especialidade (e a partir dos seus exigentes critérios quantitativos, isto é, dos muitos milhões em posse), o número de "milionários" em Portugal aumentou 600, passando de 10.400 para 11.000,
só se pode concluir que isso acontece porque houve uma transferência do que existia produzido mais o pouco acrescentado, dos "outros" para esses 10.400 mais 600 que se lhe somaram
(ou teriam sido mais... se alguns dos anteriores 10.400 foram abatidos a este activo por um qualquer percalço, ou acidente de percurso, ou não mudaram, assisada e atempadamente, as posses para nomes de família, antes da inevitável prisão ou passagem a arguido),
e, dessa transferência resultou que os restantes (a população total menos 0s 11.000) ficaram com menos posses ou acesso àquilo de que necessitam,
pelo que se explica, claro como água - apesar da areia - que acresça o número dos que vivem na pobreza ou no limiar da pobreza, como o comprovam outros estudos em outras revistas e publicações de outras especialidades.
Isto é como os alcatruzes ou, para ficar tudo explicadinho, parafraseando (livremente) Marx: por mais abundante que se torne o capital (financeiro), só há uma maneira de o concentrar nas mãos de alguns: a baixa (ou o roubo) dos salários.
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(recomenda-se a leitura do A talhe de foice, de Henrique Custódio, no último avante!)

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

É muito claro. Não sendo o dinheiro de geração espontânea (ou será?)o que sobra a ums tem de faltar a outros. É preciso mesmo acabar com o capitalismo.

Um beijo.

ernestoazevedo disse...

Mas ao dinheiro tem de corresponder um valor de mais valias produzidas ou seja riqueza.Mas será que há dinheiro que corresponde a uma máquina que o produz apenas para o fazer circular e que não tem correspondência com valor de uso, e suponho ser a isto a que chamam financiarização.
Hoje assisti ao Presidente da Républica a fazer fé num discurso sobre as empresas com investimento na economia para produção capaz de alterar a situação económica do País.
Mas não foi o primeiro ministro com o mesmo nome que fechou a Siderurgia porque a Alemanha produzia aço em excesso.
Então foi a Alemanha que mandou fechar a Siderurgia.
O capital quer mesmo acumular com o menor esforço possível, e quem vier atrás que feche a porta.É mesmo o sistema injusto,cruel e terrorista .

Justine disse...

Sim, claro como água. Mas há tanta gente que, mesmo assim, não consegue ver...